A DEVASTAÇÃO DAS MISSÕES - EDUARDO BUENO

00:29:17
https://www.youtube.com/watch?v=Ca6q3TSOEyI

Resumen

TLDRO vídeo "Não Vai Cair no ENEM" explora as Missões Jesuíticas Guaranis e seu desmantelamento pelos bandeirantes paulistas. O narrador discorre sobre a vida nas missões, onde os indígenas eram organizados sob a supervisão dos jesuítas e trabalhavam em conjunto, caracterizando a região como um modelo civilizatório que foi brutalmente destruído. A narrativa critica a atuação dos bandeirantes, apresentando-os não como heróis, mas como vilões que destruíram uma comunidade vibrante em busca de escravização. O impacto dessa destruição levou à perda cultural e à escravidão de milhares de indígenas, sendo que a história retratada neste episódio está longe de ser a que normalmente se ensina. O narrador destaca a necessidade de reconhecer e aprender com esses acontecimentos históricos para evitar a repetição de injustiças no presente.

Para llevar

  • 📜 A destruição das missões guaranis é uma parte ignorada da história brasileira.
  • 🔍 Os bandeirantes são retratados como vilões nessa narrativa.
  • 👥 As missões eram um modelo de organização e vida comunitária indígena.
  • ⚔️ O massacre indígenas foi justificado por interesses econômicos.
  • 📅 A batalha de M'bororé marca o fim do bandeirismo ofensivo.
  • 📖 A história é complexa e não se divide claramente entre bons e maus.
  • 🙈 A falta de conhecimento sobre este tema é alarmante.
  • 🕊️ A história das missões é uma lição sobre injustiça e resistência.
  • 🤔 É importante questionar as versões oficiais da história.
  • 📚 Conhecimento é fundamental para valorizar o passado e aprender com ele.

Cronología

  • 00:00:00 - 00:05:00

    Neste episódio, o apresentador discute a história das missões jesuíticas guaranis, apresentando uma narrativa trágica sobre a exploração e escravização dos indígenas. Ele menciona a perspectiva de quem via as missões como um curral ideal para a escravidão, citando figuras como os bandeirantes paulistas que destruíram essas comunidades. O apresentador critica a forma como a história é contada, afirmando que não se deve dividir entre bons e maus, mas que nesse caso específico, os bandeirantes são claramente os vilões da história.

  • 00:05:00 - 00:10:00

    O foco se volta para a origem de São Paulo, associando-a à escravização indígena e mencionando os primeiros personagens históricos relevantes, como João Ramalho e o misterioso Bacharel de Cananéia. O apresentador explica como essas figuras ajudaram na formação de um trajeto paramilitar de exploração a partir de São Paulo, com destaque para a figura de Dom Francisco de Sousa que intensificou a exploração indígena como uma prática sistemática.

  • 00:10:00 - 00:15:00

    À medida que a narrativa avança, o apresentador explica a dinâmica das expedições bandeiristas, sua organização e motivações, além de como os bandeirantes utilizavam práticas de escravização sistemática dos índios. Ele explica que, após 1609, os jesuítas começaram a estabelecer missões no Guayrá, que se tornariam alvo das campanhas de exploração lideradas pelos bandeirantes.

  • 00:15:00 - 00:20:00

    A narrativa detalha um ataque em 1627 às reduções guaranis, que resultou em uma destruição maciça e na escravização de milhares de índios. O apresentador descreve a brutalidade dos ataques e como os bandeirantes, apesar de não terem a legitimidade legal ou moral, prosseguiram com suas ações. O episódio inclui relatos gráficos sobre as consequências dos ataques e a desolação que ficou após a destruição das reduções jesuíticas.

  • 00:20:00 - 00:29:17

    Finalmente, o apresentador apresenta a batalha de M'bororé em 1641, onde os guaranis se defendem das bandeiras. Apesar da destruição das missões, as práticas de escravização e exploração mudaram significativamente após a vitória guarani, marcando uma mudança de foco dos bandeirantes, que passaram a se dedicar à busca de ouro. Ele conclui refletindo sobre a falta de reconhecimento dessa história, enfatizando a importância de abordá-la para entender a complexidade da colonização e suas consequências.

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Vídeo de preguntas y respuestas

  • Qual é o tema principal do vídeo?

    O vídeo fala sobre as Missões Jesuíticas Guaranis e sua destruição pelos bandeirantes paulistas.

  • Quem eram os bandeirantes?

    Os bandeirantes eram exploradores e caçadores de escravos que atuaram na colonização e expansão territorial do Brasil.

  • O que foram as Missões Jesuíticas Guaranis?

    As Missões eram comunidades indígenas organizadas pelos jesuítas, focadas na evangelização e na prática agrícola.

  • Quando as missões foram atacadas?

    As missões começaram a ser atacadas em 1627 por expedicionários paulistas.

  • Qual foi o impacto da destruição das missões?

    A destruição resultou na perda de uma cultura vibrante e na escravização de milhares de indígenas.

  • Como os bandeirantes justificavam suas ações?

    Eles alegavam buscar proteção contra ataques indígenas, mas na verdade estavam em busca de escravizar os povos nativos.

  • Qual é a mensagem do narrador?

