00:00:18
o Marcel Mosque e trabalhava na
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perspectiva da antropologia pensando no
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eh no que que marca o modo de ser do ser
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humano e para ele essa dimensão dádiva é
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uma marca do modo de ser do ser humano
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né uma coisa
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que provoca uma articulação um casamento
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entre o individualismo absoluto que é
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cada um por si ou o rolismo de se pensar
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que a sociedade né o todo determina né o
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o os projetos dos indivíduos né então a
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dádiva aí no meio a questão é eh em que
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lugar né onde que a gente como é que a
00:01:01
gente vê a dádiva mas eliminar não
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dá não dá por uma razão
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simples a primeira
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dádiva para cada um de nós é a vida
00:01:18
ninguém compra a sua vida no
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mercado compra vende né não não dá a
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dádiva a vida a gente recebe como uma
00:01:30
dádiva né
00:01:31
e
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e os orientais particularmente os
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japoneses têm uma uma ética que deriva
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só desse fato é uma ética chamada né
00:01:43
ética da eh da
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dívida né e a ética da dívida é é
00:01:50
assim eu eu nasci eu recebi isso né de
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graça né e eu tenho que ao longo da vida
00:02:00
retribuir né eu tenho que de alguma
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maneira eh retribuir o que eu recebi né
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porque eu já começo devendo devendo
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porque eu recebi esse bem que não é
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pequeno né que é o bem maior eu recebi
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eu não paguei por
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ele então a vida como doação eu tive uma
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orientando que fez um trabalho de
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mestrado interessante sobre isso na
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verdade o trabalho de mestrado dela era
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por que os orientais vão bem no
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vestibular da
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USP né é na área de exatas especialmente
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ela foi investigar isso evidentemente
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pegou a fuveste os dados e tudo né
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evidentemente de desde o início não se
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tratava de para nós de uma questão
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racial uma questão cultural né questão
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cultural a cultura japonesa não a o
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Japão ou japonês como raça né gene nada
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cultura né e aí que ela chegou e ela era
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Nicei então aí que ela chegou a essa a
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esse fato importante da cultura japonesa
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que é a ética da dívida né como um
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elemento assim fundamental então o
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esforço a dedicação como uma coisa
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absolutamente natural em função disso eu
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eu tenho que dar o melhor de mim eu
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tenho que tá aqui não é eh diga não é
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que pelo seu discurso dá para entender
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que por a cultura japonesa é invertida
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né nós temos a cultura dos direitos e
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eles em razão da dos deveres é é por aí
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mas veja direito dever não é um par pra
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gente escolher de que lado que tá é a
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gente tem que se situar é como é que
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essas coisas se relacionam porque há uma
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relação né mas não é uma relação de
