Povos Indígenas | Quem são e quais são os seus direitos?

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https://www.youtube.com/watch?v=IEcZ6pTlZJY

Zusammenfassung

TLDRA aula explora a definição dos povos indígenas, seus direitos e a importância de reconhecer sua diversidade cultural. A primeira parte define quem são os povos indígenas, destacando que não são um grupo homogêneo, mas sim uma pluralidade de culturas. A segunda parte aborda o direito à diferença, que garante aos indígenas o direito de manter suas identidades culturais. A terceira parte discute o direito à terra, considerado originário, e os desafios enfrentados pelos indígenas, como invasões e desmatamento. A FUNAI e a Constituição de 1988 são mencionadas como fundamentais para a proteção dos direitos indígenas.

Mitbringsel

  • 🌍 Os povos indígenas são diversos e não homogêneos.
  • 📜 A FUNAI é crucial para a proteção dos direitos indígenas.
  • 📖 A Constituição de 1988 reconhece direitos originários dos indígenas.
  • 🌱 O direito à terra é fundamental para a sobrevivência indígena.
  • 🛡️ O direito à diferença permite que os indígenas preservem suas culturas.
  • ⚖️ A luta pelos direitos indígenas enfrenta muitos desafios.
  • 🌳 Invasões de terras indígenas são um problema recorrente.
  • 🔍 A representação estereotipada dos indígenas deve ser superada.
  • 💬 A pluralidade cultural indígena é frequentemente ignorada.
  • 📊 Existem 255 povos indígenas no Brasil, falando mais de 150 línguas.

Zeitleiste

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    A aula aborda os povos indígenas e seus direitos, dividida em três partes: definição dos povos indígenas, o direito à diferença e o direito à terra. A importância de compreender a pluralidade cultural dos indígenas é destacada, evitando a visão estereotipada que os reduz a figuras folclóricas. O uso da expressão 'indígena' é discutido, enfatizando que se refere a diversos povos com culturas distintas, e a necessidade de respeitar essa diversidade é ressaltada.

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    A aula continua com uma análise histórica das representações dos indígenas, mencionando a fotografia de Marcos Ferrez e o racismo científico que influenciou a percepção pública. A dinâmica das culturas indígenas é abordada, destacando a transformação contínua dessas culturas e a complexidade das interações com a sociedade não indígena. A diversidade linguística e cultural dos povos indígenas no Brasil é apresentada, assim como a importância de entender as diferentes formas de contato que esses povos tiveram ao longo da história.

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    Por fim, a aula discute os direitos indígenas, com foco na FUNAI e na Constituição de 1988, que reconhece os direitos originários dos indígenas sobre suas terras e a importância do direito à diferença. A Constituição rompe com a perspectiva assimilacionista anterior, reconhecendo a autonomia cultural dos povos indígenas. No entanto, os direitos à terra ainda enfrentam desafios significativos, como invasões e conflitos, evidenciando a luta contínua dos indígenas pela preservação de suas tradições e territórios.

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Video-Fragen und Antworten

  • O que são os povos indígenas?

    Os povos indígenas são os grupos originários que habitavam o Brasil antes da chegada dos europeus, com culturas, hábitos e costumes distintos.

  • Qual é o papel da FUNAI?

    A FUNAI é o órgão indigenista oficial do Brasil, responsável por proteger e promover os direitos indígenas, incluindo a demarcação de terras.

  • O que diz a Constituição de 1988 sobre os direitos indígenas?

    A Constituição de 1988 reconhece os direitos originários dos indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam e garante o direito à diferença.

  • Quais são os principais direitos indígenas abordados na aula?

    Os principais direitos abordados são o direito à diferença e o direito à terra.

  • Como os povos indígenas são frequentemente representados na sociedade?

    Os povos indígenas são muitas vezes representados de forma estereotipada e folclórica, o que impede a percepção de sua diversidade cultural.

  • Quais são os desafios enfrentados pelos povos indígenas hoje?

    Os povos indígenas enfrentam invasões de suas terras, desmatamento, poluição e ameaças à suas lideranças.

  • Quantos povos indígenas existem no Brasil?

    Estima-se que no Brasil existam 255 povos indígenas que falam mais de 150 línguas diferentes.

  • O que é o direito à diferença?

    O direito à diferença é o direito dos indígenas de permanecerem como tal, preservando suas culturas e tradições.

