00:00:06
[Música]
00:00:27
[Música]
00:00:37
violência sexual ela é gritante em todo
00:00:39
lugar do Norte ao sul existe uma grande
00:00:42
diferença que é o silêncio eu acho que é
00:00:46
porque a sociedade não se interessa
00:00:49
então a gente tá falando de uma
00:00:50
sociedade adoecida né
00:01:01
você tem abusadores de todas as classes
00:01:04
sociais acho que matar uma pessoa não é
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tão violento quanto você abusar de uma
00:01:08
criança 5 6 anos de idade n eu acho que
00:01:11
tem uma coisa aí muito importante a
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impunidade tem muita pornografia
00:01:16
infantil na internet nas redes sociais
00:01:23
todas a gente ainda cria os nossos filos
00:01:27
para serem macho quanto mais velho você
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for quanto mais novinha é a sua amante
00:01:33
mais maneiro você é mais garanhão o cara
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que pagou R 20 para fazer sexo com uma
00:01:40
menina na praia com uma menina de 14
00:01:42
anos cara a hora de você v esse casal
00:01:44
andando você tem que parar falar meu
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pega ladrão aconteceu isso porque você
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quis você que estava lá como se a vítima
00:01:50
criança tivesse plena condição de
00:01:52
entender o que ela tava
00:01:54
[Música]
00:01:56
fazendo tem exploração sexual no WhatApp
00:02:00
nas festas no meio político é quando há
00:02:04
uma troca Mercantil seja dinheiro seja
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uma carona seja uma comida seja uma
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bolagem ou seja o que for não é normal
00:02:10
mas a gente acha que é normal porque
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ninguém faz nada As autoridades não
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fazem nada quando alguém presencia uma
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situação de exploração sexual ela só tem
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duas opções denunciar ou ser cúmplice a
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gente entender que prostituição infantil
00:02:24
que a exploração sexual da criança do
00:02:27
Adolescente não pode ser paisagem
00:02:35
[Música]
00:02:44
Ai eu acho que a gente tem que rever as
00:02:47
nossas urgências
00:02:50
sabe assim para ontem eu queria propor
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nacionalmente com apoio do governo com
00:02:59
apoio de de Fátima Bernardes sabe assim
00:03:02
de todo mundo que decide coisas que
00:03:04
define o que que a gente vai falar sobre
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eu queria que todo mundo se juntasse pra
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gente eleger uma data no calendário e
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aquele dia vai ser um dia que a gente
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vai se comprometer como uma nação unida
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que somos de famílias corretas do bem e
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a gente
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vai ficar 24 horas sem estuprar ninguém
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Será que a gente consegue aí nos rádios
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vão falar assim eh está chegando a data
00:03:36
de ficar 24 horas sem estuar ninguém e
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aí eu imagino as pessoas falando assim
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[ __ ] tem que ter uma data para isso eu
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acho que é porque a sociedade não se
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interessa sabe a sociedade é uma coisa
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tão horrível essa que eu acho que causa
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uma uma um certo distanciamento fal não
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quero nem ver não quero saber que essas
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coisas acontecem né é uma forma de você
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de alguma maneira não participar dessa
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brutalidade
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né porque a questão da violência sexual
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ela não tem classe ela não tem
00:04:24
cor não dá para achar que a religião
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está fora dessa discussão
00:04:30
que a escola está fora dessa discussão
00:04:33
que a família está fora
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não violência sexual ela é gritante em
00:04:41
todo lugar do Norte ao sul Existe uma
00:04:44
grande diferença que é o
00:04:49
silêncio que alguns lugares isso se
00:04:53
naturaliza isso é silenciado por conta
00:04:56
de um machismo muito grande a gente aa
00:05:00
os nossos filhos para serem
00:05:04
macho e quando eu ensino isso meu filho
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desde pequeno eu esqueço de passar esses
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valores do da
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permissão do que é moral do que do que
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pode ser feito do respeitar da da mulher
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do querer dela e acima de tudo de
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respeitar as
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crianças então há um elemento aí de
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desigualdade de gênero brutal nós somos
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criadas para favorecer tudo o que aquilo
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que o macho não Di não dê conta na
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sociedade ou somos culpadas ou vamos ter
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que dar conta e aí você tem um padrão de
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comportamento social que é coisifica a
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mulher o homem pode fazer tudo o homem
00:05:50
branco e Rico pode fazer tudo e mais um
00:05:52
pouquinho e nós mulheres temos que ser
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submissas e nós mulheres pobres e negras
00:05:58
mais missas
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ainda mas eu acho que tem uma coisa aí
00:06:13
muito importante a
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impunidade porque a gente consegue ver
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isso em toda parte do mundo mas aonde
00:06:21
existe maior
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responsabilização e maior defesa da
00:06:25
vítima Você tem gradualmente uma redução
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dos casos
00:06:41
quando comecei esse trabalho na Feminina
00:06:44
eu já tinha foi 2006 tinha 17 anos de
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experiência em cadeias de homens e Esse
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aspecto da violência sexual contra as
00:06:54
meninas isso é uma coisa absolutamente
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chocante porque
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chocante é revoltante porque as sequelas
