Café Filosófico | Desigualdade brasileira em três tempos | 30/04/2023

00:49:13
https://www.youtube.com/watch?v=q5e94ptsdUw

Sintesi

TLDRO vídeo explora a trajetória da desigualdade no Brasil, desde a independência em 1822 até os dias atuais, destacando como a desigualdade social e econômica se perpetuou ao longo do tempo. Através de análises históricas e dados estatísticos, o conteúdo discute a concentração de renda e riqueza, a relação entre classes sociais, e os desafios enfrentados para reverter essa situação. O vídeo também reflete sobre a importância de um projeto coletivo para enfrentar a desigualdade e construir um futuro mais justo, enfatizando que a desigualdade é uma marca persistente na sociedade brasileira.

Punti di forza

  • 🇧🇷 O Brasil se tornou independente em 1822.
  • 📅 A Semana de Arte Moderna de 1922 celebrou a independência cultural.
  • 💰 10% da população concentra quase 60% da renda no Brasil.
  • 🏘️ A desigualdade é visível na arquitetura urbana e nas condições de vida.
  • 📉 A desigualdade no Brasil é uma marca histórica e social.
  • 📜 A Constituição de 1988 é um marco civilizatório, mas enfrenta desafios.
  • ⚖️ O racismo contribui para a desigualdade social.
  • 🌍 A pandemia evidenciou as desigualdades existentes.
  • 🤝 É necessário um esforço coletivo para enfrentar a desigualdade.
  • 🔮 2022 pode ser um marco para um futuro mais igualitário.

Linea temporale

  • 00:00:00 - 00:05:00

    Em 1822, o Brasil conquistou sua independência de Portugal, e em 1922, a Semana de Arte Moderna celebrou um século de busca por uma identidade cultural própria. Em 2022, ao completar 200 anos de independência, o país reflete sobre seu legado histórico e as desigualdades sociais e econômicas que persistem, questionando como construir um futuro mais justo.

  • 00:05:00 - 00:10:00

    O Brasil é caracterizado por uma grande disparidade de renda e oportunidades, resultado de sua história colonial e da escravidão. A desigualdade é uma marca da sociedade brasileira, manifestando-se em diferentes aspectos, como a arquitetura urbana e as relações de trabalho, onde coexistem áreas nobres e favelas, além de empregos altamente qualificados e outros com baixa qualificação.

  • 00:10:00 - 00:15:00

    A desigualdade de renda e riqueza no Brasil é alarmante, com 10% da população concentrando quase 60% da renda. A pesquisa de Thomas Piketty revela que apenas 1% da população detém cerca de 50% da riqueza. Essa concentração é um reflexo da formação social do país, que se originou em uma estrutura colonial desigual, mas a reversão dessa situação é possível, como demonstram exemplos históricos de outros países.

  • 00:15:00 - 00:20:00

    A independência do Brasil em 1822 deveria ter sido um momento de transformação, mas a estrutura social e econômica colonial foi pouco alterada. José Bonifácio, um importante defensor da independência, propôs mudanças significativas, como a abolição da escravidão, mas o pacto entre as elites reforçou a desigualdade e a estrutura agrária, perpetuando a escravidão e a concentração de riqueza.

  • 00:20:00 - 00:25:00

    A Proclamação da República em 1889 e a abolição da escravidão em 1888 foram momentos cruciais que poderiam ter iniciado a reversão da desigualdade, mas a prática da cidadania e a inclusão social foram limitadas. A Constituição de 1891, embora liberal, não garantiu a igualdade na prática, e a maioria da população continuava excluída do acesso a direitos básicos.

  • 00:25:00 - 00:30:00

    A primeira república brasileira foi marcada por clientelismo e coronelismo, onde muitos não conseguiam se inserir no mercado de trabalho. A desigualdade persistiu, mesmo com a modernização e urbanização do país. As lutas sociais e greves operárias começaram a surgir, mas as promessas de cidadania e direitos não se concretizaram plenamente.

  • 00:30:00 - 00:35:00

    A modernização do Brasil no início do século 20 não diminuiu a desigualdade. A industrialização trouxe crescimento, mas os benefícios não foram distribuídos igualmente. A concentração de renda e riqueza continuou, e a sociedade enfrentou crises que revelaram a fragilidade das conquistas sociais. A relação entre mercado e sociedade se tornou precária, levando a um aumento da desigualdade.

  • 00:35:00 - 00:40:00

    A Constituição de 1988 trouxe esperanças de transformação, mas foi promulgada em um contexto de economia liberal, limitando sua eficácia. Embora tenha promovido avanços sociais, a falta de financiamento adequado e a manutenção das desigualdades estruturais impediram uma verdadeira reversão da situação. Os ganhos foram incrementais, mas a desigualdade no topo da sociedade persistiu.

  • 00:40:00 - 00:49:13

    O Brasil enfrenta desafios contemporâneos, como a crescente desigualdade e a precarização do trabalho. A pandemia evidenciou a necessidade de soluções coletivas para problemas sociais e ambientais. O futuro requer uma reconstrução baseada em valores de igualdade e democracia, onde a desigualdade e o meio ambiente sejam questões a serem enfrentadas coletivamente.

Mostra di più

Mappa mentale

Video Domande e Risposte

  • Qual é o tema principal do vídeo?

    O vídeo aborda a desigualdade social e econômica no Brasil ao longo da história.

  • Quando o Brasil se tornou independente de Portugal?

    O Brasil se tornou independente em 1822.

  • O que a Semana de Arte Moderna de 1922 comemorou?

    Comemorou 100 anos de independência artística e cultural do Brasil.

  • Qual é a situação da desigualdade no Brasil atualmente?

    A desigualdade continua a ser uma marca significativa da sociedade brasileira.

  • Como a desigualdade é caracterizada no Brasil?

    É caracterizada pela concentração de renda e riqueza, com uma pequena parte da população controlando a maior parte dos recursos.

  • O que a Constituição de 1988 representa?

    A Constituição de 1988 é vista como um grande projeto civilizatório, mas enfrenta desafios na implementação de políticas sociais.

  • Qual é a relação entre desigualdade e racismo no Brasil?

    O racismo é um fator que limita o acesso a oportunidades e contribui para a desigualdade.

  • Como a pandemia afetou a desigualdade no Brasil?

    A pandemia evidenciou e potencializou as desigualdades existentes na sociedade.

  • O que é necessário para enfrentar a desigualdade no Brasil?

    É necessário um esforço coletivo e políticas públicas eficazes para reverter a desigualdade.

  • Qual é a visão do vídeo sobre o futuro do Brasil em relação à desigualdade?

    O vídeo sugere que 2022 pode ser um marco para reconstruir um futuro mais igualitário.

