00:00:00
[Música]
00:00:25
adolescência uma fase cheia de mistérios
00:00:28
medos e angústias um período de
00:00:31
indefinições de busca de descobertas com
00:00:34
os hormônios em disparada o corpo passa
00:00:37
por transformações intensas e
00:00:39
incontroláveis para entender a
00:00:41
adolescência do presente precisamos
00:00:43
entender a adolescência do
00:00:46
passado quando
00:00:48
vocês vem aquelas primeiras fotos de
00:00:53
crianças e adolescentes no início do
00:00:56
século XX vocês vão ver uma coisa
00:00:58
interessante que são pequenas crianças
00:01:02
ou
00:01:03
adolescentes vestidos de adultos com as
00:01:06
mesmas roupas que os adultos usam bonés
00:01:10
chapéus e calças curtas
00:01:14
mas com os mesmos modelos de ados não
00:01:18
existia moda para criança nem moda para
00:01:21
adolescente porque se
00:01:24
considerava que a criança e o
00:01:26
adolescente eram pequenos adultos
00:01:30
ingênuos adultos mais pequenos
00:01:33
adultos Quando essas crianças
00:01:36
ingênuas atingiam uma idade de 12 13
00:01:40
anos as meninas as mulheres já se
00:01:44
preparavam pro casamento e raramente
00:01:49
elas tinham a chance de escolher o seu
00:01:53
parceiro e eram Preparadas para esse
00:01:55
casamento dirigidas à
00:01:58
maternidade e E essas mulheres com 14 15
00:02:02
16 anos se tornavam mães e passavam a se
00:02:07
dedicar mais a seus filhos do que a seus
00:02:10
maridos e os meninos com 12 13 anos no
00:02:13
início do século eles iam pro campo ou
00:02:18
iam pro Ofício dos seus pais e começavam
00:02:22
uma vida
00:02:23
adulta sem passar pela síndrome da
00:02:28
adolescência normal
00:02:30
ninguém via o sofrimento que esses
00:02:33
sujeitos tinham passando por toda a
00:02:36
mudança hormonal ah a Sexualidade que
00:02:40
tava em
00:02:41
jogo mas de alguma forma esses meninos e
00:02:46
meninas tinham um ganho fundamental nas
00:02:50
suas vidas eles enlouqueciam Muito pouco
00:02:56
adoeciam muito pouco porque eles tinham
00:02:59
tido
00:03:01
uma uma coisa que a gente chama de um
00:03:04
investimento
00:03:06
libidinal libido é o termo que nós
00:03:08
usamos para amor em
00:03:11
psicanálise o investimento de amor que
00:03:15
as
00:03:17
mães davam a seus filhos porque a maior
00:03:20
parte do tempo elas viviam pros seus
00:03:22
filhos o investimento libidinal que elas
00:03:25
davam paraos seus filhos era muito alto
00:03:27
era muito grande porque elas Pass o
00:03:30
tempo todo vivendo como mães Então
00:03:34
apesar de a gente não
00:03:37
ter chance de acudir o adolescente na
00:03:41
sua adolescência ele tinha tido uma boa
00:03:44
infância tinha mamado naqueles
00:03:48
peitos
00:03:49
generosos tinha escutado cantigas de
00:03:52
ninar durante muito tempo tinha
00:03:56
convivido com a sua mãe às vezes com seu
00:04:00
pai que chegava cedo do da marcenaria do
00:04:03
trabalho do campo então o sofrimento da
00:04:08
adolescência era engolido por essa
00:04:12
riqueza afetiva que ele tinha tido
00:04:14
durante essa
00:04:16
infância
00:04:19
[Música]
00:04:23
Generosa a história da psiquiatria nos
00:04:26
mostra poucos relatos de
00:04:30
doentes ou de suicídios de adolescentes
00:04:33
no início do século XX até os anos de
00:04:40
4045
00:04:42
bom Felipe arer um historicista um
00:04:47
Historiador nos mostra que dos anos de
00:04:49
25
00:04:51
1925 1930 em diante as pessoas começaram
00:04:56
a ter mais filhos principalmente aqui no
00:04:58
Brasil e
00:05:00
e os adolescentes começaram a se casar
00:05:04
um pouco mais tarde
00:05:06
e nos separando um pouco mais dos nossos
00:05:10
pais
00:05:13
eh indo mais pra escola pros
00:05:16
internatos os meninos indo pro exército
00:05:20
nós começamos a notar Ah já o
00:05:23
aparecimento de
00:05:25
ã sentimentos de adolescente necessidade
00:05:29
