Café Filosófico | Desigualdade brasileira em três tempos | 30/04/2023

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https://www.youtube.com/watch?v=q5e94ptsdUw

Resumen

TLDRO vídeo explora a trajetória da desigualdade no Brasil, desde a independência em 1822 até os dias atuais, destacando como a desigualdade social e econômica se perpetuou ao longo do tempo. Através de análises históricas e dados estatísticos, o conteúdo discute a concentração de renda e riqueza, a relação entre classes sociais, e os desafios enfrentados para reverter essa situação. O vídeo também reflete sobre a importância de um projeto coletivo para enfrentar a desigualdade e construir um futuro mais justo, enfatizando que a desigualdade é uma marca persistente na sociedade brasileira.

Para llevar

  • 🇧🇷 O Brasil se tornou independente em 1822.
  • 📅 A Semana de Arte Moderna de 1922 celebrou a independência cultural.
  • 💰 10% da população concentra quase 60% da renda no Brasil.
  • 🏘️ A desigualdade é visível na arquitetura urbana e nas condições de vida.
  • 📉 A desigualdade no Brasil é uma marca histórica e social.
  • 📜 A Constituição de 1988 é um marco civilizatório, mas enfrenta desafios.
  • ⚖️ O racismo contribui para a desigualdade social.
  • 🌍 A pandemia evidenciou as desigualdades existentes.
  • 🤝 É necessário um esforço coletivo para enfrentar a desigualdade.
  • 🔮 2022 pode ser um marco para um futuro mais igualitário.

Cronología

  • 00:00:00 - 00:05:00

    Em 1822, o Brasil conquistou sua independência de Portugal, e em 1922, a Semana de Arte Moderna celebrou um século de busca por uma identidade cultural própria. Em 2022, ao completar 200 anos de independência, o país reflete sobre seu legado histórico e as desigualdades sociais e econômicas que persistem, questionando como construir um futuro mais justo.

  • 00:05:00 - 00:10:00

    O Brasil é caracterizado por uma grande disparidade de renda e oportunidades, resultado de sua história colonial e da escravidão. A desigualdade é uma marca da sociedade brasileira, manifestando-se em diferentes aspectos, como a arquitetura urbana e as relações de trabalho, onde coexistem áreas nobres e favelas, além de empregos altamente qualificados e outros com baixa qualificação.

  • 00:10:00 - 00:15:00

    A desigualdade de renda e riqueza no Brasil é alarmante, com 10% da população concentrando quase 60% da renda. A pesquisa de Thomas Piketty revela que apenas 1% da população detém cerca de 50% da riqueza. Essa concentração é um reflexo da formação social do país, que se originou em uma estrutura colonial desigual, mas a reversão dessa situação é possível, como demonstram exemplos históricos de outros países.

  • 00:15:00 - 00:20:00

    A independência do Brasil em 1822 deveria ter sido um momento de transformação, mas a estrutura social e econômica colonial foi pouco alterada. José Bonifácio, um importante defensor da independência, propôs mudanças significativas, como a abolição da escravidão, mas o pacto entre as elites reforçou a desigualdade e a estrutura agrária, perpetuando a escravidão e a concentração de riqueza.

  • 00:20:00 - 00:25:00

    A Proclamação da República em 1889 e a abolição da escravidão em 1888 foram momentos cruciais que poderiam ter iniciado a reversão da desigualdade, mas a prática da cidadania e a inclusão social foram limitadas. A Constituição de 1891, embora liberal, não garantiu a igualdade na prática, e a maioria da população continuava excluída do acesso a direitos básicos.

  • 00:25:00 - 00:30:00

    A primeira república brasileira foi marcada por clientelismo e coronelismo, onde muitos não conseguiam se inserir no mercado de trabalho. A desigualdade persistiu, mesmo com a modernização e urbanização do país. As lutas sociais e greves operárias começaram a surgir, mas as promessas de cidadania e direitos não se concretizaram plenamente.

  • 00:30:00 - 00:35:00

    A modernização do Brasil no início do século 20 não diminuiu a desigualdade. A industrialização trouxe crescimento, mas os benefícios não foram distribuídos igualmente. A concentração de renda e riqueza continuou, e a sociedade enfrentou crises que revelaram a fragilidade das conquistas sociais. A relação entre mercado e sociedade se tornou precária, levando a um aumento da desigualdade.

  • 00:35:00 - 00:40:00

    A Constituição de 1988 trouxe esperanças de transformação, mas foi promulgada em um contexto de economia liberal, limitando sua eficácia. Embora tenha promovido avanços sociais, a falta de financiamento adequado e a manutenção das desigualdades estruturais impediram uma verdadeira reversão da situação. Os ganhos foram incrementais, mas a desigualdade no topo da sociedade persistiu.

  • 00:40:00 - 00:49:13

    O Brasil enfrenta desafios contemporâneos, como a crescente desigualdade e a precarização do trabalho. A pandemia evidenciou a necessidade de soluções coletivas para problemas sociais e ambientais. O futuro requer uma reconstrução baseada em valores de igualdade e democracia, onde a desigualdade e o meio ambiente sejam questões a serem enfrentadas coletivamente.

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Vídeo de preguntas y respuestas

  • Qual é o tema principal do vídeo?

    O vídeo aborda a desigualdade social e econômica no Brasil ao longo da história.

  • Quando o Brasil se tornou independente de Portugal?

    O Brasil se tornou independente em 1822.

  • O que a Semana de Arte Moderna de 1922 comemorou?

    Comemorou 100 anos de independência artística e cultural do Brasil.

  • Qual é a situação da desigualdade no Brasil atualmente?

    A desigualdade continua a ser uma marca significativa da sociedade brasileira.

  • Como a desigualdade é caracterizada no Brasil?

    É caracterizada pela concentração de renda e riqueza, com uma pequena parte da população controlando a maior parte dos recursos.

  • O que a Constituição de 1988 representa?

    A Constituição de 1988 é vista como um grande projeto civilizatório, mas enfrenta desafios na implementação de políticas sociais.

  • Qual é a relação entre desigualdade e racismo no Brasil?

    O racismo é um fator que limita o acesso a oportunidades e contribui para a desigualdade.

  • Como a pandemia afetou a desigualdade no Brasil?

    A pandemia evidenciou e potencializou as desigualdades existentes na sociedade.

  • O que é necessário para enfrentar a desigualdade no Brasil?

    É necessário um esforço coletivo e políticas públicas eficazes para reverter a desigualdade.

  • Qual é a visão do vídeo sobre o futuro do Brasil em relação à desigualdade?

    O vídeo sugere que 2022 pode ser um marco para reconstruir um futuro mais igualitário.