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ficam para sempre eu tenho meninas lá
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tem uma menina que fugiu de casa com 8
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anos de idade e foi morar na rua na
00:07:09
Praça da Sé com 8 anos de
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idade outras que fugiram que saíram de
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casa com 10 12 anos 15 anos é um número
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enorme enorme porque não não tinham
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condição de permanecer na casa em que na
00:07:25
presença do estuprador não é mas eu
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canso de ver elas me contarem essa
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experiência hoje mulheres fez com 30 40
00:07:34
anos de idade e ao contar a experiência
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ficarem trêmulas e escorrerem lágrimas
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dos olhos é muito frequente isso quer
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dier deve ser um trauma tão brutal que
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se você carrega pelo resto da vida e e
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para falar nele a dificuldade é muito
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grande
00:08:00
minha mãe Ela me teve com 13 anos de
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idade com 5 anos as coisas começaram a
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piorar porque meu padrasto Ele começou a
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beber todos os
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dias e toda vez que ele bebia ele
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chegava em casa ele agredia a minha mãe
00:08:14
ele batia muito nela de tantas agressões
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que ela sofria ela começou a produzir
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agressão também então er surras e mais
00:08:21
surras que eu
00:08:24
levava muitas noites quando ele chegava
00:08:27
eu sentia que ele me tocava
00:08:30
[Música]
00:08:32
e eu ficava no primeiro momento eu
00:08:34
ficava com medo porque ele me ameaçava
00:08:35
ele diz olha se você contar pra sua mãe
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eu mato sua mãe e mato você também eu
00:08:39
não tinha dúvida que ele poderia fazer
00:08:40
isso
00:08:43
né então eu comecei a fugir de
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casa eu pegava barco não sabia ler não
00:08:50
sabia escrever entrava no barco ia
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embora sem destino e quando eu chegava
00:08:54
Nessas cidades eu caminhava pela cidade
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por horas e quando eu estava com fome eu
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batia na casa de alguém falava que tava
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com fome e contava o que tinha
00:09:03
acontecido porque eu tinha hematomas no
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corpo Então as pessoas acreditavam E aí
00:09:08
eles falavam não posso ficar com você
00:09:10
você tem família Então me mandavam para
00:09:12
Manaus e a história foi se repetindo
00:09:14
cada vez mais forte mais
00:09:16
[Música]
00:09:18
violenta quando eu comecei a falar para
00:09:20
ela que o que tava acontecendo ela não
00:09:23
acreditou então quando ela não passou
00:09:25
mais a acreditar em mim foi quando
00:09:27
realmente eu me eu digo eu não sou nada
00:09:30
para ela Ela prefere ficar com ele do
00:09:32
que comigo que acreditar em mim mesmo
00:09:34
foi quando eu não quis mais voltar para
00:09:37
casa a última fuga que eu fiz eu não fui
00:09:41
pr pra cidade não eu fiquei em Manaus
00:09:45
mesmo só que eu fiquei morando morando
00:09:47
no centro da cidade foi quando eu
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conheci o outro lado da violência também
00:09:52
é da exploração sexual foi quando você é
00:09:55
usado para algo né sem saber que tá
00:09:58
sendo usado
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a rua me causou muitas dores também
00:10:06
então eu já tinha não tinha para onde ir
00:10:08
então tinha perdido a esperança mesmo
00:10:09
chegou um momento que eu disse onde me
00:10:11
colocar eu vou ficar não saio mais e foi
00:10:14
quando me levaram pro acolhimento
00:10:16
institucional E aí eu fiquei nesse
00:10:18
abrigo por mais ou menos uns TR meses 4
00:10:21
meses porque minha mãe não tinha ido
00:10:22
mais me
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procurar era um abrigo do estado que
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maltratavam muito da gente também se
00:10:31
eles vissem a situação daquela eu ia
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apanhar comecei a bater a inchada no
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muro então em 15 dias já tinha um buraco
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e aí foi o momento eu corri mergulhei no
00:10:44
buraco e
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passei e foi quando eu cheguei na casa
00:10:49
mamãe
00:10:51
[Música]
00:10:53
Margarida ela me deu banho porque eu
00:10:55
tava muito suja de Barro ainda por ter
00:10:57
passado pelo buraco e eu lembro o cheiro
00:11:00
da roupa que ela me deu porque eu nunca
00:11:02
tinha tido uma roupa
00:11:04
[Música]
00:11:06
nova Aquele momento que eu chegava
00:11:08
escuro eu comecei a ver a luz
00:11:11
[Música]
00:11:29
C
00:11:32
[Música]
00:11:47
[Música]
00:12:16
a maior parte dos casos de violência
00:12:18
sexual no Brasil eles são
00:12:21
interfamiliares
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Então quem abusa dessa menina é alguém
00:12:28
muito PR
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Às vezes a mãe tu para para escutar uma
00:12:35
menina a mãe dela sofreu violência na
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infância e ela superou Então ela a filha
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também vai
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superar sempre a exploração ela começa
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na
00:12:50
violência no abuso abuso e exploração
00:12:54
são coisas distintas no entanto elas
00:12:56
estão intimamente conectadas
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quando você olha esta menina de 5 se
00:13:02
anos
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abusada todo mundo fica conduo todo
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mundo Olha essa menina e fala ai meu
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Deus ai que coisa essa menina a gente
00:13:10
precisa cuidar dela quando essa mesma
00:13:13
menina tá aqui mais tarde com 13 anos a
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sociedade olha para ela e dá de ombros
00:13:19
porque diz o seguinte ela tá aí porque
00:13:21
ela quer não tá que quer Cadê a mãe
00:13:24
dessa menina não é então esse essa visão
00:13:28
que sociedade tem de uma diferença que
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não existe essas duas são as mesma são
00:13:33
as mesmas meninas não é é a mesma menina
00:13:36
que tá nessa situação e que tá nessa
00:13:37
situação e que tá nesse ciclo perverso
00:13:40
de naturalização de abuso de
00:13:42
objetificação então eh a gente tá
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falando desta cultura que é uma cultura
00:13:48
permissiva com o casamento infantil com