de
00:05:30
privacidade e nos anos 35 40 nós já
00:05:36
temos relatos na história do
00:05:39
aparecimento dos Diários lembra-se dos
00:05:42
Diários das meninas fazendo diários
00:05:46
começar a colocar uma angústia
00:05:51
interna na palavra escrita e pela
00:05:55
primeira vez na história Nós tomamos
00:05:58
contato de que
00:06:00
há uma angústia
00:06:02
prevalente nessa época de vida a
00:06:05
necessidade de
00:06:08
contar mesmo que seja pro papel um
00:06:14
profundo
00:06:15
sentimento de que falta alguma coisa de
00:06:20
que há alguma coisa pesada nessa fase de
00:06:24
vida e nasce um
00:06:28
fenômeno
00:06:30
que infelizmente nós perdemos hoje que é
00:06:33
o fenômeno da
00:06:34
amizade a amizade o vínculo
00:06:38
afetivo que que é amizade é a
00:06:42
transferência do amor que se tem na
00:06:45
família para um outro as meninas começam
00:06:50
a ter amigas elas transferem o amor da
00:06:54
mãe pra amiga e alguns meninos começam
00:06:59
também a formar amizades dentro do
00:07:03
colégio interno dentro do exército
00:07:06
dentro da ACM dentro dos grupos de
00:07:09
esporte do futebol do basquete que eles
00:07:12
começam e começam a fazer uma
00:07:15
transferência da relação com o pai pra
00:07:18
relação com
00:07:20
amigo os anos 35
00:07:23
3040 dão a chance do do adolescente se
00:07:30
separar não fisicamente mas
00:07:33
afetivamente da relação de família no
00:07:36
próximo bloco A Guerra traz a
00:07:45
melancolia sentimentos que antes ficavam
00:07:48
soterrados por obrigações sociais e
00:07:50
familiares agora ganham espaço o jovem
00:07:53
começou a dar vazão a angústia de ser
00:07:56
adolescente e outras mudanças igualmente
00:07:58
profundas começam a se anunciar nós
00:08:02
estamos saindo da primeira grande
00:08:05
guerra que trouxe pra Europa
00:08:11
eh um pouco pro Brasil mas muito pra
00:08:15
Europa um sentimento muito forte de
00:08:19
descrença pela morte dos filhos a
00:08:22
primeira grande Guerra trouxe um estado
00:08:26
mórbido paraa Europa de repente passado
00:08:31
muito pouco tempo nós temos a Segunda
00:08:33
grande Guerra e nós nos envolvemos na
00:08:35
Segunda grande Guerra e a Segunda grande
00:08:38
Guerra
00:08:40
instaura no mundo
00:08:43
ocidental um sentimento muito complicado
00:08:46
que é a
00:08:50
a melancolia que é uma
00:08:55
forma
00:08:57
sombria da depressão
00:08:59
um sentimento profundo de descrença e o
00:09:03
medo maior de que os filhos nos vão ser
00:09:09
tirados Porque vão ser chamados à guerra
00:09:13
aí nós estamos nos anos 50 onde
00:09:18
nasce na adolescência presente aquilo
00:09:22
que a gente chamou de juventude
00:09:26
transviada de filhos que já começam a
00:09:30
existir comos seus 16 17 anos ligados a
00:09:37
necessidade de um prazer
00:09:42
ã um prazer
00:09:44
eh necessário ligado ao álcool a
00:09:47
motocicleta que era um símbolo
00:09:50
eh importante disso e
00:09:55
ã morrendo com muita facilidade
00:09:59
mas com uma história de pais que
00:10:03
começaram
00:10:04
a não mais
00:10:08
investir seus
00:10:10
seios sua presença e seu
00:10:14
amor de uma maneira mais intensa nos
00:10:17
seus filhos pelo medo
00:10:21
inconsciente da perda que iam ter em
00:10:26
função da Guerra em função
00:10:30
da Morte iminente então Nasce Uma
00:10:35
Geração sem o investimento libidinal dos
00:10:39
Pais nos anos 60 70 nós temos a
00:10:44
geração que veio depois dessa com menos
00:10:49
investimento
00:10:50
libidinal nasce a chuquinha nasce o
00:10:54
leite Ninho a necessidade de dizer deixa
00:10:58
seu filho no berço não perca tempo com o
00:11:00
seu filho né que é a
00:11:04
consequência da morbidez que a
00:11:07
melancolia eh passada deixou começa a
00:11:12
moda pra criança a criança para de se
00:11:15
vestir como um um um pequeno tolo adulto
