Dando a Real com Leandro Demori recebe a filósofa Marilena Chaui

00:53:19
https://www.youtube.com/watch?v=qIiBXRG4JAw

Résumé

TLDRThe interview with Marilena Chaui explores various themes related to political philosophy and the contemporary state of Brazil. Chaui discusses Spinoza's ideas on freedom and servitude, emphasizing the internal versus external causes of actions. The conversation shifts to the socio-political landscape, discussing how social media perpetuates a sense of false freedom, narcissism, and depression. The philosophical reflections expand into discussions about modern economic structures, coined as 'technofeudalism,' where tech giants hold significant power without traditional industrial production. Chaui criticizes Brazil's current democratic status, attributing deficiencies to its authoritarian, hierarchical society that fails to achieve true democratic ideals. Amidst this, she identifies social movements as important players in political discourse. The discussion also tackles how the right-wing capitalizes on technological advancements to push its agenda through cynicism and misinformation, while utilizing national myths and symbols to galvanize support. The interview ends on the note that Brazil has never been a fully democratic society due to these entrenched socio-political issues.

A retenir

  • 🎓 Marilena Chaui is a key figure in Brazilian philosophy.
  • 🗽 Spinoza's concept of freedom differs from voluntary decisions.
  • 📱 Social media creates a false sense of individual autonomy.
  • ⚙️ Modern 'uberization' reflects economic servitude.
  • 🏛️ Brazil lacks full democratic structures due to societal issues.
  • 🎯 Social movements could drive future political change.
  • 🤖 'Technofeudalism' describes current economic power shifts.
  • 📰 The right uses technology and misinformation strategically.
  • 🇧🇷 National symbols unify citizens during political crises.
  • 🌍 A civilizational shift is noted in response to digital realities.

Chronologie

  • 00:00:00 - 00:05:00

    The program begins with Leandro Demori introducing the theme of exploring prominent figures influencing Brazilian life and society, and announces the esteemed philosopher being featured.

  • 00:05:00 - 00:10:00

    The conversation kicks off with a discussion on Spinoza's concepts of freedom and servitude, and how they relate to Brazil's current sociopolitical climate, including the instrumentalization of freedom in political discourse.

  • 00:10:00 - 00:15:00

    Marilena elaborates on Spinoza's concept of freedom emphasizing internal motivations, and contrasts it with the external influences such as fake news and social media that manipulate public opinion.

  • 00:15:00 - 00:20:00

    Discussion on the broader and multifaceted nature of political life beyond governmental operations, highlighting the importance of societal quality in shaping political expressions.

  • 00:20:00 - 00:25:00

    The dialogue shifts to the concept of servitude, relating it to modern 'Uberized' labor systems, and the illusion of autonomy they create in workers being their own bosses, despite underlying dependency.

  • 00:25:00 - 00:30:00

    Analysis of how technology and digitalization change human perception and social relations, reinforcing a state of modern servitude through dependency on technological systems.

  • 00:30:00 - 00:35:00

    Further delves into the cultural and psychological impacts of digital life, promoting fragility, narcissism, and a new civilization mutation, amplified by controlled misinformation.

  • 00:35:00 - 00:40:00

    Discussion touches on the rise of technological oligopolies and their control over labor and society, potentially leading to a technofeudalism without the traditional class struggles.

  • 00:40:00 - 00:45:00

    Exploration of conservative political strategies, using nationalism and the mythicization of the nation to consolidate authority amidst political and social change.

  • 00:45:00 - 00:53:19

    The conversation concludes contemplating the fragmented state of social movements and their potential to unify under common universal themes, advocating for a broader democratic society.

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Questions fréquemment posées

  • Who is the guest on the program?

    The guest is Marilena Chaui, a prominent Brazilian philosopher and professor emerita at the University of São Paulo.

  • What philosophical concept does the interview focus on?

    The interview focuses on the philosophical concepts of freedom and servitude as discussed by Spinoza.

  • How does Spinoza define freedom?

    Spinoza defines freedom as being the cause of one's own thoughts, feelings, and actions rather than being influenced from outside.

  • What is meant by 'technofeudalism'?

