Café Filosófico | María Lugones e a crítica ao pensamento colonial | 21/05/2023

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https://www.youtube.com/watch?v=-hjThulgEPI

Résumé

TLDRO vídeo explora o feminismo decolonial a partir da obra de Maria Lugones e outros pensadores, enfatizando a necessidade de incluir vozes marginalizadas na história e na filosofia. Discute a interseccionalidade entre raça, gênero e classe e critica o feminismo tradicional por não considerar as experiências de mulheres racializadas. A colonialidade do poder é apresentada como uma estrutura que perpetua desigualdades até hoje, e há uma chamada para repensar a moralidade e a justiça para criar uma sociedade mais inclusiva.

A retenir

  • 📚 O feminismo decolonial busca incluir vozes marginalizadas.
  • 👩‍🏫 Maria Lugones é uma figura central nesse pensamento.
  • 🌍 A colonialidade do poder ainda afeta a sociedade atual.
  • ⚖️ O feminismo tradicional muitas vezes ignora interseccionalidades.
  • 🔍 A moralidade deve ser repensada para ser mais inclusiva.

Chronologie

  • 00:00:00 - 00:05:00

    Neste primeiro segmento, aborda-se a história da desigualdade de gênero, destacando que, por muito tempo, a vida pública e intelectual foi dominada por homens, enquanto as mulheres foram excluídas. O movimento atual busca resgatar a contribuição das mulheres ao longo da história, promovendo uma visão mais inclusiva e plural sobre a narrativa mundial, dizendo que a filosofia deve reconhecer suas raízes femininas e decoloniais.

  • 00:05:00 - 00:10:00

    O vídeo discute a influência do colonialismo português na cultura brasileira e questiona o quanto a filosofia e a organização social atuais ainda refletem valores europeus. Traz para a conversa o feminismo decolonial, a partir do pensamento de figuras como Maria Lugones, ressaltando a necessidade de interseccionalidade nas discussões sobre feminismo, raça e classe.

  • 00:10:00 - 00:15:00

    A figura de Maria Lugones é introduzida como uma crítica ao feminismo tradicional que não abarca a interseccionalidade entre raça e gênero. O feminismo ocidental é descrito como centrado nos direitos das mulheres brancas, negligenciando as realidades de mulheres negras e outras racializadas.

  • 00:15:00 - 00:20:00

    Discutem-se as gerações do feminismo, onde a primeira busca a igualdade de direitos civis e a segunda reconhece as particularidades das experiências femininas. As mulheres negras são apresentadas como não se encaixando nos modelos hegemônicos de feminilidade e, em vez disso, possuem suas próprias lutas e narrativas que desafiam à estrutura do patriarcado e da heteronormatividade.

  • 00:20:00 - 00:25:00

    Explora-se o conceito de 'colonialidade do poder' introduzido por Aníbal Quijano, que descreve um sistema de dominação que continua a existir mesmo após a colonização. Esse conceito é essencial para entender as hierarquias sociais contemporâneas e as relações de poder que se perpetuam através de estruturas que privilegiam um modo de vida eurocêntrico.

  • 00:25:00 - 00:30:00

    O patriarcado e a heteronormatividade são revisitados como ideologias que estão entrelaçadas nas demandas feministas. Lugones critica essa falta de reconhecimento das intersecções entre raça e gênero e busca uma nova maneira de entender e construir um feminismo que inclua as vozes de mulheres racializadas.

  • 00:30:00 - 00:35:00

    O discurso também menciona a ideologia da modernidade e como ela contribuiu para a hierarquização das sociedades, estabelecendo binarismos que ainda afetam as relações sociais atuais. O vídeo frisa que a construção das identidades raciais e de gênero é uma invenção colonial, que na verdade visa a opressão e a manutenção de uma hierarquia.

  • 00:35:00 - 00:40:00

    O próximo passo é destacar que essa construção das identidades raciais e de gênero é moldada por uma lógica de natureza colonial, onde o conceito de 'raça' foi usado como um dispositivo para justificar desigualdades, reforçando normas que perpetuam a desigualdade. Lugones e outros pensadores decoloniais são citados na busca por desconstruir essas narrativas.

  • 00:40:00 - 00:45:00

    Lugones traz exemplos de sociedades que não operam sob as mesmas categorias de gênero e sexo que o ocidente. Essa perspectiva desafia a ideia de que as diferenças biológicas são naturais, sugerindo que o gênero e a sexualidade são construções sociais. É um chamado à reflexão sobre como as definições convencionais de gênero podem ser limitadoras e excluírem narrativas alternativas.

  • 00:45:00 - 00:50:37

    O vídeo conclui destacando a importância de escrever novas narrativas e reconhecer o pluralismo dentro do feminismo. Também enfatiza a necessidade de um entendimento crítico sobre como a moralidade e a justiça são moldadas por esses contextos sociais, propondo uma reflexão sobre inclusão e as formas de opressão que ainda persistem, preparando o terreno para discussões sobre ética e justiça de maneira mais ampla.

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Vidéo Q&R

  • O que é o feminismo decolonial?

    É uma abordagem do feminismo que critica a exclusão de vozes e experiências de mulheres de diferentes raças e classes, propondo uma análise interseccional.

  • Quem é Maria Lugones?

    Uma filósofa argentina que contribuiu significativamente para o feminismo decolonial, destacando a interseccionalidade entre raça e gênero.

  • Como a colonialidade do poder afeta a sociedade atual?

    Ela perpetua estruturas de dominação social, racial e econômica, influenciando até os dias de hoje.

  • Por que o discurso feminista tradicional é visto como insuficiente?

    Porque frequentemente ignora as experiências de mulheres racializadas e não considera questões de classe e sexualidade.

  • Quais são as consequências da colonização na moralidade?

    A colonização moldou padrões de moralidade que excluem várias identidades e formas de expressão social.