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    [Música]
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    1822 o Brasil se tornava um país
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    Independente de Portugal
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    1922 a Semana de Arte Moderna comemora
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    este 100 anos com manifestações que
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    almejavam a nossa Independência
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    artístico cultural
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    2022
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    200 anos de Brasil independente um
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    momento de revisão do nosso legado
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    histórico como lidar com as
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    incompletudes sociais e econômicas que
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    nos formam e as nossas potencialidades
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    para construir um futuro mais justo
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    três vezes 22 tema desta série do Café
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    Filosófico
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    [Música]
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    Vivemos um país muito rico e muito pobre
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    essa diferença de renda de oportunidades
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    de dignidade infelizmente já é uma marca
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    do Brasil uma nação que nasceu como
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    colônia de exploração passou por séculos
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    de escravidão e que em 200 anos não pôde
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    corrigir a rota de sua história o quanto
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    nós nos resignamos a essa realidade Como
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    não fazer de nossa origem também o
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    destino futuro a desigualdade brasileira
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    em três tempos que é a proposta que da
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    nossa conversa hoje é ela é sem dúvida
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    nenhuma das características marcantes da
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    nossa sociedade né
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    difícil imaginar no cenário
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    internacional ou mesmo nas
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    interpretações da nossa história do
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    pensamento social brasileiro aquele que
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    não passe pela questão da desigualdade
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    como uma das marcas da construção da
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    nossa sociedade imagens
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    por exemplo
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    do Edmar baixo economista da bilíngia é
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    uma sociedade que
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    tem uma Bélgica de uma pequena
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    comunidade que vive como um país da
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    Europa e uma grande massa da população
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    como se fosse a Índia com uma condição
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    financeira efetivamente muito menor ou
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    mesmo de um sociólogo
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    Francisco Oliveira o Chico de Oliveira
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    com a imagem do Ornitorrinco essa
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    especificidade da sociedade brasileira
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    em que arcaico e moderno se integram uma
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    sociedade em que você tem esse arcaico
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    do passado da desigualdade que estão
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    deslocados do mercado mas que são
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    integrados no moderno Para viabilizar o
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    próprio desenvolvimento da sociedade
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    essa desigualdade Brasileira é uma
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    desigualdade que deixou e continua com
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    marcas fundamentais na nossa sociedade
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    marca
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    por exemplo na arquitetura urbana da
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    nossa sociedade imagens muito típicas de
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    um Rio de Janeiro em que você tem né os
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    bairros da zona sul
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    com áreas nobres muito próximas das
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    Comunidades das favelas nos morros
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    cariocas ou imagens também muito
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    circuladas na nossa enfim nos nossos
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    jornais
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    nas mídias de um Morumbi bairro em São
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    Paulo com os grandes prédios de
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    apartamentos luxuosos que fazem ali
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    fronteira com a favela de Paraisópolis
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    essa desigualdade tá presente por
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    exemplo nas relações de trabalho né
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    trabalhos com grande qualificação grande
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    tecnologia envolvida e trabalhos com
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    baixíssima qualificação e desafios para
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    a própria sobrevivência dos
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    Trabalhadores no dia a dia Desafios que
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    também representam o acesso à educação o
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    acesso à saúde é insuma né temos uma
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    série de possibilidades de percorrer
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    essas imagens da desigualdade e reforçar
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    a ideia sim a desigualdade é algo que
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    realmente nos marca como sociedade
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    tratar desigualdade é um grande desafio
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    também pela amplitude do seu conceito a
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    gente poderia trabalhar em desigualdade
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    em várias acepções uma desigualdade que
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    é Regional uma desigualdade que é social
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    uma desigualdade que é uma desigualdade
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    de gênero racial enfim temos uma
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    possibilidade enorme de formas de tratar
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    desigualdade eu aqui para tentarmos
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    assim aprofundar um desses aspectos da
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    desigualdade Vou tentar trabalhar um
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    pouco mais na ideia de uma desigualdade
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    de renda e riqueza na sua acepção uns
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    assim Econômica da desigualdade
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    conhecida a noção de que o Brasil é um
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    dos países mais desiguais do mundo
