Sotaque carioca: por que se fala chiado no Rio de Janeiro? | SOTAQUES DO BRASIL

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https://www.youtube.com/watch?v=kJUUNisO_hI

الملخص

TLDRO vídeo apresenta o sotaque carioca, em especial o chiado, que é uma característica marcante na pronúncia do S. João da Mata explora as raízes históricas do chiado, que se espalhou no Brasil após a Corte portuguesa chegar em 1808. Ele explica o fenômeno da palatalização e compara a pronúncia carioca a outras regiões do Brasil. Além do chiado, o carioca exibe outros traços como a ditongação e uma forma peculiar de pronunciar o R. O vídeo enfatiza que todos têm sotaque e que não há formas de falar certas ou erradas.

الوجبات الجاهزة

  • 🇧🇷 O chiado é uma marca distintiva do sotaque carioca.
  • 📚 Sua origem remonta à influência da Corte portuguesa em 1808.
  • 🎙️ O chiado não é exclusividade do Rio, aparece em Florianópolis e Belém.
  • 🔤 Palatalização transforma o som do S em algo semelhante a CH ou X.
  • 🌍 O sotaque carioca é moldado pela história e pela cultura.
  • 🗣️ Ditongação é outra característica marcante do jeito de falar dos cariocas.
  • 🔍 A pronúncia do R é única e arranhada, diferenciando do resto do Brasil.
  • ✍️ Não existe um jeito certo ou errado de falar; todos têm sotaque.
  • 🌀 A influência cultural afeta a forma como falamos.
  • 💬 O sotaque é um conjunto de várias características, não apenas o chiado.

الجدول الزمني

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    Neste vídeo, o apresentador João da Mata explora o chiado, uma característica marcante do sotaque carioca, e como ele causa estranhamento para os de fora. O chiado, que se refere à pronúncia diferente do 'S', não é exclusivo do Rio de Janeiro, mas seu uso frequente se tornou um símbolo cultural da cidade. O vídeo analisa as raízes históricas do chiado, que se originou em Portugal e foi trazido ao Brasil pela Corte portuguesa em 1808, resultando em sua adoção pelos cariocas como uma forma de imitação. Além disso, o vídeo discute a palatalização e outros aspectos que tornam o sotaque carioca único, como a ditongação e a pronúncia particular do 'R'. O apresentador conclui que o sotaque é uma combinação de várias características e que não há um jeito certo ou errado de falar, já que todos possuem um sotaque.

الخريطة الذهنية

فيديو أسئلة وأجوبة

  • O que é o chiado no sotaque carioca?

    O chiado é uma pronúncia distinta do S, onde ele é pronunciado de forma semelhante a CH ou X.

  • De onde vem o chiado dos cariocas?

    O chiado se originou da influência histórica da Corte portuguesa no Brasil em 1808.

  • Esse sotaque é comum em todo o Brasil?

    Não, o chiado é minoritário no Brasil, sendo mais comum em cidades como Rio de Janeiro e Florianópolis.

  • O que é palatalização?

    Palatalização é o processo pelo qual uma consoante muda de som ao se aproximar do céu da boca.

  • Como o sotaque carioca se compara a outros sotaques brasileiros?

    O sotaque carioca possui características únicas, como o chiado e a ditongação, que o diferenciam de outros sotaques.

  • Quais são outros traços linguísticos do carioca?

    Além do chiado, o carioca também usa ditongação e tem um jeito peculiar de pronunciar o R.

  • Como a influência cultural afetou a pronúncia no Rio?

    A influência cultural, especialmente da França, afetou a fonética e a pronúncia no Rio ao longo da história.

  • O sotaque carioca é considerado correto?

    Não existe certo ou errado em sotaques, todos têm suas características e nuances.

  • O que é ditongação?

    Ditongação é a adição de uma vogal extra durante a pronúncia de uma palavra.

  • O que caracteriza o R carioca?

    O R carioca é arranhado e pode até substituir o S chiado em algumas palavras.