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    [Música]
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    desde os homens Caçadores das primeiras
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    eras eram eles quem podiam oficialmente
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    trabalhar estudar votar e filosofar por
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    muito tempo a vida pública e intelectual
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    foi quase exclusivamente do homem ainda
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    que as mulheres exercessem sua
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    intelectualidade raramente iam para as
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    capas dos livros e tantas foram
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    descritadas E desacreditados assim a
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    história do mundo vem sendo contada de
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    forma parcial
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    de hoje buscam resgatado a pagamentos
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    suas antecessoras para junto a elas
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    criaram o mundo onde a segregação por
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    gênero cor lugar de origem classe social
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    Não determine mais quem deve ou não
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    participar e contar a história do mundo
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    filosofia substantivo feminino
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    [Música]
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    filosófico
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    Vivemos um país que foi colônia de
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    Portugal e mesmo com a independência
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    territorial e política de hoje quanto do
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    nosso pensamento ainda reflete a cultura
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    Europeia o quanto a nossa maneira de
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    organizar O Mundo Continua Seguindo os
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    valores de nossos colonizadores e como a
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    parte não colonizada das culturas
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    sul-americana indígena e africana podem
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    contribuir com o debate atual sobre as
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    questões do racismo do feminismo das
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    orientações sexuais
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    é essa multiplicidade de Olhares Sobre o
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    mundo que as correntes do pensamento de
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    Colonial buscam resgatar a gente vai
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    conversar um pouco sobre o feminismo de
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    Colonial é a partir de Maria lugones né
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    eu vou começar apresentando lugonis para
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    vocês e apresentando Quem são os pilares
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    do pensamento dela Maria lugonis foi uma
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    filósofa Argentina nascida na Argentina
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    mas que muito jovem ainda se mudou para
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    os Estados Unidos ela se mudou ainda
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    antes dos 20 anos fez toda a sua
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    formação nos Estados Unidos e lugonis
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    ela fez a carreira sobretudo na área
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    mais a sociologia e isso mais uma vez
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    porque a filosofia não não abre muito
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    espaço para temas da decolonialidade né
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    mas na sociologia Ela acabou
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    desenvolvendo uma carreira importante e
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    como feminista evidentemente também ela
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    chega no momento em que ela ao ver o
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    feminismo ela percebe que o feminismo
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    tradicional feminismo ocidental o
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    feminismo que a gente costuma chamar das
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    mulheres brancas europeias
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    norte-americanas né eram feminismo que
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    não abria espaço para
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    interseccionalidade a
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    interseccionalidade entre raça e gênero
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    ele não dava voz a uma série de mulheres
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    então a gente percebe que nas diversas
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    ondas do feminismo você no primeiro
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    momento você busca a igualdade as
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    Mulheres Querem os mesmos direitos civis
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    que os homens querem poder votar e etc
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    no segundo momento nós temos as Mulheres
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    Querem o reconhecimento da
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    particularidade do feminino né E aí
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    entra uma segunda onda né com algo que é
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    bastante controverso dentro da própria
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    perspectiva feminista porque porque
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    muitas vezes o que era considerado uma
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    particularidade do feminino é algo que é
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    uma simples reprodução do modo como os
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    homens expressam O que é esperado do
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    próprio feminino ou seja associação do
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    feminino como a que cuida né aquela que
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    tem um acesso mais imediato
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    e etc né e o que a gente percebe dentro
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    a partir das outras correntes do
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    feminismo né É que
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    as mulheres negras por exemplo elas
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    nunca foram associadas com essa
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    fragilidade e com todos esses elementos
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    que eram claramente
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    identificados dentro da perspectiva
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    feminismo ocidental né então é como se
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    de fato fosse uma percepção do ser
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    mulher totalmente diferente Então essas
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    mulheres no grupo dos homens elas no
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    grupo dos homens negros elas eram
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    mulheres e no grupo das mulheres elas
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    eram negras então não certo sentido
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    existia uma falta de lugar né E além
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    disso O que alugou nos identifica também
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    é uma clara percepção do modo como
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    patriarcado e a hétero normatividade ela
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    vai sendo
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    não discutida dentro do próprio
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    feminismo né como os princípios básicos
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    da heteronormatividade eles acabam
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    impregnando as próprias demandas
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    feministas e ela vai então fazer uma
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    crítica a esse feminismo a partir de
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    duas formas de pensamento que já estavam
