Especial Karl Marx #02: Mercadoria, Valor e Trabalho

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https://www.youtube.com/watch?v=bEI6aFqJbhg

Zusammenfassung

TLDRNeste vídeo, a apresentadora explora a relação entre mercadoria, valor e trabalho, utilizando a obra de Karl Marx, "O Capital", como base. Ela discute como todos nós, de certa forma, vendemos nossa força de trabalho e critica a visão de Adam Smith sobre o valor do trabalho. A apresentadora explica a diferença entre valor de uso e valor de troca, destacando como o capitalismo transforma tudo em mercadoria. Além disso, ela aborda a distinção entre trabalho concreto e trabalho abstrato, e propõe uma reflexão sobre a produção na sociedade capitalista, sugerindo que uma economia planificada poderia atender melhor às necessidades humanas.

Mitbringsel

  • 💼 Todos vendemos nossa força de trabalho.
  • 📚 A mercadoria é uma forma social que se expande sob o capitalismo.
  • ⚖️ Valor de uso é a utilidade de um produto; valor de troca é o valor no mercado.
  • 🔍 Marx critica a ideia de que todo trabalho gera valor.
  • 🏭 O capitalismo transforma tudo em mercadoria.
  • 🛠️ Trabalho concreto gera valor de uso; trabalho abstrato gera valor de troca.
  • 🌍 Uma economia planificada poderia atender melhor às necessidades humanas.
  • 💡 A produção na sociedade capitalista é voltada para o valor de troca.
  • 📈 A diferença entre Adam Smith e Marx é crucial para entender a economia.
  • ✊ A mensagem final é usar o entendimento para transformar o mundo.

Zeitleiste

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    A oradora inicia o vídeo com uma anedota sobre uma conversa no clube de críquete, onde se discute a prostituição e o trabalho. Ela introduz o tema do vídeo, que é 'Mercadoria, valor e trabalho', e menciona problemas técnicos com o áudio. A oradora faz uma crítica ao capitalismo, afirmando que todos estão, de certa forma, 'vendidos' e que a prostituição é uma metáfora para a venda da força de trabalho. Ela menciona o filme 'Never on Sunday' e a ideia de que todos somos 'prostituídos' no sistema capitalista, onde a força de trabalho é a mercadoria mais valiosa.

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    No segundo segmento, a oradora fala sobre Karl Marx e sua obra 'O Capital', destacando a importância do capítulo 1, que discute a forma social da mercadoria. Ela explica que a mercadoria é uma forma de troca sob o capitalismo e que tudo pode ser transformado em mercadoria. A oradora menciona a diferença entre mercadorias e produtos, enfatizando que a mercadoria é produzida para o mercado. Ela também discute a ideia de que o capitalismo transforma tudo em mercadoria e que a força de trabalho é vendida no 'mercado de trabalho'.

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    No terceiro segmento, a oradora explora os conceitos de valor de uso e valor de troca, explicando que o valor de uso se refere à utilidade de um produto, enquanto o valor de troca é uma construção social. Ela critica Adam Smith por sua visão de que o trabalho confere valor às mercadorias, argumentando que o valor é uma ficção social. A oradora conclui discutindo a contradição entre trabalho concreto e trabalho abstrato, e como isso se relaciona com a produção de mercadorias no capitalismo, enfatizando a necessidade de uma mudança no sistema para atender às necessidades humanas em vez de apenas gerar lucro.

Mind Map

Video-Fragen und Antworten

  • Qual é o tema principal do vídeo?

    O tema principal é a relação entre mercadoria, valor e trabalho sob o capitalismo.

  • Quem é o autor da obra "O Capital"?

    O autor é Karl Marx.

  • O que é mercadoria segundo o vídeo?

    Mercadoria é qualquer coisa produzida para o mercado com a intenção de ser vendida.

  • Qual a crítica que Marx faz a Adam Smith?

    Marx critica a ideia de que o trabalho sempre gera valor, argumentando que nem todo trabalho é reconhecido como tal na sociedade.

  • O que é valor de uso e valor de troca?