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preponderância né bom então esse é a
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grande questão é ver como é que a gente
00:03:54
situa dádiva agora a gente enfrenta a
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seguinte questão ó de
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cara isso é coisa de igreja ficar
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falando de dádiva é coisa de igreja é
00:04:04
coisa de religião a dádiva não existe
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mais
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né como fenômeno social sociológico
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antropológico né hoje os tempos são
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outros e não sei o quê e há outras
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pessoas que conseguem enxergar a dádiva
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em tudo né em em tudo que a gente faz no
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trânsito a a dádiva é fundamental né eh
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vejam
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que dar a vez dar o lugar deixar o cara
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entrar na sua frente não é eh é uma
00:04:39
situação ordinária aí do cotidiano né
00:04:42
ninguém gosta de ser
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coagido então tomar a vez do outro gera
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confusão mas quando você pede é difícil
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alguém negar né tem tem uns doidos que
00:04:54
negam mas quando você abre o vidro e pô
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posso e não sei o que pede as pessoas
00:05:00
gostam de dar a vez né gostam mas é isso
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então a dádiva eu acho que tá em todo
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lugar no trânsito então você vê ou a
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dádiva ou a falta da dádiva né mas a
00:05:12
dádiva tá presente positiva ou
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negativamente por exemplo vamos citar
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alguns lugares em que a dádiva se
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encontra a vida primeira dádiva né a
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vida que a gente recebe a relação com as
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crianças ninguém troca equivalentes com
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a criança eu cuido de você para depois
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que eu ficar velho você cuidar de mim pô
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não é essa a ideia não
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é a relação com os idosos
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tudo isso é dádiva eh eh pura e simples
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né quer dizer negar isso é é tornar a
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vida da gente uma vida de bicho né selva
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bom outra coisa a
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palavra a palavra você dá a
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palavra vender a palavra já não presta
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né
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quando você vê na política e tudo vender
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a palavra quer dizer ele tá falando isso
00:06:11
porque foi pago para falar
00:06:13
isso ah é terrível né a palavra é um
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tipo de de eh coisa assim que tem que
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circular de uma maneira da divosa você
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tem que dar a palavra ao outro né você
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toma e fica para
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você eh acaba a relação com os outros o
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motor da dádiva é é o laço a busca do
00:06:35
laço com o outro né e a palavra é o
00:06:40
diálogo é aí que entra tão forte o
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trabalho do rabermas né com a ideia de
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situação ideal de fala é preciso
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construir a situação ideal de fala em
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que a palavra circule como uma dádiva né
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um dá a palavra o outro dá a palavra
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quem pega eh retribui né
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eh outra situação em que a gente vê a
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dádiva o tempo todo o
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tempo gente o profissional mais bem
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remunerado do mundo vamos dizer um né a
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gente pirua e procura um analista um
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psicanalista e ele cobra uma nota por
00:07:21
hora mas a atuação de qualquer