Visualizza altre sintesi video

Ottenete l'accesso immediato ai riassunti gratuiti dei video di YouTube grazie all'intelligenza artificiale!
Sottotitoli
pt
Scorrimento automatico:
  • 00:00:00
    [Música]
  • 00:00:35
    1822 o Brasil se tornava um país
  • 00:00:38
    Independente de Portugal
  • 00:00:41
    1922 a Semana de Arte Moderna comemora
  • 00:00:45
    este 100 anos com manifestações que
  • 00:00:47
    almejavam a nossa Independência
  • 00:00:49
    artístico cultural
  • 00:00:53
    2022
  • 00:00:55
    200 anos de Brasil independente um
  • 00:00:59
    momento de revisão do nosso legado
  • 00:01:00
    histórico como lidar com as
  • 00:01:03
    incompletudes sociais e econômicas que
  • 00:01:05
    nos formam e as nossas potencialidades
  • 00:01:08
    para construir um futuro mais justo
  • 00:01:11
    três vezes 22 tema desta série do Café
  • 00:01:15
    Filosófico
  • 00:01:16
    [Música]
  • 00:01:22
    Vivemos um país muito rico e muito pobre
  • 00:01:26
    essa diferença de renda de oportunidades
  • 00:01:29
    de dignidade infelizmente já é uma marca
  • 00:01:32
    do Brasil uma nação que nasceu como
  • 00:01:35
    colônia de exploração passou por séculos
  • 00:01:39
    de escravidão e que em 200 anos não pôde
  • 00:01:42
    corrigir a rota de sua história o quanto
  • 00:01:45
    nós nos resignamos a essa realidade Como
  • 00:01:48
    não fazer de nossa origem também o
  • 00:01:51
    destino futuro a desigualdade brasileira
  • 00:01:54
    em três tempos que é a proposta que da
  • 00:01:56
    nossa conversa hoje é ela é sem dúvida
  • 00:02:00
    nenhuma das características marcantes da
  • 00:02:03
    nossa sociedade né
  • 00:02:05
    difícil imaginar no cenário
  • 00:02:08
    internacional ou mesmo nas
  • 00:02:10
    interpretações da nossa história do
  • 00:02:12
    pensamento social brasileiro aquele que
  • 00:02:14
    não passe pela questão da desigualdade
  • 00:02:17
    como uma das marcas da construção da
  • 00:02:20
    nossa sociedade imagens
  • 00:02:22
    por exemplo
  • 00:02:24
    do Edmar baixo economista da bilíngia é
  • 00:02:28
    uma sociedade que
  • 00:02:29
    tem uma Bélgica de uma pequena
  • 00:02:33
    comunidade que vive como um país da
  • 00:02:36
    Europa e uma grande massa da população
  • 00:02:39
    como se fosse a Índia com uma condição
  • 00:02:43
    financeira efetivamente muito menor ou
  • 00:02:47
    mesmo de um sociólogo
  • 00:02:50
    Francisco Oliveira o Chico de Oliveira
  • 00:02:52
    com a imagem do Ornitorrinco essa
  • 00:02:55
    especificidade da sociedade brasileira
  • 00:02:56
    em que arcaico e moderno se integram uma
  • 00:03:00
    sociedade em que você tem esse arcaico
  • 00:03:02
    do passado da desigualdade que estão
  • 00:03:06
    deslocados do mercado mas que são
  • 00:03:08
    integrados no moderno Para viabilizar o
  • 00:03:11
    próprio desenvolvimento da sociedade
  • 00:03:12
    essa desigualdade Brasileira é uma
  • 00:03:15
    desigualdade que deixou e continua com
  • 00:03:18
    marcas fundamentais na nossa sociedade
  • 00:03:21
    marca
  • 00:03:22
    por exemplo na arquitetura urbana da
  • 00:03:25
    nossa sociedade imagens muito típicas de
  • 00:03:28
    um Rio de Janeiro em que você tem né os
  • 00:03:31
    bairros da zona sul
  • 00:03:33
    com áreas nobres muito próximas das
  • 00:03:37
    Comunidades das favelas nos morros
  • 00:03:40
    cariocas ou imagens também muito
  • 00:03:42
    circuladas na nossa enfim nos nossos
  • 00:03:46
    jornais
  • 00:03:47
    nas mídias de um Morumbi bairro em São
  • 00:03:51
    Paulo com os grandes prédios de
  • 00:03:53
    apartamentos luxuosos que fazem ali
  • 00:03:56
    fronteira com a favela de Paraisópolis
  • 00:03:59
    essa desigualdade tá presente por
  • 00:04:02
    exemplo nas relações de trabalho né
  • 00:04:04
    trabalhos com grande qualificação grande
  • 00:04:06
    tecnologia envolvida e trabalhos com
  • 00:04:09
    baixíssima qualificação e desafios para
  • 00:04:13
    a própria sobrevivência dos
  • 00:04:14
    Trabalhadores no dia a dia Desafios que
  • 00:04:18
    também representam o acesso à educação o
  • 00:04:20
    acesso à saúde é insuma né temos uma
  • 00:04:25
    série de possibilidades de percorrer
  • 00:04:27
    essas imagens da desigualdade e reforçar
  • 00:04:30
    a ideia sim a desigualdade é algo que
  • 00:04:32
    realmente nos marca como sociedade
  • 00:04:36
    tratar desigualdade é um grande desafio
  • 00:04:39
    também pela amplitude do seu conceito a
  • 00:04:42
    gente poderia trabalhar em desigualdade
  • 00:04:44
    em várias acepções uma desigualdade que
  • 00:04:47
    é Regional uma desigualdade que é social
  • 00:04:49
    uma desigualdade que é uma desigualdade
  • 00:04:51
    de gênero racial enfim temos uma
  • 00:04:55
    possibilidade enorme de formas de tratar
  • 00:04:58
    desigualdade eu aqui para tentarmos
  • 00:05:01
    assim aprofundar um desses aspectos da
  • 00:05:03
    desigualdade Vou tentar trabalhar um
  • 00:05:05
    pouco mais na ideia de uma desigualdade
  • 00:05:07
    de renda e riqueza na sua acepção uns
  • 00:05:10
    assim Econômica da desigualdade
  • 00:05:11
    conhecida a noção de que o Brasil é um
  • 00:05:16
    dos países mais desiguais do mundo
  • 00:05:17
    quando a gente fala do Brasil como um
  • 00:05:19
    dos países mais desiguais do mundo a
  • 00:05:22
    gente tá falando justamente da questão
  • 00:05:23
    de renda e riqueza da concentração da
  • 00:05:26
    renda e da riqueza e apenas para dar
  • 00:05:29
    ilustrar né dar alguns exemplos eu trago
  • 00:05:32
    aqui uma pesquisa do laboratório de
  • 00:05:34
    Pesquisas mundiais de desigualdade
  • 00:05:36
    mundiais coordenada pelo Thomaz piquetti
  • 00:05:38
    que é um economista francês que fez
  • 00:05:40
    muito sucesso com o livro dele chamado
  • 00:05:42
    capital do Século 21 que há uma pesquisa
  • 00:05:44
    enorme sobre a desigualdade Mundial ao
  • 00:05:47
    longo de todo o século XX
  • 00:05:50
    e que ele traz esses dados para 2021
  • 00:05:53
    dizendo o seguinte né quando pensamos em
  • 00:05:56
    distribuição de renda quer dizer o que
  • 00:05:58
    que seria a distribuição de renda aquilo
  • 00:06:00
    que é a produção de bens e serviços
  • 00:06:02
    então salários dos trabalhadores ou
  • 00:06:05
    remuneração de renda de Capital como
  • 00:06:07
    juros lucros e etc
  • 00:06:09
    10% da população brasileira os 10% mais
  • 00:06:13
    ricos da população brasileira concentram
  • 00:06:16
    quase 60% da renda do Brasil Isso
  • 00:06:21
    significa que apenas uma pequena camada
  • 00:06:24
    da população
  • 00:06:26
    controla mais do que 50% De toda renda
  • 00:06:29
    do nosso país isso quando comparado com
  • 00:06:32
    os Estados Unidos esse dado em torno de
  • 00:06:34
    45% na Europa nos países da Europa em
  • 00:06:37
    torno de 30 a 35 por cento
  • 00:06:40
    E isso não é tudo quando a gente vai
  • 00:06:42
    falar de distribuição de riqueza riqueza
  • 00:06:44
    é o estoque o que que é o estoque Ou
  • 00:06:46
    riqueza é naquilo que se acumulou ao
  • 00:06:49
    longo do tempo
  • 00:06:50
    propriedades capital aquilo que está no
  • 00:06:52
    banco etc a concentração é ainda mais
  • 00:06:56
    gritante na nossa sociedade apenas um
  • 00:07:00
    por cento da população o extrato mais
  • 00:07:02
    alto da nossa população brasileira
  • 00:07:04
    concentra aproximadamente 50% de toda a
  • 00:07:08
    riqueza então a gente tem realmente uma
  • 00:07:11
    sociedade com grandes polos de
  • 00:07:13
    desigualdade como explicar Então essa
  • 00:07:16
    desigualdade como parte do processo
  • 00:07:18
    histórico a desigualdade certamente tem
