Uma política de sobrevivência para o decênio decisivo com Luiz Marques

O programa começa com uma apresentação do livro 'Desenho Decisivo', de Luiz Marques, professor da Unicamp. Ele discute as questões ambientais e a urgência de ações para enfrentar as crises climáticas que se intensificam no Brasil e globalmente, contrastando com seu livro anterior, 'Capitalismo e Colapso Ambiental'.

Luiz Marques explica que o decênio atual é 'decisivo' devido à aceleração da crise climática, que desafia as percepções humanas de previsibilidade. Ele destaca dados sobre o aumento da temperatura média global e a necessidade de uma ação drástica para enfrentar essa realidade, evidenciando a falta de preparo mental da sociedade para lidar com as mudanças climáticas.

Ele discorre sobre o conceito de feedback positivo e o fenômeno das retroalimentações no sistema climático. Um exemplo claro é a redução do gelo no Ártico, que resulta em mais aquecimento devido à maior absorção de calor pelo oceano. Essa dinâmica viciosa exige uma ação rápida e eficaz.

A importância do tempo na adaptação das estratégias de mitigação climática é enfatizada. Marques alerta que mesmo que ações sejam tomadas, já existe um nível de aquecimento embutido que impactará severamente a sociedade, ressaltando a urgência das duas próximas décadas para conter o desastre.

Marques menciona que, globalmente, o maior responsável pelas emissões de gases de efeito estufa é a queima de combustíveis fósseis. No Brasil, o sistema alimentar, particularmente o desmatamento para a agropecuária, é apontado como a principal fonte de emissões, destacando a responsabilidade do agronegócio na crise ambiental do país.

Ele critica as práticas do agronegócio no Brasil, que frequentemente desmatam em prol da expansão de pastagens e monoculturas. Marques argumenta que essa abordagem não é sustentável, causando perda de biodiversidade e degradação do solo, além de ser um fator que gera desigualdade e exploração.

Marques relaciona a discussão sobre a Amazônia com a necessidade de reavaliar o nacionalismo, sugerindo que a responsabilidade ambiental é uma questão global. Ele critica como a governança atual falha em lidar com essas questões devido a sistemas de poder baseados em estados-nação.

Enfatizando a desigualdade, Marques sugere que a redução das desigualdades econômicas é fundamental para enfrentar a crise climática. Ele comenta sobre a necessidade de impostos progressivos e de uma renda máxima, argumentando que a desigualdade extrema perpetua problemas sociais e ambientais.