00:13:50
a sexualização precoce
00:13:52
e E aí é natural que a exploração sexual
00:13:56
não seja vista como um
00:13:58
problema a exploração sexual é quando há
00:14:00
uma troca Mercantil Quando essas
00:14:02
crianças e adolescentes são exploradas
00:14:04
em troca de algum alguma recompensa seja
00:14:08
dinheiro seja um convite seja uma carona
00:14:10
seja uma comida seja uma bolacha seja o
00:14:12
que for
00:14:25
[Música]
00:14:29
hoje a questão da exploração sexual ela
00:14:31
não é de rua ela não é mais somente de
00:14:35
rua não é mais uma menina ou um menino
00:14:38
rodando uma bolsinha no meio da
00:14:41
rua a exploração sexual hoje ela
00:14:44
acontece no WhatsApp tem turismo tem
00:14:47
exploração sexual no cotidiano das
00:14:49
pessoas tem exploração sexual nas festas
00:14:53
tem exploração sexual no meio político
00:14:57
[Música]
00:15:08
[Música]
00:15:21
tem muita pornografia infantil na
00:15:23
internet nas redes sociais
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todas todas não só tipo de p web que é
00:15:29
esse lugar que você não sabe muito bem
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como você acessa mas também lugares mais
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fáceis de acessar não é só quem é um
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super hacker da internet que consegue
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acessar esse tipo de conteúdo não eu
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fico fico achando engraçado porque a
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galera consegue derrubar página de
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ativista que botou um mamil inho de fora
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aí os grupos de pornografia infantil
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ninguém consegue derrubar você derruba
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um nasce outro nasce outro nasce vários
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uma e tem t tem tanto mercado tem tanta
00:16:00
gente a galera que tá no poder tá usando
00:16:03
sabe assim tipo os deputados na os os Às
00:16:08
vezes o prefeito tá no rolê aí aí você
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vai falar assim Prefeito a gente
00:16:13
gostaria de uma política que melhorasse
00:16:14
essa situação a ele vai falar eh entendo
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a sua necessidade mas não vai dar porque
00:16:21
eu que criei a rede de exploração então
00:16:23
não vou querer que derrube tá mas se eu
00:16:26
gostaria de um poste um de faltar uma
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rua a gente até
00:16:31
consegue
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sabe mas acho que existe uma contradição
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aí né de um lado os homens se revoltam
00:16:40
contra o outro que usa da violência para
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estuprar uma moça que passa na rua e de
00:16:46
outro lado os homens toleram a
00:16:48
prostituição infantil né o número de
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homens que acha normal uma menina de 12
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anos que se prostitui faz parte da da da
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rotina da vida né eles não acham que
00:17:00
isso é um estupro não acham que eles
00:17:02
estão usando da violência sexual tem Mil
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Desculpas aí que eles se dão para ter
00:17:08
esse interesse em abusar de meninas na
00:17:12
mais tenra idade
00:17:16
né você tem abusadores de todas as
00:17:19
classes sociais né Isso é bem importante
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porque a gente tá falando de uma cultura
00:17:23
mas a maioria das situações de
00:17:25
exploração sexual se dá com o abusador
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eventual ou abusador ocasional o que que
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é o abusador eventual ele não tá fazendo
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uma viagem com o fim de exploração
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sexual e ele não se sente um abusador
00:17:39
por quê Porque ele acha que tá ajudando
00:17:40
aquela menina que ela precisa e ela tá
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lá para isso mesmo ele não se sente um
00:17:44
criminoso apesar do Código Penal dizer
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que pagar para fazer sexo com uma menina
00:17:50
de 14 a 18 anos é crime de exploração
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sexual para quem tem a relação para quem
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agencia Quando é o caso de agenciamento
00:17:58
e pro estabelecimento que aceita esta
00:18:13
situação a legislação faz o seu papel o
00:18:17
que acontece é que muitas vezes o
00:18:19
aplicador da Lei quem está lá para fazer
00:18:22
acaba não levando em consideração aquilo
00:18:24
ou então acaba eh sendo movido por esse
00:18:28
esse sentimento de que é
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costumeiro aceitando as desculpas do
00:18:34
agressor isso causa uma revolta né
00:18:37
porque a lei tá lá para ser cumprida
00:18:40
independentemente de quem seja o
00:18:41
agressor pobre rico empresário
00:18:46
Professor padre não não eu costumo dizer
00:18:50
o agressor o sujeito ativo do do abuso
00:18:53
sexual é é é um crime democrático
00:18:55
qualquer pessoa vai cometer qualquer
00:18:57
pessoa pode sofrer
00:19:02
[Música]
00:19:10
para esta adolescente de 13 anos o dia 7
00:19:12
de agosto ficou marcado ela foi
00:19:14
resgatada pela polícia dentro de um
00:19:16
motel o empresários de 37 anos e a tia
00:19:19
dela foram presos Ambos são investigados
00:19:22
pela polícia e pelo Ministério Público
00:19:24
por suspeita de pertencer a uma rede de
00:19:26
prostituição infantil A história da essa
00:19:29
menina ela começa com abuso aos 5 6 anos
00:19:32
de idade por um parente muito próximo ah
00:19:35
nesse lugar onde ela estava que era o
00:19:38
lugar de Cuidado a tia começou a vender
00:19:43
ela para este
00:19:46
empresário um belo dia recebemos uma
00:19:49
denúncia ela se encontraria em
00:19:52
determinado motel com uma pessoa e lá
00:19:55
dentro flagramos uma cena chocante uma
00:19:58
garota muito pequena magrinha Parecia
00:20:01
ter uns 10 anos de idade o tamanho um
00:20:04
homem né um homem adulto né com a tia
00:20:09
sentada na beira da cama vestida Ou seja
00:20:11
a tia se certificava de que ela
00:20:13
realmente ia cumprir o acordo nesse caso
00:20:16
em específico O Flagrante foi feito e
00:20:19
ele foi liberado em audiência de
00:20:21
Custódia isso gerou uma revolta popular
00:20:23
muito grande eh a imprensa noticiou foi
00:20:27
amplamente divulgada E isso também
00:20:30
ajudou muito para que a gente
00:20:32
conseguisse num segundo pedido de prisão
00:20:35
conseguisse que ele voltasse pro cárcere
00:20:37
o o processo todo caminhasse para que eh
00:20:41
agora já esteja concluso pra
00:20:51
sentença há um elemento que a gente não
00:20:53
pode deixar de pensar quanto mais eu me
00:20:56
afasto das capitais dos estados mais
00:20:59
violação de violação de direito eu
00:21:01
encontro porque menos cidadania eu vou
00:21:03
ter menos rede articulada de proteção eu
00:21:06
vou
00:21:07
ter Então se essa criança ela sofre além
00:21:11
dessa negligência uma violência física
00:21:13
isso agrava a vulnerabilidade dela mas
00:21:16
se ela sofre uma violência sexual
00:21:19