00:11:20
e e cada vez mais né então os anos 60 70
00:11:27
80
00:11:30
a
00:11:31
melancolia de perder o
00:11:34
filho vai se confundindo com uma
00:11:39
sociedade que vai vivendo
00:11:42
mais o momento do já o momento presente
00:11:47
então nós começamos a aumentar o consumo
00:11:50
e nós começamos
00:11:53
a viver dois sentimentos complicados a
00:11:59
descrença a descrença na política a
00:12:02
descrença na boa ciência porque a boa
00:12:06
ciência nos trouxe a arma a bomba a
00:12:10
descrença na religião e a crença numa
00:12:14
coisa que a gente chama de princípio do
00:12:18
prazer de Que nós tínhamos que viver a
00:12:22
vida mais num momento e começar a fazer
00:12:27
com que nossos filhos
00:12:29
tivessem recursos para prazer então nós
00:12:33
começamos
00:12:35
a desinvestir ainda
00:12:39
mais o nosso filho real real de rei
00:12:45
nosso filho deixou de ser o rei do nosso
00:12:50
desejo e passou a ser o rei dele
00:12:57
mesmo
00:13:01
nós começamos a
00:13:04
destituir o que a gente chama em
00:13:07
psicanálise a
00:13:09
neurose que é uma necessidade Nossa a
00:13:14
neurose é a formação em nós humanos de
00:13:18
um tripé que nos dá a sobrevivência para
00:13:21
viver o tripé é a raiva o medo e a culpa
00:13:27
esse tripé
00:13:29
é a maneira pela qual a gente passeia
00:13:32
pela vida sem adoecer o equilíbrio desse
00:13:36
tripé é o que nos dá
00:13:41
a proteção pro desamparo a proteção pra
00:13:45
gente
00:13:46
eh sobreviver a
00:13:49
angústia quando esse tripé se
00:13:52
desequilibra quando esse tripé não se
00:13:55
faz nós começamos a viver uma coisa que
00:13:58
se chama
00:14:00
perversão que é
00:14:03
o o avesso da neurose então nós
00:14:06
começamos a criar
00:14:09
crianças sem o investimento libidinal
00:14:12
possível para que ela se torne neurótica
00:14:15
para que ela tenha o medo a raiva e a
00:14:18
culpa como que nós começamos a fazer
00:14:20
isso nós começamos a fazer isso
00:14:24
permitindo que
00:14:26
esses pequenos tiranos
00:14:31
Ah quando eles entram em medo a gente
00:14:35
tira o medo deles o medo é muito
00:14:38
importante para nós quando uma criança
00:14:40
sente medo a gente tem que dizer a ela
00:14:43
que ela pode ter medo quando uma criança
00:14:46
sente medo hoje ontem nos no final dos
00:14:49
anos
00:14:52
1900 nós dizíamos a ela que ela não não
00:14:56
tenha medo não você não precisa ter medo
00:14:59
a gente acende a luz a gente diz que
00:15:01
bicho papão não existe que a mulher
00:15:03
loira do banheiro não existe e a gente
00:15:05
vai tirando dela a capacidade dela se
00:15:10
proteger porque o medo é Nossa proteção
00:15:12
quando ela tá com raiva a gente elimina
00:15:16
a raiva dela dando algo para que essa
00:15:20
raiva passe eh filhinha vamos jantar não
00:15:24
quero jantar Ah então come um sonho de
00:15:27
valsa mas não grite Não chore porque dói
00:15:32
o ouvido da mamãe e a culpa né E aí
00:15:37
quando uma criança entra em culpa a mãe
00:15:40
entra em culpa junto aí ela tira a culpa
00:15:43
da
00:15:43
Criança e aí nós
00:15:45
[Música]
00:15:49
destituído e criamos uma sociedade
00:15:52
perversa que que é uma sociedade
00:15:54
perversa é a sociedade que começa a ter
00:15:57
prazer cando dano ao
00:16:00
outro Essa sociedade que tá aí fora
00:16:03
riscando parede assaltando e nós damos
00:16:07
início a uma violência complicada o não
00:16:10
investimento dos Pais nos filhos esse
00:16:13
amor perdido esse amor não dado a
00:16:18
retirada desse investimento pelo medo da
00:16:21
perda gerou uma coisa que foi a perda da
00:16:27
identidade os adolescentes as crianças
00:16:31
os adolescentes começaram a não ter com
00:16:33
que se identificar e como nós já íos
00:16:37
esse movimento de vir para fora e fazer
00:16:41
amizades esses grupos começaram a criar