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    quando a gente fala do Brasil como um
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    dos países mais desiguais do mundo a
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    gente tá falando justamente da questão
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    de renda e riqueza da concentração da
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    renda e da riqueza e apenas para dar
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    ilustrar né dar alguns exemplos eu trago
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    aqui uma pesquisa do laboratório de
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    Pesquisas mundiais de desigualdade
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    mundiais coordenada pelo Thomaz piquetti
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    que é um economista francês que fez
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    muito sucesso com o livro dele chamado
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    capital do Século 21 que há uma pesquisa
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    enorme sobre a desigualdade Mundial ao
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    longo de todo o século XX
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    e que ele traz esses dados para 2021
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    dizendo o seguinte né quando pensamos em
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    distribuição de renda quer dizer o que
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    que seria a distribuição de renda aquilo
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    que é a produção de bens e serviços
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    então salários dos trabalhadores ou
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    remuneração de renda de Capital como
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    juros lucros e etc
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    10% da população brasileira os 10% mais
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    ricos da população brasileira concentram
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    quase 60% da renda do Brasil Isso
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    significa que apenas uma pequena camada
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    da população
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    controla mais do que 50% De toda renda
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    do nosso país isso quando comparado com
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    os Estados Unidos esse dado em torno de
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    45% na Europa nos países da Europa em
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    torno de 30 a 35 por cento
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    E isso não é tudo quando a gente vai
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    falar de distribuição de riqueza riqueza
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    é o estoque o que que é o estoque Ou
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    riqueza é naquilo que se acumulou ao
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    longo do tempo
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    propriedades capital aquilo que está no
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    banco etc a concentração é ainda mais
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    gritante na nossa sociedade apenas um
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    por cento da população o extrato mais
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    alto da nossa população brasileira
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    concentra aproximadamente 50% de toda a
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    riqueza então a gente tem realmente uma
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    sociedade com grandes polos de
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    desigualdade como explicar Então essa
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    desigualdade como parte do processo
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    histórico a desigualdade certamente tem
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    a ver com o processo da nossa formação
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    social uma sociedade formada numa
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    colônia de plantations com Grandes
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    propriedades a grade exportadoras com
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    trabalho escravo Sem dúvida nenhuma isso
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    influencia
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    o ponto de partida da desigualdade da
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    nossa sociedade Mas isso não pode ser
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    tratado como uma fatalidade como algo
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    que não pode ser revertido ao longo do
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    tempo a experiência histórica ela mostra
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    que ao longo do século 20 especialmente
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    países com trajetórias de grande
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    desigualdade conseguiram reverter a
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    desigualdade a Europa por exemplo na
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    transição do século 19 do século 20 como
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    mostra o trabalho do Thomas Piquet é era
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    os países europeus que vinham de um
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    passado feudal também um passado com uma
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    estrutura social bastante desigual é
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    foram um país que conseguiram reverter
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    as suas desigualdades em torno de meados
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    do século 20 então a ideia de uma
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    concentração de renda riqueza ela não
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    pode ser uma ideia de uma fatalidade de
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    um processo histórico que vai permanecer
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    para sempre ela pode ser revertida e
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    isso é fundamental entender como que se
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    processa essa transformação Para
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    justamente entender como poder
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    transformar né uma dessas
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    características tão penosas da nossa
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    sociedade
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    em suma o Brasil pode ter se originado a
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    partir de uma estrutura muito desigual
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    né mas é o que a gente vai ver é que
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    ao longo desses 200 anos é preciso dizer
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    que o Brasil perdeu a oportunidades
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    importantes para reverter a história da
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    nossa desigualdade a independência por
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    exemplo a forma como se dá Independência
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    a forma como se deu a Constituição da
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    República Brasileira a forma como se deu
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    o processo de urbanização
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    industrialização de meados do século 20
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    a forma como foi constituída Essa
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    sociedade na redemocratização com a
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    Constituição de 88 momentos estratégicos
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    para intervir na numa trajetória de
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    desigualdade reverter essa trajetória e
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    eu acho que é isso que a gente precisa
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    entender ao longo da nossa história para
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    entender porque que em dados momentos