realmente ISS é um elemento que a
00:21:22
desestabiliza de uma forma que ela acaba
00:21:25
sentindo uma necessidade de buscar algum
00:21:28
tipo de recurso para evadir daquela casa
00:21:31
então nessas situações muitas vezes elas
00:21:34
vão entrar em contato com os abusadores
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com os exploradores que vão favorec
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lasas com trocas né porque não nem
00:21:41
sempre é o dinheiro às vezes são
00:21:45
bens e a partir das falas das meninas
00:21:49
elas dizem assim olha eu prefiro ser
00:21:51
abusada por uma pessoa que eu não
00:21:56
conheço e a e um elemento que é muito
00:22:00
forte que é baixa autoestima né então
00:22:02
ela precisa ser aceita Ela também quer
00:22:05
ser amada e aí ela também é ensinada que
00:22:08
o que a torna mais empoderada é o
00:22:11
dinheiro nós vivemos uma relação de
00:22:13
coisificação das pessoas né você é o que
00:22:16
você veste o que Você consome o que a
00:22:18
sua estética diz então geralmente essas
00:22:21
meninas elas também estão querendo serem
00:22:24
vistas como pessoas importantes
00:22:27
[Música]
00:22:33
quando você tem nas regiões urbanas mais
00:22:36
fortemente a situação da exploração
00:22:39
normalmente você não tem quadros de fome
00:22:41
extrema de né vou vou ganhar dinheiro
00:22:44
para para poder comer você tem situações
00:22:47
de
00:22:48
naturalização da venda do próprio corpo
00:22:50
como se isto não tivesse importância
00:22:53
gente aí a gente tem que olhar de novo
00:22:54
por que é que não tem importância não
00:22:56
tem importância porque essa menina vem
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sendo fruto de uma violência
00:23:00
sistematizada desde que ela nasceu é uma
00:23:03
violência social nãoé ela tá sendo
00:23:06
vítima desta violência e aí ela não
00:23:09
reconhece como violência o que está
00:23:11
acontecendo o que ela tá se colocando a
00:23:14
posão na qual ela se coloca na verdade
00:23:16
você perde a possibilidade dela
00:23:19
construir uma história diferente para si
00:23:20
de
00:23:26
vida querido diário
00:23:29
tenho a pele escura meu apelido é preta
00:23:32
como eu sou magra e não tenho nada de
00:23:34
barriga ninguém diz que já tive
00:23:37
filhos sou muito alegre mas também muito
00:23:41
triste toda minha alegria tem o dobro de
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tristeza perdi meu pai com 5 anos minha
00:23:50
mãe teve que deixar os filhos na casa de
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uma senhora a Dona Maria que botava a
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gente para vender flores no sinal
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restaurante em todo lugar saí pra rua às
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7 horas da noite só voltava para casa às
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4 5 horas da
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madrugada se não vendesse todas as rosas
00:24:10
Dona Maria não me dava nem comida e nem
00:24:12
roupa ela cansou de dar com as rosas na
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minha cabeça quando eu voltava com as
00:24:17
flores para
00:24:18
[Música]
00:24:22
casa essa história de vender rosas foi
00:24:26
que me levou para prostituição
00:24:28
Eu me prostituía para ter o dinheiro da
00:24:30
Rosa era mais
00:24:32
rápido jogava as flores fora assim que
00:24:35
arrumava um cliente levava o dinheiro
00:24:37
paraa Dona Maria e não precisava ficar
00:24:39
vendendo mais nada podia
00:24:45
brincar quem me levou para essa vida foi
00:24:48
a irmã mais velha de uma colega minha da
00:24:50
favela ela me levou pra casa delas e
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apontou para o pai que tinha uns 40 anos
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e disse se você colocar a boca no pinto
00:24:58
dele
00:24:59
você ganha um pacote de macarrão e R
00:25:02
10 depois disso fui perdendo a inocência
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naquela época comecei a conseguir
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bastante dinheiro fazendo programa
00:25:11
dentro e fora da favela podia comprar
00:25:14
todos os brinquedos que quisesse com a
00:25:17
grana da prostituição comprei minha
00:25:20
primeira Barbie
00:25:21
[Música]
00:25:30
como as meninas de exploração são vistas
00:25:32
elas são
00:25:35
invisibilizadas você vê uma menina de
00:25:37
exploração você diz que ela é uma
00:25:38
Enxerida que ela gosta de pegar o marido
00:25:40
das mulheres casadas que ela mas você
00:25:43
não responsabiliza isso tem a ver com
00:25:45
relação de gênero os homens que muitas
00:25:47
vezes poderiam dizer não para essas
00:25:49
meninas por que que a gente não
00:25:50
responsabiliza os homens enquanto a
00:25:53
gente não olhar este homem que tem
00:25:56
relação com esta menina como um
00:25:57
criminoso
00:25:58
e não olhar esta menina como isenta de
00:26:01
responsabilidade pela situação que ela
00:26:03
tá a gente vai continuar julgando que
00:26:05
esta menina é
00:26:06
culpada e e isto ISO não se resolve
00:26:10
Então a gente tá falando de uma
00:26:11
sociedade adoecida né de uma sociedade
00:26:14
que se relaciona culpabilizando aquela
00:26:16
menina né não ela tá lá ó ó ela tá lá
00:26:19
porque ela é [ __ ] ó só tá vendo a
00:26:21
gente já tentou tudo mas ela gosta
00:26:24
daquilo então há uma incompreensão do
00:26:27
que são essas pessoas
00:26:29
do quo de sofo tem ali e da minha
00:26:32
responsabilidade enquanto sociedade iso
00:26:34
é muito importante n quando alguém
00:26:37
presencia uma situação de exploração
00:26:39
sexual ela só tem duas
00:26:41
opções denunciar ou ser
00:26:50
cúmplice se uma menina tá andando na rua
00:26:52
de saia curta e acontece alguma coisa
00:26:55
com ela de quem é a culpa
00:26:59
eu acho que ela devia usar a saia mais
00:27:03
compridinha porque chama
00:27:05
atenção metade culpa dela e metade culpa
00:27:09
da estrutura familiar entendeu dos Pais
00:27:11
né Essa parte aí a culpa é toda nossa
00:27:15
Com certeza muitas meninas provocam
00:27:18
mesmo se uma menina andar com uma mini
00:27:20
saia e um um Decinho de de sutiã Então
00:27:25
ela tá provocando aquela pessoa doente
00:27:27
dos pais que não de
00:27:29
que não vigiou como deveria que não teve
00:27:31
presente como deveria não culpa assim
00:27:34
nem quem violentou e nem quem usou nós
00:27:38
não devemos provocar né eu acredito
00:27:41
assim a culpa não é do
00:27:44
agressor culpa é do agressor mas Tem
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situações que você não poderia deixar
00:27:50
ela vulnerável
00:27:52
também mas mais dos familiares porque os
00:27:56
familiares tem que dar apoio
00:28:02
bom do homem se ela está com a roupa
00:28:06
inadequada e acontece alguma coisa com
00:28:08
ela a culpa é unicamente do agressor a
00:28:12
vítima nunca nunca jamais deveria ser
00:28:14
culpada
00:28:16
[Música]
00:28:40
[Música]
00:28:43
E aí senhores beleza que maravilha isso
00:28:48
hein bom aqui as margens do do Rio Negro
00:28:52
né a gente tá ainda no porto de cacau
00:28:55
Pereira que Pelo que eu
00:28:57
entendi era onde era a chegada das das
00:28:59
balsas que vinham de Manaus do outro
00:29:01
lado chegavam aqui então acabou virando
00:29:03
um um centro de comércio de muita gente
00:29:06
e tal e eu acho que para mim é sempre um
00:29:09
aprendizado né quando você sente o pulso
00:29:12
do dia a dia da Rua das pessoas te dá
00:29:15
uma uma sensação uma visão E opinião
00:29:19
muito diferente de quando você lê nos
00:29:20
livros ou quando você vê no jornal
00:29:21
quando você assiste os documentários