00:16:45
uma identidade então nós começamos a ter
00:16:48
os rips mais paraa frente nos anos 90 os
00:16:54
emo os
00:16:56
skinheads para ter uma identidade só que
00:16:59
é uma identidade que não se consagra uma
00:17:03
identidade que não se faz aí o esforço
00:17:07
para ter outra identidade a tatuagem a
00:17:11
tatuagem mas uma tatuagem
00:17:14
só já vazou a identidade Então faz outra
00:17:17
depois outra depois outra E hoje nós
00:17:20
temos gente que tatua o corpo inteiro
00:17:23
Como se quisesse ter outro corpo outra
00:17:27
pele próximo bloco o desejo
00:17:35
fundamental a busca por uma identidade é
00:17:38
uma das grandes questões da adolescência
00:17:40
por isso nos deixa tão preocupados de
00:17:43
onde vem tanto medo tanta angstia tanta
00:17:46
ansiedade no século
00:17:49
passado num dos seus seminários mais
00:17:52
importantes jaqu lac um psicanalista
00:17:56
francês ouviu
00:17:59
durante uma das suas noites num dos seus
00:18:02
seminários ouviu algo
00:18:06
assim o que nós os
00:18:09
humanos procuramos na nossa
00:18:13
vida nós produzimos coisas nós vamos pro
00:18:18
trabalho nós vamos paraa faculdade nós
00:18:21
vamos atrás de um doutorado nós vamos
00:18:23
atrás de dinheiro nós vamos atrás de
00:18:25
tudo mas sempre nós ficamos com esse
00:18:29
desamparo com essa angústia
00:18:33
fundamental Qual é a coisa Ah Que coisa
00:18:38
é essa atrás da qual todos nós vamos
00:18:43
Qual é o desejo fundamental nosso e
00:18:46
Lacan responde assim o desejo
00:18:49
fundamental do ser humano é o desejo de
00:18:52
ser desejado a gente se veste a gente se
00:18:57
embeleza a gente vai atrás de valores
00:19:01
sociais valores
00:19:04
pessoais para buscar esse desejo
00:19:08
fundamental que foi perdido em algum
00:19:12
lugar nossos
00:19:14
adolescentes buscam
00:19:18
isso quando eles não encontram esse
00:19:21
desejo fundamental no piercing na
00:19:24
tatuagem às vezes eles vão pro álcool o
00:19:27
álcool é um depressor do sistema nervoso
00:19:30
central quando se bebe
00:19:33
álcool em alguma
00:19:36
quantidade essa
00:19:38
angústia
00:19:39
fundamental de uma falta de identidade
00:19:42
ela passa o que é essa
00:19:45
angústia essa angústia a tradução de
00:19:48
angústia angst Fall em alemão é
00:19:52
desamparo desamparo quando é que uma
00:19:55
criança um adolescente fica desamparado
00:19:58
quando ele não sabe se ele é desejado
00:20:02
uma vez um menino me disse assim tio eu
00:20:06
tô gostando muito de uma menina da minha
00:20:09
escola e eu achei aquilo muito bom e aí
00:20:11
ele me disse é a mesma que todos os
00:20:14
meninos
00:20:17
gostam
00:20:19
então provavelmente eu não vou ser o
00:20:22
escolhido e essa angústia é terrível é
00:20:26
terrível percebe é um bem que faz mal e
00:20:31
como é que eu luto por ela então todos
00:20:35
lutam por ela todos lutam por ela eu
00:20:37
imagino a angústia das outras meninas
00:20:40
como é que deve ser
00:20:42
né e dessa que não vai poder escolher
00:20:45
nenhum porque a hora que ela escolher um
00:20:49
ela deixa de ser um objeto de desejo do
00:20:53
desejo dos outros percebe que loucura
00:20:55
que é isso né quando que a gente sente
00:20:58
Que A Gente É desejado pelo outro que a
00:21:00
gente é um desejo do outro quando existe
00:21:03
uma história que marca isso quando
00:21:06
existe
00:21:07
um uma continuidade uma linearidade que
00:21:10
marca isso quando existem sinais que
00:21:13
marcam isso e quando existe a chance da
00:21:18
gente poder se dirigir a essa pessoa ou
00:21:21
a esses seres e poder dividir a nossa
00:21:25
angústia Então tá lá minha mãe em casa e
00:21:29
eu vou sentar com ela e vou
00:21:31
falar da pessoa que eu
00:21:34
gosto vou falar que eu tô me sentindo
00:21:38
gordo e ela não vai me criticar ela vai
00:21:41