    A mensagem destaca a importância de conhecer essa parte da história que foi marginalizada e a necessidade de reconhecer as injustiças cometidas.

  • Quais eventos são destacados como significativos na narrativa?

    Os massacres de missões e a batalha de M'bororé são eventos destacados.

  • Qual é a crítica apresentada no vídeo?

    A crítica se concentra na forma como a história da escravidão indígena e das missões tem sido ignorada ou distorcida.

  • O que o narrador espera com este episódio?

    O narrador espera conscientizar o público sobre a realidade histórica e a importância de lembrar e aprender com o passado.

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    "'Não Vai Cair no ENEM' Missões 2, Cena 1, Take 1".
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    "Não!
  • 00:00:06
    Esse vai chamar… Bom, pode chamar 'Missões 2', tá bom".
  • 00:00:09
    "Cena 1, Take 1".
  • 00:00:11
    Ah, era o paraíso na Terra!
  • 00:00:14
    Um monte de índio dócil, que não praticavam o canibalismo.
  • 00:00:23
    Que sabiam o lugar deles e trabalhavam cumprindo ordens.
  • 00:00:28
    Ainda dormiam tudo direitinho e nunca se revoltavam.
  • 00:00:34
    É o curral escravista mais maravilhoso que alguém já criou!
  • 00:00:37
    Melhor que isso só se fosse ovelhas, ovelhas esperando para o abate.
  • 00:00:43
    Que lugar maravilhoso que eram essas missões, ou reduções jesuíticas guaranis.
  • 00:00:51
    Especialmente pelo ponto de vista daqueles que queriam escravizá-los.
  • 00:00:55
    Sim, os piratas do sertão; os bandeirantes paulistas.
  • 00:01:03
    Os homens que destruíram as missões guaranis.
  • 00:01:11
    Venha conhecer essa história tremendamente trágica de um jeito que nunca te contaram.
  • 00:01:20
    "Risca, risca!
  • 00:01:23
    Risca do mapa essas missões comunistas!".
  • 00:01:28
    Bom, o lugar chamava "república comunista cristã dos guaranis"...
  • 00:01:36
    Pô, já tendo nome comunista, já tem que ser riscado do mapa mesmo, né, cara!
  • 00:01:43
    Ai, ai, trágico anacronismo, né, porque nem a palavra "república" praticamente existia,
  • 00:01:49
    comunismo menos ainda.
  • 00:01:51
    Mas agora, o objetivo dos sertanistas de São Paulo era exatamente esse: riscar do mapa
  • 00:02:00
    as missões jesuíticas.
  • 00:02:02
    E foi isso que aconteceu.
  • 00:02:04
    E é isso que eu vou te contar, nesse CENTÉSIMO, ÉPICO episódio do "Não Vai Cair no ENEM".
  • 00:02:11
    Quem diria que esse programa chegaria a cem episódios?
  • 00:02:15
    Vamos por o número aqui: CEM, CEM, CEM!
  • 00:02:18
    Eu preferiria que fosse "cem" com "s", né, mas infelizmente é "cem" com "c".
  • 00:02:23
    Porque eu preferiria nem estar fazendo isso!
  • 00:02:26
    Mas eu tô.
  • 00:02:27
    E na hora que eu faço eu até gosto.
  • 00:02:30
    Então, cara, essa história não é que eu goste, mas essa história é incrível que
  • 00:02:35
    ela nunca nos tenha sido contada, né.
  • 00:02:37
    Essa história realmente é que tinha que cair no ENEM.
  • 00:02:40
    Essa é uma história que todos nós tínhamos que conhecer.
  • 00:02:43
    Porque cara, a história não se divide entre bons e maus, entre mocinhos e bandidos...
  • 00:02:49
    Mas nesse caso específico, o lado de lá, o lado que destruiu as missões, sim, é o
  • 00:02:56
    lado VILÃO.
  • 00:02:57
    Não tem outra interpretação.
  • 00:02:59
    A história é complexa, a história é múltipla, a história é quase furta-cor, né, a história
  • 00:03:05
    é camaleônica.
  • 00:03:07
    Além de tudo, se diz que o passado está sempre mudando.
  • 00:03:10
    É, o passado está sempre mudando porque ele depende das interpretações do presente.
  • 00:03:16
    Como o presente está sempre mudando, você interpreta o passado de formas diferentes.
  • 00:03:21
    Que bela lição, já, nesse centésimo episódio!
  • 00:03:24
    Só que, nesse caso específico, só tem um lado.
  • 00:03:27
    Essa devastação imposta ao primeiro período das missões, o período que vai de 1609 a
  • 00:03:34
    1641, não tem desculpa.
  • 00:03:37
    Bom, na sua origem, São Paulo já se chamava Porto dos Escravos.
  • 00:03:43
    São Paulo nasceu a partir de dois personagens inacreditáveis e misteriosos da história
  • 00:03:49
    do Brasil que, algum dia, vão acabar ganhando um episódio aqui.
