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[Aplausos]
00:00:05
[Música]
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Olá, nesta edição do Estação SUS, vamos
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falar sobre os desafios da atual onda de
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febre amarela. Estou aqui com o
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professor André Ribas Freitas, professor
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de epidemiologia da Faculdade de São
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Leopoldo do Mandiques de Campinas.
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Bem-vindo, André. Obrigado pela
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gentileza. Eu acho que nós temos também
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que falar aqui dessa vez que gentilmente
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o prefeito de Campinas cedeu você pro
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Conaens esse ano, né? Então a gente tá
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aqui eh com essa parceria antiga e agora
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você oficialmente nos ajudando no
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CONAZENS. Obrigado duplamente por essa
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sessão e pela gentileza de estar aqui no
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programa. Obrigado. É um prazer sempre
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estar aqui com vocês. Eu acho que é um
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espaço que é bastante democrático de
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debate e de compreensão e reflexão sobre
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a função do SUS e sobre as as próximos
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desafios, né, André? Nesse desafio da
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tua onda de ferro amarela, explica pra
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gente o que que é a onda de febre
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amarela. Exatamente. É muito
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interessante a gente entender como febre
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amarela se comporta, não é? Ela é uma
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doença primeiro que a gente entend que
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ela é zonótica, ou seja, ela não ocorre
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entre humanos, ela não se transmite
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entre os humanos e mosquitos, ela se
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transmite entre primatas não humanos, ou
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seja, entre macacos e mosquitos
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silvestres. E ela se mantém nesse ciclo.
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Eventualmente um homem acaba se expondo
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em alguma situação de surto, ele acaba
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se infectando e desenvolvendo a doença,
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mas ela se mantém na natureza através de
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outros primatas. E ela se mantém
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fundamentalmente na Amazônia, né, na
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região eh é mais eh eh próxima ali ao
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rio Amazonas e no entorno, né? E ali ela
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se eh eh se mantém ao longo dos anos e
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das décadas. O que acontece é que a cada
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7 anos, né, em média, eh, se inicia-se
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um aumento da transmissão na própria
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Amazônia e acaba, eh, se expandindo para
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outras regiões do país, sempre
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mosquito, eh, e, eh, macaco e outro
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mosquito. E assim ela vai se propagando
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e aumentando a área de
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transmissão. Geralmente essas ondas é
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chegavam até e a região Centro-Oeste,
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chegavam até algumas alguns estados da
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região Nordeste, né, principalmente o
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estado do Maranhão, não é? E por ali
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ficava. Acontece que desde 2000 a gente
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tem observado que essas ondas estão
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chegando na região sudeste e sul do
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país, fazendo com que essas regiões
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passem durante esses períodos de
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expansão da febre amarela a ter
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transmissão eh sustentada entre os
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primatas, logicamente, e os macacos.
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Quando acontece isso, é que a gente tem
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essa ocorrência. Então, a gente chama de
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onda. Por quê? porque ela sai lá da
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Amazônia e vai se expandindo. Então ela
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aumenta a área de transmissão e aumenta
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consequentemente um a área, né, eh de de
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ocorrência de primatas doentes e
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eventualmente de um humano que pode se
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expor nessa situação, não é? Na última
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expansão, a gente teve eh ocorrência,
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por exemplo, em áreas do estado de São
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Paulo que não tinham casos de febre
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amarela desde a década de 40. Então, foi
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uma expansão do século passado, né?
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Estamos falando de 80 anos passados.
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Então, essa expansão ficou bastante
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nítida da necessidade de de aumentar a
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área de de vacinação no país. E hoje o
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Brasil todo é área com recomendação de
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vacina. Pois é. Na última, não, agora
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nós estamos numa onda, certo? Na onda
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anterior, que foi ali por volta de 2017,
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teve uma expansão enorme, não é isso?
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Exatamente. O cenário foi foi muito
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parecido com o atual em termos de área
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de ocorrência. E os locais aonde por
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onde o vírus veio se
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transmitindo, eh, são mais ou menos os
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mesmos, inclusive as mesmas regiões, nas
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mesmas cidades e nos mesmos locais. é
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muito interessante porque é possível eh
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se desenhar corredores ecológicos por
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onde o vírus acaba conseguindo se
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propagar. Geralmente são eh áreas eh de
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mata que inter se interligam e fazem com
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que eh o vírus consiga ir aumentando a
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ocorrência deles, né? Então, hoje nós
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temos o Brasil inteiro como área de
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vacinação de febra amarela, certo? Sim.
