Os interesses por trás de obras sobre Independência do Brasil

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https://www.youtube.com/watch?v=kSp93fSHmgI

Resumen

TLDRO vídeo explora a representação da independência do Brasil por meio do famoso quadro 'Independência ou Morte' de Pedro Américo, e como essa obra não condiz com os eventos reais de 7 de setembro de 1822. A apresentadora discute a utilização de diferentes narrativas ao longo do tempo, enfatizando o contexto histórico que levou à criação da pintura e à sua finalidade de destacar São Paulo na história. Comparações com outra obra, de François-René Moreaux, revelam como as representações artísticas refletem as ambições e realidades do período em que foram criadas.

Para llevar

  • 🖼️ O quadro 'Independência ou Morte' é uma representação famosa, mas não precisa.
  • 🏇 Dom Pedro provavelmente não estava montado em um cavalo, mas em uma mula.
  • 💡 A obra de Américo busca criar uma narrativa épica para a independência.
  • 🎨 A primeira representação pictórica foi feita por François-René Moreaux, com foco em coesão.
  • 📅 O quadro de Américo foi pintado em 1888, num contexto político diferente.
  • 🏛️ A construção do Museu do Ipiranga remonta à tentativa de São Paulo de se inserir na história.
  • 🤔 A ideia de ruptura em 7 de setembro foi uma construção posterior à independência.
  • 🌍 A arte e a história são construções sociais refletindo interesses de poder.
  • 📖 Américo fazia referências a artistas europeus em suas obras.
  • ⚔️ A narrativa da independência foi mudando conforme os contextos históricos.

Cronología

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    Neste vídeo, Camilla Veras Mota explora a famosa obra "Independência ou Morte" de Pedro Américo, que retrata de forma romantizada a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. A autora revela que a representação da cena, com D. Pedro montado em um cavalo, não corresponde às evidências históricas, que indicam que ele estava, na verdade, em uma mula e com problemas gastrointestinais. Mota discute também como a história é uma construção social e como diferentes representações da independência refletem os interesses e os contextos de suas épocas, focando na luta de São Paulo para marcar seu espaço na história do Brasil e a evolução da narrativa da independência ao longo do tempo.

Mapa mental

Vídeo de preguntas y respuestas

  • Quem é a apresentadora do vídeo?

    Camilla Veras Mota, da BBC News Brasil.

  • O que simboliza o quadro 'Independência ou Morte'?

    É uma representação da independência do Brasil, mas não reflete a veracidade dos eventos de 1822.

  • Quais as diferenças entre os quadros de Pedro Américo e François-René Moreaux?

    O quadro de Moreaux apresenta uma imagem de coesão e festa, enquanto o de Américo propõe uma visão mais épica e ligada à cidade de São Paulo.

  • Como o contexto histórico influenciou as pinturas?

    Cada quadro reflete o período em que foi pintado, com visões distintas sobre a independência.

  • Qual foi a motivação por trás da criação do quadro de Pedro Américo?

    Reivindicar a importância do 7 de setembro e de São Paulo na história do Brasil.

  • Qual foi o impacto da monarquia sobre a carreira de Pedro Américo?

    Pedro Américo continuou sua carreira artística após o fim da monarquia em 1889.