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    sendo desenvolvidos na época dela
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    inclusive que ano que é um dos
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    principais representantes da perspectiva
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    de Colonial ele trabalhou Ele se formou
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    na mesma universidade em que ela
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    trabalhava né ele é mais velho do que
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    ela então ela tem muito contato com o
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    pensamento de colonial e também tem
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    muito contato com o feminismo das
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    mulheres racializadas né e do Sul Global
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    então ela vai pegar essas duas fontes de
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    pensamento e vai tentar fazer uma
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    crítica do feminismo
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    endossando aquilo que a gente chama e de
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    feminismo de Colonial na verdade a gente
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    costuma falar no plural porque são
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    tantas formas e tantas correntes que
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    compõem o feminismo de Colonial que a
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    gente fala de feminismos de coloniais
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    bom Aníbal que ano ele nasceu e morreu
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    no peru
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    então ele tem todo uma produção voltada
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    para o pensamento latino-americano o
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    pensamento dos países colonizados né e
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    ele vai tentar ele vai cunhar o conceito
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    de colonialidade do Poder né E essa
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    colonialidade do Poder ele entende como
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    sendo uma estrutura de ordenação e
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    dominação das sociedades que tem duas
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    bases a primeira ou todo o processo de
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    colonização e a segunda o processo de a
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    modernidade
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    todas elas são eixos esses dois eix vão
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    tentar de alguma forma tornar possível
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    um sistema de dominação capitalista o
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    que que ele vai chamar de colonialidade
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    colonialidade para ele é uma estrutura
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    de organização social presente ainda nos
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    dias atuais que nos reporta ao processo
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    de colonização das Américas né e da
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    África e enfim dos países do sul Global
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    né E que desenvolve um pensamento e uma
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    estrutura de hierarquização dos
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    indivíduos própria estrutura é essa
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    baseada no pensamento produzido pela
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    modernidade a modernidade por sua vez é
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    caracterizada como a produção de
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    pensamento europeu do século 17 que
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    surge no século 17
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    esse pensamento ele vai de alguma forma
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    associado ao processo de colonização Ele
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    vai tentar fornecer os fundamentos
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    necessários para que ovos dominados
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    assumam a perspectiva de povos
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    subjugados
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    tentando deixar mais claro né O que vai
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    acontecer dentro da perspecca dentro da
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    perspectiva do pensamento moderno o
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    europeu vai se apresentar como aquele
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    que é detentor das características mais
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    fundamentais dos seres humanos
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    caracterizadas como a liberdade e a
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    racionalidade né e encontra a posição a
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    isso ele vai caracterizar todos os
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    outros grupos socioculturais então é o
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    que ramo comenta inclusive que entre os
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    diversos grupos que foram lidos a partir
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    do pensamento europeu só os orientais
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    foram reconhecidos como uma autêntica
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    autoridade todos os outros foram
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    reconhecidos como povos que
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    comparativamente aos europeus estavam
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    numa escala de desenvolvimento numa
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    escala evolutiva abaixo do europeu Então
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    a partir daí temos uma série de
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    binarismos que marcam a sociedade até os
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    dias de hoje né um binismo que diz
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    respeito ao civilizado e ao primitivo ao
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    racional e ao racional ao branco e ao
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    negro ou racializados que não são só os
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    negros mas também os povos indígenas né
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    E também aos homens e as mulheres todo
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    esses binarismos eles vão compondo o
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    modo de organização dessa sociedade de
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    tal forma que os subordinados os
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    dominados eles internalizassem a sua
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    própria inferioridade O que torna é o
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    processo de se rebelar Contra isso muito
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    mais complexo porque a gente vê os
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    rasgos né os restos disso na sociedade
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    atual Eu costumo andar como exemplo as
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    situações em que a gente precisa de
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    alguma coisa e uma pessoa muito humilde
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    vem e nos oferece aquilo nos oferece uma
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    ajuda né E aí quando nos pede de nós ela
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    diz e você já devem ter escutado essa
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    frase elas elas nos dizem Me desculpe
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    alguma coisa né então elas vieram nos
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    fazer um favor Nós deveríamos estar
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    extremamente
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    agradecidos mas é essas pessoas
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    internalizam de tal forma essas relações
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    hierárquicas que o fato de nós muitas
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    vezes sermos identificados com
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    determinado grupo social dominante né
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    uma classe social dominante um grupo é
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    racial dominante etc faz com que elas se
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    sintam quase que obrigada a nos servir