  • 00:07:21
    a ver com o processo da nossa formação
  • 00:07:23
    social uma sociedade formada numa
  • 00:07:26
    colônia de plantations com Grandes
  • 00:07:29
    propriedades a grade exportadoras com
  • 00:07:31
    trabalho escravo Sem dúvida nenhuma isso
  • 00:07:33
    influencia
  • 00:07:35
    o ponto de partida da desigualdade da
  • 00:07:37
    nossa sociedade Mas isso não pode ser
  • 00:07:40
    tratado como uma fatalidade como algo
  • 00:07:43
    que não pode ser revertido ao longo do
  • 00:07:45
    tempo a experiência histórica ela mostra
  • 00:07:48
    que ao longo do século 20 especialmente
  • 00:07:51
    países com trajetórias de grande
  • 00:07:54
    desigualdade conseguiram reverter a
  • 00:07:57
    desigualdade a Europa por exemplo na
  • 00:08:00
    transição do século 19 do século 20 como
  • 00:08:02
    mostra o trabalho do Thomas Piquet é era
  • 00:08:06
    os países europeus que vinham de um
  • 00:08:09
    passado feudal também um passado com uma
  • 00:08:12
    estrutura social bastante desigual é
  • 00:08:16
    foram um país que conseguiram reverter
  • 00:08:18
    as suas desigualdades em torno de meados
  • 00:08:21
    do século 20 então a ideia de uma
  • 00:08:24
    concentração de renda riqueza ela não
  • 00:08:26
    pode ser uma ideia de uma fatalidade de
  • 00:08:28
    um processo histórico que vai permanecer
  • 00:08:30
    para sempre ela pode ser revertida e
  • 00:08:33
    isso é fundamental entender como que se
  • 00:08:36
    processa essa transformação Para
  • 00:08:38
    justamente entender como poder
  • 00:08:40
    transformar né uma dessas
  • 00:08:42
    características tão penosas da nossa
  • 00:08:44
    sociedade
  • 00:08:45
    em suma o Brasil pode ter se originado a
  • 00:08:49
    partir de uma estrutura muito desigual
  • 00:08:51
    né mas é o que a gente vai ver é que
  • 00:08:56
    ao longo desses 200 anos é preciso dizer
  • 00:09:00
    que o Brasil perdeu a oportunidades
  • 00:09:02
    importantes para reverter a história da
  • 00:09:05
    nossa desigualdade a independência por
  • 00:09:08
    exemplo a forma como se dá Independência
  • 00:09:11
    a forma como se deu a Constituição da
  • 00:09:13
    República Brasileira a forma como se deu
  • 00:09:16
    o processo de urbanização
  • 00:09:16
    industrialização de meados do século 20
  • 00:09:19
    a forma como foi constituída Essa
  • 00:09:22
    sociedade na redemocratização com a
  • 00:09:24
    Constituição de 88 momentos estratégicos
  • 00:09:27
    para intervir na numa trajetória de
  • 00:09:32
    desigualdade reverter essa trajetória e
  • 00:09:34
    eu acho que é isso que a gente precisa
  • 00:09:36
    entender ao longo da nossa história para
  • 00:09:38
    entender porque que em dados momentos
  • 00:09:40
    existiam espaço importante de reversão
  • 00:09:43
    da desigualdade e a gente não conseguiu
  • 00:09:46
    no próximo bloco o pacto estabelecido
  • 00:09:49
    Pelas nossas classes dominantes foi de
  • 00:09:53
    reforçar tanto a estrutura baseada no
  • 00:09:57
    latifúndio como também a sociedade
  • 00:10:00
    escravista
  • 00:10:02
    [Música]
  • 00:10:06
    O que significou para o Brasil ter
  • 00:10:09
    deixado de ser colônia de Portugal O que
  • 00:10:12
    significou para o seu povo fazer parte
  • 00:10:14
    de um país independente O que deixamos
  • 00:10:17
    para trás desse passado de exploração e
  • 00:10:21
    o que perpetuamos como marca da nossa
  • 00:10:23
    sociedade a partir de uma realidade de
  • 00:10:26
    profunda desigualdade há 200 anos nasceu
  • 00:10:30
    o sonho de um Brasil independente
  • 00:10:32
    e diferente
  • 00:10:34
    Talvez o primeiro grande contexto para
  • 00:10:36
    refletir sobre as igualdade é o contexto
  • 00:10:39
    da Independência a 200 anos
  • 00:10:42
    começou a se construir um país um
  • 00:10:45
    projeto de nação
  • 00:10:47
    isso era não um momento de rever o seu
  • 00:10:50
    passado como uma sociedade de uma
  • 00:10:53
    estrutura Econômica social típica
  • 00:10:55
    colonial de uma colônia Tropical né
  • 00:10:58
    então uma colônia formada para atender
  • 00:11:01
    os interesses
  • 00:11:02
    mercantis por exemplo de Portugal
  • 00:11:05
    produzindo açúcar os ciclos de mineração
  • 00:11:08
    e etc e que se formou naquilo que são as
  • 00:11:11
    imagens eu acho que muito presentes na
  • 00:11:13
    nossa nos nossos intérpretes dessa
  • 00:11:16
    sociedade de contrastes né então como
  • 00:11:19
    por exemplo aparece nas obras clássicas
  • 00:11:21
    do Sérgio Buarque de Holanda Gilberto
  • 00:11:23
    Freire Caio Prado o que que é a
  • 00:11:26
    sociedade Colonial uma sociedade de uma
  • 00:11:28
    casa grande diversos da Senzala de um
  • 00:11:31
    latifúndio exportador versus da pequena
  • 00:11:33
    propriedade de subsistência de uma elite
  • 00:11:36
    senhorial aristocrática versus as
  • 00:11:38
    grandes escravarias versus grandes
  • 00:11:41
    quantidades de homens pobres e Livres da
  • 00:11:44
    ideia da cordialidade tão presente no
  • 00:11:47
    Sérgio Holanda como um instrumento né
  • 00:11:50
    vamos assim de uma estrutura social e
  • 00:11:51
    cultural é de um de uma interferência do
  • 00:11:55
    público pelo privado produzindo
  • 00:11:57
    hierarquias e relações de poder dentro
  • 00:12:00
    dessa sociedade e suma vários jogos de
  • 00:12:03
    contrastes que marcam a nossa formação
  • 00:12:05
    social do período colonial Mas então a
  • 00:12:09
    200 anos com a independência o Brasil
  • 00:12:11
    nasci coloca a questão que tipo de nação
  • 00:12:14
    queremos construir de negar Então esse
  • 00:12:17
    passado colonial de interferir dentro do
  • 00:12:22
    processo de uma construção de uma
  • 00:12:25
    sociedade desigual ou de perpetuação de
  • 00:12:27
    um tipo de modelo de sociedade né
  • 00:12:31
    Celso Furtado no formação econômica do
  • 00:12:33
    Brasil ele tende a dizer que esse
  • 00:12:36
    momento em que se insere a independência
  • 00:12:40
    do Brasil é um momento estratégico né
  • 00:12:43
    Por exemplo inclusive um momento de
  • 00:12:45
    importante divergência trajetórias do
  • 00:12:48
    Brasil e dos Estados Unidos né quando o
  • 00:12:51
    Brasil não consegue responder a uma
  • 00:12:54
    transformação da sua estrutura social e
  • 00:12:56
    se inserir dentro de um mercado
  • 00:12:58
    internacional ao passo que os Estados
  • 00:13:00
    Unidos aproveita esse momento na de
  • 00:13:03
    transformações da economia mundial com
  • 00:13:05
    Revolução Industrial com as
  • 00:13:07
    independências com as ideias
  • 00:13:09
    republicanas sendo trazidas e consegue
  • 00:13:12
    produzir uma trajetória de Formação
  • 00:13:15
    Nacional muito distinta mas quer dizer
  • 00:13:19
    existe projetos um conjunto de projetos
  • 00:13:22
    em disputa lá em 1822 para não ser
  • 00:13:26
    exaustivo trago um exemplo muito assim
  • 00:13:29
    canônico da nossa história que é o
  • 00:13:32
    exemplo de José Bonifácio Bonifácio um
  • 00:13:35
    personagem importantíssimo no processo
  • 00:13:37
    de independência e que tinha como um
  • 00:13:40
    projeto de nação é algo que efetivamente
  • 00:13:44
    não se realizou e Que propunha mudanças
  • 00:13:47
    importantes na nossa sociedade por
  • 00:13:50
    exemplo abolição da escravidão e o
  • 00:13:54
    início de um processo de formação de uma
  • 00:13:57
    Indústria nacional e depois legisladores
  • 00:14:00
    do vasto império do Brasil basta de
  • 00:14:02
    dormir É Tempo de acordar do sono
  • 00:14:05
    amortecido em que há séculos já vemos
  • 00:14:08
    mostra a experiência e a razão que a
  • 00:14:11