    Technofeudalism is a concept where tech magnates are viewed as modern feudal lords, influencing economies without traditional production methods.

  • What issues are created by social media according to the interview?

    Social media creates a false sense of freedom and contributes to a fragmented, narcissistic, and depressive society.

  • How is the concept of "servitude" relevant today?

    Servitude today is discussed in relation to economic systems like 'uberization' where perceived freedom masks exploitation.

  • Why is Brazil not considered a full democracy according to Chaui?

    Brazil is not considered a full democracy because it is a hierarchical, authoritarian, and violent society lacking social democracy.

  • What potential political subject does Chaui identify for the future?

    Chaui identifies social movements as the potential new political subjects that could foster democratic change.

  • How does the interview describe the current right-wing strategy?

    The current right-wing strategy is described as technologically advanced and employing cynicism through manipulation and misinformation.

  • What is the role of myths and symbols in Brazilian politics?

    Myths and symbols, like the national flag and anthem, are used to unify and rally support during political crises.

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    um pouco do Brasil atual de um modo
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    mariena xi Muito obrigado obrigada eu me
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    faltam adjetivos Tentei colocar bom você
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    gente vai tentar misturar e o seu vasto
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    conhecimento de Filosofia para tentar
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    entender o Brasil atual que acho que
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    muita muitas vezes falta essa conversa
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    no país e eu queria começar com um tema
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    grande tema de estudo da sua carreira um
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    para essa conversa e o o Espinoza fala
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    entender esse uso da Liberdade no Brasil
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    não é uma decisão voluntária de fazer
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    aquilo que você faz nasce de dentro de
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    você não vem de fora e se impõe a você
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    você é a
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    causa do
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    seu seus afetos das suas ideias e das
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    suas ações então ser
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    autodeterminado ser autônomo é é ser
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    liberdade é um é um exercício da vontade
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    quando ela decide bem não é a posição de
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    Espinoza a liberdade é um instante no
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    qual eu sou capaz de me reconhecer como
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    a causa
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    completa daquilo que eu penso daquilo
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    que eu sinto daquilo que eu faço na
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    minha relação com os outros e com o
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    mundo então eu te diria que o conceito
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    espinosano de liberdade tem tudo a ver
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    conosco agora porque se você você levar
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    consideração o papel
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    gigantesco não apenas eh da propaganda
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    mas o papel gigantesco do fake News o
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    papel gigantesco da do fechamento das
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    opiniões no interior das redes sociais
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    em que eu penso bom eu penso isso porque
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    todos os com os quais eu convivo pensam
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    isso não será que é verdade isso que eu
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    penso será que é certo isso que eu penso
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    ou seja o fato da rede social funcionar
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    como uma bolha de opiniões né e o fato
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    da de haver o Fake News isso faz com que
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    eu sou determinada de Fora o tempo
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    inteiro é como se fosse uma prateleira
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    de supermercado que essa liberdade fosse
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    um produto é isso não é você que tá
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    gerando isso você tá comprando esse
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    instante no qual a a você exerce ou não
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    a sua liberdade política não é no
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    instante em que você vota Esse é um