me ouvir ela vai me acolher essa
00:21:45
referência de que o desejo dele suporta
00:21:49
minha
00:21:50
angústia é muito
00:21:53
importante nós não temos isso por isso
00:21:56
os consultórios estão
00:21:59
cheios de de adolescentes e crianças
00:22:02
tentando dividir com os seus terapeutas
00:22:04
com as suas fonos com as suas pedagogas
00:22:07
essa angústia essa angústia e o que a
00:22:12
gente sabe hoje é que às vezes alguns
00:22:16
sintomas ir mal na escola se machucar
00:22:21
Nós temos muitas meninas que hoje se
00:22:24
cortam com
00:22:25
estiletes ou adoecem
00:22:29
facilmente alguns
00:22:31
sintomas são
00:22:35
eh
00:22:37
especialidades dos
00:22:39
adolescentes para ver se despertam nos
00:22:43
cuidadores esse desejo que falta se
00:22:47
angustiam os pais para ver se
00:22:52
desperto mas infelizmente se não existe
00:22:55
um desejo a priori esse desejo não
00:22:59
consegue ser despertado mas o que a
00:23:03
gente percebe é que muitos filhos não
00:23:06
foram
00:23:09
desejados querer ter um filho não é
00:23:12
igual a querer um filho não sei se vocês
00:23:15
compreendem que eu tô falando esse
00:23:17
desejo não tá pronto na cabeça de uma
00:23:21
sociedade Consumista Às vezes o filho
00:23:24
entra como objeto de consumo Então vamos
00:23:27
ter um filho
00:23:29
percebe agora vamos ter dois percebe
00:23:31
agora vamos pôr lá PR babá cuidar pra
00:23:34
escola cuidar e às vezes alguns pais
00:23:36
imaginam que a escola teria que suprir
00:23:40
essa coisa que não foi suprida em casa
00:23:43
ou que a sociedade teria que suprir isso
00:23:46
mas isso não funciona a nossa referência
00:23:49
de
00:23:50
vida é foi e será sempre dirigida a essa
00:23:58
necessidade fundamental de sermos
00:24:01
[Música]
00:24:05
desejados como essa
00:24:08
angústia não atrapalha a vida de
00:24:13
ninguém quando nós
00:24:16
nascemos nós
00:24:19
precisamos
00:24:21
formar
00:24:23
uma entidade psíquica em nós que a gente
00:24:27
dá um nome de
00:24:28
ego para que esse ego seja formado é
00:24:32
necessário que a gente tenha um
00:24:35
cuidador Pelo menos durante o primeiro
00:24:39
ano de vida
00:24:41
inteiro e esse cuidador tem que ser o
00:24:44
mesmo cuidador de preferência a
00:24:46
[Música]
00:24:51
mãe e essa mãe ela tem que tomar o
00:24:54
cuidado para que nosso dia tenha uma
00:24:57
rotina
00:24:58
nosso quarto seja o mesmo quarto nosso
00:25:01
berço seja o mesmo berço durante um ano
00:25:05
para criar uma coisa que se chama pontos
00:25:09
de fixação que são os pontos de fixação
00:25:12
é onde os cérebro e o psiquismo se
00:25:16
encontam e a criança começa a ter um
00:25:20
sentimento chamado sentimento de
00:25:22
pertinência isso é fundamental para
00:25:26
nós
00:25:31
do segundo ano de vida até o quinto ano
00:25:34
de vida e o cérebro dela vai evoluir E
00:25:39
vai ganhar um um aditivo muito
00:25:43
complicado que é o funcionamento da
00:25:46
amídala
00:25:47
cerebral amídala cerebral é o nosso
00:25:51
condutor do
00:25:53
medo e da raiva que são os dois pontos
00:25:57
fundamentais a
00:25:59
neurose Como funciona uma criança normal
00:26:02
uma criança normal é aquela criança onde
00:26:05
quando ela é tirada do
00:26:08
Prazer se ela for
00:26:10
normal ela
00:26:13
grita xinga se joga no chão Faz birra e
00:26:19
como o cuidador dessa criança tem que
00:26:22
reagir tem que suportar
00:26:25
isso suportar isso
00:26:28
sem reagir de volta sem xingá-la sem
00:26:31
bater nela sem crucificá-lo sem
00:26:34
puni-la e esperar esse reloginho da
00:26:37
amídala cerebral ter começo meio e fim
00:26:41
para que a criança saiba que ela pode
00:26:44
suportar essa frustração quando uma
00:26:46
criança sente que ela
00:26:50
suporta a
00:26:52
frustração ela começa a ficar forte e
00:26:56
esse ego construído do primeiro ano de