    riqueza só reina onde impera a liberdade
  • 00:14:13
    e a justiça e não onde mora o cativeiro
  • 00:14:16
    e a corrupção
  • 00:14:18
    se o mal está feito não aumentemos
  • 00:14:20
    senhores multiplicando E vós traficantes
  • 00:14:24
    de carne humana vó senhores injustos e
  • 00:14:27
    cruéis ouvir com robô e arrependimento
  • 00:14:30
    se não tem dispara a voz imperiosa da
  • 00:14:34
    consciência e os altos brados da
  • 00:14:37
    impaciente humanidade
  • 00:14:39
    qual de vós quererá ser tão obstinado e
  • 00:14:42
    ignorante que não sinta que o cativeiro
  • 00:14:44
    Perpétuo é contrário aos nossos futuros
  • 00:14:47
    interesses e a vossa segurança e
  • 00:14:49
    tranquilidade pessoal
  • 00:14:52
    então ele tá se colocando na
  • 00:14:54
    possibilidade de construir um país
  • 00:14:57
    distinto mas como sabemos quer dizer o
  • 00:15:00
    pacto estabelecido Pelas nossas
  • 00:15:03
    classes dominantes foi de reforçar tanto
  • 00:15:07
    a estrutura agrária exportadora baseada
  • 00:15:09
    no latifúndio como também é a sociedade
  • 00:15:12
    escravista nesse sentido a sociedade
  • 00:15:16
    pouco conseguiu se transformar a
  • 00:15:19
    despeito de uma mudança fundamental que
  • 00:15:21
    foi a construção de um Estado Nacional
  • 00:15:23
    não há mais uma relação de dependência
  • 00:15:27
    entre colônia e metrópoles foi rompido
  • 00:15:29
    mas a estrutura foi pouquíssimamente
  • 00:15:32
    transformada
  • 00:15:35
    há um conjunto de Pesquisas recentes que
  • 00:15:38
    tem mostrado que na verdade a sociedade
  • 00:15:40
    brasileira vai começar a ter
  • 00:15:43
    formação de um pequeno mercado interno
  • 00:15:46
    vai começar a diluir um pouco Essa
  • 00:15:49
    sociedade entre grandes escra português
  • 00:15:52
    para a existência também de pequenas
  • 00:15:54
    propriedades Com pequenas propriedades
  • 00:15:56
    como pequenos plantéis de escravos né
  • 00:15:58
    então isso passa a ser também realidade
  • 00:16:00
    da nossa sociedade então quer dizer a
  • 00:16:03
    escravidão ela é algo não só parte das
  • 00:16:06
    elites Mas ela tá presente como
  • 00:16:08
    estrutura de sociabilidade nas mais
  • 00:16:10
    diversas
  • 00:16:11
    grupos sociais né então pequeno
  • 00:16:14
    proprietário que tem um escravo quer
  • 00:16:16
    dizer isso as pesquisas vão mostrar que
  • 00:16:18
    tá difundido pelo país inteiro né Mas
  • 00:16:22
    isso não significa que a concentração de
  • 00:16:24
    renda e riqueza não seja pequena Nesse
  • 00:16:27
    contexto pelo contrário nas pesquisas
  • 00:16:30
    feitas também ao longo da especialmente
  • 00:16:33
    do período imperial o que a gente vê é
  • 00:16:35
    uma profunda Concentração da renda e da
  • 00:16:38
    riqueza para trabalhar com um único
  • 00:16:41
    estudo como exemplo o João Fragoso num
  • 00:16:44
    clássico
  • 00:16:45
    trabalho homens de grossa aventura
  • 00:16:48
    que trabalha com a estrutura de riqueza
  • 00:16:52
    Então a partir dos inventários da
  • 00:16:54
    população ele vai avaliando Como que
  • 00:16:56
    essa riqueza estava distribuída no Rio
  • 00:16:58
    de Janeiro ele vai dizer olha 90% dos
  • 00:17:02
    inventários né daqueles que né então ao
  • 00:17:06
    falecer produzem os seus inventários os
  • 00:17:08
    familiares produzidos seus limitados
  • 00:17:09
    você tem a existência de escravos mas
  • 00:17:12
    ele vai mostrar que de novo pegando a
  • 00:17:15
    ideia dos 10% mais ricos da sociedade
  • 00:17:17
    Então os 10% inventários mais ricos
  • 00:17:21
    dessa sociedade concentravam 70% mais ou
  • 00:17:24
    menos da renda quer dizer algo próximo
  • 00:17:26
    do que a gente tem falado da
  • 00:17:27
    concentração da riqueza até os dias de
  • 00:17:29
    hoje né Então nesse sentido a sociedade
  • 00:17:32
    Colonial né da sociedade Colonial para a
  • 00:17:35
    sociedade Imperial é muita coisa muda na
  • 00:17:39
    formação de um estado de um estado
  • 00:17:40
    brasileiro mas a permanência da
  • 00:17:43
    desigualdade está posta por duas
  • 00:17:45
    questões fundamentais a permanência da
  • 00:17:48
    escravidão e a permanência dessa
  • 00:17:50
    estrutura de profunda Concentração da
  • 00:17:53
    renda bom a passagem do império para
  • 00:17:56
    república inseto medida vai
  • 00:17:59
    ocorrer no momento de superação de um
  • 00:18:02
    desses impasses que é a abolição da
  • 00:18:05
    escravidão
  • 00:18:06
    junto de um processo né de 1888 e que se
  • 00:18:11
    abolhe a escravidão em 1889 em que se
  • 00:18:15
    declara né a Proclamação da República é
  • 00:18:18
    possivelmente a gente teria que a chave
  • 00:18:20
    para iniciar a reversão de um processo
  • 00:18:24
    na histórico da nossa desigualdade com
  • 00:18:28
    enfim a integração de uma parcela
  • 00:18:31
    substancial da população que ela estava
  • 00:18:33
    aleijada até então da Cidadania e da
  • 00:18:36
    participação da renda e da riqueza
  • 00:18:38
    nacional
  • 00:18:40
    Então por esses motivos podemos
  • 00:18:42
    acreditar que a redução da desigualdade
  • 00:18:44
    estaria como parte de um projeto
  • 00:18:46
    Republicano
  • 00:18:48
    no sentido inclusive que se expressa na
  • 00:18:51
    própria constituição promulgada em 1891
  • 00:18:54
    uma constituição de caráter liberal e
  • 00:18:57
    que aparentemente a gente teria né um
  • 00:18:59
    olhar para aquilo que mais representava
  • 00:19:02
    a sociedades modernas naquele contexto
  • 00:19:06
    mas a verdade é que entre nos assim a
  • 00:19:10
    lei a prática né entre o texto e a
  • 00:19:12
    realidade pouco mudou a abolição a
  • 00:19:17
    liberdade a igualdade estavam acima de
  • 00:19:19
    tudo na lei as condições estavam muito
  • 00:19:23
    negadas no dia a dia na rotina né na
  • 00:19:27
    própria integração por exemplo dessa
  • 00:19:29
    população né que vinha dos seus
  • 00:19:33
    cativeiros agora para se integrar
  • 00:19:35
    efetivamente na sociedade vejo um limite
  • 00:19:38
    fundamental da própria rede cidadania
  • 00:19:41
    que se coloca na constituição para ser
  • 00:19:44
    cidadão diz a constituição você não
  • 00:19:46
    poderia ser nem mendigo nem analfabeto a
  • 00:19:50
    população brasileira naquele momento é
  • 00:19:52
    era composta 80% de analfabetos e não
  • 00:19:55
    existia dentro da Constituição uma ideia
  • 00:19:59
    de uma educação pública como direito
  • 00:20:01
    então o próprio estado nega a
  • 00:20:04
    possibilidade de reversão desse quadro
  • 00:20:07
    de 80% da população que está assim
  • 00:20:10
    distante da Integração
  • 00:20:13
    a própria sociedade mesmo com a
  • 00:20:16
    imigração os deslocamentos populacionais
  • 00:20:19
    o que a gente vê é que esses novos
  • 00:20:22
    trabalhadores que vão sendo inseridos
  • 00:20:24
    dentro do mercado de trabalho agora
  • 00:20:27
    livre e
  • 00:20:29
    assalariado né você tem estruturas muito
  • 00:20:32
    desiguais de integração
  • 00:20:35
    o racismo Como já foi bem explorado era
  • 00:20:38
    um desses instrumentos de né dar acesso
  • 00:20:42
    a uma parcela da população e negar o
  • 00:20:45
    acesso a um tipo de qualificação e
  • 00:20:48
    trabalho dentro dessa sociedade
  • 00:20:52
    então trabalhadores negros muitas vezes
  • 00:20:57
    a condição de ter acesso a um bom
  • 00:20:59
    trabalho a um bom serviço tava
  • 00:21:02
    completamente limitado né E isso num
  • 00:21:05
    contexto que quer dizer é defendido
  • 00:21:07
    inclusive por intelectuais daquela
  • 00:21:10
    conjuntura dentro de uma noção de um
  • 00:21:12