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    momento né é o instante no qual você faz
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    uma opção de uma
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    determinada linha da vida social da vida
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    Econômica da da vida eh ética e que se
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    exprime entre outras maneiras
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    numa forma
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    partidária numa forma
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    Comunitária numa forma de movimentos eh
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    sociais de luta por direitos ou seja há
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    uma multiplicidade de maneiras pelas
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    quais a vida política se realiza né Não
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    sem se reduzir nem ao voto nem à
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    operações do Estado quer dizer as
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    operações de governo e das instituições
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    governamentais são uma parte da vida
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    política a vida política é muito mais
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    Ampla do que isso porque numa democracia
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    o que caracteriza a vida política numa
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    Democracia é a criação de direitos a
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    garantia de direitos A Conservação de
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    direitos e o a a a capacidade de
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    promover novos direitos de tal modo que
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    o poder é social né e é é esse poder
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    social que se
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    exprime nas tomadas de decisão
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    políticas então a política que se
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    realiza depende da qualidade da
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    sociedade em que a gente vive né então
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    porque a a política vai exprimir se nós
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    estamos numa sociedade conservadora numa
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    sociedade democrática numa sociedade
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    autoritária numa sociedade violenta eh a
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    a a política exprime isso né Ela não ela
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    não ela não corrige isso ela é a
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    expressão disso né então no instante em
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    em que a gente vota o que a gente tá
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    fazendo é dizer qual é a forma da
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    política que eu quero que
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    exprima verdadeiramente a nossa vida
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    social perfeito perfeito
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    eh eu quero explorar depois na conversa
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    essa questão democrática no Brasil até
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    para entender se a gente vive numa
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    democracia plena se em algum momento já
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    viveu ou não e os motivos pelos quais a
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    gente sim ou não vive nessa democracia
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    agora saindo dessa dessa parte da
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    Liberdade paraa parte da servidão ainda
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    dentro da ideia do Espinosa eh a gente
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    consegue atualizar ou incorporar a ideia
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    dele por exemplo na ideia da servidão se
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    a gente olhar por exemplo pro trabalho
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    uberizado hoje isso tem uma relação eh
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    eh você consegue adaptar isso esse
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    pensamento do Espinosa Porque hoje a
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    gente tem milhões de pessoas no mundo
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    todo eu diria até no mundo todo bilhões
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    né vivendo em trabalhos chamados
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    uberizado seja em vários aplicativos
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    para vários tipos de serviços diferentes
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    e a e e criou-se um pouco a o patrão sem
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    rosto né o chefe invisível né você não
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    sabe para quem você tá você você
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    trabalha pra máquina para um software
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    para um algoritmo e ao mesmo tempo há