00:29:23
quando você tá na rua te dá a sensação
00:29:25
e real do que tá aconte você vai na no
00:29:30
[Música]
00:29:40
problema
00:29:41
mas me disseram que tem muita menina
00:29:44
nova na rua hoje em dia porque ela não
00:29:46
se respeita ela o quê Ela não se
00:29:49
respeita porque ela se respeitasse
00:29:51
trabalhasse estudasse elas eram outras
00:29:53
coisas boa as meninas não se respeitam
00:29:56
Mas você acha que elas vão pra rua cedo
00:29:58
é cedo e daqui a pouco vem com filho no
00:30:01
braço pros pais criar mas a minha
00:30:03
pergunta é essa você acha que elas vão
00:30:04
pra rua cedo por falta de opção por
00:30:07
falta de oportunidade ou por falta de
00:30:09
vergonha é de vergonha você acha que é
00:30:10
falta de vergonha ou falta de
00:30:11
oportunidade que oportunidade também tem
00:30:14
M que vai pra vida mais porque é forçado
00:30:17
não é que ela es é a culpa é do Gringo
00:30:19
ou a culpa das meninas é das meninas
00:30:21
também né Por quê é falta de elas elas
00:30:25
se deixam envolver n deixam Claro por
00:30:28
conta do dinheiro mesmo também tem
00:30:30
oportunidade também então a menina de 11
00:30:32
anos que sai com o gringo aqui a culpa é
00:30:33
da menina é do gringo também né eu fceo
00:30:36
dinheiro pra Dona Ela Gosta de
00:30:38
Dinheiro programa aqui vai custar R 10 R
00:30:41
15 a menina p e que que vocês acham
00:30:44
disso
00:30:45
não mas alguém alguma vez já chamou a
00:30:48
polícia porque eu vi uma menina de ou
00:30:50
Chamou o Conselho Tutelar ou chamou
00:30:51
ajudado de menores ou chamou algum tipo
00:30:53
ou vocês acham isso com toda sinceridade
00:30:55
e respeito a esse assunto que é um
00:30:57
assunto delicado hoje já virou paisagem
00:30:59
ninguém nem percebe não é normal mas a
00:31:01
gente acha que é normal porque ninguém
00:31:03
faz nada As autoridades não fazem nada
00:31:06
mas a mudança Não começa na gente
00:31:08
será não com certeza com certeza com
00:31:12
certeza minha tem nem corpo de mulher
00:31:14
ainda criança criança e aqui porque à
00:31:17
gente tá num bar com sinuca e bebida Ou
00:31:19
seja é um lugar propício para aparecer
00:31:22
aparece com que idade 12 13 15
00:31:28
é duro não é mas é a
00:31:31
[Música]
00:31:43
[Música]
00:31:48
realidade é muito
00:31:50
complexo enquanto você não conscientizar
00:31:52
que aquele safado de 45 anos que tá
00:31:56
dando R 30 para ela na balsa tá sendo
00:32:00
pode ir pra cadeia e que el ele vai ser
00:32:03
reprimido pela sociedade e que ele vai
00:32:05
ficar envergonhado pela sociedade esse
00:32:07
problema não tem
00:32:10
[Música]
00:32:24
solução prende as cabritas que meu bode
00:32:28
tá solto sabe é tudo tudo tudo é assim
00:32:34
tudo é um alguma coisinha sempre tem um
00:32:37
um reforcinho nos pequenos detalhes
00:32:41
desde que você nasceu você escuta aí
00:32:43
como que como que não vai influenciar
00:32:45
como que você vai dizer que não vai
00:32:46
influenciar as músicas dizem isso
00:32:51
e a a as os as Produções audiovisuais
00:32:55
dizem isso
00:32:58
os livros dizem
00:32:59
isso os seus pais dizem isso seus tios
00:33:03
dizem isso as pessoas no ônibus dizem
00:33:05
isso quanto mais velho você for e quanto
00:33:08
mais novinha é a sua
00:33:11
amante
00:33:13
melhor mais maneiro você é mais
00:33:18
garanhão tem que ter muitas elas tem que
00:33:20
ser
00:33:25
novinhas é ó o Google que quem pesquisa
00:33:30
novinha bota lá novinha bota junto as
00:33:34
seguintes palavras sexo porno comendo
00:33:38
novinha novinha gostosa novinha dando x
00:33:42
vídeos novinha sexo com novinha povo
00:33:48
povo quer isso das novinhas né
00:33:57
the more Anonymous and the more
00:33:59
accessible pornography is the more You
00:34:02
Drive demand and the internet makes it
00:34:05
very affordable very accessible And very
00:34:09
[Música]
00:34:20
Anonymous many Boys All Over The World
00:34:23
their introduction to sex education is
00:34:26
pornography and It's Only violent
00:34:28
pornography because that's the only por
00:34:30
you can get for free so they haven't got
00:34:32
a credit card to go looking for
00:34:33
so-called softcore por which barely
00:34:35
exists so when you bring up a Generation
00:34:38
of Boys on Hardcore porn you are as we
00:34:41
know from the research you are
00:34:44
increasing the likelihood of them
00:34:46
sexually abusing you are limiting their
00:34:49
capacity for intimacy Connection and
00:34:50
empathy All The Things That make people
00:34:53
Human pornography is a Public Health
00:34:55
crisis
00:34:57
stealth Public Health Crisis very few
00:35:00
people know about it I mean When I go
00:35:02
and Speak to lawyers doctors parents
00:35:06
educators they've never heard this they
00:35:08
don't know that the Average Kid is
00:35:10
looking at porn by the age of 11 They
00:35:12
Don't Know What the porn is so There is
00:35:14
no adults around so the first thing we
00:35:17
have to do is we have to educate adults
00:35:20
about what's going on with pornogy
00:35:27
[Música]
00:35:40
[Música]
00:35:46
a Google né e outros outros provedores
00:35:48
de aplicação de de busca também eles
00:35:52
dizem que eles precisam de uma ordem
00:35:54
judicial para retirar o conteúdo a menos
00:35:57
que vi eles entendam que viole os termos
00:35:59
de serviço deles né deles próprios mas
00:36:03
se eles entenderem que não viola para
00:36:05
retirada desse conteúdo precisa de uma
00:36:07
ordem judicial mas sem dúvida o papel
00:36:10
dos provedores é muito relevante porque
00:36:14
os algoritmos com os algoritmos tudo é
00:36:17
possível fazer né então com a a
00:36:20
tecnologia permite que que tudo seja
00:36:23
feito agora é necessário essa discussão
00:36:26
para ver em que medida que eles devem
00:36:29
aplicar isso para evitar que esses
00:36:32
conteúdos sejam disponibilizados
00:36:35
[Música]
00:36:55
[Música]
00:37:09
é muito difícil para uma criança
00:37:11
denunciar é muito difícil para uma
00:37:13
adolescente denunciar quando ele
00:37:15
denuncia ele precisa que todo o sistema
00:37:19
seja o conselheiro tutelar seja a
00:37:22
delegacia a saúde todo mundo esteja
00:37:26
preparado para acompanhar ele para que
00:37:29
ele não
00:37:32
desista a vítima ela era indagada em
00:37:35
regra ela tinha que responder e contar a
00:37:37
história de toda a exploração Que ela
00:37:39
sofreu por em torno de 7 até 11 até 15
00:37:43
vezes dependendo da situação quando ela
00:37:45
chega na quinta na sexta vez ela nega o
00:37:47
fato ela fala não não aconteceu
00:37:50
nada não quero mais falar ela não quer
00:37:52
mais falar é uma proteção por isso que
00:37:54
teve uma uma alteração Legislativa
00:37:56
recente agora em 2017 a lei que começou
00:38:00
a entrar entrou em vigor agora em 2018
00:38:02
do depoimento especial e do depoimento
00:38:04
único em que a vítima é ouvida uma única
00:38:07
vez vai ser uma pessoa capacitada que
00:38:09
vai fazer a escuta dessa dessa vítima
00:38:11
para poder aplicar todas as medidas
00:38:13
protetivas que ela
00:38:15
necessita aqui em Manaus tinha um grupo
00:38:18
que vendia pacotes de turismo nos
00:38:21
Estados
00:38:22
Unido para americanos virem para cá para
00:38:26
pro festival de pesca de
00:38:30
tucunaré Esse barco Ele parava no porto
00:38:33
de alguma cidade Um turista descia ele
00:38:37
seduzia a menina e a menina era
00:38:40
convidada para ir pro iate e ela era
00:38:42
convidada por coisa besta como Ah você
00:38:45
quer conhecer o iate Você quer tomar uma
00:38:48
coca-cola ele leva para tomar lá no iate
00:38:50
e as meninas iam para
00:38:52
lá tinha uma garota que me chamava muita
00:38:55
atenção porque ela foi iniciada aos 11
00:38:58
anos pelo agenciador que era o dono da
