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k
00:00:02
[Música]
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o que sonham as mulheres de hoje sonhar
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com alguns modos de ser que a gente
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ainda não foi capaz de pensar foram
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muitas as mulheres apagadas da história
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com essas Bruxas na verdade ele foi um
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um modo também não só religioso mas mas
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político de acabar com a força do
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coletivo das mulheres nas comunidades
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preconceito violência discriminações
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causam dor e trauma trauma é sobre a
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partir de experiências que vivemos olhar
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pro mundo pelas lentes do medo e do
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perigo porque o cuidado é sempre uma
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tarefa que cabe às mulheres e quem é que
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decidiu que esse trabalho feito em casa
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não é um trabalho que deve ser
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valorizado
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remunerado novas mulheres antigos papéis
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tema desta série do Café Filosófico
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[Música]
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o trauma é uma experiência que faz parte
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da condição humana todos nós carregamos
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nossas marcas traumáticas e as
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consequências delas a biologia e a
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medicina a psicologia e a psicanálise
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tentaram ao longo da história entender o
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que é exatamente o trauma e o que ele
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provoca em nós mas enquanto as ciências
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médicas e humanas evoluem nessa
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explicação como nós enfrentamos os
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eventos traumáticos que cotidianamente
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cruzam as nossas vidas que os nossos
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traumas contam sobre nós e como podemos
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encontrar caminhos para que nossa
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história não seja apenas o resultado dos
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traumas que
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vivemos lá pelos 8 anos de idade quando
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eu tenho começo a ter flashes de
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memórias eu me lembro de uma situação
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recorrente que era eu sentada na
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primeira fileira da sala de aula os pés
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tensionados no
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tênis ombro colado na orelha o maxilar
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completamente tensionado a boca seca e
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tudo isso todo esse corpo em estado de
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defesa se preparava para ouvir a
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professora chamar o meu nome para
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continuar a leitura de um texto em voz
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alta qualquer situação que eu me
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sentisse minimamente exposta o meu corpo
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entrava numa defesa
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que me fez passar uma boa parte da
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Infância e da adolescência calada
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considerada por mim mesma e por todos
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que me cercavam como uma criança e uma
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adolescente extremamente
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tímida demorou muito tempo para eu
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entender que eu não era tímida eu era
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assustada trauma é sobre medo trauma é
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sobre a partir de experiências que
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vivemos olhar pro mundo pelas lentes do
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medo e do Perigo Para vocês terem uma
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ideia os primeiros registros do que pode
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ser chamado de stress pós-traumático
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datam de 490 antes de Cristo nos
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escritos do Historiador grego Heródoto
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quando ele escrevia sobre um guerreiro
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de batalha é o seguinte de repente ele
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perdeu a visão de ambos os olhos embora
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nada o tivesse tocado Talvez o trauma
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seja tão antigo quanto a história da
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humanidade e isso faz muitos sentido na
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abordagem que eu trabalho que é a
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abordagem do Cuidado informado sobre
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trauma ou trauma informate care que é
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uma abordagem multidisciplinar sobre
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trauma que recebe influência das
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neurociências da neurobiologia
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interpessoal e da Psicologia o trauma é
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parte da vida ele faz parte da
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experiência humana antes da ciência
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moderna do trauma já na já fazendo parte
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da História Moderna lá pelos final do
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século 19 os precursores da Neurologia
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da da psicologia da psiquiatria como
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charp eh perjan o próprio Freud também
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já se interessavam pelo fenômeno do das
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memórias traumáticas e como elas
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afetavam o corpo e a vida de uma pessoa
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um pouco mais à frente os trabalhos de
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Fran fanon psicanalista psiquiatra que
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trabalha com basicamente com a
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recuperação da humanização dos corpos os