    Valor de uso é a utilidade de um produto, enquanto valor de troca é o valor atribuído a ele no mercado.

  • Como o capitalismo transforma tudo em mercadoria?

    O capitalismo tem o poder de transformar qualquer produto do trabalho em mercadoria para o mercado.

  • Qual é a diferença entre trabalho concreto e trabalho abstrato?

    Trabalho concreto refere-se ao trabalho físico e específico, enquanto trabalho abstrato é o valor social atribuído ao trabalho.

  • O que a apresentadora sugere sobre a produção na sociedade capitalista?

    Ela sugere que a produção é voltada para o valor de troca, não para atender necessidades humanas.

  • Qual é a proposta de uma economia planificada mencionada no vídeo?

    Uma economia planificada visa produzir com base nas necessidades humanas, não no valor de troca.

  • Qual é a mensagem final do vídeo?

    A mensagem final é a importância de usar o entendimento sobre esses conceitos para transformar o mundo.

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    Então, menina! Eu tava no clube de críquete com
  • 00:00:02
    a Telminha e com a Louise, aí a Telminha falou: "Ah, porque a
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    Genoveva tá se prostituindo". E aí, isso me pegou muito de
  • 00:00:09
    sobressalto, eu falei: "E você que tá trabalhando de contadora até as 23, fazendo hora extra?"
  • 00:00:23
    Bom, como você já deve ter visto, em algum local
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    desta tela, o tema do vídeo de hoje é "Mercadoria,
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    valor e trabalho". E, moçadinha, tô preparando
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    esse vídeo, já vou dizer isso, logo de cara, porque se eu pegar um
  • 00:00:38
    arrom**dinho, uma arrom**dinha, nos comentários, falando "Ai, Dona Rita, o áudio, não sei
  • 00:00:43
    que lá"... Gente! Toma vergonha na cara de vocês! Eu tô fazendo isso
  • 00:00:47
    de graça, pessoa ainda vem me reclamar.. não, tô brincando, gente.
  • 00:00:50
    Hoje, tivemos um problema no microfone e aí a gente tá gravando aqui da coisa mesmo do
  • 00:00:55
    celular e do outro celular do Caíque (que tá, aqui, escondido
  • 00:00:59
    no livro da Simone de Beauvoir. Então, se o áudio ficar ruim, paciência. Vai
  • 00:01:04
    assistir a Lorelay Fox. Inclusive, amo! Um beijo, miga!
  • 00:01:06
    Então, menina, eu começo o vídeo de hoje fazendo, cá, uma piada
  • 00:01:10
    que não é bem uma piada, né? Pra entender ela, de fato, você tem que ter uma
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    referência ou já ter pensado sobre o assunto.
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    Tô deixando, aqui, indicação dum filme maravilhoso
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    chamado "Never on Sunday" ("Nunca aos domingos"),
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    um dos filmes, da Grécia, mais famosos do mundo que é um
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    debate muuuito antigo que a gente faz que é o seguinte:
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    Sob regime capitalista, todos e todas e todes e
  • 00:01:31
    todos e tudis estamos vendidos, somos vendidas,
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    né? Quando você fala "ai, tal pessoa é uma vendida", a gente tem que falar "Mas, anjos!
  • 00:01:39
    Anjos! E vós, que soidevos?". Tudo que a gente tem na
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    vida (já falei tantas vezes no ca...) tudo que a gente tem,
  • 00:01:46
    na vida, é a nossa força de trabalho pra vender
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    Então, todas, todos e todes somos prostituídes, né?
  • 00:01:53
    A gente vende a nossa capacidade de usar o corpo
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    pra fazer alguma coisa. E isso é o que nos coloca em pé
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    de igualdade como classe trabalhadora. Então,
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    prostituídos e prostituídas somo todos nós.
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    A diferença, a distinção é o recorte moral
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    no que poderia ser uma prostituição aceitável ou
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    não. Então, se você entendeu esse primeiro pedaço,
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    você já tá começaaando a entrar mesmo na coisa, aqui,
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    do "O Capital", né? Hoje, a gente vai falar sobre
  • 00:02:23
    o capítulo 1 do " O Capital", quando o Seu Carlinho, né...
  • 00:02:26
    Vamos lá. Rápida biografia abreviada. Se você quiser
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    uma biografia maravilhosa, você leia o Zé Paulo Netto
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    que escreveu esse leviatã da teoria marxista.
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    Uma breve biografia abreviada. O Marx nasce na Alemanha,
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    na Renânia, blá blá blá, vai estudar filosofia,
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    família de judeu, não sei que lá, o pai era jurista,
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    blá blá blá (classe média média). Aí ele casa com a menina
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    mais bem de grana, acompanha toda a luta de classe
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    na Alemanha, tem um jornal (" A Nova Gazeta Renana"),
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    né? (A Expressão Popular me mandou) O jornal é fechado.