00:39:01
agência de turismo dono do barco e ele
00:39:06
ele quando abusava dela ele dizia ele
00:39:09
dava aquele dinheiro para ela e ele
00:39:11
simplesmente Além da questão de ela
00:39:14
voltar ele preparava ela para receber
00:39:17
outros
00:39:20
turistas uma coisa que me chamou sempre
00:39:23
muita atenção eu acho que eu estou is
00:39:25
ainda nisso essa frase quando ela falava
00:39:30
que a eu
00:39:32
volto
00:39:34
lá toda vez porque ele disse que um dia
00:39:37
ele vai me levar para
00:39:40
Disney Então ela voltava com isso não
00:39:43
era só para pegar aquele dinheirinho mas
00:39:45
com sonho de que um dia um daqueles
00:39:49
turistas também iam levar ela para uma
00:39:51
vida melhor
00:39:57
[Música]
00:40:03
o que uma menina
00:40:04
sonha eu quero ser pedagoga ou pediatra
00:40:09
Meu sonho é fazer uma faculdade no Japão
00:40:11
sonho em fazer uma exposição de artes
00:40:13
com
00:40:14
macinha viajar PR Disney ser pediatra ou
00:40:19
veterinária J de futebol ou
00:40:23
policial ajudar em causas sociais eu
00:40:26
quero ser veterinária ou geriatra também
00:40:30
porque eu gosto muito de idosas ia se
00:40:33
formar na
00:40:40
[Música]
00:40:42
aeronáutica se essa rua se essa rua
00:40:46
fosse
00:40:49
minha eu mandava eu mandava
00:40:55
ladrilhar com pedr inhas com pedrinhas
00:40:59
de
00:41:01
brilhante para o meu para o meu amor
00:41:06
[Música]
00:41:16
passar tive que trabalhar muito cedo
00:41:19
vendendo picolé pipoca tentando levar
00:41:23
algum trocado para dentro de casa aos 12
00:41:26
anos saí de casa não aguentava a miséria
00:41:30
fazia programa e frequentava boates já
00:41:33
sofri vários tipos de violência as que
00:41:35
mais marcaram foram os estos sofridos
00:41:37
tanto dos brasileiros que me pegavam na
00:41:39
praia nas madrugadas quanto dos gringos
00:41:42
que me levavam para os hotéis e faziam o
00:41:44
que queriam de mim Estou buscando
00:41:46
trabalho Digno um trabalho onde eu me
00:41:48
sinta bem e que não me prejudique ainda
00:41:51
tenho a esperança de um dia aprender a
00:41:56
ler e a escrever e ser ainda mais feliz
00:42:00
ainda tenho esperança de um dia aprender
00:42:03
a ler e escrever e ser ainda mais
00:42:11
feliz ele foi tomar banho e quando
00:42:13
terminou me pediu a
00:42:15
toalha fui levar e quando entreguei a
00:42:18
toalha Ele me puxou para dentro do
00:42:21
banheiro quando eu entreguei a toalha
00:42:23
Ele me puxou para dentro do banheiro
00:42:26
tapou minha boca e fez o que fazia com a
00:42:28
com a minha mãe desde esse dia fiquei
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com muito medo dele na época não sabia o
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que era aquilo que ele fazia comigo só
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sei que doía muito e que eu não podia
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fazer nada para me libertar não tive
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coragem de dizer a minha mãe mas um dia
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quando eu tinha 10 anos ela viu meu pai
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comigo na sua própria Daí pensei que
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esse pesadelo iria acabar mas foi o
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contrário ele cresceu cada vez mais
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porque a minha própria mãe ficou calada
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e fingiu que nada tinha
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acontecido não tenho sonhos não espero
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nada da vida o meu desejo é a morte não
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acredito mais em nada em ninguém
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Porque eu tive que trabalhar cedo
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trabalhei com 9 anos aí não tive mais
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oportunidade de estudar não pude
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terminar porque dentro de dentro de casa
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sofria violência também e quando eu fui
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trabalhar sofri mais violência também
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porque além disse ainda fui estrupada
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e piorou mais
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ainda ele me socou na
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boca meu patrão
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E eu perdi meus dentes cedo por causa do
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soco que ele deu na minha boca eu tive
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que mentir né pra esposa dele dizer que
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eu tinha caído e ninguém acreditava em
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mim nas coisas que eu
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dizia pronto aí dentro de casa também
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era a mesma coisa também a minha mãe não
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acreditava no que eu
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dizia eu não quis deixar que o que
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aconteceu comigo acontecesse com meus
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filhos não que foi muito triste até hoje
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eu eu nunca contei para meus filhos que
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eu
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passei essa é a primeira vez que eu tô
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contando para alguém
00:44:38
[Música]
00:44:57
[Música]
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ti viradinha vamos todos cantar vamos a
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meia é fqu
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am ano da gente no nosso ano só esque de
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botar o pontinho no primeiro
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anoi do TR
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qu todos os espaços podem ser espaços de
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prevenção mas Sobretudo o espaço da
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escola hoje é um espaço privilegiado é
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um espaço onde a gente deve ter um
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investimento nessa prevenção acho que
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antes de falar de temas conteudistas
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como geografia matemática a gente tem
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que começar a falar de
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cidadania de gênero de relações de poder
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como é que essas relações de poder devem
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ser trabalhadas na escola em casa como é
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que se educa um menino e uma menina como
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é que se respeita um menino e uma menina
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uma adolescente e uma adolescente porque
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muitas vezes Nós não sabemos fazer isso