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negros depois da escravidão a brasileira
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Neusa Santos psiquiatra que escreveu né
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enquanto viva muito sobre o trauma
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racial também também muito inspirada por
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fanon e uma das grandes coisas que
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contribuiu pro nosso entendimento atual
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da ciência moderna de trauma foi a
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neuroimagem a possibilidade que temos de
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estudar o cérebro em funcionamento é
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quando é criado o diagnóstico de trauma
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de guerra neurose de de guerra né o o
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Shell sock que dava direito a esses
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veteranos de guerra alguns benefícios
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inclusive pensão e tratamento médico com
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esse reconhecimento do trauma de guerra
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entre Primeira e Segunda Guerra tem-se
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um problema nos países que estavam
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disputando o poder econômico naquela
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época porque começa a ficar difícil
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recrutar soldados E aí o trauma é
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intencionalmente banido dos manuais das
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prescrições
00:06:00
inclusive os profissionais da saúde são
00:06:03
proibidos de usar o diagnóstico trauma
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de guerra ou neurose de guerra nos seus
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nas suas prescrições é criado um
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diagnóstico que se chama que que cuja
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sigla é n y DN para uma tradução no
00:06:18
português do inglês que seria ainda sem
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diagnóstico
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nervoso os médicos e profissionais
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tinham que usar esse diagnóstico quando
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atend os veteranos de guerra e aí quando
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esses veteranos vão às guerras voltam
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das Guerras tem-se um grande problema
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porque eles não conseguem engajar de
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novo em suas vidas porque o transtorno
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do estress pós-traumático domina a cena
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E aí o trauma que tava tentando ser
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negado pela política pela ciência e pela
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medicina da época olha nos olhos e se
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mantém presente se faz presente
00:07:00
e os investimentos em pesquisa são se
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tornam necessários para recuperar essas
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pessoas e não nos enganemos para
00:07:09
recuperar a contribuição
00:07:11
Econômica dessas pessoas paraa história
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Então as Idas e Vindas do interesse do
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do estudo do trauma na ciência estão
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muito vinculadas as guerras Inclusive a
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mais recente do Vietnã que que nos fez
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avançar bastante no estudo da terapia
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assistida por psicodélicos para T alma
00:07:32
por exemplo além das Guerras nós temos o
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advento da neuroimagem nos ajudando a
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entender melhor a relação corpo mente e
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Aí surge dentre esses novos estudos da
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neurociências da neurobiologia
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interpessoal o cuidado informado sobre
00:07:50
trauma essa abordagem multidisciplinar
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que é a abordagem da minha especialidade
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as lentes que eu vou usar para trazer o
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conteúdo aqui para vocês
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Talvez um dos principais pontos
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importantes nessa visão de trauma é a
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visão de que o trauma é um evento físico
00:08:09
antes de ser
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psicológico essa é uma frase de Peter
00:08:13
Levin um dos grandes estudiosos do
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trauma da atualidade que vai nos nos
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convidar a olhar para como o nosso
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cérebro reage diante de situações
00:08:24
desafiadoras a vida tá acontecendo tá
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tudo certo e aí de repente acontece algo
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que é lido pelo nosso cérebro como
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ameaça ou perigo à Vida como um
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desafio antes que a gente pense sobre
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isso antes que a mente comece que a
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cognição entre nessa história o nosso
00:08:44
corpo já está reagindo é o que faz a
00:08:47
gente saltar para trás quando tem quando
00:08:50
tá num numa rua escura e vê algo se
00:08:54
arrastando e antes que você pense pode
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ser uma cobra você já saltou para trás o
00:09:01
que faz isso acontecer é uma estrutura
00:09:03
que tá enterrada lá no centro do nosso
00:09:05
cérebro chamada amídala cerebral uma
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estrutura pequenininha tá no centro do
00:09:10
que nós chamamos de sistema límbico ou
00:09:12
sistema emocional e ela tá muito
00:09:14
envolvida com a detecção do perigo e
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alguns perigos nós herdamos na evolução
00:09:20
da espécie Como já sinais de que
00:09:24
precisamos nos defender e quando a
00:09:27
amídala dispara esse alarme mim o nosso
00:09:30
corpo já começa a receber uma carga de
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adrenalina que nos joga nas nossas
00:09:35
defesas de sobrevivência o corpo começa
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a se preparar para lutar fugir gritar
00:09:41
por ajuda ou
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colapsar nesse momento quase junto a
00:09:48
mente entra na história dando
00:09:51
significado para essa experiência
00:09:53
corpórea E aí a mente vai dar
00:09:55
significado para essa experiência a
00:09:57
partir do que ela tem guardado das
00:09:59
nossas
00:10:00
memórias do que nós vivemos do que
00:10:03
aprendemos sobre nós sobre o outro sobre
00:10:05
o mundo a partir do que nós
00:10:10
absorvemos principalmente nas nossas
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primeiras relações mas não só nas nossas
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primeiras relações a forma como nós