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profissional é uma
00:07:26
dádiva porque ninguém sabe o estoque de
00:07:29
tempo de que
00:07:30
dispõe o cara tá te atendendo ali ele
00:07:33
pode ter um ataque cardíaco em 2 minutos
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ah ele cobrou R$ 500 a hora da consulta
00:07:39
sim mas se eram exatamente os últimos
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minutos da vida dele foi barato o que
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ele cobrou não se resolvem ver ele tá
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cobrando não é dar atenção a uma pessoa
00:07:53
é sempre uma dádiva em qualquer
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circunstância porque dar o seu tempo né
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e ninguém sabe o estoque de tempo de que
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dispõe ninguém sabe você tá falando aqui
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e daqui a pouco pum não tá mais
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né então sempre há um sacrifício quando
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dá quando se dá o tempo né um sacrifício
00:08:17
eh do tempo a
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confiança a confiança é dada é uma dada
00:08:25
ninguém compra vende confiança sofre boi
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mas é uma doidícia ali né que comprou
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bem os atores para poder né pagou bem
00:08:34
mas aquilo ali não é confiança né é
00:08:36
palhaçada vegetariano é pois bem é até o
00:08:41
até o rapaz lá que era vegetariano a
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confiança é uma dádiva lá no norte tem
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uma quadrinha que circula eu sou de
00:08:48
Pernambuco né circula eu ouvia desde
00:08:51
criança que era assim: "Minha filha
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minha filha a repara como andais pois a
00:08:56
honra é como vrido quebrando não sorda
00:08:58
mais
00:09:01
a confiança é como um
00:09:03
vrido quebrando não sorda mais né não dá
00:09:07
para quebrou a confiança aí de repente
00:09:09
não eu te pago tanto e volta a confiar
00:09:12
em mim pô né não dá né a confiança tem
00:09:16
que circular como
00:09:19
dádiva o
00:09:21
amor o amor
00:09:23
é é a pura dádiva né a ideia do cálculo
00:09:28
fazer contas é só quando
00:09:32
acaba enquanto dura eh meu bem quando
00:09:36
acaba é meus
00:09:39
bens né vamos troca de equivalentes né
00:09:43
fica com 70% da casa mais 40% do
00:09:47
banheiro é meu e não sei o quê aí o
00:09:50
cálculo só começa quando já acabou em
00:09:53
geral enquanto circula o amor é uma
00:09:56
dádiva né você dá não vende troca compra
00:10:00
não é e nós estamos falando de coisas do
00:10:01
dia a dia coisas do dia a dia quer dizer
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a dádiva acabou a dádiva sem ela a gente
00:10:06
não tá aqui
00:10:07
vivo eh na política né o voto você
00:10:14
compra vende voto isso sempre é
00:10:16
complicado né ah mas existe existe em
00:10:19
algum nível sempre existe sim mas a
00:10:22
gente acha ruim não é a gente gostaria
00:10:25
que esse momento que é o momento da da
00:10:29
estruturação de um poder né da
00:10:31
legitimação de um poder e que se dá nas
00:10:34
eleições no voto que isso fosse uma
00:10:36
coisa eu dou o meu voto né porque eu
00:10:40
acho que ele merece aí eu dou o meu voto
00:10:43
para esse candidato e não para aquele
00:10:45
quando isso vira mercado mercadoria
00:10:47
corrompe a ideia não é a presença da
00:10:51
dádiva então aí no
00:10:53
voto
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eh a gente recebe o tempo todo coisas
00:11:00
por herança eu falo a vida a vida no
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início é a coisa maior mas a herança
00:11:05
genética a herança cultural tudo isso é
00:11:07
dádiva né ninguém nasce solto no ar além
00:11:11
da vida se uma dádiva em si você recebe
00:11:14
tem e dívidas assim com os antepassados
00:11:18
né com o passado com a cultura
00:11:22
e isso a gente recebe
00:11:28
graciosamente todo exercício
00:11:30
profissional a ideia de profissionalismo
00:11:33
pressupõe a circulação da
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divosa é claro que a ideia de
00:11:40
profissional como a gente conversou duas
00:11:41
semanas aí né atrás a não se esgota na
00:11:46
competência técnica né um profissional
00:11:48
tem uma competência técnica mas ele
00:11:50
serve a um público né no momento em que
00:11:53
ele põe aquela competência a serviço do
00:11:55
público ele pode ser pago deve ser pago
00:11:59
reclama bons salários tudo bem mas ele
00:12:02
tem compromisso né ele tem laços
00:12:05
compromissos e tem que ter com o outro
00:12:08
né porque senão são os desvios do
00:12:13
profissionalismo mercenarismo é um
00:12:16
desvio o meu compromisso é com pagamento
00:12:18
pagou eu faço não pagou eu não faço isso
00:12:20
é o merc é pagamento né o então
00:12:25
corporativismo eu tenho compromisso com
00:12:27
os da minha turma fora deles né então eu
00:12:30
defendo os interesses do meu grupo é
00:12:31
isso eu tenho compromisso eu sou um
00:12:33
profissional dessa área o resto que se
00:12:36
dane mas são desvios a ideia de
00:12:39
profissional em sentido eh eh pleno né a
00:12:44
ideia de profissional é eh envolve a