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com áreas de recomendação de vacina.
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Recendação de febra de vacina de febre
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amarela. Como é que tá o cenário desta
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onda? passar um pouco por esse cenário.
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Olha, eh, desde 2023 foi identificado no
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sul de Minas eh, casos já que eram eh
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humanos e em primatas, né, na divisa com
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São Paulo na Serra da Mantiqueira,
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ocorrência de de uma nova onda, né, que
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tava chegando do do Amazonas, né? E é
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interessante que nessa eh nessa ocasião
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o sequenciamento do vírus já demonstrou
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que ele era uma nova uma nova linhagem,
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ou seja, tava substituindo a linhagem
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que tinha eh acontecido em 2017. Em 2023
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ainda tinha algum casos ocorrendo da da
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onda anterior no Rio Grande do Sul, mas
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já tava chegando uma nova onda que vinha
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da da região amazônica. E a partir dali
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ela ela expandiu em
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2024 ficou bastante caracterizada a
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ocorrência na região do estado de São
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Paulo. E
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agora continuou, né, a a expansão, não
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é, na chegando agora inclusive na Serra
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do Mar, né? Então, a gente tem casos já
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confirmados eh na região do Vale do
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Paraíba, eh na região metropolitana de
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São Paulo, não é? E e na região
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fronteira Costa Terra do Mar, que é a
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região ali de Paraibuna. Na onda
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anterior a gente já tava no Conazens
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fazendo esse trabalho de técnico que a
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gente faz e o município de Franciscopes,
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que é um município pequeno no interior
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de Minas Gerais, que tava no miolo da
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onda, município que tem 5000 e poucos
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habitantes, se não me fala a memória, ou
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3.000 e pouco. E nesse município, a
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responsável pela vigilância na época,
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ela fez o que tá escrito no guia, que
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não mudou, né? Tem episodismo, né? tem
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morte de macaco, vamos vacinar a
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população de campo. E no epicentro
00:06:47
daquela onda, eh, o município de
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Franciscópolis não teve nenhum caso,
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inclusive ela apresentou trabalho em
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vários lugares, inclusive no CONAZENS,
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em vários em vários eventos técnicos
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naquela época. Eh, a recomendação para
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essa onda ainda é essa. Tem, tá, você
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tem esses corredores, você tem que
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vacinar a população de campo. É por aí
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ainda? Olha, eh, tem dois aspectos, tá?
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Eh, tem um aspecto que é bastante
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preocupante, é que toda a região eh
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leste do país, ou seja, eh saindo de do
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Rio Grande do Sul e chegando até a
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Bahia, são áreas aonde teve transmissão
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na última
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onda, são áreas de mata atlântica, que é
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uma mata muito parecido com a amazônica.
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Então, uma é uma região que consegue
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sustentar muito bem a transmissão. São a
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é uma região que é mais quente do que o
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interior do estado e é uma região mais
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úmida e mais e bem e com com uma
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floresta que consegue com bioma que
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consegue eh sustentar a transmissão eh
00:07:58
da febre amarela. E justamente essa
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região, por ter sido eh introduzida a
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vacina há pouco tempo, ou seja, 2017,
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foi publicado realmente em 2018, a norma
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que passou a incluir essas áreas.
00:08:16
é uma área que ainda tem a cobertura
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vacinal muito baixa. A gente tem que
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lembrar que eh a partir de 19, 20, com a
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ocorrência inclusive da da
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da pandemia de Covid, não é? Mudança de
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governo, mudança de de eh prioridades no
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sentido da imunização, etc. E a questão
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também da própria pandemia de Covid,
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essa região que já tava com recomendação
00:08:41
de vacina não eh conseguiu expandir
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muita cobertura vacinal entre os
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adultos e a recomendação agora é de que
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todos sejam vacinados e ainda tem amplas
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regiões com coberturas abaixo de 50%.
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Então, a a grande estratégia agora,
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lógico, é preciso vacinar essas regiões
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que estão afetadas por episotias, mas
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também as regiões que não estão
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afetadas, mas fazem parte de todo esse
00:09:15
bioma, de toda esta grande área que teve
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transmissão no ano passado, que sejam
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todas as áreas sejam vacinadas, a
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população urbana e rural. E por que que
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é importante isso? Porque veja, a
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prioridade tem que ser a área rural. Se
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a gente tá com problema agora, temos que
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correr atrás como a coordenadora de
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vacinação da cidade que você deu
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exemplo. Correr logo pra área rural,
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vacinar as pessoas que estão em contato
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direto com a mata. Isso é para já.