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entendemos segurança e perigo ela é
00:10:22
moldada Principalmente nos nossos
00:10:25
primeiros relacionamentos mas é
00:10:27
remodelada a todo momento nas relações
00:10:30
do presente graças à
00:10:33
neuroplasticidade então o trauma vem
00:10:36
desse lugar
00:10:38
onde nós nos deparamos com algo que
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parece uma ameaça ou um desafio à Vida e
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pode ser a vida real como um acidente
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grave como uma tragédia como uma
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violência ou pode ser a vida
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simbólica como o medo de falar em
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público que eu tive até os 20 e Poucos
00:11:00
Anos uma ameaça à Vida
00:11:03
autêntica uma ameaça à sensação de
00:11:08
adequação então o trauma é uma percepção
00:11:11
de ameaça que vai ser diferente para
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cada pessoa porque quando mente e corpo
00:11:14
se encontram uma dando significado a
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experiência física
00:11:20
vivida tudo que veio antes inclusive
00:11:24
antes no nosso clã familiar Ou na nossa
00:11:27
ancestralidade vai participar do
00:11:30
processo e da conversa trauma não é
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sinônimo de tragédia não é sinônimo de
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algo Extra ordinário o trauma é o
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ordinário da vida mas assim como o
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trauma é o ordinário da vida o reparo
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também é e o trauma é o ordinário da
00:11:46
vida porque ainda que dê tudo certo
00:11:49
ainda que nós tenhamos uma infância com
00:11:52
vínculo seguro com os nossos cuidadores
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primários bem alimentados bem nutridos
00:11:59
em nossas necessidades com segurança nos
00:12:02
nossos relacionamentos já reduzia aí uma
00:12:05
grande parte da população
00:12:08
mundial ainda que nós tenhamos essas
00:12:11
condições ideais perdas frustrações
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adoecimento nosso E dos nossos nós
00:12:19
iremos
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viver no próximo bloco o trauma vive em
00:12:24
nós em nossas vísceras ele não volta
00:12:27
como uma memória ele volta como uma
00:12:36
reação foram sobretudo as guerras que
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chamaram atenção para a experiência do
00:12:40
trauma soldados sofrendo de estresse
00:12:44
pós-traumático não conseguiam se
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reconectar ao cotidiano sobre esse
00:12:49
empobrecimento em todos os sentidos que
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a guerra causava Walter Benjamin
00:12:55
escreve já não se podia constatar
00:12:58
naquela época que as pessoas voltavam
00:13:00
mudas do campo de batalha não voltavam
00:13:04
enriquecidas senão mais pobres em
00:13:06
experiência
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comunicável os livros sobre a guerra que
00:13:10
proliferavam nos 10 anos seguintes não
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conam experiências transmissíveis de
00:13:16
boca em boca para além dos eventos
00:13:20
extremos e extraordinários da humanidade
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um único dia nos coloca diante de muitas
00:13:25
situações de ameaça da nossa vida física
00:13:29
ou da nossa existência social
00:13:32
psicológica é impossível chegar à vida
00:13:35
adulta sem passar por experiências
00:13:36
traumáticas situações
00:13:38
vexaminosas problemas financeiros
00:13:41
relacionamentos problemas de
00:13:43
relacionamento situações que podem e que
00:13:45
acontecem com todos nós são situações
00:13:48
que podem ser potencialmente traumáticas
00:13:50
mas o trauma não é sobre a situação ele
00:13:53
é sobre o que acontece dentro de nós em
00:13:55
decorrência daquela Situação essa é uma
00:13:58
frase de bormat um dos grandes
00:14:00
especialistas em trauma também da
00:14:02
atualidade que ele vai nos dizer que o
00:14:05
trauma é essa experiência física
00:14:08
neuropsicofarmacologia
00:14:29
a traumatização é o que fica no tempo é
00:14:34
quando a descarga daquela situação que
00:14:38
carregou uma carga primeiro de
00:14:39
adrenalina e nor adrenalina depois para
00:14:42
sustentar a resposta ao estess entra o
00:14:45
cortisol na
00:14:47
jogada essa descarga não acontece
00:14:50
adequadamente e a mente cria uma
00:14:53
narrativa a partir dali mudando a lente
00:14:56
distorcendo a lente de como nós nos
00:14:58
vemos e como olhamos pro mundo e a
00:15:00
partir dali eu olho pra vida pelas
00:15:03
mentes do medo e do perigo e eu perco a
00:15:05
oportunidade de ter uma existência
00:15:07
autoral porque quando a gente tá sob
00:15:09
medo sob fisiologia do perigo tudo que o
00:15:12
nosso cérebro faz é Na tentativa de nos
00:15:16
proteger trauma tem muito a ver com
00:15:19
desamparo trauma vivido no Amparo não
00:15:22
necessariamente vira traumatização a
00:15:24
traumatização como uma professora que
00:15:26
tive a Cecília Lauriano costumava dizer
00:15:28
é quando o tempo não cura a ferida são
00:15:31
os sinais os sintomas que vão se
00:15:34
acumular dessa experiência traumática
00:15:36
vivida e vão perdurar no tempo o trauma
00:15:40
é sediado no corpo o trauma vive em nós
00:15:43
em nossas vísceras ele não volta como
00:15:46
uma memória ele volta como uma reação
00:15:49
ele é o aperto no peito é o Nó na
00:15:51
Garganta é a dor no estômago às vezes de
00:15:55
uma situação que você nem sabe porquê o
00:15:57
seu corpo tá vivendo tudo aqui
00:15:59
Mas como eu disse o trauma faz parte da
00:16:01
vida e o reparo também faz deixe que
00:16:04
tudo que há num corpo se revele para que
00:16:07
a vida cicatrize todo trauma para que o
00:16:09
desejo seja o anexo da pele e a
00:16:12
liberdade o corpo físico da Alma deixe
00:16:15
que a sólida geleira descongele e a
00:16:17
sensatez fluidique o coração que sua
00:16:20
sede não precise só de água nem sua fome
00:16:23
necessite só de pão deixe que tudo que
00:16:26
há num corpo se revele sinta o perfume
00:16:29
se espalhar na casa inteira atravessar o
00:16:31
alumínio da janela PR a energia se
00:16:34
renove verdadeira e a ventania nunca
00:16:36
apague suas velas deixe que tudo que há
00:16:40
num corpo se revele para que a vida
00:16:43
cicatrize todo TR o trauma causa um
00:16:47
congelamento em nós um congelamento da
00:16:51
potência do eu autêntico o trauma nos
00:16:54
envergonha pessoas traumatizadas são
00:16:56
pessoas envergonhadas
00:16:59
e muitas vezes a gente vai transferir
00:17:01
essa dor pro outro mas o trauma permite
00:17:04
lugar espaço pro descongelamento nesse
00:17:08
corpo que guarda sempre algo que não foi
00:17:11
tocado pela dor e quando nós vamos fazer
00:17:14
a partir dessa visão Geral de trauma um
00:17:17
mergulho no recorte de gênero desse
00:17:20
módulo falar sobre como o trauma
00:17:23
atravessa Mais especificamente as
00:17:25
mulheres nós temos eh atravessar
00:17:29
individuais e coletivos uma história do
00:17:33
feminino que foi sendo reprimida no
00:17:36
corpo na mente e em todas as
00:17:40
possibilidades de uma existência autoral
00:17:43
paraas mulheres vai nos trazendo um
00:17:48
estado que é muito conhecido em trauma
00:17:51
que se chama hipervigilância a partir do
00:17:55
momento que nós nos sentimos em perigo
00:17:58
constante e esse perigo às vezes é
00:18:00
físico da violência física às vezes esse
00:18:04
perigo é um pouco mais difuso e
00:18:06
simbólico do não se sentir adequada do
00:18:10
não cumprir com o papel social que lhe
00:18:13
foi dado do se sentir culpada por não
00:18:16
ser a mãe perfeita ou por não ter feito
00:18:20
748 coisas no dia e só fez
00:18:23
740 esse perigo gera em nós uma condição
00:18:27
chamada hi
00:18:29
vigilância que faz com que algo que
00:18:31
deveria ser temporário que é a resposta
00:18:33