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    quase uma relação de Servidão ali a
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    pessoa vai alegar assim ah mas se eu
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    quiser eu posso parar de dirigir Uber
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    muita gente fala isso né mas você pode
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    mesmo se você parar de dirigir Uber por
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    3 meses você vai ter seu sustento então
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    é um é um uma liberdade condicionada
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    também faz sentido essa ideia de
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    Servidão acoplada nessa Ness nesse mundo
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    de plataformas que a gente vive eu diria
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    que nós vivemos no mundo da servidão né
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    ah esse objeto aqui que faz com que eu
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    acredite que eu sou livre quando eu
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    aperto Isto ou Aquilo esse Uhum é um
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    objeto de Servidão por quê em primeiro
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    lugar primeira característica que esse
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    objeto tem ele anula a relação vivida
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    que nós temos com o
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    espaço porque o espaço
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    é isso que está aqui nessa tela a tela
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    de tal modo que nós temos o um fenômeno
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    chamado
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    atopia topos em grego quer dizer lugar
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    então um mundo sem espaço porque que
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    tudo se dá aqui é também um mundo sem o
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    tempo porque tudo acontece agora é um
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    mundo da acronia Então você tem um
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    estreitamento da sua experiência a
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    experiência do corpo como um um como
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    participante do do do mundo espacial de
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    percepção e de
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    sentimentos você não tem mais porque o
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    você tá descorporificação
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    aqui também Você não tem a experiência
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    plena do tempo do antes do depois do
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    agora do futuro do passado tudo é agora
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    bom essa
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    redução do tempo e do espaço tá ligada
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    também a uma forma
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    eh Econômica que fragmentou o mundo do
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    trabalho e ao fragmentar ao mundo do
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    trabalho criou a ilusão do empresário de
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    si mesmo né Ou seja eu não trabalho para
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    um outro eu trabalho para mim mesmo mas
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    que que é eu trabal não trabalho para um
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    outro significa que aquilo que eu
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    faço não não está a serviço de nada está
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    a serviço de mim mesmo é claro que não é
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    que as maneiras pelas quais eu estou
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    servindo ao que está estabelecido é
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    através da ilusão da minha
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    liberdade eu não sou empresária de mim
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    mesma eu sou eu estou naquilo que o o
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    Gessé chama de o precariado o mundo do
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    precariado que é o mundo no qual você
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    tem a ilusão da sua autonomia quando
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    você tá em estado de completa
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    dependência de completa insegurança e
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    portanto de completa Servidão perfeito
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    essa desconexão de de tempo e espaço é
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    se a gente pegar o dia um dia comum de
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    uma pessoa nos anos 90 eh a pessoa
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    poderia eh ter que ela tá em casa então
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    tá no espaço da casa ela tem os seus
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    afetos ali a sua família e tal ela sai