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    existiam espaço importante de reversão
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    da desigualdade e a gente não conseguiu
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    no próximo bloco o pacto estabelecido
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    Pelas nossas classes dominantes foi de
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    reforçar tanto a estrutura baseada no
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    latifúndio como também a sociedade
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    escravista
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    [Música]
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    O que significou para o Brasil ter
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    deixado de ser colônia de Portugal O que
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    significou para o seu povo fazer parte
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    de um país independente O que deixamos
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    para trás desse passado de exploração e
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    o que perpetuamos como marca da nossa
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    sociedade a partir de uma realidade de
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    profunda desigualdade há 200 anos nasceu
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    o sonho de um Brasil independente
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    e diferente
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    Talvez o primeiro grande contexto para
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    refletir sobre as igualdade é o contexto
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    da Independência a 200 anos
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    começou a se construir um país um
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    projeto de nação
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    isso era não um momento de rever o seu
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    passado como uma sociedade de uma
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    estrutura Econômica social típica
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    colonial de uma colônia Tropical né
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    então uma colônia formada para atender
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    os interesses
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    mercantis por exemplo de Portugal
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    produzindo açúcar os ciclos de mineração
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    e etc e que se formou naquilo que são as
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    imagens eu acho que muito presentes na
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    nossa nos nossos intérpretes dessa
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    sociedade de contrastes né então como
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    por exemplo aparece nas obras clássicas
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    do Sérgio Buarque de Holanda Gilberto
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    Freire Caio Prado o que que é a
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    sociedade Colonial uma sociedade de uma
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    casa grande diversos da Senzala de um
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    latifúndio exportador versus da pequena
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    propriedade de subsistência de uma elite
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    senhorial aristocrática versus as
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    grandes escravarias versus grandes
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    quantidades de homens pobres e Livres da
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    ideia da cordialidade tão presente no
  • 00:11:47
    Sérgio Holanda como um instrumento né
  • 00:11:50
    vamos assim de uma estrutura social e
  • 00:11:51
    cultural é de um de uma interferência do
  • 00:11:55
    público pelo privado produzindo
  • 00:11:57
    hierarquias e relações de poder dentro
  • 00:12:00
    dessa sociedade e suma vários jogos de
  • 00:12:03
    contrastes que marcam a nossa formação
  • 00:12:05
    social do período colonial Mas então a
  • 00:12:09
    200 anos com a independência o Brasil
  • 00:12:11
    nasci coloca a questão que tipo de nação
  • 00:12:14
    queremos construir de negar Então esse
  • 00:12:17
    passado colonial de interferir dentro do
  • 00:12:22
    processo de uma construção de uma
  • 00:12:25
    sociedade desigual ou de perpetuação de
  • 00:12:27
    um tipo de modelo de sociedade né
  • 00:12:31
    Celso Furtado no formação econômica do
  • 00:12:33
    Brasil ele tende a dizer que esse
  • 00:12:36
    momento em que se insere a independência
  • 00:12:40
    do Brasil é um momento estratégico né
  • 00:12:43
    Por exemplo inclusive um momento de
  • 00:12:45
    importante divergência trajetórias do
  • 00:12:48
    Brasil e dos Estados Unidos né quando o
  • 00:12:51
    Brasil não consegue responder a uma
  • 00:12:54
    transformação da sua estrutura social e
  • 00:12:56
    se inserir dentro de um mercado
  • 00:12:58
    internacional ao passo que os Estados
  • 00:13:00
    Unidos aproveita esse momento na de
  • 00:13:03
    transformações da economia mundial com
  • 00:13:05
    Revolução Industrial com as
  • 00:13:07
    independências com as ideias
  • 00:13:09
    republicanas sendo trazidas e consegue
  • 00:13:12
    produzir uma trajetória de Formação
  • 00:13:15
    Nacional muito distinta mas quer dizer
  • 00:13:19
    existe projetos um conjunto de projetos
  • 00:13:22
    em disputa lá em 1822 para não ser
  • 00:13:26
    exaustivo trago um exemplo muito assim
  • 00:13:29
    canônico da nossa história que é o
  • 00:13:32
    exemplo de José Bonifácio Bonifácio um
  • 00:13:35
    personagem importantíssimo no processo
  • 00:13:37
    de independência e que tinha como um
  • 00:13:40
    projeto de nação é algo que efetivamente
  • 00:13:44
    não se realizou e Que propunha mudanças
  • 00:13:47
    importantes na nossa sociedade por
  • 00:13:50
    exemplo abolição da escravidão e o
  • 00:13:54
    início de um processo de formação de uma
  • 00:13:57
    Indústria nacional e depois legisladores
  • 00:14:00
    do vasto império do Brasil basta de
  • 00:14:02
    dormir É Tempo de acordar do sono
  • 00:14:05
    amortecido em que há séculos já vemos
  • 00:14:08
    mostra a experiência e a razão que a
  • 00:14:11
    riqueza só reina onde impera a liberdade
  • 00:14:13
    e a justiça e não onde mora o cativeiro
  • 00:14:16
    e a corrupção
  • 00:14:18
    se o mal está feito não aumentemos
  • 00:14:20
    senhores multiplicando E vós traficantes
  • 00:14:24
    de carne humana vó senhores injustos e
  • 00:14:27
    cruéis ouvir com robô e arrependimento
  • 00:14:30
    se não tem dispara a voz imperiosa da
  • 00:14:34
    consciência e os altos brados da
  • 00:14:37
    impaciente humanidade
  • 00:14:39
    qual de vós quererá ser tão obstinado e
  • 00:14:42
    ignorante que não sinta que o cativeiro
  • 00:14:44
    Perpétuo é contrário aos nossos futuros
  • 00:14:47
    interesses e a vossa segurança e
  • 00:14:49
    tranquilidade pessoal
  • 00:14:52
    então ele tá se colocando na
  • 00:14:54
    possibilidade de construir um país
  • 00:14:57
    distinto mas como sabemos quer dizer o
  • 00:15:00
    pacto estabelecido Pelas nossas
  • 00:15:03
    classes dominantes foi de reforçar tanto
  • 00:15:07
    a estrutura agrária exportadora baseada
  • 00:15:09
    no latifúndio como também é a sociedade
  • 00:15:12
    escravista nesse sentido a sociedade
  • 00:15:16
    pouco conseguiu se transformar a
  • 00:15:19
    despeito de uma mudança fundamental que
  • 00:15:21
    foi a construção de um Estado Nacional
  • 00:15:23
    não há mais uma relação de dependência
  • 00:15:27
    entre colônia e metrópoles foi rompido
  • 00:15:29
    mas a estrutura foi pouquíssimamente
  • 00:15:32
    transformada
  • 00:15:35
    há um conjunto de Pesquisas recentes que
  • 00:15:38
    tem mostrado que na verdade a sociedade
  • 00:15:40
    brasileira vai começar a ter
  • 00:15:43
    formação de um pequeno mercado interno
  • 00:15:46
    vai começar a diluir um pouco Essa
  • 00:15:49
    sociedade entre grandes escra português
  • 00:15:52
    para a existência também de pequenas
  • 00:15:54
    propriedades Com pequenas propriedades
  • 00:15:56
    como pequenos plantéis de escravos né
  • 00:15:58
    então isso passa a ser também realidade
  • 00:16:00
    da nossa sociedade então quer dizer a
  • 00:16:03
    escravidão ela é algo não só parte das
  • 00:16:06
    elites Mas ela tá presente como
  • 00:16:08
    estrutura de sociabilidade nas mais
  • 00:16:10
    diversas
  • 00:16:11