    racismo científico antes o racismo
  • 00:21:15
    estabelecido pela própria escravidão
  • 00:21:17
    agora vai se transformando em outros
  • 00:21:19
    mecanismos sociais e inclusive
  • 00:21:22
    supostamente científicos com autores
  • 00:21:25
    como Nina Rodrigues que justifica que o
  • 00:21:29
    caminho para o desenvolvimento Nacional
  • 00:21:31
    deveria servia a imigração europeia e o
  • 00:21:35
    racismo era um instrumento de definição
  • 00:21:37
    das relações pelas relações desiguais
  • 00:21:39
    entre e negros o código penal brasileiro
  • 00:21:43
    É promulgado nesse contexto da República
  • 00:21:46
    ainda que explicitamente não marque nada
  • 00:21:50
    relacionado a um racismo né a diferença
  • 00:21:53
    entre
  • 00:21:54
    enfim indivíduos pela questão da cor por
  • 00:21:59
    outro lado na prática aqueles que vão
  • 00:22:03
    nos encher
  • 00:22:04
    inseridos dentro das regras e do
  • 00:22:07
    regimento da punição normalmente tinham
  • 00:22:11
    uma marca da cor da pele é isso as
  • 00:22:15
    Pesquisas mostram muito a desigualdade
  • 00:22:17
    assim das punições colocadas sobre a
  • 00:22:21
    população de maneira geral Nesse
  • 00:22:23
    contexto no campo por exemplo é a
  • 00:22:27
    primeira república é marcada por uma
  • 00:22:28
    estrutura de madonismo clientelismo
  • 00:22:30
    famoso coronelismo do Victor Nunes Leal
  • 00:22:33
    de coronelismo
  • 00:22:35
    em que uma grande parcela da população
  • 00:22:37
    ela nem se insere no mercado trabalho
  • 00:22:40
    livre numa mercado de trabalho
  • 00:22:42
    assalariado ela é efetivamente
  • 00:22:44
    subordinada aqueles que são os grandes
  • 00:22:47
    proprietários ela tá inserida numa
  • 00:22:49
    condição
  • 00:22:51
    dependente dessas grandes proprietários
  • 00:22:53
    em suma a desigualdade permanece o
  • 00:22:57
    Brasil Nesse contexto é um Brasil que
  • 00:22:59
    passa por uma grande modernização uma
  • 00:23:02
    modernização com o início da urbanização
  • 00:23:04
    das primeiras indústrias e aqueles
  • 00:23:08
    poucos que vão conquistar os seus
  • 00:23:10
    direitos
  • 00:23:11
    conseguem conquistam seus direitos a
  • 00:23:14
    partir de muita disputa muito a luta as
  • 00:23:17
    greves operárias de
  • 00:23:18
    1917-19
  • 00:23:20
    mesmo o Brasil aderindo a Organização
  • 00:23:24
    Internacional do Trabalho isso não se
  • 00:23:25
    efetiva em leis que estão sendo
  • 00:23:29
    disseminadas no exterior elas pouco
  • 00:23:32
    chegam aqui ainda na década de 20 e é o
  • 00:23:35
    que o José Murilo de Carvalho naquele
  • 00:23:37
    livro cidadania o Brasil vai dizer que a
  • 00:23:40
    cidadania é conquistada ao negativo aqui
  • 00:23:42
    na disputa na verdade contra as pressões
  • 00:23:44
    que são impostas à população o cientista
  • 00:23:47
    político José Murilo de Carvalho
  • 00:23:50
    refletindo em seu livro A cidadania no
  • 00:23:52
    Brasil escreve
  • 00:23:55
    José Bonifácio afirmou em representação
  • 00:23:58
    enviada à Assembleia constituinte de
  • 00:24:00
    1823 que a escravidão era um câncer que
  • 00:24:04
    corroía a nossa vida cívica e impedia a
  • 00:24:07
    construção da Nação a desigualdade é a
  • 00:24:11
    escravidão de hoje o novo câncer que
  • 00:24:14
    impede a Constituição de uma sociedade
  • 00:24:16
    democrática a escravidão foi abolida 65
  • 00:24:20
    anos após advertência de José Bonifácio
  • 00:24:23
    a precária democracia de hoje não
  • 00:24:26
    sobreviveria a espera tão longa para
  • 00:24:29
    este bar o câncer da desigualdade no
  • 00:24:33
    próximo bloco A Nova Liberdade Não há
  • 00:24:36
    Liberdade do ir e vir dado pela economia
  • 00:24:39
    de mercado mas é a liberdade dos
  • 00:24:41
    direitos civis uma sociedade que permite
  • 00:24:44
    ao mesmo tempo ser Justa e livre
  • 00:24:48
    [Música]
  • 00:24:53
    a história do Brasil nos mostra um país
  • 00:24:56
    que foi feito de casa grande e de
  • 00:24:59
    Senzala de latifúndios convivendo com a
  • 00:25:02
    fome de fortunas ao lado de misérias nem
  • 00:25:06
    a independência a Proclamação da
  • 00:25:09
    República ou abolição da escravidão
  • 00:25:11
    diminuíram os nossos contrastes e o
  • 00:25:15
    Brasil entrou no século do
  • 00:25:17
    desenvolvimento industrial ainda
  • 00:25:19
    carregando suas mais antigas feridas
  • 00:25:22
    sociais o mundo naquele contexto de
  • 00:25:25
    transição do século 19 do século 20 era
  • 00:25:27
    um mundo de grande desenvolvimento
  • 00:25:29
    a partir da Segunda Revolução Industrial
  • 00:25:32
    Então você tá vivendo a disseminação da
  • 00:25:34
    energia elétrica a disseminação de bens
  • 00:25:37
    de consumo os mais variados da bicicleta
  • 00:25:39
    ao rádio mais a frente o cinema então
  • 00:25:43
    tem muita coisa nova resultante dessa
  • 00:25:46
    segunda revolução industrial e o Brasil
  • 00:25:49
    Quer fazer parte desse mundo de
  • 00:25:51
    transformação da Segunda Revolução
  • 00:25:53
    Industrial dessa integração da economia
  • 00:25:56
    mundial que cresce muito né o Brasil
  • 00:25:58
    passa a ser um grande exportador de café
  • 00:26:00
    de borracha um importador de produtos
  • 00:26:03
    integração via a chegada das ferrovias
  • 00:26:06
    dos bancos os mais diversos serviços
  • 00:26:09
    públicos então o Brasil vai se inserindo
  • 00:26:11
    nessa modernidade vai fazendo reformas
  • 00:26:14
    urbanas no Brasil inteiro nas capitais
  • 00:26:17
    passam a construir seus teatros
  • 00:26:18
    municipais introdução da energia
  • 00:26:20
    elétrica introdução de serviços de
  • 00:26:23
    bondes e etc então o Brasil se
  • 00:26:25
    transforma muito se transforma
  • 00:26:27
    significativamente mas vale dizer para
  • 00:26:30
    uma parcela muito pequena da população
  • 00:26:33
    então é a ideia daquele Brasil como o
  • 00:26:36
    Chico de Oliveira fala do moderno e do
  • 00:26:38
    arcaico quer dizer há um Brasil muito
  • 00:26:41
    moderno que se atualiza e acompanha as
  • 00:26:45
    transformações e segue essa crença do
  • 00:26:47
    Progresso do desenvolvimento científico
  • 00:26:49
    ainda que não incorpore né Toda essa
  • 00:26:54
    Esse é um impasse que está posto nessa
  • 00:26:57
    sociedade de transição do 19 para o
  • 00:27:00
    século 20 Não só no Brasil eu diria é um
  • 00:27:03
    impasse que vai para alguns
  • 00:27:05
    historiadores como Eric Robson calculani
  • 00:27:08
    vai encerrar por volta da primeira
  • 00:27:10
    guerra mundial o fim da economia de
  • 00:27:13
    mercado pode se tornar o início de uma
  • 00:27:16
    era de liberdade sem precedentes a
  • 00:27:19
    liberdade jurídica e real pode se tornar
  • 00:27:22
    mais Ampla e mais Geral do que em
  • 00:27:24
    qualquer tempo a regulação e o controle
  • 00:27:27
    podem atingir a liberdade Mas para todos
  • 00:27:30
    e não apenas para alguns Liberdade não
  • 00:27:34
    como complemento do privilégio
  • 00:27:35
    contaminado em sua fonte mas como um
  • 00:27:38
    direito consagrado que se estende muito
  • 00:27:41
    além dos estreitos limites da esfera
  • 00:27:43
    política e atinge a organização íntima
  • 00:27:47
    da própria sociedade
  • 00:27:49
    assim as antigas liberdades e direitos
  • 00:27:52
    civis serão acrescentados ao fundo da
  • 00:27:55
    Nova Liberdade gerada pelo lazer e pela
  • 00:27:59
    segurança que a sociedade oferece a
  • 00:28:01
    todos uma tal sociedade pode se permitir
  • 00:28:04
    ser ao mesmo tempo Justa e livre polene
  • 00:28:09
    fala que existia uma crença muito grande
  • 00:28:11