  • Como a Constituição de 1988 mudou a perspectiva sobre os indígenas?

    A Constituição de 1988 rompeu com a perspectiva assimilacionista, reconhecendo os indígenas como detentores de direitos culturais e territoriais.

  • Quais instituições são importantes para a pesquisa sobre povos indígenas?

    Instituições como a FUNAI, o ISA e o SIM são importantes para a pesquisa e defesa dos direitos indígenas.

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    Salve galera, tudo bem com vocês? E
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    nessa aula de hoje nós iremos falar
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    sobre um assunto muito importante que é
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    sobre os povos indígenas e os seus
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    direitos. Então nós iremos começar
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    definindo quem são os povos indígenas
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    para depois a gente falar sobre os seus
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    direitos. Assim, essa aula será dividida
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    em três partes. Na primeira parte, nós
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    iremos definir quem são afinal os povos
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    indígenas. Na segunda parte, nós iremos
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    falar sobre um direito indígena, que
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    seria o direito à diferença. E na
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    terceira parte da aula, nós iremos falar
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    sobre o direito indígena à Terra. Vamos
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    lá. Então, eu gostaria de indicar para
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    vocês alguns sites importantes que
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    abordam essa questão dos indígenas. São
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    sites que vê a partir de instituições e
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    organizações e eles abordam dados,
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    pesquisas, enfim, algumas alguns
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    assuntos pra gente aprofundar essa
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    questão. Aliás, esses sites serviram
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    bastante para aprofundar a nossa
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    pesquisa dessa aula. Primeiramente, eu
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    vou indicar aqui o site da FUNAI, que é
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    a Fundação Nacional do Índio, que é o
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    órgão indigenista oficial do Estado
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    Brasileiro, que é o www.funai.gov.
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    goov.br e depois vou indicar o site do
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    ISA, que é o Instituto Socioambiental e
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    o site é
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    www.initutosoambiental.org. E por fim,
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    eu indico também o site do SIM, que é o
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    Conselho Indigenista Missionário, que
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    inclusive traz relatórios sobre
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    conflitos e violências, e o site é
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    sim.org.br.
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    br. Então, primeiramente, pra gente
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    começar a aula, é importante a gente se
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    questionar a respeito da palavra
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    indígena. O que que significa essa
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    palavra indígena? Indígena é uma
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    expressão genérica para designar os
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    povos originários, ou seja, os povos que
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    já habitavam o Brasil antes da chegada
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    dos europeus. Essa expressão indígena é
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    uma expressão válida, mas a gente tem
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    que tomar aqui um pouquinho de cuidado
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    para não achar que indígena corresponde
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    a um só povo com os mesmos hábitos e os
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    mesmos costumes. Na verdade, quando a
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    gente usa a expressão indígena, nós
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    estamos nos referindo a vários povos.
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    Portador de culturas, hábitos e costumes
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    bem distintos.
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    A maneira folclórica como a gente
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    costuma tratar os povos indígenas,
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    muitas vezes impede que a gente tenha a
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    percepção dessa pluralidade de cultura.
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    Muitas vezes a gente trata os povos
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    indígenas como figuras folclóricas,
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    assim como a gente se refere ao saci ou
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    à sereia. E isso faz com que a gente
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    despreze que, na verdade, são povos que
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    pertencem a culturas diferentes,
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    costumes e hábitos diversos. Esse também
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    é um dos motivos pelos quais algumas
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    pessoas se sentem no direito de julgar
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    quem é ou não é índio, usando como
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    critério essa figura estereotipada e
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    folclórica. Muitas vezes somos
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    apresentado a essa figura do indígena
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    caricata e folclórica desde a infância.
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    Basta a gente lembrar como se comemora o
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    dia do índio e muitas dessas escolinhas
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    primárias. é desenhando indiozinho,
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    fabricando cocares ou elementos
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    indígenas, ou seja, reduzindo os índios
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    a uma simples caricatura ou uma figura
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    folclórica, sem falar também nas músicas
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    infantis ou ainda nos programas
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    televisivos infantis.
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    [Aplausos]
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    Vamos brincar de índio, mas tem mocinho
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    para me pegar.
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    Venha pra minha tribo. Eu sou o cacique,
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    você é meu pai.
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    [Música]
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    Vamos.
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    [Música]
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    Mas desde que os europeus chegaram no
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    Brasil, eles produziram e reproduziram
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    essa figura caricata, estereotipada dos
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    indígenas brasileiros. Basta a gente