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pode ser pode entrar gente cada um
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sentando no seu lugar vamos lá então
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vamos aprender as partes íntimas do
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nosso corpo todas elas Vocês precisam
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conhecer o que são as partes íntimas do
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nosso corpo feitos das partes íntimas
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bumbum ela falou vuv e falou também o
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quê pênis muito bem quando uma criança
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se apropria de conhecimento quando uma
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criança se se apropria de informação que
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ela sabe o que é o corpo dela que ela
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sabe o que ela quer ela quer brincar ou
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ela quer
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ela quer abraçar o pai ela tem que saber
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como é que o
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corpo se limita ou avança no espaço dar
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as mãos para um adulto conhecido e
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atravessar a rua
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pode a gente pode
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conhecido ninguém pode te beijar ou te
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abraçar a força sem você permitir
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não pode ou não pode gente não uma vez
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eu estava indo na esquina perto da minha
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casa aí o carro dentro tava eu pensava
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que ele ia passar direito mas quando eu
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tava andando ele me chamou para dentro
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do carro e corri para contar com meu pai
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tá vendo pensar o enfrentamento à
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violência é pensar em desenvolver
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habilidade de autoproteção na criança
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mas é pensar também em como fortalecer
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os adultos que cuidam das crianças
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sentido a gente tem a importância de
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trabalhar com a escola com as igrejas
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com as organizações comunitárias todo
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mundo que cuida da criança precisa ser
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capaz de lidar com essa questão as
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medidas de autoproteção são importantes
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mas não são suficientes porque a criança
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precisa dessa rede realmente de proteção
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dessa Aldeia que o protege né É preciso
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que a escola esteja conectada com a
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comunidade com essas instituições é
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preciso que essas
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instituições trabalhem juntos
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né se
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[Aplausos]
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fortaleçam falar de gênero e sexualidade
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no ambiente escolar é fundamental porque
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na escola é o lugar que a criança o
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adolescente mais socializa faz muitos
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amigos e
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amigas potência que tem de construir com
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meninos e meninas uma discussão sobre
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sexualidade sobre gênero
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é que meninos e meninas começam a ter
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outro tipo de relação os meninos começam
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a entender que falar de masculinidade é
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necessário é importante é fundamental
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pela vida das meninas e pela deles as
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meninas começam a montar coletivos Isso
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é muito bom Cadê comida aqui nessa casa
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que não vendo
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com
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aa acolhimento é sempre para nós aqui o
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melhor caminho pra gente ir descobrindo
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o que tá acontecendo o projeto meninas
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mulheres tem essa perspectiva e de dar
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repertório para essas meninas do lugar
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delas na sociedade como elas têm que se
00:49:41
colocar o que as agride o que as
00:49:45
desrespeita e como elas podem lidar com
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isso de filme de de concreto então ainda
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tem isso ainda tem gente algumas pessoas
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mexem
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com as mulheres pelo fato da roupa pelo
00:50:00
fato da maquiagem e isso não define o
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caráter de uma mulher então a gente vive
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isso no dia a dia eu acho que a gente
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não devia se acostumar com isso até
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porque isso é errado a gente também
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percebe que elas estão começando a
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desenvolver a ideia da
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sororidade sabe de me preocupar e elas
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usam sempre uma frase né que todo ato de
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luta é um um ato de amor
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mulheres TM medo porque existe agressão
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estupro e outras coisas é difícil para
00:50:36
nós
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[Música]
00:50:51
mulheres vamos começar a gente vai
00:50:54
trocar um papo aqui bem curtinho hoje
00:50:57
sobre
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masculinidade a gente agora vai