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    em nos servir da melhor maneira possível
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    né É claro que evidentemente Nem todas
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    as vezes que se é dito assim isso tem
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    essa percepção mas isso mostra como isso
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    tantas vezes está internalizado na gente
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    né internalizado na nossa forma de ver o
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    mundo então é isso foi todo um programa
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    que veio acompanhado com
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    colonização do poder e do saber todos os
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    saberes que eram produzidos nas colônias
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    porque nós tínhamos é nas colônias já um
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    saber existentes Eles foram considerados
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    como
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    misticismo foram considerados como
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    irracionais e assim sucessivamente não
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    houve embora a gente em filosofia fale
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    muito na boa vontade interpretativa não
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    houve a menor Boa Vontade de
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    interpretativa aquelas pessoas foram
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    simplesmente classificadas como
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    irracionais né aquilo não faz nenhum
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    sentido então nós precisamos levar o que
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    faz sentido para essas pessoas né E
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    quando nós
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    dizemos que o que elas fazem não faz
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    sentido que elas acreditam não faz
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    sentido nós tentamos destruir toda uma
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    percepção de mundo que garante a
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    identidade delas e impor uma identidade
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    outra a esse grupo né então nós temos aí
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    uma criação de novas subjetividades o
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    que que ramo vai tentar mostrar um os
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    elementos fundamentais da perspectiva
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    dele é mostrar que a a raça é uma
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    criação é uma construção Colonial né E
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    foi uma forma que os europeus
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    encontraram de justificar com base numa
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    espécie de ciência natural a distinção
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    entre os diversos grupos e A Hierarquia
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    ser estabelecida por eles então é mais
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    ou menos isso que o ano tenta trazer uma
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    forma de perceber a colonialidade como
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    um processo bastante mais amplo e que
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    faz com que ele seja perpetuado até os
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    dias de hoje hoje em dia a gente não tem
  • 00:12:52
    mais uma colônia né por de trás de nós
  • 00:12:56
    mas nós temos a colônia internalizada na
  • 00:13:00
    academia o pensamento que é produzido é
  • 00:13:02
    um pensamento europeu ou norte-americano
  • 00:13:05
    nós não temos espaço para um pensamento
  • 00:13:07
    que não seja desse tipo pelo menos não
  • 00:13:10
    na filosofia
  • 00:13:12
    né Eu costumo dar como exemplo é quando
  • 00:13:15
    se discute o feminismo no Brasil na
  • 00:13:18
    academia na filosofia se discute o
  • 00:13:20
    feminismo europeu norte-americano o
  • 00:13:23
    máximo que as pessoas falam o máximo de
  • 00:13:25
    revolucionário que elas são capazes de
  • 00:13:27
    mencionar e judithler
  • 00:13:29
    mas é muito curioso porque as próprias
  • 00:13:33
    filósofas latino-americanas não são
  • 00:13:35
    lidas nos países latino-americanos né
  • 00:13:38
    quer dizer então é uma é uma colonização
  • 00:13:40
    de saber que é impressionante tá de tal
  • 00:13:44
    forma impregnada que a universidade não
  • 00:13:47
    consegue se quer fazer essa autocrítica
  • 00:13:48
    bom mas que ano embora ele tenha
  • 00:13:51
    apresentado esse elemento da raça como
  • 00:13:55
    sendo uma categoria construída quando
  • 00:13:58
    ele vai falar do sexo e gênero ele fala
  • 00:14:00
    da dominação sim ele fala que existe uma
  • 00:14:03
    dominação dos homens sobre as mulheres
  • 00:14:04
    mas essa dominação ele é colocado ele
  • 00:14:09
    atribui as próprias características
  • 00:14:12
    dos homens e das mulheres né então o a
  • 00:14:15
    principal crítica que a Maria lugonis
  • 00:14:17
    vai fazer o querano ele não perceber que
  • 00:14:20
    a mesma construção que ele identifica em
  • 00:14:23
    raça está também em gênero e Sexo né
  • 00:14:27
    quer dizer ambos conceitos são uma
  • 00:14:30
    criação do sistema colonial né E que se
  • 00:14:34
    apoderam dessas categorias que se
  • 00:14:36
    apodera dessas categorias para
  • 00:14:37
    justificar uma hierarquia que não
  • 00:14:40
    necessariamente existia
  • 00:14:43
    para justificar uma divisão social dos
  • 00:14:47
    indivíduos que não é uma distribuição
  • 00:14:49
    uma divisão natural a todas as
  • 00:14:52
    sociedades é importante considerar as
  • 00:14:56
    mudanças que a colonização trouxe para
  • 00:14:58
    entender a extensão da organização do
  • 00:15:01
    sexo e do gênero no colonialismo e no
  • 00:15:04
    interior do capitalismo global e
  • 00:15:07
    eurocêntrico as correções substanciais e
  • 00:15:10
    cosméticas sobre o biológico deixam
  • 00:15:13
    claro que o gênero precede os traços
  • 00:15:15
    biológicos e os enchentes de sentido a
  • 00:15:19
    naturalização das Diferenças sexuais é
  • 00:15:22
    outro produto do uso moderno da ciência
  • 00:15:25
    que que hano subtrai para o caso da raça
  • 00:15:29
    o que que lugores vai fazer ela vai
  • 00:15:32
    recorrer ao feminismo das mulheres
  • 00:15:34
    racializadas justamente para mostrar que
  • 00:15:37
    não é assim que elas são capazes de nos
  • 00:15:40
    dar exemplos de sociedades que não são
  • 00:15:43
    marcadas por isso ela vai assumir a
  • 00:15:46
    decolonialidade mas ao mesmo tempo ela
  • 00:15:48
    vai acusar o que rano de não ter
  • 00:15:51
    percebido de ter caído na armadilha de
  • 00:15:53
    uma de um sistema que é patriarcal e que
  • 00:15:57
    é ter normativo e por causa disso não
  • 00:16:00
    ter sido capaz de ver que categorias de
  • 00:16:03
    sexo gênero foram igualmente criadas
  • 00:16:05
    para obedecer ao mesmo sistema
  • 00:16:08
    no próximo bloco o gênero é uma
  • 00:16:11
    construção social mas o sexo também é
  • 00:16:13
    uma constituição social este que é o
  • 00:16:14
    ponto
  • 00:16:15
    [Risadas]
  • 00:16:20
    Não há dúvida que as lutas feministas
  • 00:16:23
    avançaram ao longo das últimas décadas
  • 00:16:26
    mas a ideia do que querem e podem
  • 00:16:29
    mulheres muitas vezes ainda está apoiada
  • 00:16:32
    em dogmas que desconsideram as
  • 00:16:35
    diferenças as particularidades de cada
  • 00:16:37
    grupo feminino de cada mulher investigo
  • 00:16:40
    a intersecção entre raça classe gênero e
  • 00:16:44
    sexualidade Na tentativa de entender a
  • 00:16:47
    preocupante indiferença dos homens com
  • 00:16:50
    relação às violências que
  • 00:16:51
    sistematicamente as mulheres de cor
  • 00:16:54
    sofrem mulheres não brancas Mulheres
  • 00:16:57
    vítimas da colonialidade do poder e
  • 00:17:00
    inseparávelmente da colonialidade do
  • 00:17:03
    gênero mulheres que criam análises
  • 00:17:06
    críticas do feminismo hegemônico
  • 00:17:08
    precisamente por ele ignorar a
  • 00:17:11
    interseccionalidade das relações de raça
  • 00:17:14
    classe sexualidade gênero O que é fazer
  • 00:17:20
    é tentar mostrar que essas categorias
  • 00:17:22
    assim como a própria noção de hétero
  • 00:17:24
    normatividade e o patriarcado elas não
  • 00:17:27
    são universais ou seja elas não passam
  • 00:17:30
    todas as sociedades humanas e elas não
  • 00:17:33
    são a única forma dos seres humanos se
  • 00:17:36
    organizarem né E para fazer isso ela vai
  • 00:17:39
    no primeiro momento chamar
  • 00:17:42
    Ayumi que tem um livro chamado a
  • 00:17:46
    invenção da mulher que é fantástico que
  • 00:17:48
    é de 97 na verdade foi a tese de
  • 00:17:52
    doutorado dela
  • 00:17:53
    apresentada nos Estados Unidos onde ela
  • 00:17:56
    justamente faz essa crítica a partir da
  • 00:17:59
    sociedade iorubá né