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    Briga, luta, nananã, a burguesia local expulsa. Vai pra França. Aí, na França,
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    acompanha luta de classe, documenta, tananã,
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    todo mundo odeia ele. É expulso. Bélgica. Aí, na Bélgica, arruma
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    um monte de inimigo, tararã, tararã. Inglaterra.
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    Aí, na Inglaterra, arruma perdão pra ficar
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    lá. É muito amigado com a coisa mesmo do Engels. Eu
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    não boto a mão no fogo por ninguém, tá? Que eu
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    acho que o Seu Carlinho e o Seu Englinho... enfim... Isso fica
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    pra quando eu for escrever a biografia. E aí eles são amigos, tararã,
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    tururu, Marx vai viver toda vida lá, morre
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    na coisa mesmo da Londres, né? O túmulo dele
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    bonitão lá, todo mundo visita. Nesse período
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    que ele tá na coisa mesmo do Londres, ele tem a oportunidade
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    de ler, no original, três autores que estão escrevendo
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    uma economia política. Cronologicamente, ele são
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    o Adam Smith, o James Mill e o David Ricardo
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    "O capital" ele começa como "O capital: crítica à economia política"
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    porque o Marx, assim como tinha escrito
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    a "Crítica da filosofia do direito do Hegel", agora,
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    escreve uma crítica à economia política que tá sendo
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    urdida por esses três autores. Então, é lá, em
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    Londres, tendo acesso a uma baita duma biblioteca,
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    (o Marx virava as noites lá dentro, tararã, tararã,
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    escrevia muito, lia muito) que ele vai
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    ler, no original, esses autores, compilar seus pensamentos,
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    fazer críticas a eles e "O capital", ele começa,
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    capítulo 1, com Marx tentando falar sobre
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    a forma social mercadoria, né? Se você prestou atenção no comecinho,
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    hoje, eu vou tentar (Tentar, gente! Ó, suando o buço)
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    falar sobre mercadoria, valor e trabalho que
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    são três conceitos chaves, assim, centrais
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    pra gente entender a crítica à economia política.
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    Eu comecei, aqui, na da Oxford (abridgement version), inglês
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    pra versão pra estúpidos. Então, comecei lendo
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    ele aqui. Aí, depois que fui tomar coragem, né,
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    ainda tinha aquela versão do " O capital" antiga
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    até conhecer a Boitempo e ser salva. Então, nesse
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    capítulo 1, o Marx vai tentar falar sobre essa forma social
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    mercadoria, não porque ela seja a mais antiga do capitalismo,
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    mas é porque é sob o capitalismo e na forma
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    social mercadoria que ele se alastra e chega
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    em todos os lugares, né? Tem aquela frase famosa
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    do Marx de que "sob o capitalismo tudo é uma
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    enorme coleção de mercadorias". A brincadeira do
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    início sobre vender o seu corpo é um pouco por
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    aí. Passamos por momentos, na história da humanidade,
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    que galera vendia os dentes pra comer, vendia o cabelo pras
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    crianças não morrer de frio, de fome, tararã.
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    Então, essa história de que "ai, vender o seu corpo é horrível"...
  • 00:05:53
    Não! Não é! Chama "capitalismo", né? A gente tá fazendo
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    isso, desde que o modelo começou. Mas, então, deixa
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    eu parar com as minhas digressões. Vamos focadinha, bonitinha,
  • 00:06:02
    tananã. Marx, capítulo 1 do "O capital". Ele vai
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    tentar falar sobre a forma mercadoria. E ele
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    também vai tentar distinguir, né, duas características