  • 00:03:51
    João Ramalho, o paulista primordial, um cara que apareceu em São Paulo ali em 1508, que
  • 00:03:57
    ninguém sabe se era um náufrago, se era um degredado, se era um cara que tinha vindo
  • 00:04:02
    de outro lugar do Brasil colônia e chegado ali...
  • 00:04:05
    Provavelmente era um náufrago, ou talvez um degredado, que chegou em SP em 1508 e que
  • 00:04:11
    logo criou um exército particular que alguns dizem que chegou a ter três mil nativos indígenas.
  • 00:04:18
    E, com esses nativos, escravizava vários outros nativos e vendia eles pra expedições
  • 00:04:23
    que passavam ali.
  • 00:04:25
    Além do João Ramalho, cara, tem o cara que, olha tchê, falando sério, na minha opinião,
  • 00:04:30
    é o cara mais misterioso da história do Brasil.
  • 00:04:33
    Algum dia ele vai ter um episódio.
  • 00:04:34
    Se chama Bacharel de Cananéia.
  • 00:04:37
    Ninguém sabe quem foi o Bacharel de Cananéia de verdade e quando ele chegou ao Brasil.
  • 00:04:42
    Tem gente que diz que ele chegou ao Brasil em 1498.
  • 00:04:46
    Isso, mil quatrocentos e noventa e oito.
  • 00:04:51
    Dois anos antes do descobrimento oficial do Brasil, portanto.
  • 00:04:55
    Outros dizem que chegou em 1501, trazido pela expedição da qual fazia parte Américo Vespúcio.
  • 00:05:00
    O fato é que, em 1532, quando Martim Afonso de Sousa chega em Cananéia, já encontra
  • 00:05:07
    esse cara senhor de várias... cara, eu sempre associo ele com Marlon Brando em "Apocalypse
  • 00:05:13
    Now", o coronel Curtis.
  • 00:05:18
    O cara morava lá, tinha um monte de mulher dele, tinha um monte de índio servindo ele
  • 00:05:26
    e tinha um monte de escravo.
  • 00:05:28
    Por causa disso, dessas duas figuras, São Vicente era conhecido como Porto dos Escravos.
  • 00:05:35
    Já em 1508, 1510.
  • 00:05:38
    Portanto a origem de SP está ligada a escravização dos índios.
  • 00:05:42
    Só que isso daria uma grande, uma enorme guinada a partir de 1591, quando o Brasil...
  • 00:05:53
    Portugal e Espanha já estavam unidos sob a tal União Ibérica, já falei dez vezes
  • 00:05:58
    aqui, blá blá blá… E chega um governador geral pro Brasil chamado
  • 00:06:04
    Dom Francisco de Sousa.
  • 00:06:06
    É esse cara que cria essas milícias paramilitares.
  • 00:06:12
    De São Paulo, já saíam expedições escravistas, expedições exploradoras, pra toda região
  • 00:06:18
    em torno de SP, desde 1530, 1532...
  • 00:06:23
    Mas esse cara que militariza essas incursões!
  • 00:06:27
    O Dom Francisco de Sousa dá roteiros fixos, estabelece o número de pessoas que deveriam
  • 00:06:33
    fazer parte da tropa e até capelães... capelões... padres iam junto nessas expedições que serviam,
  • 00:06:42
    basicamente, pra escravizar indígenas.
  • 00:06:44
    É inacreditável que quando se iniciou o estudo do "bandeirismo", por volta dos anos
  • 00:06:51
    20 do século 20, 1920, 1930, 1940, alguns historiadores, ou com um cinismo gigantesco
  • 00:07:03
    ou com deliberada ingenuidade, estabelecem a primeira fase do bandeirismo como chamada
  • 00:07:10
    "bandeirismo defensivo".
  • 00:07:12
    Hahaha!
  • 00:07:13
    Que os paulistas teriam criado essas milícias paramilitares, parecidas com as milícias
  • 00:07:20
    que hoje assolam e assombram o Rio de Janeiro.. teriam criado essas milícias pra "proteger"
  • 00:07:26
    a vila dos ataques indígenas.
  • 00:07:28
    De fato, tinha havido um ataque indígena incrível em São Paulo em 1562, que algum
  • 00:07:33
    dia eu também te conto essa história que é incrível que nunca nos contem.
  • 00:07:36
    São Paulo quase foi destr... a nascente de São Paulo quase foi destruída por um ataque
  • 00:07:43
    coligado de indígenas que saíram do Rio de Janeiro e do oeste do atual estado de São
  • 00:07:49
    Paulo e atacaram a nascente de vila de São Paulo!
  • 00:07:52
    Que escapou por um triz!
  • 00:07:53
    E houve outros ataques em 1570 e tal.
  • 00:07:57
    Então, os historiadores dizem: "não, aí os paulistas criaram o 'bandeirismo defensivo'".
  • 00:08:03
    Há!
  • 00:08:04
    Os ataques se davam justamente porque eles tinham começado a escravizar os caras, como
  • 00:08:08
    eu falei, desde 1508!
  • 00:08:11