00:12:48
doação o médico né profissões que são
00:12:52
essencialmente profissões né porque não
00:12:54
é toda ocupação que se caracteriza
00:12:56
tecnicamente como uma profissão mas a
00:12:59
educação a saúde né o direito né você
00:13:02
não imagina um advogado se vendendo para
00:13:06
contra princípios disso daquilo você vê
00:13:08
mas aí diz é é ruim né eu esperava que
00:13:11
ele não fosse capaz disso né um médico
00:13:15
né um
00:13:17
professor enfim o profissionalismo é uma
00:13:21
dádiva a arte a circulação da arte
00:13:25
ninguém tem o mercado de arte sim tem o
00:13:28
mercado põe preço nos quadros mas
00:13:31
ninguém entende a circulação de bens
00:13:33
assim artísticos né exclusivamente em
00:13:36
termos de mercadoria
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né não não dá para
00:13:40
entender então há um um uma dimensão aí
00:13:44
que escapa o
00:13:46
mercado a violência e o perdão como a
00:13:49
gente já falou porque a violência é um
00:13:51
fato agora como acabar com ela a a
00:13:55
equivalência do
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mercado é ação e reação né bateu levou
00:14:02
lei de italiano olho por olho dente por
00:14:05
dente para acabar com a violência em
00:14:07
algum momento alguém tem que perdoar que
00:14:13
é a maior das doações não é em algum
00:14:17
momento ah não então então meu amigo
00:14:20
alimente continue e viva bem né com
00:14:23
bateu levou bateu levou bateu levou né
00:14:27
alguém em algum momento vai ter que ter
00:14:28
algum momento de grandeza para poder eh
00:14:34
dadivosamente em algum em alguma
00:14:37
vertente dar lugar ao
00:14:39
perdão a confiança eh é uma dádiva já
00:14:43
falamos mas agora particularmente eu
00:14:44
falo na fidelidade a ideia de
00:14:47
fidelidade que o mercado corrompeu
00:14:50
absolutamente né porque a fidelidade se
00:14:53
liga com confiança o
00:14:54
mercado eh misturou e hoje você vai duas
00:14:58
vezes a um shopping na terceira vez que
00:15:00
você vai já recebe um convite para ter
00:15:02
um cartão né um cartão de fidelidade né
00:15:06
cartão de fidelidade que na verdade não
00:15:09
é o
00:15:10
laço social que se busca é o é o link
00:15:15
econômico né esse é dos meus agora e vai
00:15:18
ser freguês aqui né que é essa corrupção
00:15:22
a
00:15:23
fidelidade eh a gente fala fidelidade a
00:15:26
si e e não nesse sentido do mercado o
00:15:30
conhecimento então se encaixa aí nessa
00:15:33
eh lista de bens de de bens né que tem
00:15:39
uma dimensão mercadoria mas que não se
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esgotam na dimensão mercadoria tal como
00:15:43
a arte tal como toda a lista anterior
00:15:46
não é e a economia é que tá eh eh mais
00:15:50
do que a educação chamando diretamente
00:15:53
atenção para esse fato o Marcel Mo desde
00:15:56
27 ele já diz assim agora e quando fala
00:16:00
em circulação da Divosa tem certas leis
00:16:02
paraa dádiva não é só espontaneamente
00:16:06
vai dando sai por aí dando dando que e
00:16:08
dar é bom e não sei o quê não é
00:16:10
exatamente assim né tem um conhecimento
00:16:13
sobre a dádiva que o Marcel Moço tenta
00:16:15
eh traduzir no pequeno livro dele ele
00:16:19
tem outros livros não muito traduzidos
00:16:21
ele não era um bestseller como Durkaim
00:16:25
né esse a o ensaio sobre a dádiva a
00:16:28
gente encontra outros são menos
00:16:30
traduzidos né mas tem um que chama
00:16:32
antropologia e sociologia que é o o
00:16:35
terreno dele que é uma coleção de
00:16:37
artigos assim pequenos que é precioso né
00:16:40
muitos trabalhos de antropologia com
00:16:42
culturas primitivas e tudo mas para o
00:16:46
Marcelmo Muso eh leis da dádiva né
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primeira dádiva é um fenômeno social não
00:16:51
é uma coisa local de eu e você vamos
00:16:53
tratar de nossa dádiva isso isolado do
00:16:56
resto não é nada né você entra numa rede
00:16:59
numa rede e a rede só se completa se
00:17:02
houver o dar o receber e o
00:17:06
retribuir eu não posso dizer que dei
00:17:08
algo para você se você não
00:17:11
aceita eu tento dar ele não aceita então
00:17:14
eu não dei é a mesma coisa que dizer eu
00:17:18
ensinei ninguém entendeu e aprendeu mas
00:17:20
eu ensinei como ensinou se ninguém
00:17:22
aprendeu não é agora então tenho dar
00:17:26
tenho receber a forma de dar é que pode
00:17:29
levar a pessoa a aceitar ou
00:17:31
não dá com arrogância dá com impáfia dá
00:17:35
assim provoca é a rejeição não é é a
00:17:39
dose que vira veneno né que torna a
00:17:42
doação veneno então e tem o retribuir só
00:17:47
que esse retribuir o livro do Maus é é
00:17:50
precioso é pra gente entender que não é
00:17:51
um retribuir local eu dou aqui e aqui eu
00:17:55
recebo não eu entro na rede eu dou aqui
00:17:58
porque eu acho que ele aqui tá
00:18:00
precisando nessa hora ele tá precisando
00:18:02
aí eu dou e eu sei que mais adiante se
00:18:06
outro precisar ele vai dar né e quando
00:18:08
eu precisar outro vai dar entra na teia
00:18:11
grande né mas não que não eu dei agora
00:18:15
eu quero receber e do mesmo valor de
00:18:17
preferência o presente tem que ter o
00:18:19
mesmo valor senão eu tô perdendo aí não
00:18:22
é dádiva
00:18:25
né eh outra observação do moço é
00:18:29
justamente isso a circunstância a
00:18:33
oportunidade dá é na hora certa na
00:18:37
circunstância adequada na oportunidade
00:18:40
se você perdeu a oportunidade espere
00:18:42
outra e eu esqueci o aniversário da
00:18:45