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الترجمات
pt-BR
التمرير التلقائي:
  • 00:00:00
    Mexmo, caxca, excola, hixtória e coxtume.
  • 00:00:03
    Essa é conhecida como a maior característica  do sotaque dos cariocas como eu: o chiado.
  • 00:00:08
    "Fala isqueiro?
  • 00:00:09
    Isqueiro
  • 00:00:10
    Fala escola?
  • 00:00:11
    Escola, pô"
  • 00:00:13
    "Esqueci a mochila"
  • 00:00:14
    "Esqueci o isqueiro e o  biscoito na esquina da escola"
  • 00:00:16
    Esse chiado é motivo de orgulho para  quem é do Rio de Janeiro, mas também
  • 00:00:19
    pode gerar estranhamento/ruído em quem é de fora.
  • 00:00:21
    Nos comentários dos vídeos que eu apresento  para BBC, tem gente que não gosta.
  • 00:00:25
    Mas apesar de hoje em dia essa  ser a marca do sotaque do Rio,
  • 00:00:29
    por muito tempo os cariocas não falavam assim.
  • 00:00:31
    Na verdade, o chiado não é invenção  nem exclusividade do Rio de Janeiro.
  • 00:00:34
    Eu sou João da Mata, da BBC News Brasil,
  • 00:00:36
    e neste vídeo eu vou te explicar  por que o chiado acontece...
  • 00:00:39
    "A gente chama isso de uma fricativa pós-alveolar"
  • 00:00:42
    ... buscar as raízes históricas  que vêm da corte portuguesa,
  • 00:00:45
    "1808 certamente foi um evento muito importante"
  • 00:00:49
    ... e te ensinar quais são os outros detalhes  que fazem o carioquês ser um sotaque tão famoso.
  • 00:00:55
    "Fatores, assim, bastante emblemáticos"
  • 00:00:57
    Para começar, dá uma olhada nesse mapa com  dados das capitais do Brasil. O mapa mostra
  • 00:01:02
    os lugares do país em que o som do S no meio  o no final de uma sílaba é chiado. Quanto mais
  • 00:01:07
    cheio ficam as barrinhas amarela e vermelha,  maior a porcentagem de falantes que chia.
  • 00:01:12
    Na verdade, na maior parte do  país, o som mais comum soa como...
  • 00:01:17
    O nome que a linguística dá para  esse som é fricativa alveolar.
  • 00:01:21
    É como falam a maioria dos paulistas...
  • 00:01:24
    ... dos mineiros...
  • 00:01:27
    ... ou dos baianos...
  • 00:01:32
    Só que no Rio de Janeiro, na hora de pronunciar  o S, os cariocas fazem um som diferente.
  • 00:01:36
    A gente diz mexmo, excola, coxtume  e por aí vai. Por que isso acontece?
  • 00:01:41
    O termo que os linguistas usam para esse  processo é palatalização. O nome vem de palato,
  • 00:01:46
    a parte do céu da boca logo  atrás dos dentes superiores.
  • 00:01:49
    Ou seja, a palatalização é quando  uma consoante muda de som porque seu
  • 00:01:53
    ponto de articulação se aproxima do céu da boca.
  • 00:01:57
    O ponto de articulação é o  local da boca onde acontece
  • 00:01:59
    o bloqueio ou restrição do fluxo  de ar durante a produção do som.
  • 00:02:03
    Com isso, o som de... acaba  virando... que é parecido com X ou CH
  • 00:02:08
    Usando os termos linguísticos, a fricativa  alveolar se torna uma fricativa pós-alveolar.
  • 00:02:13
    "Carioca não sabe falar isqueiro  e chiqueiro junto, vai..."
  • 00:02:16
    "Isqueiro, chiqueiro"
  • 00:02:17
    "Isqueiro, chiqueiro"
  • 00:02:22
    A palatalização é mais comum do que você  imagina. No nosso português brasileiro,
  • 00:02:26
    tem um exemplo que você vai reconhecer.
  • 00:02:27
    Grande parte dos brasileiros diz  tchia e dchia, em vez de tia e dia,
  • 00:02:31
    como é comum no português de Portugal  e em algumas regiões do Brasil.
  • 00:02:35
    "É muito mais comum, quando  pensamos no português do Brasil,
  • 00:02:37
    ou queremos imitar o português do  Brasil, começamos a palatalizar t
  • 00:02:46
    e d. Dizemos tia e dia. Em Portugal,  nós não temos essa palatalização"
  • 00:02:47