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Agora, eh, a partir do momento que,
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provavelmente a partir de junho, julho,
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se deu uma diminuição na intensidade da
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transmissão e a gente consiga, eh, um
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pouco mais de energia para poder retomar
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grandes projetos de de vacinação, que a
00:10:05
gente consiga aumentar a cobertura
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vacinal em todas as áreas, porque a
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gente também não pode esquecer que a
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população que vive em área urbana, ela
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não vai toda vez lembrar que tem que ir
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pra área rural. vai ter que tomar vacina
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de febre amarela e ela vi as pessoas
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viajam entre os estados brasileiros. E a
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gente não pode esquecer também que o
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Aedes Egipt é um é um mosquito que tem
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capacidade para transmitir a febre
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amarela. A a transmissão urbana da pedra
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amarela foi um dos grandes desastres do
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século XIX com as grandes navegações.
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Século XVI e X, a febre amarela urbana
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era um grande medo das grandes cidades,
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não é? Inclusive cidades americanas como
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Philadélphia, uma epidemia que no
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finalzinho do século XVII devastou com a
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cidade. Eh, quase 1/4 da população, eh,
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acabou falecendo ou tendo complicações,
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teve que se retirar da cidade, etc. A
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cidade de Campinas, aqui no estado de
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São Paulo, onde eu nasci, eh, tem uma
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fênix na na no brão da cidade que
00:11:12
simbolizou o quê? a cidade ter eh
00:11:16
ressurgido das cinzas da febre amarela
00:11:18
de
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1889, que até tem uma lenda urbana lá de
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que o que ia ser a capital da República,
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né? Porque tinha um movimento
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republicano forte lá e que não conseguiu
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ser a capital porque
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qu febre amarela. Mas isso pode ser uma
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uma brincadeira ou até uma lenda urbana,
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mas que a cidade eh diminuiu a população
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em 1/3 foi fato, porque muitos morreram
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e muitos fugiram da cidade. Foi uma uma
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coisa bastante devastadora para pra
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economia e também pra própria população
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da cidade em termos quantitativos que
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depois ela foi retomando o
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crescimento. Então é essa questão da da
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transmissão urbana da febre amarela, é
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uma são eventos que acontecem
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esporadicamente. Aconteceu em Assunção,
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no Paraguai, em 2008, aconteceu em 2016
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em Luanda, aconteceu em
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Quinchaça, ou seja, também na África,
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né? Eh, Luanda, capital de Angola, né?
00:12:16
Então são problemas que a gente não pode
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tirar do radar. A gente tem que
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reconhecer que isso não é uma um
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fenômeno simples, não é o Egipte não é
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um um bom transmissor de fer amarela,
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mas dependendo do nível de infestação
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como a gente tem atualmente, que tá
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bastante alto e o clima propenso e um
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nível de imunização bastante baixo, isso
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é uma possibilidade que a gente tem que
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contar e para tanto, a gente tem
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recursos para para ter segurança contra
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isso, que é a imunização de toda a
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população que tiver
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né, eh, em faixa etária adequada para
00:12:52
receber a vacina. Então, a grande arma
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que a gente tem de fato contra a febre
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amarela é a vacina. Exatamente. Se a
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gente e contra a dengue, a gente tem uma
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quantidade de vacina pequena que não
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consegue distribuir para todas as faixas
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etárias. Pra febbre amarela, o Brasil é
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o maior fabricante mundial, tá certo? E
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é uma vacina cuja tecnologia tá bem
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dominada, é uma vacina segura, tá certo?
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É uma vacina que já é utilizada há mais
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de 80 anos. Então, a gente tem um
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conjunto de elementos que eu acho muito
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esquisito até a gente ter uma cobertura
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vacinal tão baixa ainda. A gente precisa
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retomar essa questão da vacinação porque
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é a doença mais letal que tem hoje
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vacinação eh regular dentro do
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calendário vacinal. É a vacina mais
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efetiva, tem uma efetividade de mais de
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99% e é a mais barata também. Eh, um
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estudo feito pela Fiocruzos há uns anos
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atrás, custava em torno de dó a dose da
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vacina. Então, é uma vacina a mais
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barata, a mais efetiva e a doença mais
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letal. A gente tem obrigação cívica de
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de aumentar a cobertura vacinal. A
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Colômbia, por exemplo, com surto com não
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chegou a 40 óbitos ainda, declarou o
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estado de emergência nacional para poder
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fazer um um combate efetivo contra a
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febre amarela. Acho que a gente precisa
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não, logicamente não estamos no mesmo
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nível de criar um um aler um alerta
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nacional, mas por exemplo, estado de São
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Paulo tá beando já 50 óbitos por febre
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amarela, então é uma situação bastante
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grave, né? a gente precisa eh fazer um
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esforço vacinal nos próximos meses para
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que no próximo ano a gente tenha eh uma
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segurança maior de que não vai acontecer
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tantos casos. Então, o que é importante,
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o que eu tô entendendo que é importante
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agora é o
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fortalecimento da vacinação, né? Se a
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gente tiver vacina, fortalecer em todas
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as áreas, se a vacina não for
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suficiente, priorizar o campo, mas não
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esquecer de vacinar a cidade. É isso.