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    do trabalho que o Adam Smith não conseguiu.
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    Já vou chegar na crítica que ele faz ao Smith blá-blá-blá.
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    Venham comigo e pensem o seguinte: o que
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    significa mercadoria?
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    Tô esperando pra vocês pensarem.
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    Vou bater as unhas perto do microfone, porque tem gente que gosta.
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    Tempo! Nessa tentativa de pensar, eu adoraria que você
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    comentasse, na sua tentativa de definir mercadoria, que
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    que vem à sua cabeça? A gente precisa pensar
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    na palavra. Mer-ca-do-ri-a tem a ver com "mer"? Não é o
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    Walter Mercado, queria eu, né? Mucho mucho amor. Tem a ver com
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    mercado. A gente trabalha e, depois que
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    a gente trabalha, a gente produz... se você falou
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    mercadoria! Pra eu te achar e quebrar seus dente tudo é 1, 2! A gente
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    trabalha e produz um PRODUTO do nosso
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    trabalho, não é uma mercadoria. Mercadoria é uma
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    forma social que a gente trabalha e produz PARA
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    o mercado. Então, tudo que é produzido com a intenção
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    de troca, tudo que é produzido com a intenção
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    de venda, de compra é uma commodity, do inglês, né? É uma
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    mercadoria pra gente. E esse entendimento
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    é fundamental porque ele é novo na história
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    da humanidade. Sociedades pré-capitalistas tinham mercadoria?
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    Tinham! Lembra do período das grandes
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    navegações? Lembra da reabertura de rota
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    comercial? Lembra do feudalismo que já tinha
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    mercado? Que excedente era usado como moeda
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    de troca? Lembra na Grécia Antiga? Lembra em
  • 00:07:47
    Roma? Se tinha sociedade mercantil, se tinha comércio
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    é porque tem mercadoria. Mercadoria é qualquer
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    coisa produzida para o mercado com a intenção
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    de se mercantilizar, de fazer escambo, troca, biriri.
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    Mas essa não é a questão, meus amor. A questão é
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    que o capitalismo tem o poder de transformar
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    TU-DO em mercadoria. Vamos pro Seu Jorge Grespan,
  • 00:08:09
    né? Tô usando ele nessa série (se você não viu, assiste
  • 00:08:12
    o último vídeo, que vai aparecer, aqui, em algum
  • 00:08:14
    lugar). Tô, agora, no capítulo 2, quando o Grespan
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    fala sobre mercadoria e vou ler com vocês um
  • 00:08:20
    trechinho. "A mercadoria também é a forma pela
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    qual o sistema se generaliza e se expande, destinando,
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    ao mercado, todos os produtos do trabalho, uma
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    vez que a fonte criadora desses produtos (a força
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    de trabalho) assume, igualmente, a forma mercadoria."
  • 00:08:40
    Se você já ouviu a palavra "mercado de trabalho",
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    se deve pensar "e o que que é vendido no mercado
  • 00:08:46
    de trabalho?". A gente! O que é vendido no mercado de trabalho é
  • 00:08:50
    a nossa força de trabalho, né? Que que é o LinkedIn?
  • 00:08:54
    O LinkedIn é um mercado chique de trabalho. A galera fica lá falando
  • 00:08:59
    "Oi! Me compra! Me compra! Me compra! Ó, da minha mão é mais barato!", né? E gente que fica falando
  • 00:09:05
    "Ah, esse não. Ah, essa menina não. Ah, aquele ali, talvez.", né? Então,
  • 00:09:10
    "mercado de trabalho", onde as pessoas vendem força de trabalho.
  • 00:09:14
    E aí, você pode me perguntar "Mas, Dona Rita,
  • 00:09:16
    se não é a forma mais antiga do capital, por que
  • 00:09:19
    que o Seu Carlinho vai abrir o capítulo 1 falando
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    sobre trabalho concreto, trabalho abstrato e mercadoria?"
  • 00:09:26
    E aí, o Grespanzinho diz o seguinte: "A solução foi
  • 00:09:29
    começar por uma análise da forma social
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    da mercadoria, não porque a mercadoria seja
  • 00:09:35
    a forma histórica mais antiga do capitalismo
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    e, sim, porque ela é a sua forma mais simples, construída