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    Você já deve ter ouvido falar que o quadro Independência ou Morte,
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    esse daqui, a representação mais conhecida da independência do Brasil, não reflete
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    exatamente o que aconteceu no 7 de setembro de 1822.
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    As evidências históricas apontam que Dom Pedro não estaria montado num cavalo, mas
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    muito provavelmente numa mula; que ele e sua comitiva não vestiam uniformes militares
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    - e pararam no córrego do Ipiranga porque o príncipe tinha dor de barriga.
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    Era uma parada de emergência, digamos assim.
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    Eu sou Camilla Veras Mota, da BBC News Brasil, e neste vídeo falo sobre as
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    histórias e interesses por trás dessa e de outra obra que registrou a independência
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    do Brasil - e que é, aliás, completamente diferente do quadro que acabou ficando no
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    imaginário coletivo.
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    E para quem já estiver se perguntando: sim, o autor do Independência ou Morte, Pedro
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    Américo, sabia que o 7 de setembro não tinha sido a apoteose militar que ele pintou.
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    Em um pequeno livro publicado em 1888, ao falar sobre a obra, ele escreveu: “A realidade
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    inspira, e não escraviza o pintor” Mais à frente, ele diz: “...sabendo que
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    D. Pedro na tarde de 7 de setembro sofria de um incômodo gástrico que o obrigou a separar-se
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    da sua Guarda de Honra, não deveria o artista alterar desfavoravelmente os traços do augusto
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    moço naquele momento solene; porque se tal ocorrência foi com efeito real, e até mereceu
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    atenção do cronista, ela é indigna da história, contrário à intenção moral da pintura,
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    e por consequência imerecedora da contemplação dos pósteros”.
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    Pois é.
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    A história do Independência ou Morte é um exemplo de como a memória e a história
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    são construções sociais.
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    Nesse caso específico, do esforço de São Paulo para reivindicar seu espaço na História
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    do Brasil.
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    As evidências históricas mostram que o 7 de Setembro foi um dos eventos que
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    aconteceram no processo de independência,
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    Um evento que não foi tão foi relevante no momento em que ele aconteceu
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    A ideia de ruptura do 7 de Setembro como o grande evento da Independência vai ser uma
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    construção feita posteriormente E bem posteriormente, diga-se de passagem.
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    O quadro do Pedro Américo é de 1888, um ano antes de o Brasil virar República.
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    É a segunda representação pictórica do que foi a independência do Brasil.
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    A primeira foi essa: o quadro A Proclamação da Independência do Brasil, do francês François-René
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    Moreaux, de 1844.
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    Que foca em algo completamente diferente.
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    A imagem de coesão, a imagem de união, a imagem de integração aparece nesse quadro
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    Esse quadro retrata a independência como uma confraternização.
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    Não há conflito, não há embate.
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    Nós temos ali vários segmentos da população da sociedade brasileira, nem todos os segmentos
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    ali representados, né?
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    Faltam os indígenas faltam os negros, né.
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    Mas é uma tentativa de apresentar a independência do Brasil como uma festa
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    Por que as representações são tão diferentes?
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    A resposta está no momento histórico em que cada uma delas foi produzida.
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    O quadro de Moreaux, o primeiro, foi pintado 22 anos depois do evento, a pedido do Senado
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    Imperial, quando o Brasil ainda lidava com as turbulências do processo de independência,
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    que foi longo e marcado por conflitos internos.
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    Nesse período nós estávamos passando é por uma situação de pacificação, ou seja,
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    as províncias que se insurgiram e declararam a separação do Estado Nacional Brasileiro
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    precisavam ser, digamos assim, controladas – a imagem de coesão, a imagem de União
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    Já o quadro do Pedro Américo foi pintado em 1888, às vésperas da proclamação da
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    República, quando o jogo de forças era bem diferente.
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    Inicialmente proposta pelo próprio pintor, a obra foi financiada pelo governo paulista
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    para decorar o edifício do Monumento do Ipiranga - hoje o Museu do Ipiranga.
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    O esforço de São Paulo para reivindicar uma posição de destaque na história do Brasil
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    remonta aos primeiros anos da independência. A ideia de construir um marco na região do Ipiranga é de 1823
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    Com algumas décadas de atraso, ele sai: em 1885, quase no fim do 2º Reinado, começa a ser construído um
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    edifício pensado para celebrar a independência. Um edifício-monumento, que posteriormente vira museu
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    - o Museu do Ipiranga.
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    E São Paulo, que aos poucos estava se tornando uma província rica, está também tentando
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    se inserir nesse campo simbólico, na história, e reivindicando o fato do 7 de setembro, de
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    ter sido aqui, construindo de fato a importância do 7 de Setembro
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    O momento do grito, ele vai transformar esse evento que talvez fosse banal num evento épico,
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    e destacando São Paulo - seja no riacho que aparece no quadro, seja até nas caixas que
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    o carroceiro leva que tem em São Paulo, então de alguma forma, ele está vinculando o 7
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    de Setembro a São Paulo
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    É nesse contexto que Pedro Américo propõe fazer o quadro em 1886.
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    Àquela altura, ele já era um artista conhecido, já havia feito obras importantes, como o
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    quadro Batalha do Avaí, e tinha trânsito fácil nos altos círculos da monarquia.
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    Aliás, foi o imperador que bancou a viagem dele para estudar em Paris.
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    Ele se revezava entre o Brasil e a Itália - foi em Florença que o Independência ou
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    Morte foi pintado.
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    Não por acaso, o quadro está cheio de referências a obras de artistas europeus.
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    A primeira referência é do Ernest Meissonier, que é um artista francês que faz uma série
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    de pinturas de batalha do Napoleão Bonaparte, e ele vai fazer um quadro que é a composição
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    geral que é muito parecido com esse, que é 1807, Friedland, que é um quadro que tá
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    no Metropolitan de Nova York
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    Aquele membro da comitiva que está
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    no cavalo branco, ele tem uma pose que aparece numa série de pinturas
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    Tá vendo aquele guarda que está montando no cavalo ali no cantinho, então tem dois
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    ali, né?
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    É, um deles eu achei no Giovanni Fattori uma coisa parecida
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    e o outro tá no Vernet também.
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    Tá vendo nesses membros da comitiva, o segundo da esquerda para direita.
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    É o Pedro Américo, né?
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    Ele tinha um pouco essa coisa de se retratar nos quadros
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    A monarquia acaba em 1889, mas não a carreira
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    do Pedro Américo.
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    Também é dele outro quadro famoso desse período, esse aqui, Tiradentes Esquartejado,
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    que estampou muito livro de História do Brasil.
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    Eu fico por aqui, obrigada e até a próxima!
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