00:00:01
e aí
00:00:11
e aí
00:00:23
e no começo os humanos e os deuses
00:00:26
moravam todos juntos
00:00:29
[Música]
00:00:32
oi bom dia insultado por sua esposa
00:00:34
humana o deus arena me abandonou a terra
00:00:40
já tomou seu chocalho de pajé e começou
00:00:43
a cantar em
00:00:46
e o solo de pedra onde estava subiu as
00:00:49
alturas formando o firmamento
00:00:53
e junto com arame subiram muito os
00:00:56
outros mais os deuses
00:01:01
com a separação do céu e da terra causou
00:01:04
uma catástrofe privada de seus alicerces
00:01:07
a terra se dissolveu sobre as águas de
00:01:10
um dilúvio
00:01:12
em apenas dois homens e uma mulher se
00:01:14
salvaram eles são os ancestrais da
00:01:17
humanidade atual
00:01:24
a convulsão provocada pelo dilúvio
00:01:27
alguns mãe afundaram na agora e hoje
00:01:30
moro em ilhas de um grande rio
00:01:32
subterrâneo
00:01:36
e os humanos foram abandonados e
00:01:39
deixados para trás pelos deuses ficaram
00:01:43
no mundo do meio
00:01:45
[Música]
00:01:48
e as marcas da divisão do cosmos estão
00:01:51
em toda parte os morros de pedra que
00:01:55
ponto uma floresta são fragmentos do céu
00:01:57
que se ele ganhou
00:01:58
[Música]
00:02:00
que as pedras do igarapé ipixuna ainda
00:02:03
guardam as pegadas dos mais tudo no céu
00:02:07
é imperecível é perfeito para lá foi o
00:02:11
que de melhor havia no mundo
00:02:14
e os mãe habitantes do céu são como nós
00:02:18
porém mais pérolas e mais fortes estão
00:02:22
simples esplendidamente pintados de
00:02:24
jenipapo enfeitados com tema de putinga
00:02:27
e arara e perfumadas com resinas da mata
00:02:30
celeste
00:02:32
e os mais são imunes à doença ea morte
00:02:35
eles levaram consigo a ciência da eterna
00:02:39
juventude
00:02:41
e perfeitos eles são também perigosos os
00:02:45
mais são deuses canibais
00:02:47
[Música]
00:02:50
e abandonados como tudo que ficou na
00:02:52
terra os humanos porém reencontraram os
00:02:55
mais após a morte ao chegar ao céu as
00:03:01
almas dos mortos são devorados pelos
00:03:03
mais depois de um banho mágico são
00:03:06
ressuscitados e tornam-se semelhantes
00:03:09
aos deuses e
00:03:11
e somente os guerreiros ao morrerem
00:03:14
transforme assim seres divinos sem
00:03:16
passar pela prova da devoração
00:03:21
e o canto dos pajés traz aos vivos a voz
00:03:25
daqueles que se foram deuses e monstros
00:03:28
mantendo viva a memória da humanidade
00:03:33
[Música]
00:03:38
g1
00:03:46
em usar a mente ser um povo tupi da
00:03:49
região do médio rio xingu no estado do
00:03:51
pará
00:03:52
hoje vivem há muitas gerações nas
00:03:54
florestas de terra firme em aldeias
00:03:56
longe dos grandes rios passam boa parte
00:04:00
do ano em expedições de caça pesca e
00:04:03
coleta
00:04:09
e no final do verão de 1990 e um pouco
00:04:12
antes das grandes chuvas algumas
00:04:14
famílias foram pescar no igarapé quase
00:04:16
seco a um dia de caminhada da aldeia
00:04:20
[Música]
00:04:25
e o acampamento erguido junto aos locais
00:04:31
mais profundos do leito do igarapé onde
00:04:33
a água fica represado durante a seresta
00:04:37
e aí
00:04:40
a fazer o fogo é a primeira providência
00:04:44
um pouco tempo os tapetes são
00:04:46
construídos com folhas de babaçu
00:04:48
amarradas com cipós e
00:04:55
e aí
00:04:56
eu quero um
00:05:01
e aí
00:05:06
e aí
00:05:17
e na manhã seguinte usou no ensaio para
00:05:22
inspecionar os porções de água parada
00:05:24
nas redondezas e tirar o timbó um cipó
00:05:27
que batido enxaguado entorpece os peixes
00:05:38
hummm hummm hummm hummm
00:05:46
e aí
00:05:49
e aí
00:05:56
e são necessárias horas de trabalho para
00:05:59
que o timbó comece a fazer efeito a
00:06:07
da capa
00:06:14
e os peixinhos aparecem primeiro que são
00:06:19
fechados pelas crianças
00:06:24
e para impedir que os peixes escapem são
00:06:27