mulher ou do amigo e não sei o quê não
00:18:47
adianta no dia seguinte você disse: "Pô
00:18:49
agora que eu lembrei não sei o quê" tudo
00:18:51
bem você até faz mas procura não
00:18:53
esquecer em outro momento né porque não
00:18:56
é o caso de você perderu a chance de
00:19:00
fazer o que devia aí você sai querendo
00:19:02
fazer para poder compensar isso aí é
00:19:05
problema de consciência não é um
00:19:07
problema e eh não é uma o que se espera
00:19:10
não é eh tá ligado nas circunstâncias a
00:19:14
dádiva para para ter o receber o aceitar
00:19:18
é preciso haver a circunstância eu
00:19:19
preciso tá ligado nisso não é só sair
00:19:21
dando né querendo dar pelo
00:19:25
menos eh o interesse da dádiva qual é
00:19:30
existe algum interesse quando a gente dá
00:19:32
um presente
00:19:35
então eh eh a linha vamos dizer assim
00:19:38
principal de raciocínio do Marcel Moos
00:19:40
diz: "Não não há interesse né não há
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interesse na dádiva." Agora o Burger por
00:19:47
exemplo escreveu um livro chamado Razões
00:19:50
Práticas tem traduzido em português e
00:19:53
tudo do
00:19:54
Burdier e ele diz assim: "Não há gesto
00:19:58
desinteressado as razões práticas né as
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razões são sempre buscando coisas assim
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tudo bem eu aceito só que qual é a razão
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prática qual é o interesse da dádiva é o
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laço esse é o único interesse da dádiva
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né o interesse da dádiva é criar o laço
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com o outro eu faço porque eu tô
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interessado no outro em criar o laço com
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o outro não é um negócio que eu tô
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fazendo não é então não muda muito dizer
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que não há interesse não há interesse
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econômico não há interesse assim
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material mas há interesse tá bom eu
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aceito há interesse o interesse meu é de
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me relacionar com a Luciana né aí eu
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crio e dou um livro para ela faço alguma
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coisa né buscando o interesse é isso não
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há briga em haver ou não haver interesse
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né
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é a assimetria é fundamental na dádiva
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gente isso assimetria não é uma coisa
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bem aceita às vezes mas é fundamental na
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ética é fundamental a simetria na ética
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é bateu levou é
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talião a ideia de assimetria é
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fundamental a gente chegando à ética
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como tá no caminho né e veja na dádiva a
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gente vê a dádiva é assimétrica dar é é
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mais é melhor do que receber cada um de
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nós prefere estar em condições de estar
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dando pros outros e não de estar
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recebendo não é só que localmente há uma
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assimetria dá é diferente de receber e é
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melhor dar do que receber
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localmente
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globalmente se todo mundo age
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dadivosamente há uma absoluta
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distribuição né equitativa há
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equilíbrio mas o equilíbrio não é local
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eu não dou para Lúcia para ela me dar
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alguma coisa mas eu entro na rede com
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ela e dou aqui receba lá e não é agora o
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mercado trabalha na busca da
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equivalência local fixar preço é como tô
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pagando o que é
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justo e essa busca de equivalência local
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gera o desequilíbrio global
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porque no mundo quanto mais bem funciona
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o sistema capitalista de mercado mais
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aumentam as desigualdades