  • 00:18:02
  • 00:18:03
    nigeriana ela nasceu em 57 e ainda está
  • 00:18:09
    viva e o livro dela foi traduzido para o
  • 00:18:14
    português se eu não me engano Há dois
  • 00:18:16
    anos atrás ou seja se vocês pegarem o
  • 00:18:20
    livro da
  • 00:18:22
    Judith butler e imaginária o tempo que
  • 00:18:25
    demorou a Judite butler para ser
  • 00:18:27
    traduzida para o português e o que
  • 00:18:30
    demorou e eu ia hume que tinha uma tese
  • 00:18:33
    bastante semelhança dela que era uma
  • 00:18:35
    crítica própria binarismo né de gênero
  • 00:18:37
    para ser traduzido vocês vão ver que ela
  • 00:18:39
    demorou quase 20 anos para ser traduzida
  • 00:18:42
    né e ainda assim ela é muito pouco
  • 00:18:45
    conhecida no meio acadêmico E no meio
  • 00:18:47
    filosófico eu diria menos ainda né bom o
  • 00:18:50
    que que ela vai fazer ela vai pegar a
  • 00:18:53
    estrutura da língua da sociedade urubá e
  • 00:18:56
    ela vai mostrar que em urubá não existia
  • 00:19:01
    os termos que foram um cunhados depois
  • 00:19:04
    no inglês para o inglês para traduzir
  • 00:19:07
    homem e mulher ali a hierarquias era um
  • 00:19:10
    estabelecidas por pelo papel que o
  • 00:19:13
    indivíduo dizia ocupa numa determinada
  • 00:19:15
    linha
  • 00:19:17
    genealógica ou seja os mais velhos vão
  • 00:19:20
    ser pessoas que vão ter mais poder do
  • 00:19:22
    que os mais novos isso Independente de
  • 00:19:25
    terem genitália feminino ou masculina
  • 00:19:27
    existe um termo para isso né mas esse
  • 00:19:30
    termo não servia para estabelecer nenhum
  • 00:19:33
    tipo de hierarquia dentro da sociedade
  • 00:19:34
    né quando a sociedade Urbana ela foi
  • 00:19:39
    colonizada pelos ingleses então eles
  • 00:19:42
    cunharam palavras Eles criaram uma
  • 00:19:45
    palavra para designar isso só que as
  • 00:19:47
    palavras que eles criaram não tem a
  • 00:19:49
    mesma estrutura da própria do próprio
  • 00:19:52
    modo como isso era percebido se a gente
  • 00:19:54
    pega em inglês o a palavra humana e Man
  • 00:19:57
    é a palavra é uma derivação da palavra
  • 00:20:00
    meme quer dizer então é de alguma forma
  • 00:20:02
    A Hierarquia já está previamente
  • 00:20:05
    estabelecida dentro da própria língua em
  • 00:20:08
    urubá para que eles fizessem isso eles
  • 00:20:10
    tiveram que criar quase que reescrever a
  • 00:20:13
    história da sociedades zorobas que não
  • 00:20:15
    tinham sexo
  • 00:20:17
    né E que é o próprio a própria narrativa
  • 00:20:19
    não permitia identificar como sendo sexo
  • 00:20:22
    feminino ou do sexo masculino só que
  • 00:20:25
    quando foi feita a tradução dos textos
  • 00:20:26
    eurobais os deuses foram todos
  • 00:20:28
    traduzidos como masculino por que porque
  • 00:20:31
    era impensável a partir do processo de
  • 00:20:33
    colonização e a partir do que já
  • 00:20:35
    vivenciava as sociedades é dominantes
  • 00:20:40
    coloniais que uma mulher pudesse ser uma
  • 00:20:44
    deusa pudesse ser alguém com algum poder
  • 00:20:48
    na sociedade então já foi feito toda uma
  • 00:20:51
    mexida na história iorubá para que ela
  • 00:20:53
    pudesse se encaixar naquelas traduções
  • 00:20:56
    que estavam sendo oferecidas e ela
  • 00:20:58
    comenta que inclusive as intelectuais
  • 00:21:01
    que a partir daí se desenvolveram muitas
  • 00:21:03
    vezes já assumiram essa diferença de
  • 00:21:07
    sexo e gênero dentro do próprio
  • 00:21:10
    movimento feminista ou seja ela sequer
  • 00:21:13
    olhar para trás da própria cultura para
  • 00:21:17
    o quanto essa cultura já tinha sido
  • 00:21:19
    impregnada por uma visão Colonial Então
  • 00:21:22
    o que ela vai tentar dizer que nessas
  • 00:21:25
    sociedades inclusive
  • 00:21:28
    o controle financeiro o controle da
  • 00:21:31
    produção todo ele dependia dessa sua
  • 00:21:34
    posição na linha
  • 00:21:37
    genealógica da família se você é mais
  • 00:21:39
    velho Independente de qual fosse seu
  • 00:21:42
    sexo você era aquela pessoa que detinha
  • 00:21:44
    o poder né E que detinha a experiência
  • 00:21:47
    que detinha eu saber para aquele grupo
  • 00:21:50
    né E era dessa maneira que você era
  • 00:21:52
    visto e ela tenta mostrar também E aí
  • 00:21:55
    nós vamos pegar também a contribuição da
  • 00:21:58
    nossa outra
  • 00:22:00
    no nosso outro Pilar da lugonis que é a
  • 00:22:04
    Paula a mãe indígena ela era uma
  • 00:22:08
    indígena né nasceu no Novo México
  • 00:22:11
    Estados Unidos né numa comunidade e ela
  • 00:22:14
    foi uma escritora uma poetisa
  • 00:22:16
    e o que ela faz é tentar resgatar
  • 00:22:19
    justamente essa percepção de que várias
  • 00:22:23
    comunidades indígenas do Sul Global né E
  • 00:22:27
    mesmo do Estados Unidos A grande maioria
  • 00:22:29
    delas não são patriarcais porque porque
  • 00:22:31
    era atribuída a mulher é o papel da
  • 00:22:34
    responsável pela pela organização social
  • 00:22:37
    e tudo mais e isso tornava ela é a
  • 00:22:41
    pessoa que tinha mais poder dentro
  • 00:22:43
    daquela sociedade né E que Muitas delas
  • 00:22:45
    é a própria classificação de ser homem
  • 00:22:48
    ou mulher não estava relacionada E aí
  • 00:22:51
    não será sentido também ser do sexo
  • 00:22:54
    feminino ou masculino não estava
  • 00:22:56
    relacionada a uma
  • 00:22:58
    conformação morfológica ou uma uma
  • 00:23:01
    biologia né natural mas estava
  • 00:23:05
    relacionada ao tipo de atitude muitas
  • 00:23:07
    vezes aos sonhos que as pessoas tinham
  • 00:23:10
    um filme
  • 00:23:12
    mulher Rei trata justamente de uma de
  • 00:23:15
    uma comunidade onde uma mulher acaba ao
  • 00:23:19
    final do filme assumindo a posição de
  • 00:23:21
    rei
  • 00:23:26
    [Aplausos]
  • 00:23:28
    a primeira coisa que me causou um certo
  • 00:23:32
    estranhamento é que não saberia dizer se
  • 00:23:34
    nessa sociedade na época em que isso
  • 00:23:36
    aconteceu elas eram consideradas
  • 00:23:37
    mulheres porque segundo a Paula Alan é
  • 00:23:43
    uma mulher alguém com genitália feminina
  • 00:23:47
    que de alguma forma sonhasse com guerra
  • 00:23:51
    e coisas assim era dentro daquela
  • 00:23:53
    comunidade caracterizada como um homem e
  • 00:23:56
    não como uma mulher independente da
  • 00:23:58
    conformação fisiológica né então isso é
  • 00:24:02
    muito interessante porque com isso ela
  • 00:24:05
    quebra justamente isso que seria esse
  • 00:24:08
    padrão biológico que está estruturando a
  • 00:24:12
    diferença entre sexo e os outros demais
  • 00:24:15
    padrões que vão a partir de um
  • 00:24:17
    determinado momento conformar a
  • 00:24:19
    diferença de gênero também né porque na
  • 00:24:22
    verdade é um gênero ele acaba surgindo
  • 00:24:26
    como uma tentativa de desviar um pouco
  • 00:24:29
    da Matriz biológica as diferenças entre
  • 00:24:34
    esses dois grupos Mas o que o feminismo
  • 00:24:37
    de Colonial tenta mostrar e Judith
  • 00:24:39
    Butter nesse sentido também né é que
  • 00:24:41
    nesse caso eles são ambos construções
  • 00:24:44
    não é só o
  • 00:24:46
    gênero o gênero é uma construção social
  • 00:24:48
    mas o sexo também é uma construção
  • 00:24:50
    social este que é o ponto então a Paula
  • 00:24:52
    vai mostrar que em vários e homem também
  • 00:24:55
    que em várias comunidades indígenas ou é
  • 00:25:00
    comunidades africanas é nós tínhamos
  • 00:25:03
    indivíduos que hoje seriam que nós
  • 00:25:07
    chamamos de pessoas intersexo e que
  • 00:25:10
    essas pessoas elas eram terceiro sexo na
  • 00:25:13
    sociedade elas eram não sexo que
  • 00:25:14
    representava uma terceira possibilidade
  • 00:25:16
    de ser né
  • 00:25:19
    e mais do que isso né muitas essas
  • 00:25:22
    pessoas não não eram
  • 00:25:24
    discriminadas como pessoas que possuem a
  • 00:25:29
    Sexualidade ou uma conformação anatômica
  • 00:25:32
    inadequada que é justamente o que
  • 00:25:35
    acontece na nossa sociedade Eu sempre
  • 00:25:38
    gosto de lembrar que segundo a
  • 00:25:41
    organização intersexo australiana uma a
  • 00:25:45
    cada 100 pessoas é intersexo né a
  • 00:25:49
    intersexualidade compreende mais de 40
  • 00:25:52
    modalidades entre elas o que a gente
  • 00:25:55
    chama de
  • 00:25:57
    pessoas que estão que não tem
  • 00:26:00
    receptividade ao hormônios né
  • 00:26:02
    específicos e também a genitária ambígua
  • 00:26:06
    muitas vezes caracterizada pelo
  • 00:26:07
    micropênis
  • 00:26:09
    E essas pessoas elas são caracterizadas
  • 00:26:13
    na sociedade como pessoas que estão
  • 00:26:15
    totalmente fora da Norma né pessoas que
  • 00:26:18
    que passam toda uma vida tentando
  • 00:26:20
    encontrar um lugar social
  • 00:26:23
    encontrar um banheiro as coisas mais
  • 00:26:26
    básicas elas se tem privadas das coisas
  • 00:26:28
    mais tipo o banheiro que elas gostariam
  • 00:26:31
    de usar né
  • 00:26:33
    Isso sem falar na questão evidentemente
  • 00:26:37
    da URI da própria orientação sexual né
  • 00:26:40
    Isso era uma questão bastante cara a
  • 00:26:43
    logones a heteronormatividade
  • 00:26:46
    compulsória da nossa sociedade e o modo
  • 00:26:49
    como a qualquer desvio disso era
  • 00:26:52
    percebido como uma falha a ser corrigida
  • 00:26:56
    na sociedade então o que ela tenta fazer
  • 00:26:59
    em realidade é tentar mostrar que essas
  • 00:27:02
    diversas construções são meros
  • 00:27:04
    mecanismos de poder que tentam sustentar
  • 00:27:08