construídas pequenas barragens com
00:06:29
folhas de babaçu
00:06:33
[Música]
00:06:38
e aí
00:06:52
g1
00:06:54
e aí
00:07:05
e aí
00:07:10
e aí
00:07:11
e voltando ao acampamento os peixes são
00:07:16
bloqueados
00:07:19
a acampar durante a seca é tempo também
00:07:22
estará contagem
00:07:27
e aí
00:07:34
e a descoberta de uma árvore de tire
00:07:36
perto do acampamento atrair algumas
00:07:39
mulheres a resina perfumada dessa árvore
00:07:43
serve de base para pintura com urucum
00:07:48
e aí
00:07:50
a fragância do itiri é um dos símbolos
00:07:53
do mundo celeste
00:07:54
[Música]
00:08:02
e aí
00:08:19
e aí
00:08:21
[Música]
00:08:23
e aí
00:08:25
[Música]
00:08:27
e aí
00:08:31
e aí
00:08:33
e aí
00:08:40
e aí
00:08:45
e aí
00:08:52
e aí
00:09:01
[Música]
00:09:06
e aí
00:09:08
e aí
00:09:12
e aí
00:09:15
e aí
00:09:22
eu quero a música da mulher eu posso
00:09:25
cozinhar não tinha razão saiu do grupo
00:09:35
e aí
00:09:37
[Música]
00:09:39
e aí
00:09:44
g1
00:09:46
e aí
00:09:50
e aí
00:09:51
e aí
00:09:53
[Música]
00:09:56
e aí
00:09:59
g1
00:10:01
e eu já tá tirando agora vamos lá
00:10:35
e aí
00:10:40
e aí
00:10:43
a agricultura é a base da subsistência
00:10:49
do povo de ipixuna e o milho o seu
00:10:52
produto principal é
00:11:04
e aí
00:11:11
bom dia a colheita do milho verde no
00:11:15
final da estação chuvosa é o início do
00:11:17
ano araweté nesse tempo todos retornam à
00:11:22
aldeia e ensinando uma fase de vida mais
00:11:25
sedentária
00:11:30
a carne vai nunca tá nunca estou aqui
00:11:36
não tenho aqui não faço
00:11:42
é verdade que ele já panair e
00:11:52
[Música]
00:11:54
e aí
00:11:58
e aí
00:12:01
e a farinha de milho torrado com carne
00:12:06
de caça o peixe é refeição preferida
00:12:15
e as mulheres passam a maior parte de
00:12:17
seu tempo na aldeia preparando milho e
00:12:20
processando algodão para fazer roupas
00:12:22
redes
00:12:32
e aí
00:12:38
e aí
00:12:42
g1
00:12:43
e aí marisa whatsapp e
00:12:51
o zé rico e até br1
00:13:05
e aí
00:13:09
e elas usam tradicional mente uma roupa
00:13:25
de quatro peças de algodão tingidos de
00:13:27
urucum típica dos araweté f
00:13:29
e aí
00:13:31
nem todo homem desde pequeno para sempre
00:13:34
a mão seu arco e flecha símbolo da
00:13:37
masculinidade ostentado nas situações
00:13:39
mais cotidianas
00:13:42
o motivo de orgulho o arco e as flechas
00:13:45
são usados para caçar pescar guerrear e
00:13:49
dançar nos rituais
00:13:54
é feito de paudaco aplainando conformam
00:14:01
de dente de cotia o arco é amolecido com
00:14:04
óleo de babaçu aquecido ao fogo e
00:14:06
curvado com habilidade
00:14:09
e aí no youtube telefone desligado e
00:14:39
oi amiga
00:14:41
e aí
00:14:42
e a flecha de ponta de taquara lance
00:14:48
holanda e informada com penas de gavião
00:14:50
real é para caça de animais de grande
00:14:52
porte e para a guerra as de ponta de
00:14:56
osso ou de madeira dura com penas de
00:14:58
mutum são para matar peixes e outros
00:15:00
animais pequenos
00:15:02
os filhotes de animais são capturados e
00:15:05
criados na aldeia com bichos de
00:15:06
estimação
00:15:08
[Música]
00:15:10
e aí
00:15:13
e aí
00:15:15
e os homens sem frequentemente para
00:15:17
caçar e pescar e
00:15:21
e a caça com espingarda é uma
00:15:29
alternativa ao uso tradicional do arco e
00:15:31
flecha e
00:15:34
oi eu queria um
00:15:38
[Música]
00:15:44
[Aplausos]
00:15:46
e aí
00:15:50
e aí
00:15:52
e aí
00:15:57
e aí
00:15:58
ah lembrou de mim nova aba no time
00:16:11
espanhol não é
00:16:20
g1
00:16:22
os jogos desenhos animados ganhei um
00:16:36
[Música]
00:16:38
e aí
00:16:40
e aí
00:16:42
[Música]
00:16:44
e aí
00:16:49
e a pescaria nos lagos próximos a aldeia
00:16:53
com armadilha de talos de balanço é um
00:16:56
momento de grande diversão para todos
00:17:01
e ele espera aí ó
00:17:31
e aí
00:17:36
e aí
00:17:37