00:26:58
vida faz ela ficar mais
00:27:01
forte quando uma criança Faz birra e a
00:27:04
mãe bate ou a mãe chora ou a mãe vai
00:27:07
embora essa criança começa a se sentir
00:27:09
má uma criança má E aí melan Klein que
00:27:15
foi uma estudiosa dessa maldade das
00:27:18
Crianças dizia que essa criança má
00:27:22
nesses dos dois aos 5 anos de vida ela
00:27:27
não vai conseguir retirar mais essa
00:27:30
identidade de uma criança Má e vai
00:27:35
crescer com essa angústia de que sendo
00:27:39
má quem vai
00:27:40
desejá-la e aí nós vamos ter problema na
00:27:44
[Música]
00:27:48
adolescência aos 6 anos de idade nós
00:27:53
vamos
00:27:54
então montar a nossa neurose
00:27:58
como aparece a neurose dos 6 aos 11 anos
00:28:00
de idade através das neuroses
00:28:05
tiques piscar o olho enfiar o dedo no
00:28:08
nariz
00:28:10
H começar a ter Mania não quer que
00:28:13
misture arroz com feijão
00:28:16
e o terceiro item da neurose o
00:28:20
medo o
00:28:22
medo Às vezes as pessoas estão sentadas
00:28:26
na sala e a criança tá com sede e ela
00:28:29
quer ir até o o lugar ae tem água e ela
00:28:34
fica assim Mãe tô com sede e tem 9 anos
00:28:38
H vamos comigo tomar água por que filho
00:28:41
Porque eu tô com medo medo do quê
00:28:44
hã Tô com medo do fantasma
00:28:49
percebe e eu vou com você tomar água mas
00:28:53
por que tem fantasma não porque tem medo
00:28:55
essa neurose
00:28:58
é a que nos protege da Loucura dos 6 aos
00:29:01
11 anos nossos filhos precisam desse
00:29:05
medo e nós temos que acolhê-los nesse
00:29:08
[Música]
00:29:13
medo na
00:29:16
adolescência a
00:29:18
neurose vem através do
00:29:22
desamparo através da
00:29:24
angústia o tamanho o tamanho dos seios
00:29:29
ã a moda o grupo
00:29:33
eh o futuro
00:29:36
Eh que que você vai ser filha que que
00:29:38
você que que que profissão você vai
00:29:40
escolher não sei É uma angústia muito
00:29:44
grande essa eu queria ser professora Mas
00:29:48
se eu falar isso me matam percebe então
00:29:52
eu tenho que escolher uma coisa que não
00:29:54
tire o desejo dos outros sobre mim o que
00:29:58
se faz com essa angústia essa angústia
00:30:00
tem que ser trazida para dentro de casa
00:30:03
e transformada em
00:30:06
fala como que a angústia do Adolescente
00:30:10
aparece através da neurose através da
00:30:14
raiva do medo e da
00:30:18
culpa precisa ter alguém em casa para
00:30:21
perceber isso nossa meu filho tá nervoso
00:30:24
a gente fala bom dia para ele ele fala
00:30:26
um palavrão
00:30:28
Então tá
00:30:32
normal e o que é necessário fazer ficar
00:30:36
perto dele e Senta aqui vamos conversar
00:30:42
mas eu não quero conversar com
00:30:44
você importância eu vou ficar aqui perto
00:30:47
de você até a hora que você quiser
00:30:49
conversar comigo eu não vou assistir a
00:30:52
novela não vou conversar com o seu pai
00:30:54
se tiver um pai perto eu vou vou ficar
00:30:57
aqui perto de você e aí vai acontecer o
00:31:01
fenômeno
00:31:02
fundamental da angústia primeiro a raiva
00:31:06
que que está querendo de mim você é
00:31:11
chata depois o
00:31:14
medo então
00:31:16
Eh o medo que a mãe não saiba lidar com
00:31:20
aquilo e aí a angústia
00:31:24
Mãe eu tô gostando da fulana Mas ela já
00:31:29
tem dois
00:31:31
namorados mãe eu não sei química eu não
00:31:36
consigo aprender química precisa ter
00:31:38
alguém que suporte a neurose para que a
00:31:41
angústia venha no próximo bloco a
00:31:44
adolescência de hoje e de
00:31:51
amanhã o mundo está mudando cada vez
00:31:54
mais rápido cada nova geração parece
00:31:57
trazer um novo significado para a
00:32:00
adolescência O que é então ser
00:32:02
adolescente
00:32:04
hoje a
00:32:06
adolescência deixou de ser um período
00:32:11
orgânico aonde os hormônios chegam e
00:32:15
passou a ser um período