    Só que daí cara, a partir de 1590, 91, com esse Dom Francisco de Sousa, aí até os historiadores
  • 00:08:19
    mais cara de pau são obrigados a admitir que se inicia o "bandeirismo ofensivo".
  • 00:08:26
    Hahaha... bota ofensivo nisso, né.
  • 00:08:29
    Os paulistas saem dessas trilhas que saíam todas do coração de São Paulo e começam
  • 00:08:35
    a escravizar tudo que é índio que encontram ao redor.
  • 00:08:39
    Só que daí é o seguinte, cara...
  • 00:08:41
    Você já ouviu no episódio anterior, no nonagésimo nono episódio do NVCNE, se não
  • 00:08:45
    viu vai lá correndo ver, para esse agora, vai lá ver aquele e depois volta pra esse...
  • 00:08:50
    Esse é o centésimo, mané!
  • 00:08:51
    Esse é o CENTÉSIMO, maravilhoso episódio do Não Vai Cair no ENEM!
  • 00:08:56
    No nonagésimo, você já viu que, a partir de 1609, os jesuítas, partindo do Paraguai,
  • 00:09:04
    começaram a estabelecer as missões no Guayrá, né, que é hoje o oeste do Paraná, no Tape,
  • 00:09:10
    que é o oeste do Rio Grande do Sul, e no Itatim, que é no sul do Mato Grosso do Sul,
  • 00:09:16
    né.
  • 00:09:17
    A questão é que o Guayrá, a chamada "florida cristandade", que tinha 13 reduções com
  • 00:09:24
    cerca de cinco mil índios afeitos a autoridade, ao trabalho disciplinado, ao trabalho agrícola,
  • 00:09:31
    ficava a 40, 50 dias de marcha de São Paulo.
  • 00:09:37
    E São Paulo é uma raça de caminhantes, os caras sempre foram caminhantes!
  • 00:09:41
    Há relatos do governador Tomé de Sousa, em 1556, que ele encontrou o João Ramalho
  • 00:09:50
    e disse que o João Ramalho caminhava NOVENTA QUILÔMETROS POR DIA!
  • 00:09:53
    Já veio aqui uns comentários.. não que eu leia, mas me disseram, "ah, é
  • 00:09:56
    impossível caminhar 90km por dia"...
  • 00:09:58
    Tá, talvez ele não caminhasse todos os dias 90km, mas com certeza algumas vezes ele caminhou
  • 00:10:03
    90km.
  • 00:10:04
    E 40, 30 quilômetros, esses bandeirantes paulistas, esses sertanistas paulistas, caminhavam
  • 00:10:09
    FÁCIL!
  • 00:10:10
    E eram cheios de trilhas, né.
  • 00:10:12
    Eram as chamadas "peabirus", né.
  • 00:10:14
    Peabiru é a principal trilha, mas todas elas se chamavam "apés", né.
  • 00:10:18
    "Apé" não é de "a pé", "apé" é uma palavra tupi que quer dizer "caminho".
  • 00:10:22
    E essas trilhas, eles as percorriam em fila indiana.
  • 00:10:27
    É, fila indiana porque os índios andavam, os índios brasileiros, os nativos-brasileiros,
  • 00:10:31
    andavam um atrás do outro.
  • 00:10:33
    Porque as veredas, as chamadas "veredas de pé posto"...
  • 00:10:37
    O Sérgio Buarque de Holanda usa muito essa expressão, "vereda de pé posto" pras trilhas
  • 00:10:45
    estreitas, meras picadas na mata, menos o Peabiru, o principal Peabiru, que era mais
  • 00:10:52
    largo... e eles andavam em fila.
  • 00:10:54
    E os bandeirantes, os sertanistas paulistas, eles incorporaram muitos e muitos dos costumes
  • 00:11:04
    nativos dos tupis, dos tupiniquins, basicamente dos tupiniquins de SP.
  • 00:11:09
    Então, eles aprenderam a andar na mata com um senso de orientação inacreditável e
  • 00:11:14
    se alimentando de palmitos (quase extinguiram os palmiteiros), de mel (e dizem que comiam
  • 00:11:20
    mel com a abelha e tudo!
  • 00:11:22
    Haha, paulista macho, meu chapa!), de mel, palmito, e depois eles passaram, ao longo
  • 00:11:27
    dessas trilhas, a plantar mandioca e milho.
  • 00:11:29
    Então, quando eles chegavam, na incursão seguinte, já tinha crescido o milho, já
  • 00:11:33
    tinha crescido a mandioca e eles comiam.
  • 00:11:35
    Essas expedições se movimentavam numa média de 15 a 25km por dia: era a marcha da caminhada
  • 00:11:45
    deles.
  • 00:11:46
    Eles saíam logo ao amanhecer, assim que o sol raiava, eles se punham em marcha e, por
  • 00:11:52
    volta das quatro da tarde paravam, montavam acampamento e no dia seguinte seguiam.
  • 00:11:59
    Essas expedições eram muito parecidas, todas elas.
  • 00:12:02
    Os líderes eram paulistas, sertanistas de São Paulo, mas eles eram uma minoria.
  • 00:12:09
    Eles eram tipo assim, 15, 20, no máximo 30, com exceções.
  • 00:12:12
    Depois, vinham os tais mamelucos, filhos de pai branco, de ventre indígena, de mãe indígena,