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construir juntos um
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homem eu quero que vocês me falem tudo
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que esse boneco precisa para ser um
00:51:11
homem
00:51:12
começou barba coração coração um pênis
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um pênis existe um problema em ser homem
00:51:19
no No Brasil existe um problema em ser
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menino no Brasil é imposto essa
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masculinidade que é o único modelo que a
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gente tem às crianças desde pequeno e
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essa masculinidade é violenta ela é
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agressiva com mulheres Então ela é
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machista ela é misógina Ela é
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lgbtfóbica racista racismo nenhuma
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criança nasce racista nenhuma criança
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nasce homofóbica nenhuma criança nasce
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machista então assim é o exemplo que as
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crianças recebem em volta e e acabam
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criando homens agressivos homens que
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querem o poder trazer os meninos pro
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centro da discussão de violência de
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gênero é primordial porque eles são
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eh ou poderão ser os autores dessa
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violência tudo isso eu acho que seria
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bem resolvido com a educação porque
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vamos supor alguém adulto se você chegar
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e falar que aquilo é errado às vezes ele
00:52:14
não vai te dar ouvido porque ele é
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adulto Ele acha que ele já é suficiente
00:52:18
e já sabe o que ele tá fazendo mas
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quando você chega numa criança e fala
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que aquilo é errado isso pode mudar o
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que ela acha então tudo seria resolvido
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no começo na educação eu não Considero a
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gente como só um grupo então somos mais
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uma família do que um grupo sim eu acho
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que isso dá meio que um sentimento de
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proteção né saber que você tem alguém
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para quem desabafar alguém com quem
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contar que a gente não tá sozinha que
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elas são tipo tudo viag uma para a outra
00:52:46
assim
00:52:49
[Música]
00:53:03
é possível mundo sem violência né É
00:53:06
possível um mundo aonde eu possa
00:53:10
compreender que o outro ele é sujeito de
00:53:13
[Música]
00:53:19
direitos e esse mundo sem violência ele
00:53:23
é um mundo que ele tem que vir assim dos
00:53:25
adultos
00:53:26
[Música]
00:53:31
sabe uma menina da minha idade ela quer
00:53:36
que o seu maior sonho seja realizado e
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quer que o mundo tenha menos preconceito
00:53:41
se ela quiser ir a lua e voltar no mesmo
00:53:43
dia pode eu imagino Agora mesmo eu tô
00:53:45
imaginando Um Mundo
00:53:49
[Música]
00:53:52
Melhor quando você fecha os olhos pra
00:53:55
situação dessas meninas exploradas
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sexualmente desses meninos explorados
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você na verdade perpetua esse ciclo de
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desigualdade de pobreza de miséria desta
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camada da sociedade então fechar os
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olhos tem um custo social gigante este
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custo social gigante impacta no
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desenvolvimento do país desenvolvimento
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econômico e social tem que andar
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juntos uma sociedade que não investe na
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infância ela não toma decisões
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inteligentes e se a gente tem uma
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sociedade onas crianças são vulneráveis
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são vítimas a gente vai ter um grupo de
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pessoas infelizes no final das contas n
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todo mundo tem o direito de ser
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feliz a minha felicidade ela não pode
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depender do sofrimento do outro do
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fracasso do outro e eu tenho que
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garantir que junto a gente pode
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construir um mundo de paz e o mundo de
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paz é esse onde a gente não
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roube a infância de ninguém
00:55:00
[Música]
00:55:26
de em
00:55:28
[Música]
00:55:32
mulher mulher errou de
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caminho e o caminho da
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desamada é o grande amor
00:55:52
aloa uma madrugada
00:55:57
[Música]
00:56:05
deixava a porta
00:56:07
[Música]
00:56:12
encostar lavava as mágoas com
00:56:15
[Música]
00:56:19
água e a tristeza nunca enxagua
00:56:25
[Música]
00:56:28
pelo nome do Bem
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Querer mal queria
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nada mas seu negro
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despertou deu-lhe um beijo na
00:56:47
testa A roseira
00:56:51
rosou e a preta não quis Fer
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[Música]
00:57:03
festa regava um estilo para
00:57:09
[Música]
00:57:12
colher colhia Mais que
00:57:15
[Música]
00:57:19
plantava no plantio de cana amarga
00:57:23
[Música]
00:57:28
que amargava o seu
00:57:32
langor quando sol
00:57:35
raiava
00:57:44
de que valerá o
00:57:52
arreb de que será
00:57:55
[Música]
00:58:00
se a inocência lhe fez
00:58:06
culpada qual rosa que
00:58:09
[Música]
00:58:12
despeta para ser
00:58:14
[Música]
00:58:19
ofertada nunca mais nego
00:58:24
voltou pros inhos da
00:58:28
preta foi a preta que
00:58:31
chegou ou a porta que
00:58:42
Estreita
00:58:43
[Música]
00:58:46
esqueceu
00:58:48
preta
00:58:51
esqueceu preta viru
00:58:56
aor
00:58:57
[Música]
00:59:02
asender
00:59:08
esqueceu
00:59:10
preta
00:59:11
[Música]
00:59:13
esqueceu preta
00:59:15
viru a