ao estess o trauma faz tanto parte da
00:18:36
vida que o nosso corpo veio preparado de
00:18:38
fábrica para responder ao estess outra
00:18:40
frase de gabor Mat todo trauma É
00:18:43
estressante nem todo stress é
00:18:46
traumático mas todo o trauma envolve uma
00:18:49
fisiologia do stress ativada em nós e
00:18:52
essa fisiologia para mulheres quando a
00:18:55
gente pensa num sistema opressivo que é
00:18:59
transgeracional ou seja nós vamos
00:19:01
aprendendo inclusive os mecanismos
00:19:03
defensivos de nossas ancestrais para
00:19:07
lidar com a dor faz com que o nosso
00:19:09
nosso esse sistema de stresse que
00:19:11
deveria subir e descer até subir não tem
00:19:14
problema nenhum desde que desça fique
00:19:17
trabalhando constantemente acima não é à
00:19:20
toa que algumas doenças
00:19:22
inflamatórias são mais frequentes em
00:19:24
mulheres tem maior prevalências em
00:19:26
mulheres porque estress em excesso no
00:19:29
organismo é igual a
00:19:31
inflamação então alguns estudos
00:19:33
principalmente os estudos de gabor Mat
00:19:35
olham muito pro lugar de como o trauma
00:19:37
nos adoece
00:19:39
fisicamente de como a hipervigilância de
00:19:43
que algo pode vir errado de algum lugar
00:19:46
algo pode acontecer de errado a qualquer
00:19:48
hora eu posso sofrer uma violência uma
00:19:50
discriminação um preconceito nos coloca
00:19:53
em um estado defensivo que pode nos
00:19:56
fazer criar compor
00:20:00
de
00:20:01
adaptação como por exemplo ansiedade por
00:20:04
agradar codependência emocional
00:20:07
condições também mais prevalentes em
00:20:09
mulheres e não à toa a codependência
00:20:12
emocional é uma condição que eu gosto de
00:20:15
traduzir de forma simples como a
00:20:17
necessidade de ser necessário
00:20:20
codependência é como se uma pessoa
00:20:23
tivesse ficado dependente da dependência
00:20:27
desta por ela
00:20:29
e ela começa a se ver em relacionamentos
00:20:32
consecutivos em que ela precisa salvar
00:20:35
proteger ou consertar o outro na sua
00:20:39
perspectiva hoje a gente chama de
00:20:41
codependência emocional uma uma condição
00:20:45
não é uma patologia não é um Sid é uma
00:20:47
forma de funcionamento nas relações
00:20:50
muito mais prevalente nas mulheres do
00:20:52
que nos homens por que
00:20:55
será porque historicamente nós somos com
00:20:58
convidadas a ocupar o lugar de cuidar e
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a ocupar o lugar de Esponja emocional do
00:21:05
estress ao nosso redor não a toa alguns
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estudos indicam que mulheres casadas
00:21:11
vivem menos dado polêmico
00:21:15
agora que mulheres
00:21:18
solteiras porém homens casados vivem
00:21:22
mais que homens
00:21:24
solteiros o fato é que nas mulheres
00:21:29
de toda a organização social patriarcal
00:21:33
que nós fomos submetidas os desfechos
00:21:35
traumáticos são muito característicos
00:21:38
envolvem padrões de relacionamento muito
00:21:40
específicos como citei a dependência
00:21:43
emocional a codependência emocional
00:21:45
envolve muita autod distorção da
00:21:48
autoimagem a sensação de nunca se sentir
00:21:52
suficiente a sensação de que você
00:21:56
precisa sempre fazer certo envolve a
00:22:00
timidez excessiva mais frequente em
00:22:03
mulheres do que em homens e
00:22:05
coletivamente isso nos coloca num estado
00:22:09
de alerta constante que organiza sinais
00:22:12
e sintomas que faz com que algumas
00:22:16
doenças inclusive alguns tipos de câncer
00:22:18
sejam mais prevalentes em mulheres dada
00:22:21
a
00:22:22
sustentação da
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inflamação no próximo bloco Nós criamos
00:22:28
identidade nas relações eu preciso do
00:22:31
outro para poder entender também a mim
00:22:33
mesma como espelho Como diz Liana Neto
00:22:36
nós somos nominados pelo
00:22:44
vínculo o medo de um acidente de sofrer
00:22:47
uma violência de não ser aceito num
00:22:49
trabalho ou de sofrer uma rejeição
00:22:52
amorosa nosso corpo e nossa mente estão
00:22:55
constantemente tentando nos proteger
00:22:57
daquilo que Lemos como ameaças de
00:23:00
aniquilamento físico e emocional daquilo
00:23:04
que pode ser o próximo trauma a se
00:23:06
inscrever em nós todos nós vivemos
00:23:09
situações traumáticas mas não significa
00:23:11
que todos nós ficamos
00:23:13
traumatizados por outro lado podemos
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carregar em nós traumas de situações que
00:23:18
nem vivemos traumas historicamente
00:23:22
transferidos feridas sociais geradas por
00:23:25
preconceitos estereótipos discriminações
00:23:29
além de todas as as implicações da
00:23:33
condição de opressão
00:23:35
eh histó das condições históricas e
00:23:38
sociais do ponto de vista da saúde do
00:23:41
ponto de vista eh da existência autoral
00:23:45
do ponto de vista de acessar a sua
00:23:47
própria potência do ponto de vista
00:23:50
traumático o trauma especificamente
00:23:53
atinge as mulheres em um lugar diferente
00:23:56
existe uma autora que gosto muito a
00:23:58
Raquel yuda que ela estuda o trauma
00:24:02
transgeracional e um dos estudos dela
00:24:04
ela contemporânea Ela estudou mulheres
00:24:07
grávidas durante o a tragédia do World
00:24:10
Trade Center mulheres que tiveram o
00:24:12
diagnóstico de transtorno do stress
00:24:14
postraumático e foi visto que esses
00:24:16
bebês nasceram com níveis de cortisol
00:24:19
abaixo do esperado não é tão intuitivo
00:24:22
isso pensar mas not tept no transtorno
00:24:26
do stress pós-traumático os níveis de
00:24:28
cortisol eles são abaixo do ideal a
00:24:30
gente pensa em estress pensa em cortisol
00:24:32
alto não é só que o cortisol é um
00:24:34
hormônio que ele é também importante
00:24:37
para uma série de funções no nosso corpo
00:24:40
inclusive Cortar A primeira resposta ao
00:24:42
estess que é o alarme essa essa primeira
00:24:45
reação de alerta ela não é suficiente
00:24:47
para um estess que se sustenta no tempo
00:24:49
ela é suficiente para um perigo que
00:24:50
passa rápido só que se o perigo vai
00:24:53
durar muito tempo se o perigo é um
00:24:55
conflito familiar uma relação de
00:24:57
trabalho ind digna se o perigo é uma
00:25:00
ameaça do desemprego se o perigo é uma
00:25:04
tragédia traumática como a que nós vemos
00:25:06
acontecer agora no sul do nosso
00:25:09
país se o perigo é um relacionamento
00:25:13
abusivo que eu não consigo sair dele
00:25:15
essa resposta de alerta ela não é
00:25:17
suficiente para sustentar a minha
00:25:20
permanência em defesa de sobrevivência E
00:25:24
aí entra o cortisol cortando a resposta
00:25:27
do alarme e sustentando a resposta do
00:25:30
stress o transtorno do stress
00:25:33
pós-traumático me mantém no alarme por
00:25:35
isso as Pessoas com Transtorno de
00:25:36
estress pós-traumático são às vezes
00:25:38
invadidas pela memória do trauma que nós
00:25:40
chamamos de memórias intrusivas e tem
00:25:43
Sensações físicas como se o trauma
00:25:45
estivesse acontecendo novamente então
00:25:47
quando eu falo do trauma transgeracional
00:25:49
eu não tô querendo dizer que a gente
00:25:50
herda o evento traumático das nossas
00:25:53
ancestrais mas a gente herda um corpo e
00:25:56
um aprendizado comportament mental
00:26:00
epigenetic que nos leva a estar em
00:26:03
estado de alerta constante além dos
00:26:07
desfechos físicos
00:26:09
psicológicos emocionais quando Nós
00:26:12
pensamos no trauma atingindo
00:26:13
especificamente as mulheres nessa
00:26:16
transgeracionalidade do trauma nós temos
00:26:19
ainda o julgamento social ainda hoje em
00:26:22
2024 qualquer mulher que ouse assumir a
00:26:25
sua
00:26:25
autenticidade se apropriar do próprio
00:26:28
corpo das próprias ideias do da própria
00:26:31
forma de existir no mundo vai ser
00:26:34
julgada e vai ser
00:26:37
patologizado vai ser facilmente chamada
00:26:39
de louca não é mesmo como diz a música
00:26:43
da banda Francisco el lombre triste
00:26:47
louca ou má será qualificada ela quem
00:26:51
recusa seguir receita tal a receita
00:26:55
cultural do marido da família cuida
00:26:58
cuida da rotina então o
00:27:02
apagamento da hisa é uma das
00:27:05
consequências coletivas do trauma que
00:27:08
nos a quando a gente faz um recorte deo
00:27:11