    no mercado como regulador social e esse
  • 00:28:15
    mercado como regulador social é no fundo
  • 00:28:17
    a ideia de que o mercado é aquilo que
  • 00:28:19
    decide a partir das leis econômicas da
  • 00:28:22
    oferta e da demanda o salário
  • 00:28:25
    as relações de terras relações do
  • 00:28:29
    dinheiro as relações enfim
  • 00:28:31
    de toda a vida né todas as formas de
  • 00:28:35
    expressão da vida social estão definidas
  • 00:28:38
    a partir do mercado
  • 00:28:40
    qual é o problema de isopolani fala Essa
  • 00:28:43
    sociedade regulada pelo mercado tá
  • 00:28:47
    impondo condições sociais cada vez mais
  • 00:28:49
    precárias a uma parcela significativa da
  • 00:28:52
    população que precisa Enfim fazer na
  • 00:28:57
    Milagres para sobreviver para ter as
  • 00:28:59
    condições de sobrevivência a partir do
  • 00:29:01
    mercado das rendas do mercado e
  • 00:29:04
    conseguir efetivamente na ter o mínimo
  • 00:29:07
    de alimento de dignidade é que que é um
  • 00:29:11
    pouco algo que lembra muito um cenário
  • 00:29:13
    que a gente tem vivido recentemente a
  • 00:29:16
    expressão do polaine é uma expressão
  • 00:29:18
    muito dura que ele fala de um Moinho
  • 00:29:20
    satânico né que se colocava Da Lógica do
  • 00:29:24
    mercado da economia sobre a vida social
  • 00:29:26
    que na verdade ia essa ideia do Moinho
  • 00:29:29
    satânico né enfim jogando as pessoas
  • 00:29:33
    para
  • 00:29:35
    uma vida completamente assim espremida
  • 00:29:39
    dessa S condições de sobrevivência do
  • 00:29:42
    mercado
  • 00:29:43
    e ele vai falar em escrevendo 44 que
  • 00:29:46
    essa anomia social que vai se produzindo
  • 00:29:50
    a partir do mercado é o que teria levado
  • 00:29:52
    né nos anos 30 nos anos 40 as
  • 00:29:56
    experiências do fascismo do nazismo ou
  • 00:29:59
    mesmo do comunismo na União Soviética
  • 00:30:01
    Então o que ele tá propondo em 44 é que
  • 00:30:05
    a relação entre
  • 00:30:09
    sociedade
  • 00:30:10
    e mercado ela não pode ser dada
  • 00:30:13
    diretamente você precisa ter mediações e
  • 00:30:16
    o estado é um instrumento fundamental da
  • 00:30:18
    mediação por isso que ele fala né A Nova
  • 00:30:22
    Liberdade Não há Liberdade do ir e vir
  • 00:30:24
    dado pela economia de mercado mas é a
  • 00:30:28
    liberdade dos direitos civis a liberdade
  • 00:30:30
    que permite a formação e gera o lazer a
  • 00:30:34
    segurança da sociedade que oferece a
  • 00:30:36
    todos uma sociedade que permite ao mesmo
  • 00:30:38
    tempo ser Justa e livre é mas assim a
  • 00:30:43
    defesa um projeto de país um projeto de
  • 00:30:47
    futuro democrático na dentro da lógica
  • 00:30:50
    do desenvolvimento do capitalismo Então
  • 00:30:53
    os países da Europa Estados Unidos
  • 00:30:55
    tinham uma concentração enorme de renda
  • 00:30:57
    e riqueza naquele contexto que vão
  • 00:31:00
    colocando os impasses que vão levar diz
  • 00:31:02
    polani diz hobbesbom a primeira guerra
  • 00:31:04
    mundial porque a primeira guerra mundial
  • 00:31:07
    depois mesmo essas experiências
  • 00:31:11
    autoritárias são formas dos países
  • 00:31:13
    responderem a esses dilemas sociais que
  • 00:31:15
    estão postos né e o Brasil não passa
  • 00:31:18
    vamos assim
  • 00:31:20
    distante dessas
  • 00:31:22
    desses desses dilemas que estão postos
  • 00:31:26
    na sociedade ou na economia mundial Vale
  • 00:31:29
    lembrar que a década de 20 é uma década
  • 00:31:31
    de grande ebulição social também Quando
  • 00:31:33
    se comemora o centenário da
  • 00:31:35
    Independência em 18 em 1922 tem ao mesmo
  • 00:31:38
    tempo o movimento de confrontar as
  • 00:31:41
    conquistas dessa Independência
  • 00:31:43
    semana de arte moderno não só em São
  • 00:31:45
    Paulo mas em outros lugares do Brasil
  • 00:31:47
    questionando mimetismo de reproduzir
  • 00:31:49
    aquilo que era a vida no na Europa da
  • 00:31:52
    bellepok dessa cidades lindas
  • 00:31:54
    maravilhosas mas com uma base social
  • 00:31:56
    bastante complexa bastante limitada é a
  • 00:32:00
    ideia das manifestações que estão no
  • 00:32:02
    tenentismo né na defesa da educação por
  • 00:32:05
    exemplo básica ou mesmo das
  • 00:32:08
    manifestações de trabalhadores com
  • 00:32:09
    anarquismo e o Partido Comunista Essa
  • 00:32:12
    sociedade ela vai ruindo a sociedade
  • 00:32:14
    Liberal do século XIX entre aquilo que o
  • 00:32:17
    Hobbes bom Vai chamar a era da
  • 00:32:18
    catástrofe a primeira guerra mundial a
  • 00:32:20
    grande depressão e a segunda guerra
  • 00:32:22
    mundial e há um momento de indefinição
  • 00:32:24
    sobre o que se constrói a partir dessa
  • 00:32:27
    sociedade
  • 00:32:28
    de crise durante quase uma geração
  • 00:32:31
    inteira e É nesse sentido que abrimos
  • 00:32:33
    mais um capítulo da nossa história um
  • 00:32:36
    capítulo em que a república na sua
  • 00:32:38
    Proclamação não resolveu a questão da
  • 00:32:40
    desigualdade mas agora o crescimento da
  • 00:32:43
    economia Mundial num novo contexto de
  • 00:32:46
    superação dos dilemas do passado das
  • 00:32:48
    duas guerras mundiais das experiências
  • 00:32:50
    autoritárias conduz a sociedade
  • 00:32:53
    ocidental a um projeto né de uma
  • 00:32:57
    sociedade em que há maior relação entre
  • 00:33:00
    capital e trabalho mediado pelo Estado e
  • 00:33:03
    que vai produzir por exemplo nos países
  • 00:33:05
    da Europa e mesmo nos Estados Unidos com
  • 00:33:07
    graus diferentes uma reversão profunda
  • 00:33:10
    da desigualdade Mundial nesses países
  • 00:33:13
    porque pela formação por exemplo dos
  • 00:33:16
    Estados de bem-estar social Então você
  • 00:33:18
    começa a ter mecanismos novos de reduzir
  • 00:33:21
    a desigualdade
  • 00:33:23
    há um projeto de maior coesão dos países
  • 00:33:27
    também ocidentais por toda a questão
  • 00:33:30
    geopolítica na questão da Guerra Fria
  • 00:33:32
    mas que reforça valores universais como
  • 00:33:36
    a declaração universal dos direitos
  • 00:33:37
    humanos de meu 1948 onde se define né
  • 00:33:41
    onde você precisa ter condições mínimas
  • 00:33:43
    é de de de enfim é de humanidade entre
  • 00:33:47
    os indivíduos nesse momento o Brasil por
  • 00:33:50
    exemplo é inicia a construção agora
  • 00:33:53
    acelerada de um processo de urbanização
  • 00:33:55
    industrialização né é o momento de
  • 00:33:58
    formação de projetos de planejamento de
  • 00:34:01
    desenvolvimento industrial o Brasil
  • 00:34:03
    cresce entre 45 e 60 mesmo depois nos
  • 00:34:09
    anos 70 é uma das maiores taxas de
  • 00:34:11
    crescimento e essas taxas de crescimento
  • 00:34:13
    são taxas fundamentais para você criar
  • 00:34:15
    condições de redução da desigualdade
  • 00:34:18
    especialmente entre 1945 e 1964 há uma
  • 00:34:22
    tendência de queda da concentração do
  • 00:34:26
    topo da sociedade da renda do topo da
  • 00:34:29
    sociedade brasileira não tão intensa
  • 00:34:32
    quanto ocorre nos países da Europa e nos
  • 00:34:34
    Estados Unidos e a o início de uma
  • 00:34:38
    inclusão de uma parte da base da
  • 00:34:40
    sociedade né uma população que vai se
  • 00:34:44
    tornando economicamente ativa nesse
  • 00:34:46
    mundo Urbano Industrial nesse período de
  • 00:34:48
    mais ou menos 20 anos de 10 a 30 milhões
  • 00:34:51
    de pessoas a gente passa de 10 a 30
  • 00:34:54
    milhões de pessoas que são incorporadas
  • 00:34:56
    no mercado de trabalho e ainda que você
  • 00:34:58
    tem uma massa da população a ser