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    recorrer às imagens captadas pelo famoso
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    fotógrafo brasileiro Marcos Ferrez no
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    século XIX. Essa imagem, por exemplo,
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    ela retrata os chamados botocudos, os
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    povos indígenas que usavam botox labiais
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    e auriculares, os povos fotografados
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    aqui de maneira bem exótica, sendo
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    convertidos em signo de atraso e
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    selvageria. Aliás, botocudo é um termo
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    genérico, dá impressão que se trata de
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    um só povo, mas na verdade se refere a
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    diferentes grupos indígenas de diversas
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    filiações linguísticas e regiões
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    geográficas. O ferrêz veiculava essas
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    imagens exóticas em álbuns fotográficos
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    voltados pro público estrangeiro.
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    Segundo o colecionador Pedro Correia do
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    Lago e o pesquisador Rubens Fernandes
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    Júnior, aquelas fotografias duplas que
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    normalmente tinha uma baiana, uma mulher
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    negra da Bahia e um indígena, estavam
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    entre as mais populares, eram as mais
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    vendidas, como a gente pode ver aqui. O
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    Ferrz fotografou vários índios
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    utilizando aqueles instrumentos de
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    medição antropométrica, o que revela que
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    possivelmente existia uma intenção de
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    introduzir essas imagens no meio
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    científico. Neste período, vivíamos o
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    racismo científico. Então, provavelmente
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    ele estava querendo utilizar essas fotos
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    para fazer pesquisas e estudos, tentando
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    provar o conceito de raça e a possível
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    superioridade ou inferioridade das
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    mesmas. Isso já estava acontecendo com o
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    povo negro e também tava acontecendo com
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    o povo indígena, como a gente pode ver,
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    por exemplo, aqui nessa fotografia.
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    Aliás, se vocês quiserem encontrar mais
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    imagens do Mark Ferrez, eu indico o
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    Instituto Moreira Sales de São Paulo ou
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    então o site do Instituto Moreira Sales.
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    Se vocês quiserem saber a respeito do
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    Mark Ferrez em relação às imagens de
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    negros ou de indígenas, eu indico o
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    pesquisador Hélio Menezes, o pesquisador
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    brasileiro. E para quem quer entender um
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    pouco mais sobre as imagens fotográficas
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    e a forma como os indígenas eram
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    captados, eram fotografados, indico o
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    Andreas Valentim. E quem quiser entender
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    sobre indígena e antropologia
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    contemporânea, indico o nosso renomado
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    antropólogo brasileiro Eduardo Viveiro
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    de Castro. Assim, quando abordamos o
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    assunto sobre culturas indígenas, a
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    primeira coisa que a gente tem que levar
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    em consideração é que essas culturas são
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    dinâmicas, ou seja, elas estão se
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    transformando o tempo todo e tendo ou
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    não contato com povos não indígenas,
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    ainda assim elas estão se
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    transformando. E além da diversidade que
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    existe entre as culturas indígenas
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    relacionado à sua linguagem, aos seus
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    hábitos e aos seus costumes, nós temos
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    que levar em consideração também as
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    diferentes formas de contato que
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    obtiveram essas culturas indígenas.
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    Então, temos que levar em consideração,
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    por exemplo, se o tipo de contato foi
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    violento ou foi pacífico, ou ainda se
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    esse tipo de contato é antigo ou seria
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    mais recente. O contato é direto com a
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    população regional, ou seja, com os
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    fazendeiros, madeireiros, poceiros,
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    pescadores, garimpeiros. Ou ela é
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    mediada por algum tipo de instituição?
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    se é mediada por algum tipo de
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    instituição, essa instituição é
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    governamental ou não governamental? É
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    religiosa ou é laica? Aliás, se o
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    contato é religioso, nós temos que levar
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    em consideração que existem várias
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    propostas de transmissão de valores
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    religiosos. Além disso, a gente tem que
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    levar em consideração também a forma
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    como cada povo se insere dentro da
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    cultura brasileira. Existem aqueles que
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    moram nas periferias das grandes
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    cidades, existem os grupos assalariados,
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    existem aqueles que são envolvidos
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    diretamente com a política, como, por
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    exemplo, vereadores, deputados e
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    prefeitos. E existe ainda aqueles que
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    não querem nenhum tipo de contato com a
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    sociedade. Portanto, podemos perceber