e aí
00:17:49
e aí
00:17:54
g1
00:18:00
g1
00:18:01
e aí
00:18:04
e aí
00:18:09
g1
00:18:10
[Música]
00:18:12
e aí
00:18:21
e aí
00:18:25
eu não sou eu não
00:18:32
e aí
00:18:35
[Música]
00:18:37
é a vida na aldeia é marcada por grande
00:18:56
atividade virtual e a maior cerimônia
00:18:59
coletiva abaeté é o cauim do milho a
00:19:03
família que promove a cauinagem usam
00:19:05
livro da sua roça para fazer uma grande
00:19:08
quantidade de bebida fermentada
00:19:10
e durante a festa todos os homens da
00:19:13
aldeia derem dançam e cantam canções que
00:19:17
um grande guerreiro aprendeu do espírito
00:19:19
de um inimigo morto 1
00:19:23
e aí
00:19:26
e ai ai ai ai ai ai
00:19:37
e a tradição oral até fala de uma fuga
00:19:40
constante perseguidos por inimigos mais
00:19:43
poderosos como os kayapó e os parakanã
00:19:47
e é provável que usar até seja uma parte
00:19:50
de uma grande que resistiu a catequese
00:19:53
dos jesuítas no século 17 há cerca de 40
00:19:57
anos eles fizeram sua última migração em
00:20:00
direção ao chegou
00:20:02
[Música]
00:20:05
e eles dizem viver agora na beira da
00:20:08
terra a partir de 1970 sertanistas da
00:20:15
funai chegaram a região juntamente com
00:20:17
as máquinas e trabalhadores que
00:20:19
iniciavam a construção da rodovia
00:20:21
transamazônica
00:20:24
a instalar um posto de atração ipixuna
00:20:26
um afluente do xingu
00:20:29
a usar até chegaram a visitar o porto da
00:20:32
funai mas durante vários anos não
00:20:35
permitiram que os sertanistas fossem as
00:20:36
suas aldeias os então misteriosos índios
00:20:40
do ipixuna foram notados pela sua pele
00:20:43
clara e pela cor dos olhos no início de
00:20:47
76 cansados de fugir usaram até
00:20:50
decidiram sair na beira do xingu e
00:20:53
amansar os brancos chegando à beira do
00:20:56
grande rio usar aletheia acamparam
00:20:58
próximo as costas de ribeirinhos
00:21:01
imediatamente adoeceram de gripe e
00:21:03
conjuntivite infecciosa os sertanistas
00:21:06
da funai chegaram depois e convenceram
00:21:09
os araweté a se transferir para o posto
00:21:12
do alto ipixuna
00:21:15
já começou então uma caminhada pela mata
00:21:18
15 18 dias dizimou um terço da população
00:21:23
os sertanistas não tinham comida nem
00:21:26
remédios dezenas de índios morrem no
00:21:29
caminho fracos da gripe diz nutridos e
00:21:32
cegos pela conjuntivite
00:21:35
e o raimundinho eu quero sertanista
00:21:37
assim tava já apavorado né tava
00:21:40
apavorada apavorado que acabou o rancho
00:21:42
e tal aí ele tava apavorada aí queria
00:21:45
largar todo mundo aí no meio da mata nem
00:21:47
queria vir embora porque ele ninguém
00:21:49
tinha mais ninguém tinha mais farinha
00:21:51
ninguém tinha mais sal gente tinha mais
00:21:53
açúcar ninguém tinha mais nada ruim
00:21:56
ficava cego' não podia andar
00:21:59
eu quero jeito morrer de fome sempre dia
00:22:02
em diante não é conseguir viajar só foi
00:22:04
ficando a metade chegando tudo fran
00:22:10
fraco doente e com conjuntivite 5 meses
00:22:15
depois um sertaneja percorreu com alguns
00:22:18
vídeos parte da trilha seguida na
00:22:20
desastrosa caminhada encontraram dezenas
00:22:23
de ossadas
00:22:25
e foi na volta seu passeio na pelo
00:22:30
caminho que os viu eram do xingu que eu
00:22:33
encontrei essa alçada todinha que adulto
00:22:36
ea criança que a mulher tinha gente tava
00:22:38
tinha arrumado a rede morreu dentro da
00:22:41
rede lá na sua o gerson dentro da rede
00:22:45
os 30 anos anteriores ao contato a
00:22:48
maioria das mortes tinha como causa
00:22:50
conflitos com tribos inimigas
00:22:52
principalmente os kayapó
00:22:55
ah mas nem todos usar a vai ter
00:22:57
desaparecido sem ataques inimigos foram
00:23:00
mortos
00:23:01
o filho do pai rico mostra o antropólogo
00:23:04
eduardo viveiros de castro uma foto de
00:23:06