o apago da hisa dificulta a que nós nos
00:27:15
identifiquemos Nós criamos identidade n
00:27:19
relações eu preciso do Out para poder
00:27:21
entender também a mim mesma como espelho
00:27:24
Como diz Liana Neto nós somos nominados
00:27:26
pelo vínculo Nossa espécie mamíferos
00:27:30
exige um vínculo porque nós somos
00:27:32
mamíferos porque mamamos uns nos outros
00:27:35
então isso exige necessariamente uma
00:27:38
díade um que mama e um que dá de mamar e
00:27:41
essa relação esse vínculo é a primeira
00:27:43
necessidade humana a segunda necessidade
00:27:46
humana é a autenticidade é o poder
00:27:49
existir sendo quem sou não me
00:27:51
envergonhando disso infelizmente a gente
00:27:55
pega as crianças seres
00:27:59
altamente
00:28:00
autênticos seres criativos e tenta
00:28:04
moldá-los a uma a um a um modelo que faz
00:28:09
com que eles virem adolescentes
00:28:11
envergonhados que virem adultos
00:28:14
envergonhados que vire uma nação de
00:28:17
traumatizados e esse apagamento faz com
00:28:20
que nós mulheres cheguemos por exemplo
00:28:22
no mundo do
00:28:24
trabalho não conseguindo assumir a nossa
00:28:28
competência a gente chega querendo
00:28:30
empresariar nós mesmas E aí quando eu tô
00:28:34
lá perto do colapso do Burnout eu
00:28:37
descubro que talvez não seja isso que eu
00:28:39
quero TZ o que eu queira seja só a
00:28:41
liberdade de uma existência autoral de
00:28:45
ser o que eu quiser ser ser que uma
00:28:48
liberdade restrita é impossível né em
00:28:51
sociedade mas esse apagamento e essa
00:28:54
desrealização essa impossibilidade de
00:28:56
nos vermos em diferentes modelos
00:29:00
eh vai causando prejuízos inclusive
00:29:03
paraa nossa noção de automet de auto
00:29:06
eficiência vai dar eh repercussões pro
00:29:09
que nós chamamos de síndrome da
00:29:12
impostora que é um nome ruim porque não
00:29:14
é uma síndrome e nem é sobre impostura
00:29:17
hoje se pensa em mudar esse nome para
00:29:19
Fenômeno na impostura por ser um
00:29:21
fenômeno mais social mas quando a gente
00:29:24
pensa em impostor significa tem algo em
00:29:26
mim que luta contra mim isso não é
00:29:28
compatível com uma visão tão compassiva
00:29:30
no pro humano de trauma como a visão do
00:29:32
Cuidado informado sobre trauma nunca vai
00:29:35
ter um algo em nós que luta contra nós
00:29:39
tem algo em nós se defendendo Tem uma
00:29:41
parte em nós amedrontada então o que a
00:29:43
gente chama de
00:29:44
autossabotagem nunca vai ser uma
00:29:46
autossabotagem é uma autoproteção só que
00:29:49
é uma autoproteção que ficou parada no
00:29:51
tempo lá na experiência traumática lá no
00:29:55
medo da inadequação lá no medo do não
00:29:57
pert
00:29:59
Med em Tima do desaro que é o medo que
00:30:02
concentra todos os nosos medos a arjo
00:30:06
ela gostaria de saber como saber se após
00:30:09
viver diversos traumas você está com
00:30:12
dormência emocional ou desenvolveu
00:30:14
resiliência diante de novos estresses o
00:30:17
que a tá chamando de dormência emocional
00:30:19
a gente usa uma palavra dentro da
00:30:21
ciência trauma chama
00:30:24
dissocia noses picó
00:30:28
gradas Assim como as como as partes
00:30:29
cerebrais então funções psicológicas
00:30:32
como memória atenção consciência de eu
00:30:36
afetos senso percepção a nossa
00:30:38
capacidade de perceber os nossos
00:30:40
sentidos as nossas Sensações físicas
00:30:43
tudo isso precisa conversar para uma
00:30:44
saúde psíquica organizada minha atenção
00:30:48
tem que tá acompanhada da minha memória
00:30:51
para eu consegui falar aqui para vocês
00:30:53
se nesse momento eu tenho um nervosismo
00:30:57
muito grande como eu tinha no passado a
00:30:59
minha atenção se dissocia da minha
00:31:02
memória e vem o que a gente chama de
00:31:03
branco por exemplo e era impossível para
00:31:05
mim falar em público porque eu era
00:31:07
dominada por essa dissociação a
00:31:09
dissociação é uma é um desfecho
00:31:11
traumático muito frequente em situações
00:31:14
traumáticas essa dissociação das funções
00:31:16
psíquicas ela comumente acontece Porém
00:31:20
na experiência traumática isso pode se
00:31:22
dissociar e permanecer dissociado no
00:31:25
tempo e aí é o que ara tá perguntando
00:31:28
porque isso pode dar uma sensação de
00:31:31
anestesia emocional esse fenômeno quando
00:31:34
aparece aparece frequentemente com o
00:31:36
outro a gente não fala tanto de causa em
00:31:38
efeito quando a gente tá falando de
00:31:40
cuidado informado sobre trauma Mas a
00:31:42
gente pode pensar em pistas e a pista
00:31:45
umas algumas das Pistas que nos ajudam a
00:31:48
diferenciar dissociação traumática
00:31:51
anestesia emocional de resiliência ou
00:31:54
seja o meu sistema nervoso aprendeu a
00:31:56
lidar com a aquela situação e quando ela
00:31:59
acontece de novo ela já não mais faz uma
00:32:01
carga de estés tão grande no meu sistema
00:32:04
nervoso simpático que é o que que é a o
00:32:06
ramo do nosso sistema nervoso
00:32:08
especializado em responder ao estress E
00:32:11
aí eu sinto menos
00:32:13
é a anestesia emocional ela não
00:32:16
anestesia emoções pela metade eu não
00:32:19
tenho como anestesiar só o medo só a
00:32:21
raiva não tem como quando a gente entra
00:32:24
no processo de dissociação em geral a
00:32:26
gente vai sentir uma anestesia
00:32:28
de todas as nossas emoções Às vezes eu
00:32:30
não sinto mais tanto medo mas eu também
00:32:31
não me sinto mais tão alegre assim eu
00:32:34
também não me sinto tão engajado vida
00:32:37
sim quando as nosas emoes num processo
00:32:41
de anestesia fun de trauma elas entras
00:32:45
num processo de anestesia emun de trauma
00:32:47
então ISO vai aproximar m de uma angstia
00:32:51
do
00:32:52
vazio existencial vai nos aproximar
00:32:55
muito de uma angústia da condição que os
00:32:58
meus colegas de profissão vão chamar de
00:33:00
depressão da falta de
00:33:04
sentido no próximo bloco o trauma nos
00:33:07
deixa em hipervigilância nos deixa
00:33:09
exaustas nos nos rouba Nossa
00:33:12
autenticidade mas sempre haverá uma
00:33:15
parte em nós que não foi tocada pela
00:33:23
dor a nossa biografia é costurada por
00:33:27
traumas e é a eles que recorremos para
00:33:30
explicar muitos dos nossos medos
00:33:32
escolhas nossos encolhimento e renúncias
00:33:35
mas também a nossa linha da vida é
00:33:37
marcada pela nossa capacidade de
00:33:40
reparação de nos reconstruirmos a partir
00:33:44
dos nossos traumas pessoais e dos
00:33:46
traumas transgeracionais que herdamos
00:33:49
Jean Paul sre dizia que não importa o
00:33:52
que fizeram com você o que importa é o
00:33:55
que você faz com a aquilo que fizeram
00:33:58
com
00:33:59
você se sou raio que eu saiba iluminar a
00:34:03
minha estrada nesse breu que eu saiba
00:34:06
golpear mesmo no escuro me emprestem a
00:34:10
retina de minhas ancestrais que
00:34:12
enxergaram fé quando tudo era medo se
00:34:15
carrego relâmpagos nas veias que eu sa
00:34:19
que o que corre em mim tem brilho tem
00:34:21
jeito tem potência eu sou capaz de fazer
00:34:25
a terra tremer a
00:34:29
segurança para que nós
00:34:33
recuperemos essa experiência de vida
00:34:36
autoral e o futuro não se torne uma
00:34:39
constante repetição do passado que é o
00:34:41
que o trauma faz conosco porque eu vou
00:34:42
tentar me proteger me defender eu caio
00:34:45
nas mesmas experiências traumáticas Eu
00:34:47
repito os mesmos os mesmos
00:34:50
relacionamentos
00:34:51
abusivos para que tudo isso que o trauma
00:34:55
nos rouba possa
00:34:59
ser
00:35:00
recuperado ou reparado a palavra que eu
00:35:04
escolhi pro título dessa dessa palestra
00:35:08
nós precisamos individualmente e
00:35:11
coletivamente sair do modo de
00:35:13
hipervigilância sair da exaustão a
00:35:16
exaustão nos mantém presas ao trauma o
00:35:19
trauma nos deixa em hipervigilância nos
00:35:21
deixa
00:35:22
exaustas nos rouba Nossa autenticidade
00:35:26
mas sempre haverá uma parte em nós que
00:35:29
não foi tocada pela dor uma frase da
00:35:31
Diva vaiola daves não existe nada mais
00:35:35
mitigador de stress do que
00:35:38
vínculo o caminho de recuperação e
00:35:41
reparo passa pelos relacionamentos o
00:35:44
trauma é uma ferida nas relações e a
00:35:46
cura também está nas relações Então os
00:35:49
estudos da ciência moderna de trauma de
00:35:51