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    que o julgamento a respeito de um povo
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    ser ou não indígena envolve questões
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    muito mais complexas do que comumente a
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    gente imagina. Estima-se que no Brasil
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    vivam 255 povos indígenas falantes de
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    mais de 150 línguas diferentes,
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    totalizando
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    896.971 pessoas, as quais
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    324.834 vivem em cidades e
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    572.083 vivem em áreas rurais, existindo
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    atualmente 722 terras indígenas.
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    Agora que já sabemos quem são os povos
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    indígenas, podemos finalmente tentar
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    compreender a respeito dos seus
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    direitos. Para isso, é necessário que a
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    gente entenda um pouco de leis,
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    estatutos, órgãos e instituições. Assim,
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    é fundamental que a gente compreenda
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    algumas instituições, como por exemplo,
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    a FUNAI, e tenha também um entendimento
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    a respeito da Constituição de 1988.
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    A FUNAI, Fundação Nacional do Índio, é o
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    órgão indigenista oficial do Estado
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    Brasileiro. Criada sobre a Lei
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    5371, no dia 5 de dezembro de
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    1967, está relacionada ao Ministério da
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    Justiça e é a principal coordenadora e
  • 00:09:53
    executora das políticas indigenistas do
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    governo federal. Sua missão
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    institucional é proteger e promover os
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    direitos indígenas. Cabe a FUNAI estudo
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    sobre identificação, delimitação e
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    demarcação da terra. Também cabe a FUNAI
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    a regularização fundiária e o registro
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    dessas terras tradicionalmente ocupadas
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    por esses povos. Também cabe a FUNAI
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    monitorar e preservar as terras
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    indígenas, além de também cuidar e de e
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    monitorar as terras indígenas de povos
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    isolados, aqueles que nunca
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    estabeleceram nenhum
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    contato. Em relação aos direitos
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    constitucionais dos índios, eles estão
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    expressos num capítulo específico da
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    carta de 1988.
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    O capítulo oito da Ordem Social, na
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    verdade, o título oito da Ordem Social,
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    capítulo oito também dos índios. Ali a
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    gente encontra duas inovações
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    extremamente importantes se a gente
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    considerar as constituições anteriores,
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    como por exemplo o Estatuto do
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    Índio. A primeira inovação importante
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    está relacionada ao abandono daquela
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    perspectiva assimila.
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    uma perspectiva que entendia o indígena
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    como uma categoria transitória, ou seja,
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    alguém que estava fadado ao
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    desaparecimento. A segunda inovação
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    importante em relação aos direitos dos
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    indígenas tá relacionado ao direito à
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    terra, que passa agora a ser
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    compreendido como um direito originário,
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    ou seja, um direito anterior até mesmo
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    ao próprio estado. Isso decorre do fato
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    dos índios já ocuparem o território
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    muito antes da chegada dos
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    europeus. A nova Constituição, então,
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    essa de 1988, estabelece novos marcos
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    pros direitos indígenas. Uma das mais
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    importantes, então, é esse direito que
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    nós iremos denominar aqui direito à
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    diferença, que é o direito do indígena
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    permanecer indígena por tempo
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    indeterminado. É o que reza, por
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    exemplo, o capute 231 da Constituição.
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    São reconhecidos aos índios sua
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    organização social, costumes, línguas,
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    crenças e tradições e os direitos
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    originários sobre as terras que
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    tradicionalmente ocupam, competindo à
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    união demarcá-las, proteger e fazer
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    respeitar todos os seus bens. Ou seja,
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    em relação ao Estatuto do Índio, como
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    ficou conhecido a lei de número 6001,
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    promada em
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    1973, ela estabelece relações entre o
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    Estado, a sociedade brasileira e os
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    grupos indígenas.
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    Em linhas gerais, o estatuto seguiu
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    alguns princípios do velho código civil
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    brasileiro, aquele de 1916, que
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    estabelecia que os índios eram seres
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    relativamente incapazes e que eles
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    dependiam de algum órgão indigenista até
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    que eles finalmente se integrassem à
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    sociedade, ou seja, se integrassem à
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    comunhão nacional, entendendo então que
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    os índios pertenciam a uma categoria
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    transitória. Aqui então se entendia que