00:32:17
conceitual hoje a gente vê meninos de 8
00:32:21
anos 9 anos travestidos de
00:32:26
adolescentes alguns com piercing
00:32:28
alargadores na orelha não lidam com a
00:32:33
afetividade eles não t
00:32:36
amigos as meninas não fazem diários
00:32:40
porque não dá tempo porque elas têm que
00:32:43
deixar recados no msn no Facebook e elas
00:32:49
não não tem a
00:32:52
transferência da família pros amigos
00:32:55
porque como não há vínculo em casa eles
00:32:58
não fazem a transferência aqui para fora
00:33:00
então o que que eles vivem então eu vou
00:33:02
contar o que eu escuto deles eles têm um
00:33:06
monte de gente com quem eles convivem
00:33:10
que são parceiros de prazer mas se eles
00:33:14
precisarem de um amigo aonde eles
00:33:18
precisem de uma relação afetiva Eles não
00:33:20
têm eles não TM um amigo eles têm
00:33:23
parceiros de prazer e nós não um fim PR
00:33:27
adolescência nós não temos um fim hoje
00:33:31
alguns pais de
00:33:34
adolescentes se vestem como adolescentes
00:33:37
Vivem como adolescentes agem como
00:33:40
adolescentes tem grupos como
00:33:42
adolescentes e vivem com os filhos de
00:33:45
igual para
00:33:47
igual sem nenhuma condição de perceberem
00:33:53
um filho
00:33:55
angustiado
00:34:00
o
00:34:01
desamparo das Crianças tanto da classe Z
00:34:06
que eu conheço muito bem como da Classe
00:34:09
A o desamparo a solidão delas vai
00:34:14
obrigando-as a buscarem padrões de
00:34:17
identidade e a sociedade Industrial vai
00:34:21
oferecendo isso vai oferecendo padrões
00:34:24
de identidade Então você hoje tem filmes
00:34:27
filmes que são feitos com crianças de
00:34:29
menor idade travestidas de adolescentes
00:34:33
travestidas
00:34:34
de Então você vai descendo a idade vai
00:34:38
descendo também o consumo é a busca pela
00:34:42
angústia de uma identificação com algo
00:34:46
que lhe dê uma sensação de tá
00:34:49
pertencendo a algo percebe Mas como isso
00:34:56
não funciona
00:34:57
porque pra gente poder sentir que a
00:35:00
gente pertence a algo é necessário que
00:35:03
haja o desejo do
00:35:06
outro a gente se sentir
00:35:09
desejado a roupa dura muito pouco tempo
00:35:13
e daqui a pouco ela chega e fala quero
00:35:15
comprar outra roupa Preciso comprar
00:35:17
então hoje os nossos guarda-roupas tem
00:35:20
milhares de roupas algumas até com
00:35:23
etiqueta não sei se vocês já viram isso
00:35:27
percebe
00:35:29
porque na verdade o prazer da roupa é
00:35:33
comprá-la que é o engodo Parece que
00:35:36
agora que eu comprei a roupa eu ganhei
00:35:39
uma identidade quando eu chego em casa e
00:35:42
visto a roupa parece que ela só ficou
00:35:44
boa na loja já tiveram essa
00:35:47
sensação porque a nossa identidade não
00:35:50
tá nisso tá em querer ser desejado por
00:35:53
alguém eu tenho medo do futuro porque
00:35:57
Se as pessoas não entenderem a
00:36:00
importância disso de a gente perder
00:36:03
tempo com o nosso amor com outro nós
00:36:06
vamos ter um
00:36:07
caos o número de suicídio já é grande
00:36:10
entre os adolescentes muito alto né
00:36:13
porque eles eles
00:36:16
eh se frustram e se matam
00:36:19
ou a minha namorada não quer mais
00:36:22
namorar comigo eu vou lá e mato ela
00:36:25
percebe já já viram como é então assim a
00:36:29
violência é o sinal da perversão
00:36:32
ausência da neurose na neurose a gente
00:36:35
chora porque a namorada não quer mais me
00:36:38
namorar e vai pro colo da avó da mãe Do
00:36:43
pai como não tem esse colo eu mato quem
00:36:46
tá me provocando
00:36:48
dor compreende então eu tenho medo do
00:36:51
que vem por aí se a gente não acordar
00:36:54
logo eu não sei quem que vai acordar
00:36:58
esse povo todo mas nós temos que acordar
00:37:00
as pessoas que vem por aí essas gerações
00:37:02
que estão vindo aí o que uma mãe pode
