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tenho muito gosto de estar cá e vou haar
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português
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despacito
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ok a minha
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pergunta nesse momento
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é será que as pessoas brancas pensam que
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também constróem uma identidade racial
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[Música]
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no racismo Nós pensamos sempre no outro
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o negro o indígena o
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diferente será que nós não indagamos uma
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branquitude que se pensa Universal e uma
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série de privilégios que as pessoas
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brancas têm no mundo nas
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Américas e que precisam rever o seu
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racismo E que esse racismo não é só
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aquele institucional das estruturas mas
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é também o racismo cotidiano as relações
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da forma como se relaciona e como vê o
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outro eu anotei uma pergunta para mim
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mesma e para vocês nessa tarde o que que
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é ser negro negra e viver o
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racismo eu poderia fazer aqui uma fala
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teórica sobre o tema Mas eu não quero
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falar sobre isso a teoria vocês buscam
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nos livros Talvez o que eu queira falar
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aqui é o que uma amiga me disse fala do
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que você sente fala do que tá no seu
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coração
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e eu diria para vocês que o que é ser
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uma negra e um negro e viver o racismo
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no Brasil Sobretudo o país que eu vivo
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mas também em outros lugares do mundo e
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no Brasil com
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54% da população negra eu diria que é
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ser um corpo
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estranho ser negro e ser negra no
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contexto do racismo é ser um corpo
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estranho é ser um corpo que as pessoas
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sempre duvidam dele ou é um ser um corpo
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que chega pela primeira vez em lugares
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de poder primeira reitora negra de uma
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universidade
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federal primeira professora titular
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primeiro livro da não sei o qu da
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Educação Infantil a receber o prêmio tal
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ser uma exceção como muitas vezes a
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minha trajetória é só significa
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confirmação de quão racistas são as
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nossas sociedades e as nossas estruturas
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não vale a pena ser a única a primeira
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uma das três eu quero que muitos lá
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estejam e que as relações de poder nós
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possamos lutar contra elas e
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democratizar porque quando chegamos ao
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poder a minha pergunta queremos
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redistribuir poder por gênero por raça
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queremos fazer isso nós estamos vivendo
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um mundo de neofascismo nas Américas em
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outros lugares do Mundo no Brasil
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sobretudo mas a minha pergunta é nesse
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momento que nós estamos construindo
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resistência e existência que as
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esquerdas e o campo Progressista quer
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rever caminhar e retomar a democracia
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nós temos considerado que temos que não
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só ser contra o racismo e os racistas
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Mas temos que ser antirracistas como dis
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antiracista significa construir uma
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postura política
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epistemológica que compreenda esse outro
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o diferente e que entenda que quando nós
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negros e negras falamos que sofremos o
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racismo não duvidem de nós não duvidem
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de
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nós eu penso que esse espaço aqui as
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discussões que nós teremos essa mesa as
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relações de poder o campo da esquerda
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nós precisamos rever até que ponto somos
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antirracistas e até que ponto essa
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democracia que nós lutamos por ela que
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queremos reconstruí-la e queremos
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derrubar o neofascismo essa democracia
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vai ser igualitária do ponto de vista da
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raça do ponto de vista do gênero homens
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nos lugares de poder homens brancos nos
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lugares de poder mesas com maioria
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branca uma única mulher falando mesmo
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quando nós
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avançar e sermos emancipatório mesmo
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assim tem uma estrutura de poder racista
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que nos prende e eu penso que as novas
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gerações sobretudo tem a capacidade de
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rever isso porque quando o racismo olha
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para nós e quando o racismo incide seja
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sobre negros indígenas palestinos sobre
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outros grupos o que que o racismo faz
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ele nos
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desumaniza ele nos retira do lugar da
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humanidade ele nos inferioriza
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Ele olha para nós e sempre acha que nós
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somos incapazes ou de estarmos naquele
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lugar ou não merecedores de estar
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naquele lugar e isso tá aqui não só nas
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estruturas mas está nas mentes então