  • 00:09:43
    apenas por uma oposição interna, como se verá
  • 00:09:46
    a seguir". Essa "oposição interna" é que toda
  • 00:09:50
    mercadoria tem um valor, né? Um valor de uso e um valor de troca.
  • 00:09:57
    Ainda tenho mais valor, meus amor, mas aí acho que o vídeo
  • 00:10:00
    vai ficar muito longo, né? Tenha paciência.
  • 00:10:02
    Vá pensando nessas palavras . Se você nunca as ouviu, o que que será que
  • 00:10:06
    significa valor de uso e que que será que significa
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    valor de troca? Valor de uso é pra o que a coisa
  • 00:10:13
    será utilizada, né, o utilitarismo dessa mercadoria.
  • 00:10:17
    E aí, se você me acompanhou de que a mercadoria (criar
  • 00:10:21
    alguma coisa para, destinado ao mercado, é uma novidade)... porque,
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    normalmente, a gente planta maçã pra comer
  • 00:10:26
    maçã, né? A gente planta chuchu pra comer chuchu,
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    a gente faz cadeira pra sentar. Mas o que que
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    acontece a partir desse momento que a gente
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    faz para o mercado? A gente tá, aqui, através do trabalho,
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    atribuindo VALOR às coisas. Eu tô tentando
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    simplificar. Logo vocês vão ver que essa é uma
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    compreensão errônea dos fatos e que o Seu Carlinho, inclusive,
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    vai criticar o Adam Smith por acreditar que
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    é o trabalho que concede valor às coisas. O trabalho
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    concede valor a elas, mas a gente precisa de um
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    pacto social que valide essa ficção do "valor". A gente trabalha
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    e produz um produto. Esse produto se
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    reveste de uma capa. Essa capa, agora, se chama
  • 00:11:10
    mercadoria e essa capa contém, em si, um valor (um valor
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    de uso e um valor de troca, como acabei de dizer).
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    E aí, a provocação é que você pense que uma sacola
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    de feira e uma bolsa Louis Vuitton tem o mesmo
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    valor de uso, né? Você abre, bota coisa dentro,
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    bota no ombrinho, bem bonitona e se locomove
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    por aí. Ela te ajuda a carregar badulaques,
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    né? Qual é a diferença entre uma bolsa Louis
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    Vuitton e uma sacola de feira? Bom, tem os materiais
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    utilizados, tem, talvez, o tempo de trabalho que
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    foi investido nelas, tem muito fetiche da mercadoria
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    (mas aí é outro vídeo, não dá para pôr no mesmo)...
  • 00:11:51
    Mas o valor de uso delas é muito parecido, a utilidade
  • 00:11:56
    delas é muito parecida. O que as difere é seu valor de
  • 00:11:59
    troca. Quem explica isso, maravilhosamente bem,
  • 00:12:03
    é esse sociólogo alemão, Michael Heirinch (tem o
  • 00:12:07
    vídeo dele na Boitempo, legendado, bonitão. Tô
  • 00:12:10
    deixando, aqui, na descrição do vídeo) no qual ele
  • 00:12:12
    faz essa explicação. O valor de troca, ele
  • 00:12:16
    é uma espécie de "ficção", né, e a gente precisa que
  • 00:12:20
    a sociedade compactue com ele. A primeira pessoa
  • 00:12:23
    falando que o trabalho concede valor às coisas,
  • 00:12:26
    não é o Seu Carlinho, né? É o Adam Smith. Esse daí
  • 00:12:29
    de peruca, ele falou o seguinte: "Bom, a gente sabe que o
  • 00:12:33
    trabalho concede valor. Como será que esse valor
  • 00:12:36
    de troca é atribuído nas coisas?". Ele tinha essa pergunta.
  • 00:12:38
    Ele é um filósofo. Aí ele vai investigar,
  • 00:12:41
    lá no livro dele "An Inquiry and the Causes to the Wealth of Nations",
  • 00:12:45
    blá-blá-blá... nesse livro ele investiga o seguinte:
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    água e diamante. Valor de uso. Bom, sem água você morre, né?
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    Diamante? Sei lá que que vou fazer com essa merda.
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    Agora, valor de troca. Do diamante? Altíssimo,
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    né? Da água qualquer 1 real ali no mocinho do
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    picolé. Se vai dar diarreia, é com vocês. Água, de
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    graça quase. Diamante, nunca teremos, classe trabalhadora, oprimida
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    que somos. E aí, o Adam Smith fala: "Hummm... engraçado, menina!
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    Será que tem alguma coisa a ver com tempo de trabalho?"
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    Porque, ó só: água a gente acha fácil, né, água tem em
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    abundância. Isso porque ele tava na Europa. Imagina no deserto, né? A teoria já não...