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Para esses para esses locais onde a onda
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provavelmente poderia passar.
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Exatamente. Na verdade, e essa região
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toda que a gente tá colocando, né, que é
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a área de Mata Atlântica,
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eh é uma área que a cobertura ainda tá
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muito baixa, não é? dados do próprio
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Ministério da Saúde eh dão informação de
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que problema de fornecimento de vacina
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não tá havendo. Então, com um bom
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planejamento, logicamente para se fazer
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uma coisa, eh, ao longo do tempo, é é
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possível retomar níveis desejados de
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cobertura vacinal, que é de
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95%, e a gente ter uma uma temporada de
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de transmissão de arbovírus no próximo
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ano, em que a gente se preocupe com os
00:15:45
outros
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arbovírus, mais do que com a febre
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amarela, porque a febre amarela deixa eh
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marcas bastante profund fundas, porque é
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uma letalidade muito alta, né? A
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proporção de pessoas que desenvolvem a
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forma e quitérica, ou seja, a própria
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febra amarela com comerícia e tudo, uma
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forma mais grave, chega às vezes 50%. No
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estado de São Paulo até mais do que 50%
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a letalidade, né? Letalidade da doença,
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da doença altíssima. E e tem uma outra
00:16:13
coisa que a gente não teve, a gente não
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tem no Brasil desde
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1942 a transmissão urbana, mas é
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bastante preocupante a possibilidade que
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ela existe. Esses lugares que você
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citou, que teve transmissão urbana, você
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citou no durante o nosso programa, eh, o
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transmissor é o Aeds? Sim, é o EDS egg.
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Ah, tá. Na transmissão urbana é o
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Aedsego, que é o principal. Exatamente.
00:16:38
Na na na transção rural, na Silvestre,
00:16:41
desculpa, eh são mosquitos silvestre,
00:16:44
né, que eh são eles se reproduzem na
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copa das árvores e tal e gostam de ter
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mais astridade pelos primatas, não
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humanos. Agora, eh, o homem para se
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expor, ele tem que estar muito próximo à
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mata. Quando a gente eh tem a
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possibilidade, se houver uma uma
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situação em que eh haja a transmissão
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urbana, isso eh eh passa a ser humano,
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mosquito humano. Ah, tá aí. É o Aedes
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Egipto. Isso. OK. André, vamos pr pra
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finalização do programa. Tem mais alguma
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coisa que você queira deixar aqui? Olha,
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eu eu acho que a o a febre amarela, ela
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foi por muito tempo uma doença bastante
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temida, eh,
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e colocada até, né, como um grande vilão
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da da urbanização e tudo, né? A própria
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Organização Pan-Americana de Saúde, ela
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foi fundada para eh com um dos maiores
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objetivos era o controle da febre
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amarela.
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A gente não pode esquecer que esse essa
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ameaça ela continua eh quieta, mas ela
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tá viva ainda e a gente tem como eh
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controlar, né? E é hoje não é o controle
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do Aedes que vai controlar a febre
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amarela, mas sim o controle eh da
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vacinal, né? A cobertura, aumento da
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cobertura vacinal.
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Então o nosso foco é aumentar a
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cobertura vacinal a todo custo. O recado
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aos municípios é aumentar a cobertura
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vacinal de amarel aproveitar agora e e
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fazer uma uma ampliação na cobertura
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vacinal porque tá muito baixa e isso não
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é bom. a gente ter que no ano que vem
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fazer toda a mobilização de novo nas
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áreas aonde tá tendo transmissão,
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correria, eh com problemas de logística
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que são bastante mais complicados,
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porque a transmissão é silvestre. Ano,
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na outra onda, a gente tem que lembrar
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que a gente teve que utilizar a dose
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infracionada da vacina, que
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eh foi efetiva, lógico, mas não é a
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melhor forma que a gente gostaria.