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superar o racismo é descolonizar as
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nossas mentes nós precisamos sim
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descolonizar as nossas mentes E que esse
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fórum seja um fórum que nós saiamos
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daqui com mentes mais descol
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em relação às questões de poder eu me
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lembro quando eu estudava com Boaventura
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e que ele falou uma coisa que me deixou
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muito pensativa ele falava o seguinte
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não adianta lutar contra as
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desigualdades
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socioeconômicas lá fora e quando chega
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nos Espaços privados ou nas relações
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profissionais ou nos lugares de poder
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você reproduzir a opressão de raça e a e
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a repressão de gênero não
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adianta Então o que eu diria para vocês
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nessa manhã ou nessa tarde e nesse fórum
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é que superar o racismo
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significa uma postura que vai contra
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toda e qualquer forma de dominação de
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pessoas de grupos de subjetividades E
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para isso tem que ser muito corajoso uma
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pessoa que é acovarda não é aquela que
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luta contra o rac
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e eu espero que a nossa coragem de lutar
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pela resistência democrática também seja
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uma coragem de incluir nessa luta e
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nessa resistência democrática a luta
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contra o racismo a luta contra o sexismo
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a luta contra a discriminação da
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diversidade
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sexual e eu queria fechar contando para
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vocês uma história o que é ser uma
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mulher negra ministra O que é ser uma
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mulher negra numa numa sociedade com 4%
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da população negra e que vive a maioria
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em situação de desigualdade e que essa
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desigualdade não é só Econômica ela é
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racial também significa viver situações
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como uma posse de uma colega ministra
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feita em Brasília ao ar livre eu como
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ministra vou a posse Honrar prestigiar
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essa colega e os meus assessores falam
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ministra a senhora não pode ir sozinha
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eu falo tudo bem eu vou com motor não
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tem que ir o chefe de gabinete o
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assessor com a senhora eu chego nesse
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espaço na hora de entrar todos os
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colegas entram ministros e ministras e
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quando eu chego a pessoa da portaria
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barra minha entrada e o assessor vira e
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fala está aqui a ministra nma da
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Igualdade racial que precisa entrar e a
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pessoa que estava na porta olha para mim
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e pergunta onde está a
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ministra isso signica Umo o que fica
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invisibilizado e é isso que o racismo
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faz conosco então se nós queremos
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superar o racismo nós temos que dar
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visibilidade aos corpos negros em
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espaços de reconhecimento e de forma de
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reconhecimento e de forma digna uma
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segunda experiência Palácio do Planalto
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uma cerimônia presidenta ministros
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Chegamos eu e um outro colega Ministro
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branco sem o botton de
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identificação meu colega chega ele passa
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ele entra no recinto quando eu chego
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para entrar no recinto me barram e falam
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Cadê o botam e o assessor vira e fala
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essa aqui é a ministra Nilma e a
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ministra Nilma precisa de entrar e esse
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segurança que começa a ter uma certo
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certo tumulto da hora e as pessoas
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sempre vêm me desculpa não é isso não é
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isso e o assessor fala ela é a única
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mulher negra ministra no conjunto dos
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outros Ministérios como você não não a
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reconhece isso é você chegar nas
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relações de poder em lugares de poder e
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decisão sendo uma mulher negra e sendo
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um corpo que ainda é considerado
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estranho e um corpo que ainda é
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considerado que não deveria estar nesse
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lugar Isso é o que o racismo faz então
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essa ideia de superiores e inferiores
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ela se concretiza dessa forma e nessa
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materialidade e eu digo isso porque o
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campo das esquerdas precisa avançar No
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que diz respeito à Superação do racismo
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e deixar de considerar que isso é algo
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da experiência pessoal da Nilma que fala
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para vocês e entender que isso é algo
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estrutural estruturante e que se nós
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queremos avançar na nossa democracia ela
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tem que ser uma democracia que faça uma
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revisão e uma Superação do racismo ela
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tem que ser uma democracia anti
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e esse pensamento crítico que nós
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construímos ele tem que ser decolonial
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descolonizador e ele tem que ser também
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antirracista obrigada