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    de casa ela vai para o trabalho então
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    ela se movimenta o tempo passa ela sai
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    de um lugar vai a outro depois ela
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    precisa passar no banco então ela sai de
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    casa ela vai ao banco isso tudo pode ser
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    resolvido em 5 minutos no telefone
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    porque no telefone você tem os seus
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    afetos no grupo de WhatsApp por exemplo
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    da família você tem o seu trabalho você
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    tem o aplicativo do banco isso será que
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    De algum modo tá tá já mudando até mesmo
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    a a maneira como a gente se entende no
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    mundo Será que tá acontecendo um
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    processo em relação a isso ah eu acho
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    que sem sem sem dúvida nenhuma né e o
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    efeito disso é o é o que professora é é
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    eh apatia
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    eh é mais do que isso tá surgindo uma um
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    uma um uma nova
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    subjetividade produzida por esse mundo
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    digital primeiro é uma uma subjetividade
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    narcisista ou seja existir é ser visto
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    se você não é visto você não existe isso
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    então ser visto é a primeira marca do
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    narcisismo só que como você depende para
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    ser visto do Olhar do outro e você não
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    tem o controle sobre o olhar do outro
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    você ininterruptamente e como Freud
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    dizia o narcisismo é inseparável da
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    depressão Então você tem uma uma uma
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    subjetividade nova que é narcisista
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    depressiva e que depende
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    desesperadamente do Olhar alheio e por
  • 00:12:50
    isso Ela depende do influencer do Coach
  • 00:12:54
    do não sei quem ela depende desses
  • 00:12:57
    olhares todos que garantem que ela
  • 00:13:00
    existe ora quando ela quando ela não tem
  • 00:13:04
    esses olhares de garan externos de
  • 00:13:06
    garantia para si própria ela entra em
  • 00:13:09
    depressão e eu não sei se você sabe há
  • 00:13:12
    estudos do aumento gigantesco da taxa de
  • 00:13:16
    suicídio entre os jovens no mundo
  • 00:13:18
    inteiro né então Eh nós nós nós passamos
  • 00:13:23
    não é não houve uma mudança tecnológica
  • 00:13:27
    houve uma mutação
  • 00:13:30
    de civilizacional é é um é um outro
  • 00:13:33
    mundo é uma outra coisa o mundo virtual
  • 00:13:36
    é outra coisa né e
  • 00:13:39
    eh em certa medida
  • 00:13:42
    eh ninguém estava preparado para uma
  • 00:13:45
    mutação deste calibre foi muito rápido
  • 00:13:48
    também n de uma violência porque você
  • 00:13:52
    tem a ilusão da Autonomia né a ilusão da
  • 00:13:55
    liberdade e onde está a servidão o fato
  • 00:13:58
    de que você você é um usuário você não é
  • 00:14:01
    o criador de nada daquilo você é um
  • 00:14:03
    simples usuário e o criador são os
  • 00:14:06
    grandes oligopólios que controlam né a
  • 00:14:10
    sua mente os seus sentimentos o seu
  • 00:14:13
    corpo a sua vida e é por isso que o Fake
  • 00:14:16
    News é um é uma coisa desesperadora
  • 00:14:19
    porque o Fake News não é boato não é
  • 00:14:22
    fofoca um tem um filósofo chamado Benito
  • 00:14:25
    maeo que acaba de publicar um livro
  • 00:14:27
    sobre o Fake News e ele diz o Fake News
  • 00:14:30
    é um modo de vida ligado à
  • 00:14:35
    desinformação não mas não apenas a
  • 00:14:37
    desinformação ao ao controle que é é
  • 00:14:42
    exercido de Fora sobre as nossas mentes
  • 00:14:45
    os nossos sentimentos portanto a a mais
  • 00:14:47
    impossível Liberdade espinosana você tá
  • 00:14:50
    de fora sendo controlado e produz o
  • 00:14:54
    discurso do ódio e as formas da Guerra
  • 00:14:59
    sem a presença do do do da morte a morte
  • 00:15:03
    vem aos milhões com Drone com isso com
  • 00:15:07
    aquilo né então a a a a guerra sem sem
  • 00:15:12
    gente só com mortos né então é uma
  • 00:15:15
    mutação civilizacional não é não houve
  • 00:15:18
    uma mudança tecnológica né O que houve
  • 00:15:21
    Foi uma mudança no modo de vida uma uma
  • 00:15:24
    mudança na
  • 00:15:26
    economia que que é o surgimento do
  • 00:15:28
    empresário de de si mesmo Isto é do
  • 00:15:30
    precariado é a desaparição da figura da
  • 00:15:33
    classe trabalhadora né a classe
  • 00:15:36
    trabalhadora que concretamente através
  • 00:15:40
    do trabalho se relacionava com o mundo
  • 00:15:43
    era a forma da relação social e política