estés São unânimes e não controversos em
00:35:55
dizer que a capacidade de nos
00:35:57
conectarmos de nos vincularmos umas às
00:36:00
outras uns aos outros é protetivo de
00:36:04
traumatização conexão comunidade apoio O
00:36:09
que as comunidades ancestrais chamavam
00:36:12
de
00:36:13
aldeamento dois anos há dois anos atrás
00:36:16
eu passei algumas semanas numa aldeia
00:36:18
indígena na Amazônia na aldeia musu inu
00:36:22
e quando eu saí de lá com várias
00:36:26
experiências de como
00:36:28
eh a as a nossa ancestralidade
00:36:31
afro-indígena poderia nos ajudar no
00:36:33
entendimento de trauma e no
00:36:35
processamento de trauma o pajé e a
00:36:37
acachar falou para mim volte e aei se
00:36:40
mais aei sua
00:36:42
vida essa sabedoria ancestral está nos
00:36:46
estudos modernos da ciência de trauma
00:36:48
quão mais estabelecemos vínculos de
00:36:51
segurança não precisam ser muitos eu não
00:36:54
preciso ter 200 pessoas na minha rede
00:36:56
social eu preciso ter poucos vínculos em
00:36:59
que eu me sinta segura para ser quem eu
00:37:03
sou mas eu tenho um poderoso redutor de
00:37:07
stress então caminhar numa sociedade com
00:37:10
tantas adversidades como nós vivemos
00:37:12
agora
00:37:14
isoladamente é um caminho sem bons bons
00:37:19
resultados além da conexão e do vínculo
00:37:22
o caminho de reparo de esperança ele
00:37:26
passa por uma recuperação de um corpo
00:37:29
integral um corpo que sente se o trauma
00:37:32
tá no corpo eu preciso recuperar a
00:37:34
apropriação pelo meu corpo apropriação
00:37:37
que nos foi tirada ao longo das da
00:37:39
história e muito do que do que é do
00:37:42
corpo nos assusta as nossas excitações
00:37:45
as nossas secreções
00:37:47
os nossos sintomas foram transformados
00:37:51
principalmente pela influência Cristã em
00:37:54
algo vergonhoso vexaminoso que não se
00:37:56
pode ser fal
00:37:59
que nos causa
00:38:00
constrangimento a recuperação passa
00:38:04
também por essa reapropriação do nosso
00:38:07
corpo que lá no comecinho da história já
00:38:10
foi visto como o sagrado
00:38:13
feminino e que depois foi desapropriado
00:38:17
de várias formas e que gera sintomas
00:38:21
como forma de
00:38:23
comunicação as mulheres que passam por
00:38:25
traumas de choque tem quatro vezes mais
00:38:28
chances de desenvolverem transtorno do
00:38:31
estress pós-traumático o conjunto de
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sintomas que organiza a patologia do
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trauma embora o trauma seja muito mais
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do que tept é o um conjunto de de
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sintomas que uma uma classe de
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especialistas vai chamar de
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Diagnóstico do que
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homens porém homens que passam por
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traumas de choque desenvolvem mais
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alcoolismo e adição a Outras Drogas
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o machismo a desigualdade é ruim para
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todos nós Ninguém ganha com isso nem
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homens nem mulheres só que o sintoma
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passa a ser a única forma de comunicação
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se eu não posso me comunicar de forma
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autêntica com o meu desejo com a minha
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vontade com os meus sonhos com o sonho
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da menina de oito anos de idade que
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tremia na sala mas se trancava no quarto
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para ouvir música e as apresentadoras de
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TV que foi descobrindo que que não era
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TR não era tímida era
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assustada que foi descobrindo no
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processo de olhar para as próprias
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feridas a potência escondida pela dor e
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que foi descobrindo que mesmo sob
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adversidade nós podemos nos conectar com
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isso em nós que nos torna mais humanas e
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humanos isso nos faz olhar pro outro
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humano possível
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também então a caminhada de reparação
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ela é uma caminhada
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transgeracional ela é sobre deixar a
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semente para quem vem depois para eu est
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sentada nessa mesa falando para vocês
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sendo eu uma mulher em especial sendo eu
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uma mulher negra num país machista e
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racista muita gente precisou fazer coisa
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antes de
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mim e essa fala aqui é só uma semente
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para quem vem
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depois então o processo de reparo ele
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também se dá de uma geração para outra
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ele se dá individualmente e ele se dá
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coletivamente é preciso esperançar para
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continuar atravessando é preciso Como
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diz um velho ditado um antigo ditado
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yorubá É preciso acreditar que Exu matou
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um pássaro ontem com uma pedra que só
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jogou
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hoje quando nós como sociedade tomamos
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consciência das estruturas opressivas
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que nos
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moldaram que moldaram a forma como nós
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Nos olhamos como olhamos uns aos outros
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como nos relacionamos Como Amamos quando
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nós tomamos consciência dessas
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estruturas nós podemos destruí-las
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derrubá-las derrubar essas estruturas de
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ontem com pedras atiradas hoje como
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propõe esse antigo ditado yorubá E aí a
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gente consegue
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realizar o que o ideograma
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sofa vai nos propor representado por um
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pássaro pegando algo olhando com a
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cabeça para trás e que representa um
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provérbio que vai dizer na tradução pro
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português algo parecido com você pode
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voltar e buscar aquilo que esqueceu ou