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    Mas, enfim... água a gente acha fácil, bliblibli, blublublu... agora, diamante você precisa encontrar, construir uma
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    mina, colocar uns trabalhador fu**do, uns campesinato
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    pra ir lá buscar, trazer, lapidar, né? Diamante é a pedra
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    mais dura do planeta. Como que lapidava diamante
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    no 1700, né? Então, muuuuito trabalho
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    tananã, aí, por isso o valor de troca é altíssimo. Mas é aí
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    que tá crítica do Seu Carlinho, meus anjo. Ele vai falar:
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    "Eita, eita, eita! Moça véia de peruca, não é bem assim!", né?
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    E o Seu Carlinho, que não usava peruca, vai falar:
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    "Vamos por outro lado". O trabalho também tem, em si,
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    dois lados, por assim dizer. Como a mercadoria tem
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    valor uso, valor de troca, o trabalho pode ser entendido
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    como "trabalho concreto", né, então, os materiais
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    que a gente usa, o que que a gente faz, bliblibli, blublublu
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    e "trabalho abstrato" que seria alguma coisa como
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    um pacto social que as pessoas compactuam que
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    aquilo é trabalho. Então, Michael Heinrich, que eu falei
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    desse vídeo, ele vai falar: "Bom, imagine você um tecelão,
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    né? Imagine você um artesão, um serralheiro, um marceneiro.
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    Eles trabalham, trabalham, trabalham. Um faz uma calça, um faz
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    uma mesa. A sociedade, devido ao seu funcionamento,
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    seus pactos ficcionais, seu pacto social,
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    estipula e estabelece quais desses trabalhos
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    valem mais, quanto valem e usam alguma coisa pra
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    os nivelar, né? Que seria o dinheiro, esse signo
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    vazio que, lá, cabem todos os significados. E o pulo
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    do gato tá aqui. Apenas uma sociedade focada
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    na criação de valor de troca, pode estabelecer
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    esse valor ficcional do trabalho abstrato.
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    Trabalho abstrato só existe numa sociedade
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    debruçada sobre essas relações capitalistas de troca. E
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    é aí que o Marx dá um balãozinho no Adam Smith, né?
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    (Rochele, você pode pôr o Marx dando um balãozinho? No futebol, por favor. Obrigada)
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    Qual que é o balão no Adam Smith? Nem todo trabalho
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    gera valor. E aí minhas amigas marxista pode tá falando
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    "Oh, céus! Não! Trabalho gera valor". Não, anjo, ó, vamos lá. Como é que chama
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    o mocinho que cortou a orelha? Van
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    Gogh, né? O Seu Van Gogh, ele é lá um pintorzinho mesmo da coisa dos Países Baixos.
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    E aí, ele pinta girassol, autorretrato, campo de flor, ele pinta o próprio quarto.
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    Em vida, o coitado não vendeu UMA coisa mesmo duma tela.
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    Porque o trabalho dele não fazia parte de um
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    pacto social de uma época. O trabalho dele não
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    gerava "valor" de troca. Passa-se o seu tempo,
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    né, muda-se o sistema de valores e significados
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    dos grupos sociais e, hoje, uma tela dele vale
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    milhões, bilhões, trilhões, fica presa no museu,
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    só o burguês safado tem na casa dele, piriri, pururu.
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    Um dos nosso interesses em fazer esse vídeo é que a gente
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    possa pensar: qual é esse momento histórico
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    no qual o produto do trabalho vira mercadoria;
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    de que forma a gente ingressa numa sociedade...
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    e uma das loucuras do capitalismo é essa. O capitalismo é um
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    sistema no qual a gente se vende pra comprar,