  • 00:35:01
    incorporada você já é o começo de uma
  • 00:35:03
    inclusão de Trabalhadores
  • 00:35:06
    de
  • 00:35:09
    um projeto de redução da desigualdade a
  • 00:35:12
    ideia de muitos teóricos que estão
  • 00:35:14
    discutindo os projetos de Brasil nesse
  • 00:35:17
    período com 50 são os projetos
  • 00:35:19
    modernistas que vem dos intérpretes do
  • 00:35:22
    Brasil ou por exemplo de um Celso
  • 00:35:24
    Furtado nos anos 50 é uma aposta dessa
  • 00:35:26
    ideia de desenvolvimento de que a
  • 00:35:28
    industrialização iria incorporando as
  • 00:35:30
    massas da população e reduzindo a
  • 00:35:32
    desigualdade O problema é que a gente
  • 00:35:34
    nesse contexto em que de maneira muito
  • 00:35:37
    devagar a gente vai tendo uma tendência
  • 00:35:39
    de redução da desigualdade esse processo
  • 00:35:42
    vai ser rompido né em 1964 com o golpe
  • 00:35:47
    quando a partir daí aquilo que era uma
  • 00:35:51
    tendência de incorporação com ganhos
  • 00:35:53
    salariais com disputas dispostas pelas
  • 00:35:55
    relações de trabalho isso desaparece as
  • 00:35:58
    políticas de crescimento
  • 00:35:59
    industrialização permanecem mas não com
  • 00:36:03
    os mesmos ganhos salariais é com
  • 00:36:06
    controles sociais uma queda relativa do
  • 00:36:09
    salário mínimo né que vai ocorrer então
  • 00:36:12
    aquilo que era um potencial de redução
  • 00:36:14
    da desigualdade se perde durante
  • 00:36:16
    aproximadamente 20 no próximo bloco Será
  • 00:36:20
    que 2022 pode ser um Marco pós pandemia
  • 00:36:24
    de início de uma reconstrução de um
  • 00:36:26
    mundo como começou se construir por
  • 00:36:29
    volta das décadas de 40 quando o mundo
  • 00:36:31
    percebeu que era preciso mudar de rumo
  • 00:36:33
    depois de duas guerras mundiais
  • 00:36:36
    [Música]
  • 00:36:42
    de colonizado a independência de Império
  • 00:36:45
    a república de democracia a ditadura em
  • 00:36:49
    todas as fases do Brasil a desigualdade
  • 00:36:52
    foi persistente e determinante para
  • 00:36:55
    muitas e muitas vidas deixou o
  • 00:36:57
    contrastes na arquitetura das cidades
  • 00:36:59
    nos diferentes padrões de consumo no
  • 00:37:02
    acesso ao serviços primários de educação
  • 00:37:04
    e saúde e quando o nosso país renasce
  • 00:37:07
    para redemocratização renasce também a
  • 00:37:11
    vontade de uma transformação dessa
  • 00:37:14
    história injusta a vontade de não ter
  • 00:37:16
    mais a desigualdade como Sina do nosso
  • 00:37:20
    país
  • 00:37:21
    quais são as duas grandes questões que
  • 00:37:23
    estão postas pela enfim pela sociedade
  • 00:37:26
    na construção de um novo Brasil por
  • 00:37:29
    volta dos anos 70 de um lado a
  • 00:37:32
    redemocratização a superação né do
  • 00:37:34
    período autoritário de restabelecer o
  • 00:37:37
    jogo democrático e de outro lado enfim
  • 00:37:40
    voltar a combater a desigualdade a
  • 00:37:44
    desigualdade que está posta por
  • 00:37:45
    trabalhos números
  • 00:37:47
    a partir dos dados de 1972 que mostrava
  • 00:37:51
    claramente que o milagre econômico
  • 00:37:53
    produzia muita riqueza mas essa muita
  • 00:37:56
    riqueza não chegava a toda a população a
  • 00:37:59
    Constituição de 1988 chamada de
  • 00:38:02
    Constituição cidadã Ela traz na sua base
  • 00:38:05
    justamente aquilo que de alguma forma 40
  • 00:38:08
    Anos Antes o cálculo ali defendia né em
  • 00:38:12
    que você precisava criar mecanismos de
  • 00:38:15
    redução da desigualdade
  • 00:38:17
    qual é o problema
  • 00:38:19
    me parece que
  • 00:38:21
    a Constituição
  • 00:38:24
    de 1988
  • 00:38:26
    Apesar e é isso não há menor dúvida ela
  • 00:38:30
    produz uma enorme contribuição para
  • 00:38:31
    nossa sociedade ela é o grande projeto
  • 00:38:36
    civilizatório existente nas últimas
  • 00:38:38
    décadas de transformação da nossa
  • 00:38:40
    sociedade Mas ela é promulgada no
  • 00:38:43
    momento quase que anacrônico da economia
  • 00:38:46
    mundial
  • 00:38:47
    se as reduções das desigualdades
  • 00:38:51
    mundiais europeias Americanas ocorrem em
  • 00:38:55
    meados do século 20 com Enfim uma
  • 00:38:59
    política de interferência na renda e na
  • 00:39:02
    riqueza dessas populações com pactos
  • 00:39:04
    sociais que produziam taxações elevadas
  • 00:39:08
    né Então as taxas de renda vão subir de
  • 00:39:11
    30 a 80% em alguns países né da riqueza
  • 00:39:14
    acumulada com taxa de heranças
  • 00:39:16
    elevadíssimas no Brasil a gente começa a
  • 00:39:19
    fazer o projeto de políticas sociais
  • 00:39:21
    efetivas
  • 00:39:23
    a partir dos anos 90 com a constituição
  • 00:39:26
    mas num cenário de reversão da economia
  • 00:39:29
    para uma economia Liberal novamente
  • 00:39:30
    então a constituição é uma carapaça
  • 00:39:33
    poderosa mas ela não tem a musculatura
  • 00:39:37
    fundamental para resolver todos os seus
  • 00:39:39
    dilemas por isso que a gente tem avanços
  • 00:39:42
    importantes com construção de políticas
  • 00:39:44
    sociais de inclusão na educação
  • 00:39:47
    na Educação Básica Universal com SUS com
  • 00:39:51
    política salariais
  • 00:39:53
    previdenciárias a mudanças importantes
  • 00:39:55
    que produzem sim na base da sociedade
  • 00:39:58
    condições de redução da desigualdade a
  • 00:40:02
    partir da base mas num estado que vive
  • 00:40:05
    limites contínuos do financiamento
  • 00:40:09
    dessas políticas porque não há
  • 00:40:13
    instrumentos tributários fiscais
  • 00:40:16
    suficientes para sustentar essas
  • 00:40:18
    políticas
  • 00:40:19
    essas políticas garantiram entre 1985 e
  • 00:40:22
    2015 Sem dúvida nenhum reais ganhos na
  • 00:40:26
    base da população daqueles 50 90% mais
  • 00:40:30
    pobres da população ganhos que foram
  • 00:40:32
    incrementais ao longo de vários governos
  • 00:40:34
    é de políticas que foram se sobrepondo
  • 00:40:38
    cumulativas né com a ampliação desses
  • 00:40:41
    vários serviços públicos do direitos
  • 00:40:42
    rendas né de políticas de renda mas de
  • 00:40:47
    novo se Estados Unidos e Europa
  • 00:40:50
    produziram políticas décadas antes com
  • 00:40:54
    né custos que foram pactuados pela
  • 00:40:57
    sociedade Para viabilizar essas
  • 00:40:59
    políticas nós na verdade agora na não
  • 00:41:03
    não temos talvez pelo contexto histórico
  • 00:41:06
    as condições se efetivas para a
  • 00:41:09
    realização dessa contínua expansão e
  • 00:41:13
    isso me parece né
  • 00:41:15
    se tornou muito Evidente nos últimos
  • 00:41:18
    anos Quando é a um impasse o quanto o
  • 00:41:22
    estado pode oferecer como políticas
  • 00:41:25
    sociais e o quanto o Estado tem como
  • 00:41:27
    arrecadação para manter essas políticas
  • 00:41:30
    sociais por isso que se vocês me
  • 00:41:33
    perguntarem Mas afinal houve ou não ouve
  • 00:41:36
    redução da desigualdade no Brasil nas
  • 00:41:39
    últimas décadas se a gente olhar para
  • 00:41:42
    base da sociedade sim houve ganhos
  • 00:41:45
    importantes de renda da base da
  • 00:41:47
    sociedade inclusive ganhos de renda
  • 00:41:49
    relativos dessa base da sociedade Mas se
  • 00:41:52
    vocês me perguntarem mas o topo da
  • 00:41:55
    sociedade de fato não porque o topo da
  • 00:41:58
    sociedade também Manteve crescimento tão
  • 00:42:01
    efetivo quanto aquele 1% da nossa
  • 00:42:03
    população mais rica por não ter né o que
  • 00:42:07
    ocorreu na sociedades europeias e
  • 00:42:10
    Americanas das décadas anteriores
  • 00:42:11