    uma ideia de sociedade e tentam vender
  • 00:27:11
    esse modelo sociedade como o único
  • 00:27:13
    possível o único saudável o único que
  • 00:27:17
    vai ser admitido no corpo social talvez
  • 00:27:20
    a maioria dos indivíduos né da nossa
  • 00:27:23
    sociedade se vê em privado de exercer
  • 00:27:26
    livremente a sua sexualidade e a sua
  • 00:27:28
    identidade de gênero Hoje em dia a gente
  • 00:27:30
    já fala já percebe um ranking muito
  • 00:27:33
    maior de identidades possíveis né E nós
  • 00:27:37
    estamos no momento em que estamos
  • 00:27:39
    brigando para ter uma linguagem neutra
  • 00:27:42
    mas isso tudo é uma questão de Hábito e
  • 00:27:44
    de costume e se a gente acha importante
  • 00:27:46
    que as pessoas de fato não se sintam
  • 00:27:48
    violadas por serem por só nós só
  • 00:27:52
    reconhecemos essas duas categorias né
  • 00:27:54
    Nós precisamos mudar essa atitude
  • 00:27:58
    no próximo bloco Antes de nós nos
  • 00:28:01
    perguntarmos aquela pessoa do sexo
  • 00:28:02
    feminino do sexo masculino Qual é a cor
  • 00:28:04
    da pele dela e etc nós vemos ali uma
  • 00:28:07
    pessoa que tem funcionamento básicos e a
  • 00:28:12
    partir do reconhecimento desses
  • 00:28:14
    funcionamentos básicos que ela quer ser
  • 00:28:16
    reconhecida
  • 00:28:17
    [Música]
  • 00:28:23
    questionar as bases teóricas que
  • 00:28:25
    formaram os valores morais os mecanismos
  • 00:28:29
    de Justiça da nossa sociedade pode ser
  • 00:28:31
    fundamental para romper com as formas de
  • 00:28:34
    opressão que ainda persistem como foi
  • 00:28:37
    construída em nós a ideia do certo e do
  • 00:28:40
    errado dos padrões de Conduta que
  • 00:28:43
    devemos seguir das vidas que merecem
  • 00:28:46
    mais ou menos proteção como a nossa
  • 00:28:50
    colonização ainda reverbera nas nossas
  • 00:28:53
    ideias e práticas de Justiça
  • 00:28:56
    então a minha contribuição aqui vai ser
  • 00:28:58
    justamente voltar para o papel de
  • 00:29:00
    filósofa né E nesse debate trazer uma
  • 00:29:03
    perspectiva de colonial do que seja
  • 00:29:05
    justiça e do que seja moralidade porque
  • 00:29:08
    porque a filosofia ela reproduz até hoje
  • 00:29:13
    os mesmos padrões de justiça e
  • 00:29:16
    moralidade
  • 00:29:17
    em todos os grandes centros quando a
  • 00:29:20
    gente vai estudar ética vai estudar
  • 00:29:22
    ética aristotélica ética Kantiana ética
  • 00:29:26
    utilitarista e quase sempre vai
  • 00:29:29
    identificar como aqueles que pertencem
  • 00:29:32
    ou o que são objetos de nossa
  • 00:29:34
    consideração moral seres que de alguma
  • 00:29:37
    forma são Racionais e Livres né porque
  • 00:29:41
    ser racional e livre é o que
  • 00:29:43
    supostamente caracterizou o ser humano
  • 00:29:45
    desde o início da humanidade né Essa
  • 00:29:48
    concepção de que quem é o objeto da
  • 00:29:52
    moralidade Quem é aquele que eu preciso
  • 00:29:54
    respeitar moralmente é o ser que é livre
  • 00:29:57
    irracional é uma perspectiva que
  • 00:30:00
    perpassa grande parte da tradição
  • 00:30:02
    filosófica e ela faz uma junção entre
  • 00:30:06
    aquele que é o agente moral ou seja
  • 00:30:09
    aquele que toma decisões Morais que
  • 00:30:12
    reflete sobre a moralidade e aquele que
  • 00:30:17
    é foco da moralidade né o que eu vou
  • 00:30:19
    tentar fazer aí é uma
  • 00:30:21
    Entre esses dois
  • 00:30:23
    indivíduos né quer dizer eu vou dizer
  • 00:30:25
    que o agente moral somos nós somos nós
  • 00:30:28
    que temos um poder de deliberar sobre as
  • 00:30:31
    nossas ações de tomar decisões de
  • 00:30:33
    endossar certos valores e assim
  • 00:30:35
    sucessivamente Mas o que eu vou chamar
  • 00:30:37
    aqui de concernidos Morais que é o
  • 00:30:40
    conjunto dos indivíduos que deveriam ser
  • 00:30:43
    abarcados pela moralidade ou que
  • 00:30:45
    deveriam ser objeto de nossa
  • 00:30:46
    consideração consideração moral é um
  • 00:30:48
    conjunto muito mais amplo que
  • 00:30:50
    evidentemente nos compreende mais que
  • 00:30:52
    deveria compreender muito mais
  • 00:30:54
    indivíduos né E para fazer isso eu vou
  • 00:30:57
    buscar uma caracterização específica de
  • 00:31:00
    quem é o indivíduo entendido como
  • 00:31:02
    consernismo moral
  • 00:31:04
    na filosofia nós temos algumas opções a
  • 00:31:07
    primeira que eu já mencionei aqui né É a
  • 00:31:09
    de São aqueles indivíduos Racionais e
  • 00:31:12
    Livres Eu já descartei essa porque eu
  • 00:31:14
    acho que ela é extremamente excludente
  • 00:31:16
    ela exclui Eu costumo dizer tipo 98% dos
  • 00:31:22
    seres humanos em pelo menos alguma fase
  • 00:31:24
    da sua existência por quê Porque nós Não
  • 00:31:27
    nascemos assim e muitos de nós não vão
  • 00:31:30
    morrer assim também né quer dizer nós
  • 00:31:33
    temos fases da nossa vida em que nós não
  • 00:31:35
    somos nem Livres nem Racionais e nessa
  • 00:31:37
    fase da nossa vida nós somos objetos de
  • 00:31:40
    consideração moral eu acho que todos nós
  • 00:31:43
    aqui considerariamos que nessas fases
  • 00:31:46
    nós somos ainda mais objetos de
  • 00:31:48
    consideração moral porque nós precisamos
  • 00:31:50
    ser acolhidos né no momento em que nós
  • 00:31:54
    não podemos tomar muitas vezes as nossas
  • 00:31:55
    próprias decisões né e se isso é verdade
  • 00:31:58
    então racionalidade e liberdade é uma
  • 00:32:01
    caracterização muito restritiva de quem
  • 00:32:03
    é o conceito na filosofia nós temos uma
  • 00:32:06
    outra caracterização que é bastante
  • 00:32:08
    famosa né que é dos seres sencientes
  • 00:32:11
    essa perspectiva que foi introduzida com
  • 00:32:15
    Benta e depois quer dizer na verdade o
  • 00:32:19
    próprio Rio me já menciona também essa
  • 00:32:21
    possibilidade mas é apresentada mais
  • 00:32:23
    claramente com Benta e atualmente
  • 00:32:26
    desenvolvida da forma mais bem
  • 00:32:28
    estruturada que eu conheço por the
  • 00:32:30
    singer né Ela é uma perspectiva que
  • 00:32:33
    evidentemente já abrange muito mais ela
  • 00:32:35
    abrange vários seres humanos que não são
  • 00:32:37
    nem Racionais nem livres e ela abrange
  • 00:32:39
    também animais na humanos né mas eu
  • 00:32:42
    gostaria de algo ainda mais imprudente
  • 00:32:46
    que é o conceito de sistemas funcionais
  • 00:32:48
    por exemplo eu tenho meu sistema
  • 00:32:49
    circulatório o meu sistema digestivo o
  • 00:32:53
    meu sistema respiratório e tudo isso
  • 00:32:55
    junto compõem mais ou menos aquilo que
  • 00:32:59
    eu sou né E esse sistema funcional que
  • 00:33:02
    eu sou por sua vez é parte de outro
  • 00:33:05
    sistemas funcionais mais complexos como
  • 00:33:07
    por exemplo é a cidade onde eu vivo e
  • 00:33:11
    onde Eu voto para vereador para Deputado
  • 00:33:14
    né o país onde eu vivo onde eu volto
  • 00:33:16
    para Presidente e etc né E também
  • 00:33:20
    sistemas mais amplos como a terra né
  • 00:33:24
    quer dizer então a caracterização de
  • 00:33:27
    indivíduos como sistemas funcionais ela
  • 00:33:30
    tem essa flexibilidade de não ser algo
  • 00:33:34
    que restringe o nosso foco numa
  • 00:33:38
    determinada direção específica física e
  • 00:33:41
    temporalmente delimitada faz com que eu
  • 00:33:44
    possa ser vista como tendo demandas
  • 00:33:47
    diferentes nos meus distintos de
  • 00:33:49
    existência isso faz com que a moralidade
  • 00:33:52
    um olhar da moralidade sobre mim ele
  • 00:33:55
    possa ser mais minucioso mais cuidadoso
  • 00:33:59
    mais atento então agora quando nós
  • 00:34:02
    olhamos um indivíduo antes nos
  • 00:34:04
    perguntarmos aquela pessoa do sexo
  • 00:34:06
    feminino do sexo masculino Qual é a cor
  • 00:34:08
    da pele dela e etc nós vamos ali uma
  • 00:34:11
    pessoa que tem funcionamentos básicos e
  • 00:34:15
    é a partir do reconhecimento desses
  • 00:34:17
    desses funcionamentos básicos que ela
  • 00:34:19
    quer ser reconhecida então o foco da
  • 00:34:22
    moralidade passa a ser o respeito aos
  • 00:34:24
    funcionamentos básicos de cada sistema
  • 00:34:26
    funcional né E esses funcionamentos
  • 00:34:29
    básicos vão ser diferentes quando eu era
  • 00:34:31
    criança era um funcionamento básico
  • 00:34:32
    poder brincar hoje em dia o
  • 00:34:35
    funcionamento básico para mim é poder
  • 00:34:37
    votar né é poder me expressar e no
  • 00:34:42
    futuro Talvez seja poder ficar ao lado
  • 00:34:45
    das pessoas que eu amo né ter o
  • 00:34:47
    acolhimento delas né E talvez votar não
  • 00:34:51
    tenha mais nenhuma relevância para mim e
  • 00:34:53
    assim sucessivamente né então é isso só
  • 00:34:55
    para mostrar que a moralidade ela tem
  • 00:34:57
    que estar atenta isso da mesma maneira
  • 00:34:59
    que isso ocorre a nível de indivíduo ela
  • 00:35:01
    vai ocorrer também do indivíduo ela vai
  • 00:35:05
    ocorrer a nível dos diversos indivíduos
  • 00:35:07
    que perpassam a nossa sociedade então
  • 00:35:09
    agora a gente não tem mais uma um
  • 00:35:12
    elemento que permita distinguir seres
  • 00:35:14
    humanos de animais não humanos porque
  • 00:35:17
    porque os animais não humanos também tem
  • 00:35:20
    funcionamentos básicos e adotar uma
  • 00:35:22
    atitude respeitosa para com ele
  • 00:35:24
    significa reconhecer os seus
  • 00:35:26
    funcionamentos básicos e não os que a
  • 00:35:28
    gente projeta neles mas o que para eles
  • 00:35:30
    próprios é fundamental E para isso a
  • 00:35:34