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    o índio deveria deixar de ser índio, que
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    ele pertencia a um resquício da história
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    que deveria ser superado. A Constituição
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    de 1988, então, rompe com essa tradição
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    secular, essa perspectiva
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    assimilacionista que entendia o índio
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    como uma categoria transitória que
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    deveria finalmente ser integrado à
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    comunhão nacional, entendendo então que
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    ele possuiria direito a preservar a sua
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    própria cultura. Aqui, então, é que nós
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    podemos falar do direito à diferença.
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    Essa perspectiva assimilacionista é que
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    a gente ainda precisa superar. A gente
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    precisa compreender que o índio possui
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    uma história própria, ou melhor, os
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    indígenas possuem histórias próprias e
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    modos próprios de se relacionar com a
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    cultura brasileira. É um equívoco
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    imaginar que os povos originários um dia
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    vão assimilar a cultura brasileira e
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    irão deixar de ser índios, como muitas
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    vezes a gente gosta de pensar. As coisas
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    estão em permanente mudança. Em relação
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    aos direitos humanos, nós sempre devemos
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    ficar atentos às novas demandas que
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    surgem de acordo com o momento, de
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    acordo com o povo, de acordo com cada
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    história peculiar.
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    A nova Constituição inovou também em
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    relação aos direitos indígenas sobre as
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    terras, entendendo agora que são
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    direitos originários, já que esses povos
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    indígenas já ocupavam tradicionalmente
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    essas terras antes da chegada dos novos
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    ocupantes. Ou seja, agora entende-se que
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    o direito é anterior ao estado e que ele
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    independe de qualquer registro oficial.
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    O texto em vigor eleva à categoria
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    constitucional o próprio conceito de
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    terras indígenas, que assim se define
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    conforme o parágrafo primeiro do seu
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    artigo 231. São terras tradicionalmente
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    ocupadas pelos índios, a por eles
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    habitadas em caráter permanente, as
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    utilizadas para suas atividades
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    produtivas, as imprescindíveis à
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    preservação dos recursos ambientais
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    necessários a seu bem-estar e as
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    necessárias à sua reprodução física e
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    cultural, segundo seus usos, costumes e
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    tradições. Aliás, sobre as terras
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    indígenas, isso constitui um capítulo à
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    parte, porque as terras são palco de
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    inúmeros conflitos e inúmeras disputas.
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    Se de um lado a gente tem a
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    Constituição, entendendo direito à
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    terra, aos povos indígenas, já que eles
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    são os povos originários e que eles
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    dependem dela para sobreviver, para se
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    sustentar e para preservar as suas
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    tradições, por outro lado, tem muita
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    gente, tem outras pessoas também.
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    interessadas nessas mesmas terras.
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    Assim, grande parte das terras indígenas
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    brasileiras sofrem invasões, seja de
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    garimpeiros, caçadores, pescadores,
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    fazendeiros ou poceiros. Na prática, o
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    direito à terra indígena não é
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    respeitado. Sem contar também as terras
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    que são cortadas pelas estradas,
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    ferrovias, linhas de transmissão ou que
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    tem as suas porções inundadas pelas
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    usinas hidrelétricas.
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    Frequentemente também os índios colhem
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    resultados perversos, mesmo fora das
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    suas terras, nas regiões que o cercam,
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    como, por exemplo, causada pelo
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    desmatamento ou pela poluição dos rios
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    por agrotóxicos. Assim, concluímos que
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    os direitos indígenas em relação à terra
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    ainda encontram inúmeras adversidades e
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    diversos conflitos que muitas vezes
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    resultam em ameaças e morte à suas
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    principais lideranças, indicando que os
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    indígenas têm que lutar muito desde a
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    chegada dos portugueses até hoje para
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    conseguirem manter a sua sobrevivência e
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    também as suas tradições. Por isso que
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    nessa aula nós demos destaque a
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    principalmente dois direitos indígenas,
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    o direito à diferença e o direito à
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    terra, assuntos que, claro, merecem ser
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    abordados com maior profundidade. No
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    entanto, a gente fica por aqui. Espero
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    ter auxiliado um pouquinho na reflexão
  • 00:17:25
    sobre os povos indígenas. Beijos e até o
  • 00:17:28
    próximo vídeo. Всё.
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