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Lembrou uma coisa importante. Naquela
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época a gente precisou de fazer isso por
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uma questão de quantidade de vacina
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mesmo. Exatamente. Eh, porque foi uma
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área muito populosa que chegou a a a
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febre amarela, que era região
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metropolitana de São Paulo, região do
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Rio de Janeiro, que não tinha nenhuma
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cobertura vacinal, não é? Eh, e foi uma
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necessidade de se vacinar uma grande
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contingente de milhões de pessoas em
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questão de semanas. Não é a mesma
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situação. Agora a gente tem uma
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cobertura já um pouco maior. a gente tem
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em torno de uns 50%, a gente tem que
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chegar a
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95, mas a gente não tem, ainda dá tempo,
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né, até o final do ano, pelo menos, pra
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gente fazer isso de maneira coordenada e
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e não precisar fazer só o apagar do
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incêndio, né, que é quando a gente já
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tem caso, seja humano, seja em primatas,
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acontecendo em algumas áreas com baixa
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cobertura vacinal. Então a gente pode se
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preparar antes nesse sentido. Essa
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região principalmente que teve
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transmissão silvestre na outra onda, eu
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acho que é muito importante que aumente
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as coberturas vacinais. Perfeito. Para
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pra gente não chegar nessa possibilidade
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de ter que fazer doas fracionadas, né?
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Exatamente. E também a as as ações de de
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vacinação naquela época foram muito
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sofridas, porque tinha disputa por dose
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de lacina, pessoas que era do município
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indo pro outro município para ver se
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conseguia dose no outro município. Eu
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participei dessa campanha. Eh, foi uma
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coisa bastante tensa, desgastante, não
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precisa. A gente tem, a gente sabe que
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que vai acontecer nos próximos meses e a
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gente pode se programar e fazer uma
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vacinação eh mais programada, né? O SUS
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consegue organizar dessa vez pra gente
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não chegar o que aconteceu daquela outra
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vez. Inclusive daquela outra vez existia
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até uma dificuldade de você colocar
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depois esses dados no próprio sistema,
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né? Por causa do volume de gente que
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você vacinava, né? Exatamente. A gente
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tem um sistema hoje informatizado que
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consegue dar conta dos com
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intercambiamento das dos sistemas dos
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vários municípios. Tá bastante mais
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interessante. Eh, e e sempre que a gente
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consegue fazer uma coisa com um
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horizonte, né, de
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tempo e melhor planejamento, isso é
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bastante melhor. É interessante que
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assim, a gente falou muito pouco sobre o
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tratamento da febre amarela, né? Eh, mas
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de fato, eh, embora seja necessário, né,
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que as pessoas que tiverem exposição em
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área silvestre com transmissão de febre
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amarela, que tiverem suspeita clínica,
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precisam ser tratados adequadamente,
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porque o tratamento consegue impactar na
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letalidade, mas o impacto que tem não é
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tão grande assim. a gente não consegue é
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o mesmo tipo de sucesso por com dengue.
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Se a gente ter uma abordagem de um
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paciente com dengue eh adequada, a gente
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consegue diminuir a letalidade da
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dengue de um óbito para cada, sei lá,
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eh 10 casos graves de dengue. a gente
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consegue para menos de 1%, a gente
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consegue impactar bastante, diminuir em
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10 vezes, 20 vezes essa letalidade na
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febre a gente não consegue, a gente
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consegue poucas melhorias e é muito
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complicado o tratamento porque a gente
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vai precisar de eh eh fazer pras férias
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e vai precisar fazer e um um suporte de
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UTI na maior parte dos pacientes que
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tiverem formas graves. No caso a gente
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consegue evitar o agravamento. no caso
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da FA Amarela, é sempre um tratamento
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que vai ser muito complexo, que vai
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beneficiar poucos pacientes que tiverem
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eh eh e beneficiar uma proporção pequena
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de pacientes, né? Porque você não
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consegue cair muito, menos de 20%, por
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exemplo, letalidade, a gente não
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consegue.
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Então a arma principal é o que nós
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falamos durante o programa, né? A
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vacinação. Exatamente. A vacinação é o
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ponto mais importante pra gente
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conseguir enfrentar essa
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essa essa esse desafio, né, dessa
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doença. Muito obrigado, André. Esse foi
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o Estação SUS de hoje. Assista ao
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programa no canal do Mais conazems e no
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YouTube.
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[Música]
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[Música]