Racismo: Uma historia Parte 2

As profundezas do deserto Namib, um terrível segredo emerge: os restos de vítimas do primeiro campo de morte do mundo, onde milhares de africanos foram exterminados pelo exército alemão, muito antes da ascensão dos nazistas. Esses restos permaneceram esquecidos por mais de um século, mas não são únicos, pois existem locais de massacres e genocídios ao redor do mundo, resultado do imperialismo, onde milhões morreram em uma parte da história colonial que a Europa prefere esquecer.

No século XIX, cientistas, escritores e filósofos europeus desenvolveram ideias que justificavam os assassinatos em massa da era imperial. Essas teorias inspiraram horrores que consumiriam a Europa no século XX. O século XIX começou com otimismo, com a Grã-Bretanha se preparando para abolir a escravidão, libertando 750 mil escravos nas plantações do Caribe, mas a visão de um futuro de gratidão e trabalho duro pelos ex-escravizados era ilusória.

A luta contra a escravidão foi liderada por abolicionistas cristãos, que acreditavam que, embora os negros fossem homens e irmãos, eram considerados inferiores. A perspectiva dominante era de uma ordem racial hierárquica, onde a missão de elevar os povos negros e marrons justificava a expansão do Império Britânico, levando à destruição de culturas indígenas e religiões.

Durante o século XIX, a visão dos missionários foi gradualmente ofuscada por uma nova ideologia que afirmava que as raças escuras não podiam ser civilizadas e deveriam ser exterminadas. A colonização da Tasmânia pelos britânicos exemplificou essa ideologia, onde os aborígenes, considerados primitivos e sem cultura, foram massacrados e deslocados de suas terras.

A guerra negra na Tasmânia foi um conflito oculto, onde os colonos britânicos mataram aborígenes e cometeram atrocidades. A escassez de aborígenes levou à sua quase extinção, e o governador colonial George Arthur, preocupado com a reputação do Império Britânico, implementou políticas que resultaram em mais violência e morte entre os aborígenes.

George Robinson, encarregado de 'civilizar' os aborígenes, os forçou a adotar um modo de vida europeu, resultando em doenças e morte. A população aborígene, que antes era forte, sofreu um declínio devastador em uma geração, com muitos morrendo em condições desumanas em uma ilha onde foram confinados.

O que aconteceu na Tasmânia não foi um evento único; povos indígenas em todo o mundo foram empurrados à beira da extinção. Na África do Sul, os povos Koisan foram escravizados e mortos, enquanto na América do Sul, guerras de extermínio contra os índios Pampas estavam em andamento. O racismo que surgiu na era da escravidão começou a ressurgir, culpando os ex-escravizados pela ruína das plantações.

Com a abolição da escravidão, os antigos proprietários de escravos começaram a culpar os negros pela perda de suas riquezas, ressurgindo estereótipos raciais. A ideia de que os negros eram intrinsecamente preguiçosos começou a ganhar força, e a visão otimista dos abolicionistas começou a se desvanecer, levando a uma nova era de racismo e desumanização.

A ciência racial emergiu, com anatomistas e craniologistas medindo crânios para justificar a ideia de que diferentes raças eram espécies separadas. A teoria da evolução de Darwin foi mal interpretada para justificar a dominação das raças superiores sobre as inferiores, levando a uma aceitação da ideia de que a extinção de raças 'inferiores' era natural e inevitável.