    Essa palatalização normalmente acontece  por causa do que vem antes ou depois do
  • 00:02:52
    som em questão. No caso do /t/ e do /d/, costuma  acontecer quando é seguido de /i/ - tia e dia.
  • 00:02:57
    A gente entendeu o que é o chiado,  mas como ele chegou no Rio?
  • 00:03:01
    Eu fui atrás das raízes históricas,  e descobri que, apesar de o chiado
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    não ser generalizado aqui no Brasil,  ele é muito mais comum em Portugal.
  • 00:03:08
    "Isto acontece em todo português europeu"
  • 00:03:11
    Mas nem sempre foi assim.
  • 00:03:12
    Até o século 17, o S chiado  não existia no português de
  • 00:03:16
    Portugal - eles falavam mas, faz e traz.
  • 00:03:19
    Por isso, essa é a forma mais difundida  no português brasileiro até hoje.
  • 00:03:22
    O chiado só começou a aparecer no sul de Portugal  no fim do século 17. As razões para isso ainda não
  • 00:03:27
    são claras, mas fato é que a mudança se  espalhou pelo país no decorrer dos anos.
  • 00:03:32
    Aí, em 1808, a Corte portuguesa chega  ao Brasil fugindo de Napoleão Bonaparte.
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    E essas pessoas trouxeram consigo o chiado.
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    Foi uma novidade para os brasileiros.  Inclusive para os cariocas,
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    que ainda não falavam assim na época.
  • 00:03:42
    Uma hipótese é que chiado pegou no Rio de Janeiro
  • 00:03:44
    por estar associado a um jeito de falar  mais elitizado, nobre, ligado à Corte.
  • 00:03:49
    "As pessoas imitam. Se torna uma  coisa que começa só como imitação,
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    mas acaba se tornando uma coisa generalizada. "
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    Os cariocas foram imitando o chiado da Corte e,
  • 00:04:01
    com o passar dos anos, a pronúncia  foi se incorporando ao sotaque.
  • 00:04:04
    No seminal livro O linguajar carioca,
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    de 1922, o linguista Antenor Nascentes já  descreve o S chiado como uma marca do Rio.
  • 00:04:12
    Hoje em dia, como dá para ver no mapa,
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    esse som é feito por praticamente  todos os falantes da cidade.
  • 00:04:16
    Mas o chiado não é coisa só do Rio.
  • 00:04:18
    De fato, o chiado é minoritário  nas capitais do Brasil.
  • 00:04:21
    Mas é majoritário em  Florianópolis e em Belém do Pará.
  • 00:04:29
    O mapa também mostra que o  S é chiado majoritariamente,
  • 00:04:31
    mas em menor grau, em Recife, Manaus e Macapá.
  • 00:04:34
    "São todos próximos a grandes portos. É um sotaque  do litoral. São importantes centros de comércio,
  • 00:04:47
    de movimento marítimo. Por essa  via que os contatos foram feitos."
  • 00:04:52
    Mas olha só que curioso.
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    Esse mapa mostra o grau de chiamento  do S dependendo da consoante que
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    vem em seguida. Olha como as barrinhas  estão mais cheias. Isso quer dizer que,
  • 00:05:02
    pelo menos em algumas palavras, a maior parte  dos falantes das capitais brasileiras chia.
  • 00:05:07
    Isso acontece porque os sons de t e d  influenciam o do S, que acaba virando um X.
  • 00:05:12
    Por isso, um paulistano pode  falar... e um baiano pode falar...
  • 00:05:17
    Isso significa que o S não é  tão exclusivo dos cariocas.
  • 00:05:20
    Mas, então, o que faz o sotaque do Rio ser  tão marcante? A resposta não é tão simples.
  • 00:05:24