    grupos sociais né então pequeno
  • 00:16:14
    proprietário que tem um escravo quer
  • 00:16:16
    dizer isso as pesquisas vão mostrar que
  • 00:16:18
    tá difundido pelo país inteiro né Mas
  • 00:16:22
    isso não significa que a concentração de
  • 00:16:24
    renda e riqueza não seja pequena Nesse
  • 00:16:27
    contexto pelo contrário nas pesquisas
  • 00:16:30
    feitas também ao longo da especialmente
  • 00:16:33
    do período imperial o que a gente vê é
  • 00:16:35
    uma profunda Concentração da renda e da
  • 00:16:38
    riqueza para trabalhar com um único
  • 00:16:41
    estudo como exemplo o João Fragoso num
  • 00:16:44
    clássico
  • 00:16:45
    trabalho homens de grossa aventura
  • 00:16:48
    que trabalha com a estrutura de riqueza
  • 00:16:52
    Então a partir dos inventários da
  • 00:16:54
    população ele vai avaliando Como que
  • 00:16:56
    essa riqueza estava distribuída no Rio
  • 00:16:58
    de Janeiro ele vai dizer olha 90% dos
  • 00:17:02
    inventários né daqueles que né então ao
  • 00:17:06
    falecer produzem os seus inventários os
  • 00:17:08
    familiares produzidos seus limitados
  • 00:17:09
    você tem a existência de escravos mas
  • 00:17:12
    ele vai mostrar que de novo pegando a
  • 00:17:15
    ideia dos 10% mais ricos da sociedade
  • 00:17:17
    Então os 10% inventários mais ricos
  • 00:17:21
    dessa sociedade concentravam 70% mais ou
  • 00:17:24
    menos da renda quer dizer algo próximo
  • 00:17:26
    do que a gente tem falado da
  • 00:17:27
    concentração da riqueza até os dias de
  • 00:17:29
    hoje né Então nesse sentido a sociedade
  • 00:17:32
    Colonial né da sociedade Colonial para a
  • 00:17:35
    sociedade Imperial é muita coisa muda na
  • 00:17:39
    formação de um estado de um estado
  • 00:17:40
    brasileiro mas a permanência da
  • 00:17:43
    desigualdade está posta por duas
  • 00:17:45
    questões fundamentais a permanência da
  • 00:17:48
    escravidão e a permanência dessa
  • 00:17:50
    estrutura de profunda Concentração da
  • 00:17:53
    renda bom a passagem do império para
  • 00:17:56
    república inseto medida vai
  • 00:17:59
    ocorrer no momento de superação de um
  • 00:18:02
    desses impasses que é a abolição da
  • 00:18:05
    escravidão
  • 00:18:06
    junto de um processo né de 1888 e que se
  • 00:18:11
    abolhe a escravidão em 1889 em que se
  • 00:18:15
    declara né a Proclamação da República é
  • 00:18:18
    possivelmente a gente teria que a chave
  • 00:18:20
    para iniciar a reversão de um processo
  • 00:18:24
    na histórico da nossa desigualdade com
  • 00:18:28
    enfim a integração de uma parcela
  • 00:18:31
    substancial da população que ela estava
  • 00:18:33
    aleijada até então da Cidadania e da
  • 00:18:36
    participação da renda e da riqueza
  • 00:18:38
    nacional
  • 00:18:40
    Então por esses motivos podemos
  • 00:18:42
    acreditar que a redução da desigualdade
  • 00:18:44
    estaria como parte de um projeto
  • 00:18:46
    Republicano
  • 00:18:48
    no sentido inclusive que se expressa na
  • 00:18:51
    própria constituição promulgada em 1891
  • 00:18:54
    uma constituição de caráter liberal e
  • 00:18:57
    que aparentemente a gente teria né um
  • 00:18:59
    olhar para aquilo que mais representava
  • 00:19:02
    a sociedades modernas naquele contexto
  • 00:19:06
    mas a verdade é que entre nos assim a
  • 00:19:10
    lei a prática né entre o texto e a
  • 00:19:12
    realidade pouco mudou a abolição a
  • 00:19:17
    liberdade a igualdade estavam acima de
  • 00:19:19
    tudo na lei as condições estavam muito
  • 00:19:23
    negadas no dia a dia na rotina né na
  • 00:19:27
    própria integração por exemplo dessa
  • 00:19:29
    população né que vinha dos seus
  • 00:19:33
    cativeiros agora para se integrar
  • 00:19:35
    efetivamente na sociedade vejo um limite
  • 00:19:38
    fundamental da própria rede cidadania
  • 00:19:41
    que se coloca na constituição para ser
  • 00:19:44
    cidadão diz a constituição você não
  • 00:19:46
    poderia ser nem mendigo nem analfabeto a
  • 00:19:50
    população brasileira naquele momento é
  • 00:19:52
    era composta 80% de analfabetos e não
  • 00:19:55
    existia dentro da Constituição uma ideia
  • 00:19:59
    de uma educação pública como direito
  • 00:20:01
    então o próprio estado nega a
  • 00:20:04
    possibilidade de reversão desse quadro
  • 00:20:07
    de 80% da população que está assim
  • 00:20:10
    distante da Integração
  • 00:20:13
    a própria sociedade mesmo com a
  • 00:20:16
    imigração os deslocamentos populacionais
  • 00:20:19
    o que a gente vê é que esses novos
  • 00:20:22
    trabalhadores que vão sendo inseridos
  • 00:20:24
    dentro do mercado de trabalho agora
  • 00:20:27
    livre e
  • 00:20:29
    assalariado né você tem estruturas muito
  • 00:20:32
    desiguais de integração
  • 00:20:35
    o racismo Como já foi bem explorado era
  • 00:20:38
    um desses instrumentos de né dar acesso
  • 00:20:42
    a uma parcela da população e negar o
  • 00:20:45
    acesso a um tipo de qualificação e
  • 00:20:48
    trabalho dentro dessa sociedade
  • 00:20:52
    então trabalhadores negros muitas vezes
  • 00:20:57
    a condição de ter acesso a um bom
  • 00:20:59
    trabalho a um bom serviço tava
  • 00:21:02
    completamente limitado né E isso num
  • 00:21:05
    contexto que quer dizer é defendido
  • 00:21:07
    inclusive por intelectuais daquela
  • 00:21:10
    conjuntura dentro de uma noção de um
  • 00:21:12
    racismo científico antes o racismo
  • 00:21:15
    estabelecido pela própria escravidão
  • 00:21:17
    agora vai se transformando em outros
  • 00:21:19
    mecanismos sociais e inclusive
  • 00:21:22
    supostamente científicos com autores
  • 00:21:25
    como Nina Rodrigues que justifica que o
  • 00:21:29
    caminho para o desenvolvimento Nacional
  • 00:21:31
    deveria servia a imigração europeia e o
  • 00:21:35
    racismo era um instrumento de definição
  • 00:21:37
    das relações pelas relações desiguais
  • 00:21:39
    entre e negros o código penal brasileiro
  • 00:21:43
    É promulgado nesse contexto da República
  • 00:21:46
    ainda que explicitamente não marque nada
  • 00:21:50
    relacionado a um racismo né a diferença
  • 00:21:53
    entre
  • 00:21:54
    enfim indivíduos pela questão da cor por
  • 00:21:59
    outro lado na prática aqueles que vão
  • 00:22:03
    nos encher
  • 00:22:04
    inseridos dentro das regras e do
  • 00:22:07
    regimento da punição normalmente tinham
  • 00:22:11
    uma marca da cor da pele é isso as
  • 00:22:15
    Pesquisas mostram muito a desigualdade
  • 00:22:17
    assim das punições colocadas sobre a
  • 00:22:21
    população de maneira geral Nesse
  • 00:22:23
    contexto no campo por exemplo é a
  • 00:22:27
    primeira república é marcada por uma
  • 00:22:28
    estrutura de madonismo clientelismo
  • 00:22:30
    famoso coronelismo do Victor Nunes Leal
  • 00:22:33
    de coronelismo
  • 00:22:35
    em que uma grande parcela da população
  • 00:22:37
    ela nem se insere no mercado trabalho
  • 00:22:40
    livre numa mercado de trabalho
  • 00:22:42
    assalariado ela é efetivamente
  • 00:22:44
    subordinada aqueles que são os grandes
  • 00:22:47
    proprietários ela tá inserida numa
  • 00:22:49
    condição
  • 00:22:51
    dependente dessas grandes proprietários
  • 00:22:53
    em suma a desigualdade permanece o
  • 00:22:57
    Brasil Nesse contexto é um Brasil que
  • 00:22:59
    passa por uma grande modernização uma
  • 00:23:02
    modernização com o início da urbanização
  • 00:23:04
    das primeiras indústrias e aqueles
  • 00:23:08
    poucos que vão conquistar os seus
  • 00:23:10
    direitos
  • 00:23:11
    conseguem conquistam seus direitos a
  • 00:23:14
    partir de muita disputa muito a luta as
  • 00:23:17
    greves operárias de
  • 00:23:18
    1917-19
  • 00:23:20
    mesmo o Brasil aderindo a Organização
  • 00:23:24
    Internacional do Trabalho isso não se
  • 00:23:25
    efetiva em leis que estão sendo
  • 00:23:29
    disseminadas no exterior elas pouco
  • 00:23:32
    chegam aqui ainda na década de 20 e é o
  • 00:23:35
    que o José Murilo de Carvalho naquele
  • 00:23:37
    livro cidadania o Brasil vai dizer que a
  • 00:23:40
    cidadania é conquistada ao negativo aqui
  • 00:23:42
    na disputa na verdade contra as pressões
  • 00:23:44
    que são impostas à população o cientista
  • 00:23:47
    político José Murilo de Carvalho
  • 00:23:50
    refletindo em seu livro A cidadania no
  • 00:23:52
    Brasil escreve
  • 00:23:55
    José Bonifácio afirmou em representação
  • 00:23:58
    enviada à Assembleia constituinte de
  • 00:24:00
    1823 que a escravidão era um câncer que
  • 00:24:04
    corroía a nossa vida cívica e impedia a
  • 00:24:07
    construção da Nação a desigualdade é a
  • 00:24:11
    escravidão de hoje o novo câncer que
  • 00:24:14
    impede a Constituição de uma sociedade
  • 00:24:16
    democrática a escravidão foi abolida 65
  • 00:24:20
    anos após advertência de José Bonifácio
  • 00:24:23
    a precária democracia de hoje não
  • 00:24:26
    sobreviveria a espera tão longa para
  • 00:24:29