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seja quando nós nos olhamos como humanos
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possíveis nós podemos voltar pra nossa
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história de ancestralidade não só pela
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submissão de nossas ancestrais mas pra
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história de potência de nossas
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ancestrais e buscar essa potência e nós
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podemos olhar pra nossa própria história
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individual voltar atrás e pegar os
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tesouros que ficaram escondidos pela dor
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minha pergunta vai no sentido do que eu
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defino aqui como o Educar para o não
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trauma é um peso muito grande você
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carregar esse trauma de séculos de
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gerações e gerações impedir que ele vá
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pras gerações futuras sobre toda essa
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responsabilidade né E esse medo diante
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da falha ouvindo Luna primeira coisa que
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falei foi pergunta de uma mãe E aí o
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ditado que comumente a gente ouve é
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nasce uma mãe nasce uma culpa veja que o
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ditado não é nasce um pai e uma mãe
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nasce uma culpa culpa então a carga em
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cima
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eh das mulheres inclusive no que vai ser
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provocado de trauma a quem ela cuida
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cada vez mais as mulheres se encontram
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naquela rotina sanduíche entre cuidar
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dos filhos e cuidar dos pais que
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envelhecem eh esse lugar do cuidar traz
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consigo o peso que a Luna tá colocando e
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eu vou pedir licença a ela para legendar
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esse peso como culpa vergonha e medo as
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colas do
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trauma então o trauma ele nos faz sentir
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culpa pelo que fizemos ou deixamos de
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fazer para nos proteger ou para proteger
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a quem
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amamos e Como como o trauma leva uma
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sensação de isolamento e desamparo muito
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grande porque a gente tá diante de uma
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experiência que eu sinto que eu não
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tenho cursos para lidar com ela e que me
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causa a sensação de desamparo trazendo
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uma outra definição de trauma para
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vocês isso muitas vezes vai fazer com
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que eu esqueça o congelamento que tomou
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conta de mim e aí eu sou acometida pela
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vergonha essa esse sentimento que nos
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serve tão pouco e que é tão presente nas
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experiências traumáticas que vai nos
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aproximar da sensação de
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inadequação E que nos leva a vergonha
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ela tá muito presente nos Estados
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próximos ao colapso defesas traumáticas
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de congelamento caminhando pro colapso
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onde o corpo tá se preparando para um
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tipo de morte no humano isso vem
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acompanhado da vergonha vai baixando
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sinais vitais vai dando a sensação de
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desfalecimento Só que não é uma morte e
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literal é a morte do eu autêntico é a
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morte que nos torna
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envergonhados culpados e transitando
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pela vida a partir disso a primeira
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coisa para quem cuida aqui que eu queria
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dizer é todo o meu respeito e
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compaixão espero que vocês achem o
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caminho da
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autocompaixão que é um caminho de
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reparação traumática o caminho da
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autocompaixão para que você cuide das
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suas próprias respostas traumáticas você
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tei bastante gabor matat hoje vou citar
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ele mais uma vez
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eh quando ele diz que o maior presente
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que pais e mães podem dar aos seus
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filhos é a própria autenticidade e
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felicidade só que ele tá falando de
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felicidade em fisiologia de segurança
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ele não tá falando da felicidade do
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Instagram que é felicidade para
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pertencer que era para a felicidade para
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se sentir menos inadequado que é para a
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felicidade para se sentir menos
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envergonhado ele tá falando da
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felicidade que nos conecta com a
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sensação de autocompaixão de que eu sou
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suficiente que é suficiente ser quem eu
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sou e é essa autocompaixão que
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impulsiona cuidadores a cuidarem das
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suas próprias feridas a investirem no
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seu próprio caminho de cura traumática
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porque quando nós estamos funcionando na
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fisiologia da segurança vou trazer um
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outro autor o neurofisiologista Steven