  • 00:12:23
    que odiaavam os índios, cara.
  • 00:12:26
    Odiavam!
  • 00:12:27
    Eles eram super afim de escravizar e de matar índio.
  • 00:12:31
    Esses eram em torno de mil, né.
  • 00:12:33
    E às vezes, cara, iam tipo dois mil índios puros.
  • 00:12:37
    Índios tupis ou temiminós ou guarulhos que eram tribos que viviam ao redor de São Paulo
  • 00:12:46
    e já tinham sido cooptadas pelos próprios paulistas e que escravizavam as outras tribos.
  • 00:12:53
    Essas bandeiras se punham em movimento e iam escravizando os índios ao redor de SP.
  • 00:13:00
    Só que como disse brilhantemente o Capistrano de Abreu, ele pergunta: "por que aventurar-se
  • 00:13:06
    entre gente boçal e rara, falando línguas travas e incompreensíveis se, perto de SP,
  • 00:13:14
    demoravam aldeamentos numerosos iniciados na arte da paz, afeitos ao julgo da autoridade?".
  • 00:13:23
    Exatamente, porque os jesuítas, ao criarem essas missões, acabaram criando um curral
  • 00:13:30
    escravista.
  • 00:13:31
    Os bandeirantes de SP olharam e disseram "olha ali cara, um monte de índio, tudo morando
  • 00:13:36
    numas casinhas.
  • 00:13:37
    Nós vamos lá escravizar esses caras, cara!".
  • 00:13:39
    E como já havia essa União Ibérica e os limites entre Portugal e Espanha estavam difusos
  • 00:13:47
    e os paulistas juravam que todo o oeste do Paraná pertencia a eles... porque eles, de
  • 00:13:53
    certa forma, tinham mesmo sido os primeiros a chegarem lá nessas missões... eles resolveram
  • 00:13:59
    iniciar uma campanha pra conquistar essas missões.
  • 00:14:04
    E as primeiras missões que eles atacam são justamente as missões do Guayrá...
  • 00:14:09
    Porque em 40 dias de marcha eles chegavam lá.
  • 00:14:13
    Quarenta dias era um passeio na praia pra paulista.
  • 00:14:17
    Então, em agosto...
  • 00:14:20
    Se sabe o dia!
  • 00:14:21
    Acho que foi no dia 8 de agosto de 1627, um cara chamado Manoel Preto, e outro, que eu
  • 00:14:26
    tinha ouvido falar, chamado Raposo Tavares, montam uma super, uma hiper bandeira, com
  • 00:14:35
    69 paulistas brancos (que era um muito ter um número tão grande assim de paulistas),
  • 00:14:41
    900 mamelucos e dois mil índios, muito provavelmente temiminós.
  • 00:14:46
    Os temiminós mereciam um episódio porque eles eram aqui da ilha, onde hoje é a Ilha
  • 00:14:50
    do Governador no Rio de Janeiro.
  • 00:14:52
    Eram índios cariocas inimigos dos Tamoios.
  • 00:14:54
    Todo o RJ era um território Tamoio com uma única enclave, como se fosse um enclave gaulês,
  • 00:15:01
    de temiminó.
  • 00:15:02
    Os temiminó eram aliados dos portugueses desde 1560, da conquista do RJ, e os tamoios
  • 00:15:08
    tinham sido aliados dos franceses e, por isso, tinham sido extintos.
  • 00:15:12
    Aí, os temiminós já estavam a essas alturas morando lá.
  • 00:15:15
    O Arariboia, por exemplo, índio "fundador" de Niterói, era temiminó.
  • 00:15:20
    Os temiminós já estavam lá instalados em São Paulo e faziam parte da "tropa de choque"
  • 00:15:25
    dessas bandeiras paulistas.
  • 00:15:26
    Então, no dia 8 de agosto de 1627, o Manuel Preto, que tinha setenta anos de idade (SETENTA!
  • 00:15:33
    Quase a minha idade, eu tô com 83), 70 anos de idade, e o Raposo Tavares, no fulgor dos
  • 00:15:41
    seus 29 anos de idade (um pouco mais velho que eu, eu tô com 26), eles partem de São
  • 00:15:47
    Paulo.
  • 00:15:48
    Em setembro eles chegam no rio Tibaji e cercam a redução de San Antonio.
  • 00:15:58
    Ficam esperando o primeiro pretexto pra atacá-la.
  • 00:16:01
    Era a primeira vez que essas reduções guaraníticas, essas reduções jesuíticas dos guaranis,
  • 00:16:09
    seriam atacadas.
  • 00:16:10
    E era estritamente ilegal atacá-las!
  • 00:16:14
    Primeiro, porque o território pertencia à Espanha.
  • 00:16:17
    Segundo porque os índios, como eu já disse no episódio anterior, eram CRISTÃOS, eram
  • 00:16:22
    CATÓLICOS!
  • 00:16:23
    Eram súditos de Sua Majestade Real da Espanha, o Rei Felipe IV!
  • 00:16:28
    Os paulistas não tinham o direito legal, nem moral, nem espiritual, nem nenhum tipo
  • 00:16:34
    de direito para atacá-los.
  • 00:16:35