    este bar o câncer da desigualdade no
  • 00:24:33
    próximo bloco A Nova Liberdade Não há
  • 00:24:36
    Liberdade do ir e vir dado pela economia
  • 00:24:39
    de mercado mas é a liberdade dos
  • 00:24:41
    direitos civis uma sociedade que permite
  • 00:24:44
    ao mesmo tempo ser Justa e livre
  • 00:24:48
    [Música]
  • 00:24:53
    a história do Brasil nos mostra um país
  • 00:24:56
    que foi feito de casa grande e de
  • 00:24:59
    Senzala de latifúndios convivendo com a
  • 00:25:02
    fome de fortunas ao lado de misérias nem
  • 00:25:06
    a independência a Proclamação da
  • 00:25:09
    República ou abolição da escravidão
  • 00:25:11
    diminuíram os nossos contrastes e o
  • 00:25:15
    Brasil entrou no século do
  • 00:25:17
    desenvolvimento industrial ainda
  • 00:25:19
    carregando suas mais antigas feridas
  • 00:25:22
    sociais o mundo naquele contexto de
  • 00:25:25
    transição do século 19 do século 20 era
  • 00:25:27
    um mundo de grande desenvolvimento
  • 00:25:29
    a partir da Segunda Revolução Industrial
  • 00:25:32
    Então você tá vivendo a disseminação da
  • 00:25:34
    energia elétrica a disseminação de bens
  • 00:25:37
    de consumo os mais variados da bicicleta
  • 00:25:39
    ao rádio mais a frente o cinema então
  • 00:25:43
    tem muita coisa nova resultante dessa
  • 00:25:46
    segunda revolução industrial e o Brasil
  • 00:25:49
    Quer fazer parte desse mundo de
  • 00:25:51
    transformação da Segunda Revolução
  • 00:25:53
    Industrial dessa integração da economia
  • 00:25:56
    mundial que cresce muito né o Brasil
  • 00:25:58
    passa a ser um grande exportador de café
  • 00:26:00
    de borracha um importador de produtos
  • 00:26:03
    integração via a chegada das ferrovias
  • 00:26:06
    dos bancos os mais diversos serviços
  • 00:26:09
    públicos então o Brasil vai se inserindo
  • 00:26:11
    nessa modernidade vai fazendo reformas
  • 00:26:14
    urbanas no Brasil inteiro nas capitais
  • 00:26:17
    passam a construir seus teatros
  • 00:26:18
    municipais introdução da energia
  • 00:26:20
    elétrica introdução de serviços de
  • 00:26:23
    bondes e etc então o Brasil se
  • 00:26:25
    transforma muito se transforma
  • 00:26:27
    significativamente mas vale dizer para
  • 00:26:30
    uma parcela muito pequena da população
  • 00:26:33
    então é a ideia daquele Brasil como o
  • 00:26:36
    Chico de Oliveira fala do moderno e do
  • 00:26:38
    arcaico quer dizer há um Brasil muito
  • 00:26:41
    moderno que se atualiza e acompanha as
  • 00:26:45
    transformações e segue essa crença do
  • 00:26:47
    Progresso do desenvolvimento científico
  • 00:26:49
    ainda que não incorpore né Toda essa
  • 00:26:54
    Esse é um impasse que está posto nessa
  • 00:26:57
    sociedade de transição do 19 para o
  • 00:27:00
    século 20 Não só no Brasil eu diria é um
  • 00:27:03
    impasse que vai para alguns
  • 00:27:05
    historiadores como Eric Robson calculani
  • 00:27:08
    vai encerrar por volta da primeira
  • 00:27:10
    guerra mundial o fim da economia de
  • 00:27:13
    mercado pode se tornar o início de uma
  • 00:27:16
    era de liberdade sem precedentes a
  • 00:27:19
    liberdade jurídica e real pode se tornar
  • 00:27:22
    mais Ampla e mais Geral do que em
  • 00:27:24
    qualquer tempo a regulação e o controle
  • 00:27:27
    podem atingir a liberdade Mas para todos
  • 00:27:30
    e não apenas para alguns Liberdade não
  • 00:27:34
    como complemento do privilégio
  • 00:27:35
    contaminado em sua fonte mas como um
  • 00:27:38
    direito consagrado que se estende muito
  • 00:27:41
    além dos estreitos limites da esfera
  • 00:27:43
    política e atinge a organização íntima
  • 00:27:47
    da própria sociedade
  • 00:27:49
    assim as antigas liberdades e direitos
  • 00:27:52
    civis serão acrescentados ao fundo da
  • 00:27:55
    Nova Liberdade gerada pelo lazer e pela
  • 00:27:59
    segurança que a sociedade oferece a
  • 00:28:01
    todos uma tal sociedade pode se permitir
  • 00:28:04
    ser ao mesmo tempo Justa e livre polene
  • 00:28:09
    fala que existia uma crença muito grande
  • 00:28:11
    no mercado como regulador social e esse
  • 00:28:15
    mercado como regulador social é no fundo
  • 00:28:17
    a ideia de que o mercado é aquilo que
  • 00:28:19
    decide a partir das leis econômicas da
  • 00:28:22
    oferta e da demanda o salário
  • 00:28:25
    as relações de terras relações do
  • 00:28:29
    dinheiro as relações enfim
  • 00:28:31
    de toda a vida né todas as formas de
  • 00:28:35
    expressão da vida social estão definidas
  • 00:28:38
    a partir do mercado
  • 00:28:40
    qual é o problema de isopolani fala Essa
  • 00:28:43
    sociedade regulada pelo mercado tá
  • 00:28:47
    impondo condições sociais cada vez mais
  • 00:28:49
    precárias a uma parcela significativa da
  • 00:28:52
    população que precisa Enfim fazer na
  • 00:28:57
    Milagres para sobreviver para ter as
  • 00:28:59
    condições de sobrevivência a partir do
  • 00:29:01
    mercado das rendas do mercado e
  • 00:29:04
    conseguir efetivamente na ter o mínimo
  • 00:29:07
    de alimento de dignidade é que que é um
  • 00:29:11
    pouco algo que lembra muito um cenário
  • 00:29:13
    que a gente tem vivido recentemente a
  • 00:29:16
    expressão do polaine é uma expressão
  • 00:29:18
    muito dura que ele fala de um Moinho
  • 00:29:20
    satânico né que se colocava Da Lógica do
  • 00:29:24
    mercado da economia sobre a vida social
  • 00:29:26
    que na verdade ia essa ideia do Moinho
  • 00:29:29
    satânico né enfim jogando as pessoas
  • 00:29:33
    para
  • 00:29:35
    uma vida completamente assim espremida
  • 00:29:39
    dessa S condições de sobrevivência do
  • 00:29:42
    mercado
  • 00:29:43
    e ele vai falar em escrevendo 44 que
  • 00:29:46
    essa anomia social que vai se produzindo
  • 00:29:50
    a partir do mercado é o que teria levado
  • 00:29:52
    né nos anos 30 nos anos 40 as
  • 00:29:56
    experiências do fascismo do nazismo ou
  • 00:29:59
    mesmo do comunismo na União Soviética
  • 00:30:01
    Então o que ele tá propondo em 44 é que
  • 00:30:05
    a relação entre
  • 00:30:09
    sociedade
  • 00:30:10
    e mercado ela não pode ser dada
  • 00:30:13
    diretamente você precisa ter mediações e
  • 00:30:16
    o estado é um instrumento fundamental da
  • 00:30:18
    mediação por isso que ele fala né A Nova
  • 00:30:22
    Liberdade Não há Liberdade do ir e vir
  • 00:30:24
    dado pela economia de mercado mas é a
  • 00:30:28
    liberdade dos direitos civis a liberdade
  • 00:30:30
    que permite a formação e gera o lazer a
  • 00:30:34
    segurança da sociedade que oferece a
  • 00:30:36
    todos uma sociedade que permite ao mesmo
  • 00:30:38
    tempo ser Justa e livre é mas assim a
  • 00:30:43
    defesa um projeto de país um projeto de
  • 00:30:47
    futuro democrático na dentro da lógica
  • 00:30:50
    do desenvolvimento do capitalismo Então
  • 00:30:53
    os países da Europa Estados Unidos
  • 00:30:55
    tinham uma concentração enorme de renda
  • 00:30:57
    e riqueza naquele contexto que vão
  • 00:31:00
    colocando os impasses que vão levar diz
  • 00:31:02
    polani diz hobbesbom a primeira guerra
  • 00:31:04
    mundial porque a primeira guerra mundial
  • 00:31:07
    depois mesmo essas experiências
  • 00:31:11
    autoritárias são formas dos países
  • 00:31:13
    responderem a esses dilemas sociais que
  • 00:31:15
    estão postos né e o Brasil não passa
  • 00:31:18
    vamos assim
  • 00:31:20
    distante dessas
  • 00:31:22
    desses desses dilemas que estão postos
  • 00:31:26
    na sociedade ou na economia mundial Vale
  • 00:31:29
    lembrar que a década de 20 é uma década
  • 00:31:31
    de grande ebulição social também Quando
  • 00:31:33
    se comemora o centenário da
  • 00:31:35
    Independência em 18 em 1922 tem ao mesmo
  • 00:31:38
    tempo o movimento de confrontar as
  • 00:31:41
    conquistas dessa Independência
  • 00:31:43
    semana de arte moderno não só em São
  • 00:31:45
    Paulo mas em outros lugares do Brasil
  • 00:31:47
    questionando mimetismo de reproduzir
  • 00:31:49
    aquilo que era a vida no na Europa da
  • 00:31:52
    bellepok dessa cidades lindas
  • 00:31:54
    maravilhosas mas com uma base social
  • 00:31:56
    bastante complexa bastante limitada é a
  • 00:32:00
    ideia das manifestações que estão no
  • 00:32:02
    tenentismo né na defesa da educação por
  • 00:32:05
    exemplo básica ou mesmo das
  • 00:32:08
    manifestações de trabalhadores com
  • 00:32:09
    anarquismo e o Partido Comunista Essa
  • 00:32:12
    sociedade ela vai ruindo a sociedade
  • 00:32:14
    Liberal do século XIX entre aquilo que o
  • 00:32:17
    Hobbes bom Vai chamar a era da
  • 00:32:18
    catástrofe a primeira guerra mundial a
  • 00:32:20
    grande depressão e a segunda guerra
  • 00:32:22
    mundial e há um momento de indefinição
  • 00:32:24
    sobre o que se constrói a partir dessa
  • 00:32:27
    sociedade
  • 00:32:28
    de crise durante quase uma geração
  • 00:32:31
    inteira e É nesse sentido que abrimos
  • 00:32:33