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    e o burguês safado nos compra pra vender. E ele
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    é um sistema de soma zero, nada acontece. Quem se vende, se vende a
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    vida inteira para comprar coisas e quem compra
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    força de trabalho, compra força de trabalho
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    a vida inteira pra transformar em mercadoria,
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    pra vender a mercadoria e é assim que o ciclo do
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    do capital se forma, pra vender mercadoria
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    no mercado e extrair, dessa relação, mais valor,
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    né, seu lucro, biribiri, bururu. Então, meus amores, o chamado do vídeo
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    é pra que a gente perceba esse funcionamento
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    de um sistema MALUCO. A gente trabalha pra atender
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    nossas necessidades? Não, né? Todo mundo
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    passando fome, todo mundo sem casa, todo mundo
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    morrendo sem leito de UTI, todo mundo sem oxigênio.
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    Então, os produtos do nosso trabalho, não são pra
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    atender nossas necessidades. É possível que a gente
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    construa uma sociedade onde a gente
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    trabalhe pra atender o que a gente precisa.
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    Numa economia planificada, a sociedade se
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    reúne e pensa: "Que que a gente precisa? Ah, mais
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    escola, mais hospitais". Então, essas coisas serão produzidas pelo
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    trabalho. Não via mercadoria, mas via valor
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    de uso. Serão produzidas porque são necessidades
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    humanas. Nessa outra sociedade, onde a gente
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    mora (sociedade capitalista), as coisas são produzidas
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    pelo seu valor de troca, né? Então, não importa
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    se é uma necessidade humana, né? Importa que
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    tem muito valor, então, vou produzir. Os impactos disso
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    são infinitos. A gente podia falar seis meses disso, né?
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    A gente pode falar sobre como a indústria
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    do fast-food impacta na produção de alimentos
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    de um lugar. Por que que a gente planta alface americana no Brasil, né?
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    A alface americana tem esse nome porque ela é
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    usada por qual grande rede de restaurantes?
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    Todos os restaurantes servem batata. Então,
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    por que que a dona Josefa, agricultora que eu sempre
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    falo aqui, por que ela vai querer plantar jiló? Qual é o
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    impacto de uma cultura de fast-food na produção
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    de alimentos. Aqui, tá um pouquinho dessa provocação
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    que o seu Carlinho tá fazendo lá no capítulo, nos capítulos
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    iniciais do "O capital", quando ele pede pra gente imaginar
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    o que é mercadoria, qual a sua forma social
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    histórica, que ela é composta por uma contradição
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    "valor de uso e valor de troca" e que essa contradição
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    só é possível porque existe uma outra contradição
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    no trabalho. Trabalho concreto, que gera valor
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    de uso (uma calça, uma mesa, tararã) e trabalho abstrato,
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    que compactua com uma ficção social que produz
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    valor de troca. Bom, é isso. As referências vão estar linkadas
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    aqui abaixo. Espero que vocês tenham
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    entendido, espero que vocês tenham gostado, mas, mais importante
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    do que entender e gostar é usar os nossos entendimentos
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    pra transformar o mundo. Até semana que vem.
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    Um beijinho. Tcha-aau!
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