    E eles ficam ali, só bisbilhotando, esperando um pretexto fútil e encontram um pretexto
  • 00:16:42
    fútil e atacaram em janeiro de 1628.
  • 00:16:47
    Atacaram e destruíram aquela missão.
  • 00:16:59
    Quando eles voltam pra São Paulo, em maio de 29, em maio de 1629... cês veem, eles
  • 00:17:09
    ficaram quase dois anos...
  • 00:17:11
    Eles tinham escravizado 30 mil índios e tinham destruído nove reduções.
  • 00:17:17
    E sabe como é que foram esses ataques?
  • 00:17:19
    Os índios, quando eles atacavam... os índios não tinham armas, não podiam ter arma, eram
  • 00:17:24
    desarmados por determinação dos próprios jesuítas e da própria coroa espanhola.
  • 00:17:29
    Os índios se refugiavam na igreja e eles botavam fogo na igreja, cara.
  • 00:17:35
    Que nem aqueles filmes de caubói.
  • 00:17:37
    Sabe aqueles filmes de caubói que os caras... que o bom povo... quando os homens maus, o
  • 00:17:43
    Clint Eastwood...
  • 00:17:44
    Não, Clint Eastwood é o nosso herói!...
  • 00:17:47
    Chegam na cidadezinha, os caras se refugiam na igreja, os malvados põe fogo na igreja...
  • 00:17:52
    Pois era assim cara.
  • 00:17:53
    Olha aqui a descrição, olha aqui a descrição do ataque à redução de São Francisco Xavier,
  • 00:17:59
    essa no Tape, né.
  • 00:18:01
    Guayrá e Tape.
  • 00:18:02
    Vai lá ver o outro episódio anterior, o nonagésimo nono, que tu vai saber o que é
  • 00:18:05
    o Tape!
  • 00:18:06
    Em 1627, olha só: "lá, depois de atearem fogo por três vezes a igreja, os paulistas
  • 00:18:12
    abriram uma fenda na parede.
  • 00:18:14
    Quando os indígenas tentaram escapar, a modo de um rebanho de ovelhas que sai do curral,
  • 00:18:20
    os sertanistas com espadas, machetes e alfanges, lhes derribavam as cabeças, lhes truncavam
  • 00:18:26
    os braços, lhes desarrejavam as pernas, lhes atravessavam os corpos com lanças e espadas.
  • 00:18:33
    Provavam o sabor do aço de seus alfanges e rachavam a cabeça de meninos em duas partes.
  • 00:18:40
    Abria-lhes o crânio e despedaçavam-lhe os membros".
  • 00:18:44
    É, na jornada, com todos eles acorrentados pelo pescoço até São Paulo, havia ainda
  • 00:18:50
    outros horrores adicionais.
  • 00:18:52
    É o seguinte cara, se o cara era velho e não podia caminhar eles largavam os cara.
  • 00:18:57
    Se era criança, eles matavam criança.
  • 00:18:59
    Tem aqui, tem aqui o relato também, ó.
  • 00:19:01
    Matavam os enfermos, matavam os velhos, abandonavam os aleijados e as crianças que impediam seus
  • 00:19:06
    parentes de seguirem a marcha.
  • 00:19:09
    Desse jeito eles levaram cerca de CEM MIL, cem mil escravos indígenas pra São Paulo,
  • 00:19:16
    ao longo de vários anos.
  • 00:19:19
    Esses massacres se iniciam em 1628 e vão se encerrar, como você vai ver, em 1641.
  • 00:19:45
    Esse Manoel Preto tinha uma fazenda na "freguesia do ó", ele devia ser "punk da periferia,
  • 00:19:52
    é da freguesia do ó": ele chegou a ter mais de 1500 escravos, cara.
  • 00:19:58
    Se diz que o Raposo Tavares teve dois mil escravos.
  • 00:20:01
    Esses escravos duravam de 4, de 3 a 4 anos, porque eles recebiam uma espiga de milho por
  • 00:20:07
    dia de comida.
  • 00:20:08
    É, eles serviam basicamente pra carregar as cargas entre São Paulo lá em cima e o
  • 00:20:13
    porto de Santos lá embaixo pela via Anchieta.
  • 00:20:15
    É, foi isso que aconteceu.
  • 00:20:17
    Todas essas missões...
  • 00:20:18
    Já contei, né.. em 1630, o Padre Ruiz de Montoya, consegue evacuar DOZE MIL índios
  • 00:20:25
    das missões que ficavam ali entre o rio Paraná e o rio Uruguai.
  • 00:20:30
    E aí cara, eu prometi que eu ia te contar no centésimo, no nonagésimo nono eu te falei
  • 00:20:36
    o que que ia acontecer em 1641 na batalha de M'bororé.
  • 00:20:42
    Quantos minutos tem aí, quantos minutos tem aí?
  • 00:20:45
    Ahn?
  • 00:20:46
    Tem 21 e eu vou ficar mais 86 minutos contando pra ti o que aconteceu na batalha de M'bororé.
  • 00:20:53
    Já falei no episódio anterior que, depois da devastação dessas missões e quem liderou
  • 00:20:58
    esse êxodo de 12 mil guaranis lá pro Paraguai onde daí os paulistas de fato não chegavam...
  • 00:21:05
    Porque pelo menos o Paraguai eles admitiam que pertencia à Espanha!