    mais um capítulo da nossa história um
  • 00:32:36
    capítulo em que a república na sua
  • 00:32:38
    Proclamação não resolveu a questão da
  • 00:32:40
    desigualdade mas agora o crescimento da
  • 00:32:43
    economia Mundial num novo contexto de
  • 00:32:46
    superação dos dilemas do passado das
  • 00:32:48
    duas guerras mundiais das experiências
  • 00:32:50
    autoritárias conduz a sociedade
  • 00:32:53
    ocidental a um projeto né de uma
  • 00:32:57
    sociedade em que há maior relação entre
  • 00:33:00
    capital e trabalho mediado pelo Estado e
  • 00:33:03
    que vai produzir por exemplo nos países
  • 00:33:05
    da Europa e mesmo nos Estados Unidos com
  • 00:33:07
    graus diferentes uma reversão profunda
  • 00:33:10
    da desigualdade Mundial nesses países
  • 00:33:13
    porque pela formação por exemplo dos
  • 00:33:16
    Estados de bem-estar social Então você
  • 00:33:18
    começa a ter mecanismos novos de reduzir
  • 00:33:21
    a desigualdade
  • 00:33:23
    há um projeto de maior coesão dos países
  • 00:33:27
    também ocidentais por toda a questão
  • 00:33:30
    geopolítica na questão da Guerra Fria
  • 00:33:32
    mas que reforça valores universais como
  • 00:33:36
    a declaração universal dos direitos
  • 00:33:37
    humanos de meu 1948 onde se define né
  • 00:33:41
    onde você precisa ter condições mínimas
  • 00:33:43
    é de de de enfim é de humanidade entre
  • 00:33:47
    os indivíduos nesse momento o Brasil por
  • 00:33:50
    exemplo é inicia a construção agora
  • 00:33:53
    acelerada de um processo de urbanização
  • 00:33:55
    industrialização né é o momento de
  • 00:33:58
    formação de projetos de planejamento de
  • 00:34:01
    desenvolvimento industrial o Brasil
  • 00:34:03
    cresce entre 45 e 60 mesmo depois nos
  • 00:34:09
    anos 70 é uma das maiores taxas de
  • 00:34:11
    crescimento e essas taxas de crescimento
  • 00:34:13
    são taxas fundamentais para você criar
  • 00:34:15
    condições de redução da desigualdade
  • 00:34:18
    especialmente entre 1945 e 1964 há uma
  • 00:34:22
    tendência de queda da concentração do
  • 00:34:26
    topo da sociedade da renda do topo da
  • 00:34:29
    sociedade brasileira não tão intensa
  • 00:34:32
    quanto ocorre nos países da Europa e nos
  • 00:34:34
    Estados Unidos e a o início de uma
  • 00:34:38
    inclusão de uma parte da base da
  • 00:34:40
    sociedade né uma população que vai se
  • 00:34:44
    tornando economicamente ativa nesse
  • 00:34:46
    mundo Urbano Industrial nesse período de
  • 00:34:48
    mais ou menos 20 anos de 10 a 30 milhões
  • 00:34:51
    de pessoas a gente passa de 10 a 30
  • 00:34:54
    milhões de pessoas que são incorporadas
  • 00:34:56
    no mercado de trabalho e ainda que você
  • 00:34:58
    tem uma massa da população a ser
  • 00:35:01
    incorporada você já é o começo de uma
  • 00:35:03
    inclusão de Trabalhadores
  • 00:35:06
    de
  • 00:35:09
    um projeto de redução da desigualdade a
  • 00:35:12
    ideia de muitos teóricos que estão
  • 00:35:14
    discutindo os projetos de Brasil nesse
  • 00:35:17
    período com 50 são os projetos
  • 00:35:19
    modernistas que vem dos intérpretes do
  • 00:35:22
    Brasil ou por exemplo de um Celso
  • 00:35:24
    Furtado nos anos 50 é uma aposta dessa
  • 00:35:26
    ideia de desenvolvimento de que a
  • 00:35:28
    industrialização iria incorporando as
  • 00:35:30
    massas da população e reduzindo a
  • 00:35:32
    desigualdade O problema é que a gente
  • 00:35:34
    nesse contexto em que de maneira muito
  • 00:35:37
    devagar a gente vai tendo uma tendência
  • 00:35:39
    de redução da desigualdade esse processo
  • 00:35:42
    vai ser rompido né em 1964 com o golpe
  • 00:35:47
    quando a partir daí aquilo que era uma
  • 00:35:51
    tendência de incorporação com ganhos
  • 00:35:53
    salariais com disputas dispostas pelas
  • 00:35:55
    relações de trabalho isso desaparece as
  • 00:35:58
    políticas de crescimento
  • 00:35:59
    industrialização permanecem mas não com
  • 00:36:03
    os mesmos ganhos salariais é com
  • 00:36:06
    controles sociais uma queda relativa do
  • 00:36:09
    salário mínimo né que vai ocorrer então
  • 00:36:12
    aquilo que era um potencial de redução
  • 00:36:14
    da desigualdade se perde durante
  • 00:36:16
    aproximadamente 20 no próximo bloco Será
  • 00:36:20
    que 2022 pode ser um Marco pós pandemia
  • 00:36:24
    de início de uma reconstrução de um
  • 00:36:26
    mundo como começou se construir por
  • 00:36:29
    volta das décadas de 40 quando o mundo
  • 00:36:31
    percebeu que era preciso mudar de rumo
  • 00:36:33
    depois de duas guerras mundiais
  • 00:36:36
    [Música]
  • 00:36:42
    de colonizado a independência de Império
  • 00:36:45
    a república de democracia a ditadura em
  • 00:36:49
    todas as fases do Brasil a desigualdade
  • 00:36:52
    foi persistente e determinante para
  • 00:36:55
    muitas e muitas vidas deixou o
  • 00:36:57
    contrastes na arquitetura das cidades
  • 00:36:59
    nos diferentes padrões de consumo no
  • 00:37:02
    acesso ao serviços primários de educação
  • 00:37:04
    e saúde e quando o nosso país renasce
  • 00:37:07
    para redemocratização renasce também a
  • 00:37:11
    vontade de uma transformação dessa
  • 00:37:14
    história injusta a vontade de não ter
  • 00:37:16
    mais a desigualdade como Sina do nosso
  • 00:37:20
    país
  • 00:37:21
    quais são as duas grandes questões que
  • 00:37:23
    estão postas pela enfim pela sociedade
  • 00:37:26
    na construção de um novo Brasil por
  • 00:37:29
    volta dos anos 70 de um lado a
  • 00:37:32
    redemocratização a superação né do
  • 00:37:34
    período autoritário de restabelecer o
  • 00:37:37
    jogo democrático e de outro lado enfim
  • 00:37:40
    voltar a combater a desigualdade a
  • 00:37:44
    desigualdade que está posta por
  • 00:37:45
    trabalhos números
  • 00:37:47
    a partir dos dados de 1972 que mostrava
  • 00:37:51
    claramente que o milagre econômico
  • 00:37:53
    produzia muita riqueza mas essa muita
  • 00:37:56
    riqueza não chegava a toda a população a
  • 00:37:59
    Constituição de 1988 chamada de
  • 00:38:02
    Constituição cidadã Ela traz na sua base
  • 00:38:05
    justamente aquilo que de alguma forma 40
  • 00:38:08
    Anos Antes o cálculo ali defendia né em
  • 00:38:12
    que você precisava criar mecanismos de
  • 00:38:15
    redução da desigualdade
  • 00:38:17
    qual é o problema
  • 00:38:19
    me parece que
  • 00:38:21
    a Constituição
  • 00:38:24
    de 1988
  • 00:38:26
    Apesar e é isso não há menor dúvida ela
  • 00:38:30
    produz uma enorme contribuição para
  • 00:38:31
    nossa sociedade ela é o grande projeto
  • 00:38:36
    civilizatório existente nas últimas
  • 00:38:38
    décadas de transformação da nossa
  • 00:38:40
    sociedade Mas ela é promulgada no
  • 00:38:43
    momento quase que anacrônico da economia
  • 00:38:46
    mundial
  • 00:38:47
    se as reduções das desigualdades
  • 00:38:51
    mundiais europeias Americanas ocorrem em
  • 00:38:55
    meados do século 20 com Enfim uma
  • 00:38:59
    política de interferência na renda e na
  • 00:39:02
    riqueza dessas populações com pactos
  • 00:39:04
    sociais que produziam taxações elevadas
  • 00:39:08
    né Então as taxas de renda vão subir de
  • 00:39:11
    30 a 80% em alguns países né da riqueza
  • 00:39:14
    acumulada com taxa de heranças
  • 00:39:16
    elevadíssimas no Brasil a gente começa a
  • 00:39:19
    fazer o projeto de políticas sociais
  • 00:39:21
    efetivas
  • 00:39:23
    a partir dos anos 90 com a constituição
  • 00:39:26
    mas num cenário de reversão da economia
  • 00:39:29
    para uma economia Liberal novamente
  • 00:39:30
    então a constituição é uma carapaça
  • 00:39:33
    poderosa mas ela não tem a musculatura
  • 00:39:37
    fundamental para resolver todos os seus
  • 00:39:39
    dilemas por isso que a gente tem avanços
  • 00:39:42
    importantes com construção de políticas
  • 00:39:44
    sociais de inclusão na educação
  • 00:39:47
    na Educação Básica Universal com SUS com
  • 00:39:51
    política salariais
  • 00:39:53
    previdenciárias a mudanças importantes
  • 00:39:55
    que produzem sim na base da sociedade
  • 00:39:58
    condições de redução da desigualdade a
  • 00:40:02
    partir da base mas num estado que vive
  • 00:40:05
    limites contínuos do financiamento
  • 00:40:09
    dessas políticas porque não há
  • 00:40:13
    instrumentos tributários fiscais
  • 00:40:16
    suficientes para sustentar essas
  • 00:40:18
    políticas
  • 00:40:19
    essas políticas garantiram entre 1985 e
  • 00:40:22
    2015 Sem dúvida nenhum reais ganhos na
  • 00:40:26
    base da população daqueles 50 90% mais
  • 00:40:30
    pobres da população ganhos que foram
  • 00:40:32
    incrementais ao longo de vários governos
  • 00:40:34
    é de políticas que foram se sobrepondo
  • 00:40:38
    cumulativas né com a ampliação desses
  • 00:40:41
    vários serviços públicos do direitos
  • 00:40:42
    rendas né de políticas de renda mas de
  • 00:40:47
    novo se Estados Unidos e Europa
  • 00:40:50