    gente tem que ter evidentemente uma
  • 00:35:35
    sensibilidade uma escuta muito
  • 00:35:37
    específica muito mais apurada da mesma
  • 00:35:40
    maneira agora então ninguém mais é
  • 00:35:43
    considerado uma pessoa com deficiência
  • 00:35:46
    porque
  • 00:35:47
    a sua identidade comporta elementos que
  • 00:35:51
    a minha identidade por exemplo não
  • 00:35:52
    comporta né então por exemplo alguém que
  • 00:35:55
    faz uma prótese para implantação de um
  • 00:35:59
    pênis não é necessariamente uma pessoa
  • 00:36:02
    que precisa receber
  • 00:36:04
    um Cid né porque porque simplesmente
  • 00:36:09
    uma pessoa que para realizar plenamente
  • 00:36:12
    sua identidade incorporou a si um outro
  • 00:36:16
    elemento da mesma maneira como nós o
  • 00:36:19
    tempo todo incorporamos para realizar
  • 00:36:23
    realização plena dos nossos
  • 00:36:24
    funcionamentos outros objetos como por
  • 00:36:26
    exemplo um aparelho dentário um óculos
  • 00:36:29
    uma perna mecânica e etc Eu talvez tenha
  • 00:36:32
    incorporado livros né e sem esses livros
  • 00:36:35
    Eu talvez seja tão
  • 00:36:37
    impotente como ela sem a perna mecânica
  • 00:36:41
    né são apenas
  • 00:36:43
    variações variações do modo como nós
  • 00:36:46
    organizamos nossa própria identidade
  • 00:36:48
    Então eu acho que essa perspectiva ela
  • 00:36:51
    nos livra de uma série de preconceitos
  • 00:36:53
    que tem feito com que determinados
  • 00:36:54
    indivíduos da sociedade tenham sido
  • 00:36:56
    deixado a margem tenham sido silenciados
  • 00:36:59
    durante todo esse tempo na sociedade né
  • 00:37:02
    e entre esses elementos estaria também o
  • 00:37:05
    próprio meio ambiente então quando a
  • 00:37:08
    gente
  • 00:37:09
    percebe que agora nós precisamos
  • 00:37:11
    considerar como objeto de consideração
  • 00:37:13
    moral todos aqueles que integram nossa
  • 00:37:16
    própria identidade a gente tem que
  • 00:37:18
    imaginar que numa coletividade indígena
  • 00:37:20
    o rio ele tem um papel totalmente
  • 00:37:23
    diferente do que ele tem para mim mas
  • 00:37:25
    uma comunidade indígena tem um rio como
  • 00:37:28
    parte de si próprio como parte da sua
  • 00:37:31
    família então todas as vezes que eu mudo
  • 00:37:34
    curso de um rio ou que eu impeço que um
  • 00:37:37
    rio floresça que ele tenha ele
  • 00:37:40
    Desenvolva
  • 00:37:42
    o seu lugar de proteção de determinadas
  • 00:37:45
    espécies e de sustentação mesmo né de
  • 00:37:48
    geração de várias espécies eu tô
  • 00:37:51
    aniquilando a identidade daquele
  • 00:37:53
    indivíduo porque o Rio para ele é parte
  • 00:37:57
    dele mesmo da mesma maneira que com para
  • 00:38:00
    todos nós existem objetos inanimados que
  • 00:38:02
    são parte de nós mesmos Então dessa
  • 00:38:05
    maneira a gente passa a incorporar na
  • 00:38:08
    moralidade vários elementos que eram
  • 00:38:10
    colocados à margem e que intuitivamente
  • 00:38:13
    nós sempre consideramos como
  • 00:38:15
    conselheiros Morais porque não há uma
  • 00:38:18
    única guerra em que a Comunidade
  • 00:38:20
    Internacional não peça para que os
  • 00:38:23
    monumentos históricos sejam protegidos
  • 00:38:26
    não há uma única guerra onde apesar de
  • 00:38:31
    escolas e hospitais estarem sendo
  • 00:38:34
    bombardeados as pessoas fiquem
  • 00:38:36
    estarecidas quando monumentos históricos
  • 00:38:38
    que contam a história da humanidade
  • 00:38:40
    deixam de existir né então é basicamente
  • 00:38:44
    isso eu quero apontar aqui com a
  • 00:38:46
    perspectiva que eu chamei perspectiva
  • 00:38:48
    dos funcionamentos
  • 00:38:49
    justamente Essa visão não especista que
  • 00:38:55
    me parece que foi o último Guardião
  • 00:38:57
    desses nossos preconceitos né quer dizer
  • 00:38:59
    nós tivemos apesar de todo o processo de
  • 00:39:02
    de colonização de crítica a ideia de
  • 00:39:05
    raça de crítica a ideia de sexo e gênero
  • 00:39:07
    nós mantive então ainda a noção de
  • 00:39:11
    espécie como algo que preserva a nossa
  • 00:39:14
    particularidade a nossa dignidade e algo
  • 00:39:17
    que seja caro a nós né e a perspectiva
  • 00:39:21
    dos funcionários ela avisa justamente
  • 00:39:22
    destituir essa hierarquia né E dizer não
  • 00:39:26
    nós somos a gente Morais a moralidade é
  • 00:39:31
    algo que Nós criamos Nós seres humanos e
  • 00:39:34
    não todos os seres humanos os seres
  • 00:39:36
    humanos que tem poder de deliberação
  • 00:39:37
    poder de escolhas poder de defender os
  • 00:39:40
    seus próprios valores criaram mas não
  • 00:39:42
    criamos só para nós Nós criamos para uma
  • 00:39:45
    sociedade em que o maior número possível
  • 00:39:48
    de indivíduos encontre um lugar e um
  • 00:39:51
    lugar desrespeito e consideração
  • 00:39:54
    no próximo bloco nosso sistema
  • 00:39:56
    educacional ele está totalmente
  • 00:39:58
    moldado por uma concepção de educação
  • 00:40:02
    que é caduca porque ela negligencia
  • 00:40:06
    várias outras formas de saber e desistir
  • 00:40:08
    no mundo
  • 00:40:11
    [Música]
  • 00:40:15
    o movimento de Colonial busca dar
  • 00:40:18
    protagonismo para pensadores filósofos e
  • 00:40:22
    filósofos que tiveram e ainda tem suas
  • 00:40:25
    ideias e teorias soterradas pelo
  • 00:40:28
    pensamento eurocêntrico que colonizou
  • 00:40:30
    boa parte da civilizações na prática
  • 00:40:33
    essa descolonização da nossa visão dos
  • 00:40:37
    nossos saberes ampliará a nossa
  • 00:40:39
    interpretação da vida pode ser um
  • 00:40:42
    caminho para criar uma sociedade mais
  • 00:40:44
    inclusiva que abrirá espaço para mais
  • 00:40:46
    formas de estar no mundo meu nome é
  • 00:40:50
    Vanessa eu sou professora de música Sou
  • 00:40:54
    psicanalista Tenho procurado pensar uma
  • 00:40:57
    psicanálise que esteja vinculada ao
  • 00:41:00
    movimento de colonial e nos meus estudos
  • 00:41:03
    eu tenho chegado a conclusão que não é
  • 00:41:06
    possível pensar uma escuta para as
  • 00:41:10
    pessoas que desconsiderem quem elas são
  • 00:41:14
    e faz as suas necessidades básicas como
  • 00:41:17
    seria na prática pensar políticas
  • 00:41:19
    públicas para surgir para as
  • 00:41:22
    funcionalidades do sujeitos a gente tem
  • 00:41:24
    colocado isso na prática Na verdade eu
  • 00:41:27
    faço parte de um programa de bioética né
  • 00:41:29
    saúde coletiva e
  • 00:41:31
    tenho vários alunos e vários colegas que
  • 00:41:34
    tem tentado colocar isso nas suas
  • 00:41:36
    respectivas áreas né Eu acho que o que a
  • 00:41:39
    gente tem feito é sempre tentar olhar
  • 00:41:41
    para as particularidades de um grupo
  • 00:41:43
    embora a perspectiva de funcionamento
  • 00:41:45
    seja uma perspectiva sempre voltada para
  • 00:41:47
    o indivíduo faz particularidade daquele
  • 00:41:49
    indivíduo é a nível de políticas
  • 00:41:51
    públicas a gente tem que trabalhar com
  • 00:41:53
    grupos né então a gente tenta
  • 00:41:55
    identificar quais são essas demandas a
  • 00:41:58
    partir da voz e da escuta apurada desses
  • 00:42:02
    indivíduos né e tenta sistematizar isso
  • 00:42:04
    de forma a Gerar políticas públicas que
  • 00:42:08
    atendam aquelas demandas específicas né
  • 00:42:10
    só para dar um exemplo para você
  • 00:42:13
    o processo transexualizador durante
  • 00:42:16
    muito tempo se achou que um elemento
  • 00:42:19
    fundamental do processo transexualizador
  • 00:42:21
    era fazer a cirurgia né
  • 00:42:23
    só que não é né quer dizer e as pessoas
  • 00:42:27
    durante muito tempo tentaram lutar pelo
  • 00:42:29
    Direito de manter o mesmo corpo e fazer
  • 00:42:32
    a mudança do nome né e
  • 00:42:35
    para quem tá
  • 00:42:37
    dentro do sistema hetero normativo e
  • 00:42:41
    isso é meio inconcebível né porque as
  • 00:42:44
    pessoas ficam achando não mas como assim
  • 00:42:45
    quer dizer quer o quê Afinal quer ser
  • 00:42:48
    homem com pênis ou quer ser mulher com
  • 00:42:51
    vagina quer dizer como é que vai se
  • 00:42:53
    chamar Maria mas manter o pênis e tudo
  • 00:42:55
    mais e o que essas pessoas se a gente
  • 00:42:58
    escuta o que elas têm a dizer é o que
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    que o meu pênis tem a ver com a minha
  • 00:43:03
    identidade enquanto Maria Eu acho que
  • 00:43:05
    isso fica muito Claro no caso das
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    pessoas intersexo
  • 00:43:10
    eu tenho um grande amigo que é uma um
  • 00:43:14
    representante do movimento intersexo
  • 00:43:16
    aqui no Brasil né o amiel eu fiz um
  • 00:43:19
    filme sobre a história dele né e é muito
  • 00:43:21
    impressionante porque uma coisa que o
  • 00:43:23
    Ariel sempre dizia é que ele se sentia
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    um corpo médico psicóloga a Roubaram o
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    corpo dele né quer dizer então ele já
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    não se sentia nada
  • 00:43:33
    eu entrei na adolescência
  • 00:43:35
    os 15 anos eu me sentia desse jeito sem
  • 00:43:40
    conseguir falar de mim e sem conseguir
  • 00:43:44
    me entender do meu próprio corpo e da
  • 00:43:47
    minha própria história Então o que a
  • 00:43:49
    gente pode entender é que muitas vezes
  • 00:43:51
    as interferências que nós achamos ou as
  • 00:43:55
    políticas públicas achavam que eram
  • 00:43:57
    bem-vindas eram consideradas
  • 00:43:59