  • 00:21:09
    O Padre Ruiz de Montoya primeiro veio pro Rio de Janeiro em 1638...
  • 00:21:13
    Perdi a minha anotação aqui em algum lugar, vou ter que fazer de cabeça...
  • 00:21:17
    Em 1638 ele veio pro Rio de Janeiro e aí depois ele foi pra Espanha.
  • 00:21:23
    Na Espanha, ele foi recebido em janeiro de 1638 pelo Rei Felipe IV, que autorizou os
  • 00:21:31
    guaranis a se armarem.
  • 00:21:33
    Autorizou os padres jesuítas a armarem os guaranis para que eles pudessem resistir a
  • 00:21:38
    esse ataque infame, a esse ataque ilegal, a esse ataque injusto dos sertanistas de São
  • 00:21:44
    Paulo.
  • 00:21:45
    E aí também o mesmo Ruiz de Montoya convenceu o Papa Urbano VIII a promulgar uma bula excomungando,
  • 00:21:55
    EXCOMUNGANDO, todo e qualquer homem branco que atacasse essas reduções.
  • 00:22:02
    No caso, os homens brancos evidentemente eram os sertanistas de São Paulo.
  • 00:22:07
    Quando essa informação chega na cidade SP, que vivia única e exclusivamente do tráfico
  • 00:22:13
    de escravos...
  • 00:22:14
    A primeira fonte de renda de São Paulo foi a escravização de indígenas, especialmente
  • 00:22:19
    da nação guarani...
  • 00:22:21
    Quando essa bula chega a São Paulo há uma revolta total e os caras disseram: "agora
  • 00:22:25
    vamos destruir, acabar de vez com essas missões, vamo ver se alguém vai nos excomungar!".
  • 00:22:29
    E um cara chamado Jerônimo de Barros monta uma expedição em fins de 1640 para atacar
  • 00:22:36
    as reduções do Tape, que já tinham sido atacadas pelo Raposo Tavares, que tinha começado
  • 00:22:41
    atacando o Guayrá, mas que depois continuou atacando o Tape.
  • 00:22:45
    O Tape era onde hoje é o Rio Grande do Sul.
  • 00:22:48
    Esse Jerônimo de Barros parte de São Paulo em fins de 1640 e, no dia 11 de março de
  • 00:22:58
    1641...
  • 00:22:59
    Anote esta data no seu calendário, cara!
  • 00:23:02
    11 de março de 1641...
  • 00:23:05
    Ele tá vindo pelo rio Uruguai com uma... com cento e trinta canoas, tá, com 30 paulistas,
  • 00:23:14
    300 mamelucos e 600 índios tupi.
  • 00:23:18
    Só que aí os guaranis tinham sido autorizados a se armar.
  • 00:23:23
    E sob a liderança dos padres Pedro Romero e Pedro de Mola, e com a liderança indígena
  • 00:23:30
    do cacique Ignacio Abiarú, três mil índios guaranis estão acantonados, estão atocaiados
  • 00:23:41
    nas matas ciliares de um arroio chamado M'bororé.
  • 00:23:46
    Não se sabe, nunca foi identificado plenamente onde é este arroio, mas se acha que era um
  • 00:23:50
    afluente da margem esquerda do rio Uruguai, lá no oeste do Rio Grande do Sul.
  • 00:23:57
    Muito provavelmente onde hoje fica uma pequena localidade chamado Porto Vera Cruz.
  • 00:24:03
    Espero que seja lá porque é longe pra cacete e eu fui até lá só pra saudar os nossos
  • 00:24:08
    queridos heróis guaranis e jesuítas.
  • 00:24:12
    Afinal, estudei no colégio Anchieta, colégio jesuíta, portanto, no fundo, eu sou um jesuíta.
  • 00:24:18
    Não se sabe se é lá mas se acha que foi lá.
  • 00:24:21
    Na verdade, se houvesse pesquisas mais intensas e mais profundas, a gente poderia descobrir
  • 00:24:26
    exatamente onde isso foi mas parece que ninguém se interessa muito por essa história...
  • 00:24:31
    NÃO INTERESSA!
  • 00:24:32
    O canal Buenas Ideias se interessa e vou te contar o que que aconteceu cara: eles vinham
  • 00:24:36
    vindo, pá pá pá pá, pelo rio Uruguai, descendo ali com suas 130 canoas e seus mais
  • 00:24:42
    de mil homens ou cerca de mil homens, quando três mil índios guaranis armados com canhões
  • 00:24:50
    feitos de taquaraçu... que era a taquara grande, tinha uma boca desse tamanho, um bambu,
  • 00:24:56
    uma taquara enorme... que eles criaram canhões... esse Pedro Romeiro, esse jesuíta que era
  • 00:25:01
    um jesuíta engenhoso fez uns canhões que eram mais ou menos desse tamanho e com uma
  • 00:25:05
    boca assim ó, e a parte de trás eles fechavam com couro e enchiam de pólvora e com um pedregulho
  • 00:25:10
    e BUUM!, cortavam um pavio e PÓÓ!
  • 00:25:11
    Era um canhão, cara!
  • 00:25:12
    Um canhão de madeira!
  • 00:25:14
    Só dava pra usar uma vez, mas uma vez já era bom.
  • 00:25:18
    PÁ!