    produziram políticas décadas antes com
  • 00:40:54
    né custos que foram pactuados pela
  • 00:40:57
    sociedade Para viabilizar essas
  • 00:40:59
    políticas nós na verdade agora na não
  • 00:41:03
    não temos talvez pelo contexto histórico
  • 00:41:06
    as condições se efetivas para a
  • 00:41:09
    realização dessa contínua expansão e
  • 00:41:13
    isso me parece né
  • 00:41:15
    se tornou muito Evidente nos últimos
  • 00:41:18
    anos Quando é a um impasse o quanto o
  • 00:41:22
    estado pode oferecer como políticas
  • 00:41:25
    sociais e o quanto o Estado tem como
  • 00:41:27
    arrecadação para manter essas políticas
  • 00:41:30
    sociais por isso que se vocês me
  • 00:41:33
    perguntarem Mas afinal houve ou não ouve
  • 00:41:36
    redução da desigualdade no Brasil nas
  • 00:41:39
    últimas décadas se a gente olhar para
  • 00:41:42
    base da sociedade sim houve ganhos
  • 00:41:45
    importantes de renda da base da
  • 00:41:47
    sociedade inclusive ganhos de renda
  • 00:41:49
    relativos dessa base da sociedade Mas se
  • 00:41:52
    vocês me perguntarem mas o topo da
  • 00:41:55
    sociedade de fato não porque o topo da
  • 00:41:58
    sociedade também Manteve crescimento tão
  • 00:42:01
    efetivo quanto aquele 1% da nossa
  • 00:42:03
    população mais rica por não ter né o que
  • 00:42:07
    ocorreu na sociedades europeias e
  • 00:42:10
    Americanas das décadas anteriores
  • 00:42:11
    interferência na manutenção das suas
  • 00:42:14
    rendas no Brasil eles não tiveram suas
  • 00:42:18
    rendas e continuaram expandindo as suas
  • 00:42:21
    lendas no início dos anos 2000 o
  • 00:42:23
    economista Celso Furtado fez uma análise
  • 00:42:26
    sobre nosso país
  • 00:42:28
    a alta propensão a consumir decorre do
  • 00:42:32
    fato de as classes altas e média
  • 00:42:34
    brasileiras seguirem padrões
  • 00:42:35
    norte-americanos mas como ter esse
  • 00:42:38
    padrão de vida com uma renda 10 vezes
  • 00:42:40
    menor Este é o grande problema por um
  • 00:42:44
    fenômeno de aculturação o brasileiro de
  • 00:42:46
    renda alta absorve padrões de consumo e
  • 00:42:49
    também de desperdício gosto pelo show
  • 00:42:52
    off pelo gastostentatório que o
  • 00:42:55
    caracteriza
  • 00:42:56
    hoje o Brasil tem uma renda 10 vezes
  • 00:42:59
    maior do que tinha quando comecei a
  • 00:43:01
    estudar esses problemas mas tem também
  • 00:43:03
    maiores desigualdades e os pobres
  • 00:43:06
    continuam igualmente pobres cabe a
  • 00:43:10
    pergunta ouve desenvolvimento não o
  • 00:43:14
    Brasil não se desenvolveu
  • 00:43:15
    modernizou-se o desenvolvimento
  • 00:43:18
    verdadeiro só existe quando a população
  • 00:43:21
    em seu conjunto é beneficiada uma
  • 00:43:25
    modernização que é uma transformação do
  • 00:43:28
    padrão de consumo e o mundo vive essa né
  • 00:43:32
    quase Euforia parece que são muito muito
  • 00:43:35
    interessantes quer dizer é uma Euforia
  • 00:43:37
    da novidade tecnológica que estava lá
  • 00:43:39
    com cinema com rádio com energia
  • 00:43:42
    elétrica e grandes mudanças na vidas com
  • 00:43:45
    a questão da iluminação as pessoas indo
  • 00:43:48
    à noite no centros urbanos isso no
  • 00:43:51
    começo do século 20 agora com
  • 00:43:53
    computadores com toda a telecomunicação
  • 00:43:56
    um celulares as pessoas se conectando a
  • 00:44:00
    ideia da globalização mais próximas mas
  • 00:44:02
    esse otimismo dos dois momentos acabam
  • 00:44:05
    se esbarrando lá no começo do século 20
  • 00:44:09
    na primeira guerra mundial na pandemia
  • 00:44:11
    né de 17 depois na própria igreja de
  • 00:44:16
    depressão e a gente vive também um
  • 00:44:18
    impasse tão grande quanto com uma série
  • 00:44:21
    de conflitos sociais que explodiram
  • 00:44:24
    desde Nova Iorque ocupada da primavera
  • 00:44:26
    árabe no Brasil desde 2013 né então uma
  • 00:44:31
    manifestação de que essa promessa da
  • 00:44:34
    modernidade parece que não estava
  • 00:44:36
    alcançando a todos os impasses da
  • 00:44:39
    desigualdade estavam retornando e
  • 00:44:40
    retornando com força e de novo volto aos
  • 00:44:43
    dados a desigualdade volta a crescer
  • 00:44:45
    desde as décadas de 90 de maneira
  • 00:44:47
    persistente né vejo dado a média do
  • 00:44:51
    crescimento do patrimônio do 1% mais
  • 00:44:54
    rico cresceu entre 95 5 e 2020 é em
  • 00:45:00
    torno de seis a nove por cento a renda
  • 00:45:02
    do resto da população cresceu a Dois a
  • 00:45:05
    três por cento então a renda da
  • 00:45:07
    população mais rica cresce duas três
  • 00:45:09
    vezes mais do que o restante da
  • 00:45:11
    população alguma coisa tem errada Será
  • 00:45:14
    que 2022 pode ser um Marco pós pandemia
  • 00:45:17
    de início de uma reconstrução de um
  • 00:45:19
    mundo como começou se construir por
  • 00:45:22
    volta das décadas de 40 quando o mundo
  • 00:45:25
    percebeu que era preciso mudar de rumo
  • 00:45:27
    depois de duas guerras mundiais
  • 00:45:30
    eu acho que é uma questão que cabe aqui
  • 00:45:32
    a nós Para justamente olhar para esse
  • 00:45:36
    futuro que a gente busca né A minha
  • 00:45:38
    sensação é que tanto no Brasil que é né
  • 00:45:42
    historicamente nesses 200 anos ou mais
  • 00:45:45
    nos próprios incorporando a colônia nos
  • 00:45:47
    nossos 500 anos a desigualdade é essa né
  • 00:45:50
    marca presente contínua Mas mesmo em
  • 00:45:54
    outras sociedades que a desigualdade
  • 00:45:56
    tinha sido reduzida de maneira
  • 00:45:57
    significativa e hoje volta a ter
  • 00:46:00
    indícios de retomada de tendência de
  • 00:46:03
    crescimento quer dizer o que que a gente
  • 00:46:06
    tá fazendo errado vale dizer que os
  • 00:46:08
    desafios são enormes no contemporâneo
  • 00:46:10
    não capitalismo de crescente
  • 00:46:13
    flexibilização do Trabalho em que o
  • 00:46:16
    trabalho vai ser um tema fundamental
  • 00:46:18
    para o futuro para saber se a gente vai
  • 00:46:20
    ter a possibilidade de oferta de bons
  • 00:46:22
    empregos com avanço de mecanização de
  • 00:46:24
    inteligência artificial
  • 00:46:26
    se a gente vai ter na verdade essa
  • 00:46:28
    tendência de uma crescente desigualdade
  • 00:46:30
    entre trabalhos muito qualificados e bem
  • 00:46:33
    remunerados e uma massa de trabalhadores
  • 00:46:35
    que busca sobreviver né não é nem viver
  • 00:46:39
    mas é sobreviver a partir de um trabalho
  • 00:46:41
    extremamente precário né E isso fica
  • 00:46:45
    visível nas nossas sociedades de
  • 00:46:47
    crescimento na violência de crescimento
  • 00:46:50
    dos limites da Democracia né
  • 00:46:54
    esse estado que foi visto com grande
  • 00:46:56
    desconfiança né nos últimos anos e
  • 00:47:00
    parece que é um instrumento decisivo de
  • 00:47:02
    novo para minorar os males da tendência
  • 00:47:05
    da desigualdade
  • 00:47:06
    por meio não só das políticas de
  • 00:47:08
    distribuição de renda mas também por
  • 00:47:11
    mecanismo de tributação Então me parece
  • 00:47:13
    que o futuro agora ele não cabe apenas
  • 00:47:17
    aos esforços individuais a retomada de
  • 00:47:20
    uma ideia de que o mercado né e os
  • 00:47:24
    esforços individuais meritocráticos
  • 00:47:25
    resolvem os impasses seriam individuais
  • 00:47:29
    e coletivos eu acho que os nossos
  • 00:47:31
    impasses como por exemplo a pandemia
  • 00:47:33
    mostrou são quase que só vão ser
  • 00:47:36
    resolvidos coletivamente meio ambiente
  • 00:47:38
    quer dizer o meio ambiente é o tema
  • 00:47:39
    fundamental do futuro e o meio ambiente
  • 00:47:41
    não se resolve mais agora com um único
  • 00:47:44
    país fazendo uma política precisa ser
  • 00:47:47
    uma política de coordenação coletiva
  • 00:47:49
    novamente
  • 00:47:51
    padrão de consumos exorbitantes quer
  • 00:47:54
    dizer isso impacta na sustentabilidade e
  • 00:47:57
    no nosso próprio futuro
  • 00:47:58
    acho que a gente vive um 2022 que
  • 00:48:03
    precisa ser um Marco de um passado né
  • 00:48:06
    porque o nosso futuro precisa ser
  • 00:48:09
    diferente do nosso presente acho que a
  • 00:48:11
    gente precisa reconstruir reconstruindo
  • 00:48:13
    a partir de Marcos importantes da nossa
  • 00:48:16
    cultura moderna de valores e de
  • 00:48:18
    igualdade de valores de democracia e é a
  • 00:48:22
    desigualdade assim como o meio ambiente
  • 00:48:24
    Acho que são questões fundamentais a
  • 00:48:26
    serem enfrentadas coletivamente
  • 00:48:30
    [Música]
  • 00:48:32
    mais reflexões no site e Facebook do
  • 00:48:34
    Instituto CPFL e no canal do Café
  • 00:48:37
    Filosófico no YouTube
  • 00:48:40
    é difícil falar por exemplo de
  • 00:48:43
    meritocracia numa sociedade brasileira
  • 00:48:45
    onde o ponto de partida é extremamente
  • 00:48:48
    desigual da população
  • 00:48:50
    [Música]
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