    extremamente invasivas extremamente
  • 00:44:02
    violentas para aquelas pessoas elas
  • 00:44:05
    percebiam com uma transformação no corpo
  • 00:44:08
    que não tinha nenhum problema esse corpo
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    só tinha problema dentro da nossa
  • 00:44:12
    perspectiva é ter normativa e etc né
  • 00:44:15
    mães dentro da Perspectiva da própria
  • 00:44:18
    pessoa não então é dessa maneira quer
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    dizer a gente escuta o que aquelas
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    pessoas têm a dizer e tenta então
  • 00:44:23
    desenvolver eh políticas públicas nesse
  • 00:44:26
    sentido eu costumo dar como exemplo o
  • 00:44:28
    caso da covid né quando se quando a
  • 00:44:31
    covid surgiu e começaram a se pensar
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    protocolos para distribuição de bens
  • 00:44:36
    públicos eu não sei se vocês se lembram
  • 00:44:39
    mas é os protocolos eles partiam de quem
  • 00:44:41
    partiu dos Profissionais de Saúde entre
  • 00:44:45
    parentes médicos porque a gente sabe
  • 00:44:47
    perfeitamente que entre Profissionais de
  • 00:44:48
    Saúde que tomam com poder de decisão que
  • 00:44:51
    nós temos é o médico mesmo né quer dizer
  • 00:44:53
    os outros profissionais da equipe
  • 00:44:56
    ficavam totalmente alejados na maior
  • 00:44:58
    parte das vezes do processo desses olhos
  • 00:45:01
    quem é o objeto dessas políticas
  • 00:45:03
    públicas é o indivíduo que que recorre
  • 00:45:06
    ao SUS né quer dizer como é que ele pode
  • 00:45:08
    não ser ouvido dentro desse processo né
  • 00:45:11
    como é que eu posso estabelecer o que
  • 00:45:13
    que é uma pessoa com um grau X de
  • 00:45:16
    comorbidade se quem faz medicina no
  • 00:45:20
    Brasil são geralmente pessoas que são de
  • 00:45:22
    uma classe média alta né e que não tem o
  • 00:45:26
    contato com a precariedade das vindas de
  • 00:45:28
    grande parte dos brasileiros né então o
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    que eles percebem como uma comorbidade
  • 00:45:34
    para essas pessoas que já passaram por
  • 00:45:37
    não ter o que comer já passaram pelos
  • 00:45:39
    mais diversos tipos de doença vivem em
  • 00:45:42
    ambiente totalmente insalubres
  • 00:45:45
    essas comorbidades não fazem menor
  • 00:45:47
    sentido né e Eles teriam sim caso
  • 00:45:50
    recebesse auxílio chances de sobreviver
  • 00:45:53
    né então eu acho que é o caso da convite
  • 00:45:56
    para mim é emblemático de como a
  • 00:45:59
    sociedade não está aberta para escutar o
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    como solucionar os problemas no caso por
  • 00:46:06
    exemplo da vacina né Os Protocolos de
  • 00:46:08
    vacina né então o morador de rua ele
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    tinha que obedecer ali a faixa etária
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    dele gente Sinceramente você vai dizer
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    para o morador de rua Ah não volta no
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    próximo mês porque você ainda não tá na
  • 00:46:20
    idade não vai voltar nunca então a gente
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    vê que na verdade
  • 00:46:24
    muitas vezes o modo começa as decisões
  • 00:46:27
    são tomadas são modos que favorecem os
  • 00:46:30
    mesmos grupos que estão aí para garantir
  • 00:46:33
    os privilégios que já foram garantidos
  • 00:46:35
    né e para que nada se modifique eu acho
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    que enquanto nós ficarmos detidos a esse
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    modelo do pensamento ocidental e o eu
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    acho que a gente não vai conseguir gerar
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    políticas públicas adequadas para nossa
  • 00:46:51
    sociedade mas assim para dar o exemplo
  • 00:46:52
    da educação que para mim é bastante
  • 00:46:55
    chocante né Nós temos um modelo
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    Educacional que privilegia dos focos né
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    disciplinares né as disciplinas padrão
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    né O que que os nossos alunos aprendem
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    eles aprendem matemática e aprendem
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    português né No meu tempo é nós temos
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    aula de artes projeto educação corporal
  • 00:47:16
    né milhões de coisas né
  • 00:47:20
    cada vez mais essas outras opções
  • 00:47:25
    didáticas elas são colocadas à margem em
  • 00:47:28
    nome de um melhor aprendizado de um tipo
  • 00:47:31
    de conhecimento formal né
  • 00:47:34
    que
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    belos moldes da racionalidade
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    abstrata né desenvolvida modelo
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    cartesiano
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    nós temos uma sociedade
  • 00:47:45
    onde
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    muitos indivíduos possuem inúmeras
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    habilidades corporais e artísticas que
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    são totalmente desprezadas nas escolas
  • 00:47:56
    onde eles frequentam né e habilidade que
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    se fossem desenvolvidas ganha
  • 00:48:01
    garanteriam a esses indivíduos uma
  • 00:48:04
    posição social muito mais compatível não
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    apenas com a sua com as suas identidades
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    mas também com o que eles podem trazer
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    de relevante para a sociedade né então
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    que numa mesma escola uma criança seja
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    Obrigada se ela é
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    tem dons musicais ou se ela tem dons ela
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    tem uma capacidade de dançar ela seja
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    obrigada a colocar isso de lado em nome
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    da matemática eu diria que é uma escola
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    que simplesmente não tá servindo aquela
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    criança porque porque
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    dificilmente ela em função do contexto
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    em que ela vive ela vai querer se
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    apropriar daquele conhecimento
  • 00:48:45
    matemático para fazer muita coisa na
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    vida dela ao passo que aquelas outras
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    capacidades que estão sendo ali abafadas
  • 00:48:52
    nela poderiam permitir uma forma de vida
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    extremamente produtiva produtiva no
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    seguinte de que florescesse podia fazer
  • 00:49:01
    com que aquele indivíduo florescesse
  • 00:49:02
    fosse aquilo que ele verdadeiramente
  • 00:49:04
    gostaria de ser então isso mostra o como
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    é importante o pensamento de Colonial
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    para fazer a crítica desse modelo e para
  • 00:49:12
    permitir que as nossas crianças sejam
  • 00:49:15
    excelentes sambistas né excelentes
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    dançarinos ao invés de Engenheiros isso
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    tem valor social e nós precisamos
  • 00:49:25
    investir Nisso porque é nisso que elas
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    querem Florescer e a nossa sociedade só
  • 00:49:32
    vai Florescer quando seus membros
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    florescerem né E os seus membros não são
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    médicos professores Engenheiros mas são
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    muito mais do que isso isso mostra o
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    quanto políticas desse tipo são
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    fundamentais pra gente de fato ter uma
  • 00:49:47
    sociedade que seja mais inclusiva que
  • 00:49:49
    seja mais diversa e onde cada um tem o
  • 00:49:52
    seu lugar social
  • 00:49:54
    mais reflexões no site e Facebook do
  • 00:49:57
    Instituto CPFL e no canal do Café
  • 00:49:59
    Filosófico no YouTube e a gente não
  • 00:50:02
    estabelece no âmbito da moralidade e
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    hierarquia entre seres
  • 00:50:06
    a violência a um animal não humano ela
  • 00:50:10
    se torna um assunto tão importante no
  • 00:50:14
    âmbito da moralidade quanto a violência
  • 00:50:16
    entre os próprios seres humanos
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    [Música]
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  • feminismo decolonial
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