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porges criador da teoria polivagal uma
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teeria importante pra ciência moderna de
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trauma eh onde ele vai dizer nós
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funcionamos na fisiologia do perigo ou
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na fisiologia da segurança quando em
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perigo caímos nas nossas defesas de
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sobrevivência nosso cérebro se organiza
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para no nos defender podemos entrar e
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não sair dela quando na fisiologia de
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segurança somos automaticamente
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impulsionadas e impulsionados pra
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criatividade pra exploração e para o
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vínculo autêntico Então esse vínculo
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autêntico na fisiologia de segurança do
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cuidador é o que a criança o que o
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cuidado precisa a criança não precisa de
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pais e cuidadores que sejam perfeitos
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que evitem o trauma porque o trauma faz
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parte da vida
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não é possível evitar trauma ainda que
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você ofereça o vínculo seguro mais
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completo sua filha seu filho a pessoa
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que você cuida passará por experiências
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desafiadoras e talvez traumatizantes
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porém o trauma faz parte da vida e
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repito o reparo também faz Então o
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problema não é passar pelo trauma o
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problema é passar pelo trauma em
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desamparo e é o vínculo de acolhimento e
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de apego seguro entre cuidador e cuidado
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que vai ajudar a esse ser em formação
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ganhar recursos importantes para lidar
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com a vida no futuro mesmo tendo vivido
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traumas autores do trauma como Peter
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Levin e o próprio gabor vão dizer basta
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que uma criança fique chorando no berço
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sem ser pega no colo para que ela se
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torne um adulto desesperado por um
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relacionamento porque ela vai viver o
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que a gente chama de stress tóxico
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infantil A experiência do bebê é uma
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experiência absolutamente somática e
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quando a gente consegue estudar por
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ressonância o que tá acontecendo no
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corpo de um bebê é uma experiência de
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elevação do stress que ela não vai parar
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de chorar porque ela não tá para ela tá
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aprendendo a chorar como pregavam os os
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especialistas do calendário de
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amamentação deixa a criança chorando no
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beço para ela aprender a parar de chorar
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uma criança pequena não tem
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desenvolvimento de córtex préfrontal não
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tem aprendizado acontecendo ali o que
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acontece é uma elevação de estado de
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estress que tem uma hora que o corpo
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dela precisa
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desligar para sobreviver
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e esse stress tóxico acumula no corpo
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uma memória que é somática que vai
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fazê-la ir pra vida pelas lentes do medo
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e do perigo então apego seguro
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Principalmente nos primeiros anos de
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vida que envolve proteção envolve mais à
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frente aprender a separar envolve
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limites afetuosos claros afetuosos e com
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Amparo vão ser mais mais protetivos de
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trauma do que tentar evitar o TR
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de seus filhos seus suas filhas e suas
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crianças desde a Grécia antiga passando
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por Freud e chegando na potente
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neurociência de hoje o trauma vem sendo
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objeto de investigação traumas pessoais
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ou sociais traumas vividos ou herdados
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neste programa a psicóloga Ediane
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Ribeiro analisou as consequências das
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vivências traumáticas e a nossa
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capacidade de nos reorganizarmos depois
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delas canal do Café Filosófico no
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YouTube você encontra mais reflexões
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sobre trauma reparação e
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potência as redes sociais são cópias mal
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acabadas da dinâmica de vínculo e de
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apego coisa essencial pro nosso
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desenvolvimento algumas dimensões como
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controle de impulsos mória acional
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atenção raciocínio lógico planejamento
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capacidade de estabelecer vínculos Essas
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funções a gente sabe que elas são
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vínculo dependentes muito mais
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dependentes das experiências que eu
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tenho ao longo do desenvolvimento do que
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da genética
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[Música]