00:37:04
fazer para não ter a síndrome de Ninho
00:37:07
vazio quando nossos filhos saem de casa
00:37:10
e vão morar longe mudam de país ou vão
00:37:14
morar vão pra faculdade em outra
00:37:17
cidade o que acontece é a perda de uma
00:37:21
dinâmica familiar que às vezes nem era
00:37:23
tão boa assim às vezes ela se
00:37:27
suportam por causa da presença de um
00:37:32
filho quando esse filho sai passou no
00:37:35
vestibular O casal tem que regredir a
00:37:40
sua vida de casal e de repente eles
00:37:43
descobrem que faz 18 anos que eles vivem
00:37:48
como
00:37:50
pais e eles têm que voltar a viver como
00:37:53
um casal e eles têm que reaprender isso
00:37:57
e às vezes eles não querem mais então a
00:38:00
síndrome do ninho vazio às vezes é um
00:38:04
sintoma ruim para um casal que vai ter
00:38:09
que agora conviver com filho a menos
00:38:12
cuidando de um filho que eles não
00:38:15
prestavam muita atenção ou cuidar de um
00:38:18
casal que tava descuidado até agora
00:38:21
porque
00:38:22
eh o papel que viviam a dinâmica que
00:38:25
viviam apenas a dinâmica de pai e mãe e
00:38:30
a questão do filho longe o medo da perda
00:38:35
do filho que se que venha a consciência
00:38:39
não se esqueçam que como a nossa
00:38:42
qualidade afetiva às vezes não é muito
00:38:48
boa uma criança um adolescente
00:38:51
problemático no nosso meio justifica
00:38:55
nossas
00:38:58
quando esse adolescente sai nós ficamos
00:39:01
sem justificativa a gente chama isso de
00:39:05
B
00:39:08
expiatório às vezes nós que trabalhamos
00:39:12
com
00:39:14
adolescentes às vezes nós
00:39:17
conseguimos ajudar esses
00:39:20
adolescentes e às vezes eles param de
00:39:24
usar
00:39:25
droga às vezes Eles saem da perversão e
00:39:30
entram na neurose e se tornam bons boas
00:39:36
pessoas param de agredir os pais voltam
00:39:40
a
00:39:41
estudar e os pais se
00:39:45
separam
00:39:47
percebe então eu posso contar para
00:39:50
vocês mais que meus dedos das mãos e dos
00:39:54
pés casos
00:39:57
onde a Vitória a minha vitória
00:40:01
terapêutica a minha vitória como
00:40:05
profissional se tornou complicada porque
00:40:08
a sobrevivência daquela família era
00:40:11
Justamente
00:40:14
a a
00:40:16
patologia daquele
00:40:18
adolescente Então os pais todo dia
00:40:23
angustiados procurando juntos no
00:40:26
guarda-roupa aonde tava Maria Juana lá a
00:40:29
maconha aonde tava no guarda-roupa o
00:40:32
cachimbo de craque aonde tava e de
00:40:34
repente esse
00:40:36
adolescente se liga a mim transfere para
00:40:39
mim coisas que ele precisava transferir
00:40:41
melhora muda
00:40:44
ã tira o alargador da
00:40:47
orelha começa a ter um discurso
00:40:49
diferente na vida volta pra escola é
00:40:52
reac colhido na escola da onde ele saiu
00:40:55
n
00:40:57
Mal começa a ficar em
00:41:00
casa começa a estudar e os pais se
00:41:05
separam porque acabou a função deles de
00:41:11
horrorizados e isto também tem que ser
00:41:15
levado em conta quando a gente fala da
00:41:17
síndrome do ninho vazio Às vezes a saída
00:41:22
de um filho de casa termina a única
00:41:27
função que um casal tinha na vida então
00:41:31
nós precisamos pensar em tudo isso tudo
00:41:33
isso além claro uma pessoa boa sente
00:41:38
falta de um filho que ama e essa é a
00:41:41
última resposta que a gente pode dar tem
00:41:44
gente Normal também no
00:41:47
mundo no Café Filosófico de hoje o
00:41:50
psicólogo Ivan capelato percorreu a
00:41:52
história de olho na adolescência e nas
00:41:55
questões que a aflige esse período tão
00:41:57
turbulento das nossas vidas esta e
00:42:00
outras palestras você encontra na
00:42:02
íntegra no site da CPFL Cultura tchau e
00:42:06
até o próximo
00:42:08
[Música]
00:42:25
café
00:42:27
[Música]
00:42:55
k
00:42:59
[Música]
00:43:10
C