    interferência na manutenção das suas
  • 00:42:14
    rendas no Brasil eles não tiveram suas
  • 00:42:18
    rendas e continuaram expandindo as suas
  • 00:42:21
    lendas no início dos anos 2000 o
  • 00:42:23
    economista Celso Furtado fez uma análise
  • 00:42:26
    sobre nosso país
  • 00:42:28
    a alta propensão a consumir decorre do
  • 00:42:32
    fato de as classes altas e média
  • 00:42:34
    brasileiras seguirem padrões
  • 00:42:35
    norte-americanos mas como ter esse
  • 00:42:38
    padrão de vida com uma renda 10 vezes
  • 00:42:40
    menor Este é o grande problema por um
  • 00:42:44
    fenômeno de aculturação o brasileiro de
  • 00:42:46
    renda alta absorve padrões de consumo e
  • 00:42:49
    também de desperdício gosto pelo show
  • 00:42:52
    off pelo gastostentatório que o
  • 00:42:55
    caracteriza
  • 00:42:56
    hoje o Brasil tem uma renda 10 vezes
  • 00:42:59
    maior do que tinha quando comecei a
  • 00:43:01
    estudar esses problemas mas tem também
  • 00:43:03
    maiores desigualdades e os pobres
  • 00:43:06
    continuam igualmente pobres cabe a
  • 00:43:10
    pergunta ouve desenvolvimento não o
  • 00:43:14
    Brasil não se desenvolveu
  • 00:43:15
    modernizou-se o desenvolvimento
  • 00:43:18
    verdadeiro só existe quando a população
  • 00:43:21
    em seu conjunto é beneficiada uma
  • 00:43:25
    modernização que é uma transformação do
  • 00:43:28
    padrão de consumo e o mundo vive essa né
  • 00:43:32
    quase Euforia parece que são muito muito
  • 00:43:35
    interessantes quer dizer é uma Euforia
  • 00:43:37
    da novidade tecnológica que estava lá
  • 00:43:39
    com cinema com rádio com energia
  • 00:43:42
    elétrica e grandes mudanças na vidas com
  • 00:43:45
    a questão da iluminação as pessoas indo
  • 00:43:48
    à noite no centros urbanos isso no
  • 00:43:51
    começo do século 20 agora com
  • 00:43:53
    computadores com toda a telecomunicação
  • 00:43:56
    um celulares as pessoas se conectando a
  • 00:44:00
    ideia da globalização mais próximas mas
  • 00:44:02
    esse otimismo dos dois momentos acabam
  • 00:44:05
    se esbarrando lá no começo do século 20
  • 00:44:09
    na primeira guerra mundial na pandemia
  • 00:44:11
    né de 17 depois na própria igreja de
  • 00:44:16
    depressão e a gente vive também um
  • 00:44:18
    impasse tão grande quanto com uma série
  • 00:44:21
    de conflitos sociais que explodiram
  • 00:44:24
    desde Nova Iorque ocupada da primavera
  • 00:44:26
    árabe no Brasil desde 2013 né então uma
  • 00:44:31
    manifestação de que essa promessa da
  • 00:44:34
    modernidade parece que não estava
  • 00:44:36
    alcançando a todos os impasses da
  • 00:44:39
    desigualdade estavam retornando e
  • 00:44:40
    retornando com força e de novo volto aos
  • 00:44:43
    dados a desigualdade volta a crescer
  • 00:44:45
    desde as décadas de 90 de maneira
  • 00:44:47
    persistente né vejo dado a média do
  • 00:44:51
    crescimento do patrimônio do 1% mais
  • 00:44:54
    rico cresceu entre 95 5 e 2020 é em
  • 00:45:00
    torno de seis a nove por cento a renda
  • 00:45:02
    do resto da população cresceu a Dois a
  • 00:45:05
    três por cento então a renda da
  • 00:45:07
    população mais rica cresce duas três
  • 00:45:09
    vezes mais do que o restante da
  • 00:45:11
    população alguma coisa tem errada Será
  • 00:45:14
    que 2022 pode ser um Marco pós pandemia
  • 00:45:17
    de início de uma reconstrução de um
  • 00:45:19
    mundo como começou se construir por
  • 00:45:22
    volta das décadas de 40 quando o mundo
  • 00:45:25
    percebeu que era preciso mudar de rumo
  • 00:45:27
    depois de duas guerras mundiais
  • 00:45:30
    eu acho que é uma questão que cabe aqui
  • 00:45:32
    a nós Para justamente olhar para esse
  • 00:45:36
    futuro que a gente busca né A minha
  • 00:45:38
    sensação é que tanto no Brasil que é né
  • 00:45:42
    historicamente nesses 200 anos ou mais
  • 00:45:45
    nos próprios incorporando a colônia nos
  • 00:45:47
    nossos 500 anos a desigualdade é essa né
  • 00:45:50
    marca presente contínua Mas mesmo em
  • 00:45:54
    outras sociedades que a desigualdade
  • 00:45:56
    tinha sido reduzida de maneira
  • 00:45:57
    significativa e hoje volta a ter
  • 00:46:00
    indícios de retomada de tendência de
  • 00:46:03
    crescimento quer dizer o que que a gente
  • 00:46:06
    tá fazendo errado vale dizer que os
  • 00:46:08
    desafios são enormes no contemporâneo
  • 00:46:10
    não capitalismo de crescente
  • 00:46:13
    flexibilização do Trabalho em que o
  • 00:46:16
    trabalho vai ser um tema fundamental
  • 00:46:18
    para o futuro para saber se a gente vai
  • 00:46:20
    ter a possibilidade de oferta de bons
  • 00:46:22
    empregos com avanço de mecanização de
  • 00:46:24
    inteligência artificial
  • 00:46:26
    se a gente vai ter na verdade essa
  • 00:46:28
    tendência de uma crescente desigualdade
  • 00:46:30
    entre trabalhos muito qualificados e bem
  • 00:46:33
    remunerados e uma massa de trabalhadores
  • 00:46:35
    que busca sobreviver né não é nem viver
  • 00:46:39
    mas é sobreviver a partir de um trabalho
  • 00:46:41
    extremamente precário né E isso fica
  • 00:46:45
    visível nas nossas sociedades de
  • 00:46:47
    crescimento na violência de crescimento
  • 00:46:50
    dos limites da Democracia né
  • 00:46:54
    esse estado que foi visto com grande
  • 00:46:56
    desconfiança né nos últimos anos e
  • 00:47:00
    parece que é um instrumento decisivo de
  • 00:47:02
    novo para minorar os males da tendência
  • 00:47:05
    da desigualdade
  • 00:47:06
    por meio não só das políticas de
  • 00:47:08
    distribuição de renda mas também por
  • 00:47:11
    mecanismo de tributação Então me parece
  • 00:47:13
    que o futuro agora ele não cabe apenas
  • 00:47:17
    aos esforços individuais a retomada de
  • 00:47:20
    uma ideia de que o mercado né e os
  • 00:47:24
    esforços individuais meritocráticos
  • 00:47:25
    resolvem os impasses seriam individuais
  • 00:47:29
    e coletivos eu acho que os nossos
  • 00:47:31
    impasses como por exemplo a pandemia
  • 00:47:33
    mostrou são quase que só vão ser
  • 00:47:36
    resolvidos coletivamente meio ambiente
  • 00:47:38
    quer dizer o meio ambiente é o tema
  • 00:47:39
    fundamental do futuro e o meio ambiente
  • 00:47:41
    não se resolve mais agora com um único
  • 00:47:44
    país fazendo uma política precisa ser
  • 00:47:47
    uma política de coordenação coletiva
  • 00:47:49
    novamente
  • 00:47:51
    padrão de consumos exorbitantes quer
  • 00:47:54
    dizer isso impacta na sustentabilidade e
  • 00:47:57
    no nosso próprio futuro
  • 00:47:58
    acho que a gente vive um 2022 que
  • 00:48:03
    precisa ser um Marco de um passado né
  • 00:48:06
    porque o nosso futuro precisa ser
  • 00:48:09
    diferente do nosso presente acho que a
  • 00:48:11
    gente precisa reconstruir reconstruindo
  • 00:48:13
    a partir de Marcos importantes da nossa
  • 00:48:16
    cultura moderna de valores e de
  • 00:48:18
    igualdade de valores de democracia e é a
  • 00:48:22
    desigualdade assim como o meio ambiente
  • 00:48:24
    Acho que são questões fundamentais a
  • 00:48:26
    serem enfrentadas coletivamente
  • 00:48:30
    [Música]
  • 00:48:32
    mais reflexões no site e Facebook do
  • 00:48:34
    Instituto CPFL e no canal do Café
  • 00:48:37
    Filosófico no YouTube
  • 00:48:40
    é difícil falar por exemplo de
  • 00:48:43
    meritocracia numa sociedade brasileira
  • 00:48:45
    onde o ponto de partida é extremamente
  • 00:48:48
    desigual da população
  • 00:48:50
    [Música]
Tag
  • Brasil
  • Desigualdade
  • História
  • Independência
  • Renda
  • Riqueza
  • Constituição
  • Racismo
  • Políticas Públicas
  • Futuro