  • 00:25:19
    Atacaram!
  • 00:25:20
    E aí cara, fizeram catapultas...
  • 00:25:22
    Eles pegavam troncos, toras, envolviam elas com óleo e PUFT, PUFT!
  • 00:25:28
    Cara, e desbaratam os caras, cara!
  • 00:25:32
    Por TRÊS... a batalha, na verdade, a principal batalha foi dia 11 mas ela se promulgou por
  • 00:25:37
    três dias... e por três vezes seguidas os CAGALHÕES dos bandeirantes, dos sertanistas,
  • 00:25:44
    só falavam "paz!
  • 00:25:45
    Paz!"... e os índios diziam: "não tem paz!".
  • 00:25:47
    Cara, mataram quase todos.
  • 00:25:49
    Só 120 conseguiram voltar pra SP, de mil!
  • 00:25:54
    E nesse dia se encerra o bandeirismo ofensivo.
  • 00:25:58
    O ciclo de caça ao índio ia acabar nesse momento e, a partir de então, os bandeirantes
  • 00:26:06
    paulistas iam se dedicar à caça ao ouro.
  • 00:26:08
    É, porque bem nessa mesma época estava sendo descoberto o ouro das gerais.
  • 00:26:13
    As reduções de qualquer forma já tinham sido amplamente desbaratadas, os paulistas
  • 00:26:20
    já tinham acabado com a Província do Itatim, onde havia 13 reduções... já tinham ARRASADO
  • 00:26:26
    o Guayrá... não sobrava nada do Guayrá, no oeste do Paraná, não sobrava nada!
  • 00:26:31
    Tanto é que hoje não sobra nem o Salto de Guaíra, né...
  • 00:26:34
    As Sete Quedas de Guaíra, que eram lindíssimas, que foram afogadas pela represa de Itaipu.
  • 00:26:43
    Não sobrava nada do Guayrá e não sobrava nada do Tape.
  • 00:26:47
    Os índios tinham todos se refugiado pro Paraguai.
  • 00:26:51
    E é aí que vai se iniciar a história das missões que as pessoas conhecem.
  • 00:26:58
    Porque isso que eu contei pra ti no nonagésimo nono episódio e no centésimo, espetacular,
  • 00:27:03
    maravilhoso, épico e de chorar...
  • 00:27:05
    ESPERO QUE TU ESTEJA CHORANDO!... nesse episódio... as pessoas não sabem nada, cara!
  • 00:27:10
    O que as pessoas sabem é a história do renascimento das missões.
  • 00:27:16
    Quando as missões são recriadas a partir de 1700 e duram até 1756, por aí, um pouco
  • 00:27:24
    mais, quando se inicia a tal guerra guaranítica e daí elas são destruídas de novo!
  • 00:27:29
    E são ESSAS as missões, os tais sete povos das missões que as pessoas conhecem.
  • 00:27:34
    Só que essa história que as pessoas conhecem foi CEM ANOS, cem anos depois dessa que eu
  • 00:27:40
    acabo de te contar, entendeu.
  • 00:27:42
    E agora, por que que não nos contam essa história eu não sei!
  • 00:27:46
    Acho que de vergonha, né, cara!
  • 00:27:48
    Mas é isso!
  • 00:27:50
    Porque teve...
  • 00:27:51
    Já falei e vou repetir: a história não se divide entre mocinhos e bandidos, entre
  • 00:27:56
    vilões e homens bons, mas NESSE caso, sim, cara!
  • 00:28:00
    Tinha vilão!
  • 00:28:01
    Eles não tinham o direito de ter atacado e destruído esse projeto civilizatório!
  • 00:28:06
    E aí você pode discutir "ah mas será que os padres não faziam lavagem cerebral nos
  • 00:28:12
    guaranis!?"...
  • 00:28:13
    TALVEZ FIZESSEM, MAS OS GUARANIS TAVAM VIVOS!
  • 00:28:15
    E tinha um florescente modelo civilizatório que foi arrasado, destruído, em nome do NADA!
  • 00:28:22
    Porque não ficou NADA ali, NADA!
  • 00:28:25
    E aí esses escravos levados pra São Paulo morreram e aí que os bandeirantes paulistas
  • 00:28:29
    vão fazer o ciclo do ouro.
  • 00:28:31
    E eu ainda não fiz o ciclo do ouro, talvez eu faça algum dia, e ainda não contei a
  • 00:28:36
    história das missões (que também é incrível, que também é épica) de 1700 a 1760.
  • 00:28:42
    Mas talvez eu nunca conte.
  • 00:28:43
    Porque esse é o centésimo episódio e eu não sei se eu vou dar continuidade a esse
  • 00:28:49
    programa...
  • 00:28:50
    Só se você vier rastejando de joelhos até mim com um monte de dinheiro na mão...
  • 00:28:56
    Porque eu sou um dinheirista que nem um sertanista paulista...
  • 00:28:59
    Eu sou um PIRATA!
  • 00:29:00
    "O que você acaba de ver está repleto de generalizações e simplificações, mas o
  • 00:29:07
    quadro geral era esse aí mesmo.
  • 00:29:10
    Agora, se você quiser saber como as coisas de fato foram...
  • 00:29:13
    Ah, então você vai ter que ler!".
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