moira we que vive há muitos anos na
00:23:09
aldeia dos seus captores os paracanã do
00:23:11
bonjardim
00:23:15
a usar até sobreviventes das várias
00:23:18
aldeias mudaram para uma única aldeia em
00:23:21
torno de um posto da funai na beira do
00:23:23
ipixuna
00:23:28
g1
00:23:30
e aí
00:23:32
e aí
00:23:53
e aí
00:24:17
a esta aldeia foram atacados pelo
00:24:20
maracanã duas vezes em 83 periodicamente
00:24:25
usaram e te entrega o seu artesanato ao
00:24:28
chefe do posto da funai em troca de
00:24:30
alguns bens vindos da cidade
00:24:34
há 15 anos depois do contato usar a
00:24:37
umectação hoje 205 ele se recuperaram
00:24:40
demograficamente e estão crescendo mas
00:24:43
enfrentam novos problemas
00:24:46
e a funai interditou o território é no
00:24:49
final de 87 mas a decisão não saiu do
00:24:53
papel em julho de 1988 madeireiros
00:24:57
invadiram a área em candidatar-se
00:25:03
o parque do tucumã as madeireiras ver
00:25:06
aqui em mágico abriram centenas de
00:25:09
quilômetros de estradas nas terras dos
00:25:11
paracanã e dos araweté e retiraram uma
00:25:14
quantidade incalculável de árvores de
00:25:16
mogno né
00:25:20
e aí
00:25:22
e aí
00:25:24
e aí
00:25:36
é contra o polo o eduardo viveiros de
00:25:38
castro que conhece os araweté desde 1981
00:25:41
voltou ao ipixuna com uma equipe do cd
00:25:44
em outubro de 91 um objetivo desta
00:25:47
viagem era reencontrar os araweté
00:25:50
avaliar a situação atual da área diante
00:25:52
do assédio das madeireiras e fazer uma
00:25:55
documentação para montagem de uma
00:25:57
exposição em são paulo
00:26:00
[Música]
00:26:06
há três meses depois 2 horas até que vem
00:26:11
pela primeira vez a são paulo e ao rio
00:26:13
de janeiro para conhecer as aldeias
00:26:15
principais dos camarão i
00:26:24
[Música]
00:26:26
e aí
00:26:29
e quando a equipe do seu diva although
00:26:31
tuna e março de 1992 usaram até poderão
00:26:35
assistir as cenas registradas em vídeo
00:26:37
na viagem anterior que na visita as
00:26:39
cidades
00:26:43
e aí
00:26:45
e nessa ocasião eram visíveis os sinais
00:26:48
na região de uma nova ofensiva das
00:26:51
madeireiras sobre o território ureter
00:26:53
[Música]
00:26:55
e aí
00:26:57
e aí
00:26:59
e é também o madeireiro
00:27:02
e aí
00:27:06
a imagem de 1992 o governo federal
00:27:10
decidiu reconhecer o território horária
00:27:12
é através de uma portaria de delimitação
00:27:14
assinada pelo ministro da justiça
00:27:17
a massa área ainda não foi demarcada e
00:27:21
as empresas madeireiras continuam a
00:27:23
invadir lá
00:27:28
oi oi
00:27:31
e aí
00:27:32
e aí
00:27:38
e além das madeireiras duas ameaças que
00:27:44
pesam sobre o futuro dos araweté a
00:27:47
inovação de parte das suas terras pelos
00:27:49
reservatórios planejados do complexo
00:27:51
hidrelétrico do xingu e os garimpos
00:27:53
clandestinos de ouro que já poluem os
00:27:56
rios nas terras vizinhas dos paracanã e
00:27:58
dos kayapó xikrin do bacajá a
00:28:03
e aí
00:28:06
e o ar ai o mesmo instrumento com que os
00:28:13
maias vieram céu no começo dos tempos é
00:28:16
a principal ferramenta dos pajés
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o usaram até acreditam que um dia o céu
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pesado de tantos mortos cairá sobre a
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terra
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e ninguém sabe quando o mundo assim
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terminará
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e enquanto isso os pajés mantém a
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ligação entre o céu ea terra
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[Música]
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e aí
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e aí