    É que um sotaque não é formado por  uma só característica - mas várias.
  • 00:05:28
    Por exemplo, presta atenção em como um carioca  fala faix ou meixmo. Ele não apenas chia,
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    mas adiciona uma vogal a mais no meio da palavra.  É o que os linguistas chamam de ditongação.
  • 00:05:38
    "É como se o chiado viesse acompanhado da  inserção dessa semivogal i. Em faz, nós"
  • 00:05:45
    A ditongação também pode acontecer também quando o
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    carioca diz alô ou escola. Em vez do i,  ele coloca um a que alonga a palavra.
  • 00:05:52
    "Na verdade, o que a gente tem na fala  carioca é um alongamento muito marcado"
  • 00:05:58
    O jeito de o carioca pronunciar o R no  final de uma sílaba também é peculiar.
  • 00:06:01
    O R carioca não é retroflexo, comum  no interior de São Paulo e Minas...
  • 00:06:06
    Nem o R tepe, da capital paulista  ou do Rio Grande do Sul...
  • 00:06:11
    Também é diferente do R falado  na maior parte do Brasil,
  • 00:06:14
    que tem som parecido com a letra H  em línguas como o alemão e o inglês.
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    É um R que soa mais arranhado  - porta, corte, termômetro.
  • 00:06:23
    "É muito parecido com a maneira  como o francês parisiense é falado"
  • 00:06:34
    Essa semelhança com a França não é coincidência.
  • 00:06:36
    Desde o Renascimento, a França teve uma  influência cultural enorme na Europa
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    Ocidental. E essa influência é  percebida também na fonética.
  • 00:06:43
    Uma teoria é de que o português europeu  foi influenciado pelo R arranhado dos
  • 00:06:46
    franceses. E assim com o S chiado, esse  som chegou em peso no Brasil em 1808.
  • 00:06:51
    Esse R carioca muitas vezes  pode até substituir o S chiado.
  • 00:06:56
    Cariocas podem falar mermo em vez de  mesmo, ou dér reais em vez de dez reais.
  • 00:07:00
    "Quando alguém quer caracterizar um carioca,  diz que o carioca fala 'é mermo'. Tem uma
  • 00:07:06
    explicação linguística para isso. Quando  você tem sempre uma consoante sonora depois,
  • 00:07:10
    a possibilidade de você ter essa aspiração é muito  maior de quando você tem um seguimento surdo"
  • 00:07:17
    Tem ainda uma série de expressões e formas de  falar que variam a depender das características
  • 00:07:21
    do falante: região, escolaridade, classe  social, contexto, sexo e por aí vai.
  • 00:07:26
    Estou falando aqui de gírias específicas…
  • 00:07:28
    "Já é, mano, vou brotar. Coé, mané. Fé"
  • 00:07:32
    "O ainda serve para afirmar algo  que alguém me perguntou. Coé Ruan,
  • 00:07:36
    vamos jogar bola, aí eu vou  responder para ele: ainda"
  • 00:07:39
    Ou até mesmo em falar tu em vez  de você, em algumas situações…
  • 00:07:43
    "Papo reto, tu é mó caozeiro mermão, esquece"
  • 00:07:46
    O fato é que o sotaque do Rio,  como o de qualquer outro estado,
  • 00:07:49
    é formado por um conjunto de características -  só o S chiado não explica como o carioca fala.
  • 00:07:54
    E nenhuma dessas formas de falar  pode ser considerada certa ou errada.
  • 00:07:58
    E também não existe isso de falar com  ou sem sotaque. Todo mundo tem o seu,
  • 00:08:01
    por mais que não perceba.
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    Bom, esse é o primeiro episódio da nossa série  sobre sotaques do Brasil. Se você gostou,
  • 00:08:07
    curta o vídeo e deixe aqui seu  comentário perguntando o que
  • 00:08:10
    mais você quer saber sobre os sotaques do Brasil.
  • 00:08:12
    Um abraço, até a próxima e 'é nós'.
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