  • 00:15:46
    que vinha na na constiuição de classe e
  • 00:15:49
    agora o que você tem essa dispersão essa
  • 00:15:52
    dispersão e essa ilusão de que eu sou
  • 00:15:55
    dono de mim mesmo tem um Pensador que
  • 00:15:58
    tem escrito muitos livros nos últimos
  • 00:16:00
    tempos que é o ianis varu faques Ele foi
  • 00:16:02
    ex-ministro de Finanças da Grécia e
  • 00:16:05
    durante a crise grega nos anos 2000
  • 00:16:07
    depois saiu foi pra academia e começou a
  • 00:16:09
    a fazer várias pensatas em relação ao
  • 00:16:11
    mundo para onde a gente tá caminhando e
  • 00:16:13
    ele tem um conceito que não é exatamente
  • 00:16:16
    novo mas ele acho que é a pessoa no
  • 00:16:18
    mundo hoje que mais consegue condensar
  • 00:16:19
    isso e fala insistentemente sobre isso
  • 00:16:21
    que é o tecnofeudalismo ele fala olha a
  • 00:16:23
    gente tá caminhando para um lugar o
  • 00:16:25
    capitalismo tá no seu no seu ocaso da
  • 00:16:27
    forma como nós o conhecemos né Eh e nós
  • 00:16:30
    estamos voltando pro feudalismo só que a
  • 00:16:33
    diferença hoje que os grandes senhores
  • 00:16:34
    feudais são esses Mega Magnatas das
  • 00:16:37
    plataformas do Vale do Silício né o Jeff
  • 00:16:40
    bezos da Amazon o Elon musk essa gente
  • 00:16:43
    toda e e nós todos estamos nos tornando
  • 00:16:46
    justamente servos desses caras que ao
  • 00:16:49
    contrário do capitalismo tradicional
  • 00:16:50
    onde você tinha eh os senhores donos dos
  • 00:16:53
    meios de produção ou seja das máquinas
  • 00:16:55
    que poderiam gerar produtos e e pegar o
  • 00:16:57
    excedente daqui do trabalho das pessoas
  • 00:16:59
    para enriquecer ele fala muito do Jeff
  • 00:17:02
    bezos da Amazon porque ele fala o Jeff
  • 00:17:04
    bezos não produz nada então é um novo
  • 00:17:08
    tipo de capitalismo onde é de fato quase
  • 00:17:10
    um senhor feudal tecnológico digital que
  • 00:17:13
    tá sentado num castelo digital e várias
  • 00:17:16
    pessoas produzindo para eles inclusive
  • 00:17:18
    Os Donos das máquinas né eles eles estão
  • 00:17:20
    inclusive subjugando os industriais
  • 00:17:22
    nesse caso Porque estão muito mais ricos
  • 00:17:24
    e Poderosos do que essa própria classe
  • 00:17:26
    que era a classe que comandava o mundo
  • 00:17:28
    até o século XX pelo menos isso faz
  • 00:17:32
    sentido faz sentido no Não no sentido eh
  • 00:17:36
    eh eu eu eu entendo porque que ele vai
  • 00:17:38
    eh tomar como referência o feudalismo
  • 00:17:41
    porque ele precisa de alguma coisa que a
  • 00:17:44
    gente identifique né mas eu eu tenho a a
  • 00:17:48
    minha tendência é considerar que tá Para
  • 00:17:50
    Além da questão feudal Em que sentido
  • 00:17:52
    porque o o um dois elementos são muito
  • 00:17:56
    importantes no mundo feudal o primeiro é
  • 00:18:00
    o fato de que os os senhores feudais são
  • 00:18:04
    independentes uns dos outros e eles só
  • 00:18:08
    se relacionam pela guerra eles não se
  • 00:18:11
    eles não têm outras relações e quando
  • 00:18:14
    eles se unem é porque eles vão fazer uma
  • 00:18:16
    guerra contra um terceiro perfeito Então
  • 00:18:19
    você tem é um mundo marcado pela pela
  • 00:18:24
    fragmentação e pela presença contínua da
  • 00:18:27
    Guerra como forma de de relação
  • 00:18:30
    eh eu não acho que seja isso que esteja
  • 00:18:33
    eh acontecendo Eu acho que o que que o
  • 00:18:36
    que o que nós
  • 00:18:38
    temos é
  • 00:18:41
    a a a
  • 00:18:44
    dissolução daquilo que organizava até
  • 00:18:48
    então a sociedade e a política para nós
  • 00:18:52
    que era a clareza no mundo econômico das
  • 00:18:55
    classes sociais né o fato de que você
  • 00:18:58
    tinha a classe trabalhadora a classe
  • 00:19:00
    média e a classe dominante isso não é
  • 00:19:03
    mais assim não é mais assim porque a a a
  • 00:19:06
    a classe dominante tá aí firme claro né
  • 00:19:10
    ela não é mais a classe da produção
  • 00:19:13
    Econômica ela é a classe da finança uhum
  • 00:19:16
    e dos
  • 00:19:17
    oligopólios tecnológicos mudou o
  • 00:19:20
    conteúdo dela perfeito né a classe média
  • 00:19:24
    tá aí firme contente consigo mesma tonta
  • 00:19:29
    como ela é né e a classe trabalhadora
  • 00:19:32
    desapareceu como classe né e é essa
  • 00:19:35
    desaparição da classe trabalhadora como
  • 00:19:37
    classe o surgimento do precariado que
  • 00:19:41
    permite o aparecimento do empresário de
  • 00:19:44
    si mesmo uma figura do a uberização a
  • 00:19:47
    uberização é a maneira pela qual se deu
  • 00:19:51
    a desaparição da classe trabalhadora com
  • 00:19:53
    a ilusão da sua própria liberdade então
  • 00:19:57
    como é que é a Servidão para nós Por que
  • 00:20:00
    que ela não é uma Servidão de tipo
  • 00:20:03
    feudal Eu sei ele tá ele tá falando numa
  • 00:20:06
    feudalização porque o que caracteriza o
  • 00:20:09
    mundo feudal é efetivamente a
  • 00:20:11
    fragmentação né Ele é todo fragmentado e
  • 00:20:14
    as relações se dão através da Guerra sim
  • 00:20:16
    através das Alianças eh eh de sangue os
  • 00:20:21
    casamentos e através da Guerra então eu
  • 00:20:24
    entendo que que porque ele pensa um
  • 00:20:27
    Horizonte feudal uhum
  • 00:20:29
    mas há um elemento no horizonte feudal
  • 00:20:32
    que você não tem por enquanto no nosso
  • 00:20:36
    mundo que é a
  • 00:20:38
    figura
  • 00:20:40
    teológica do
  • 00:20:42
    monarca do do Rei por escolha Divina o
  • 00:20:47
    rei pela graça de Deus o rei que é
  • 00:20:51
    ungido pelo Papa e que se transforma
  • 00:20:56
    numa pessoa Mística
  • 00:20:58
    que tem ele é definido como tendo o
  • 00:21:01
    corpo de Cristo como eram os hurg hasb
  • 00:21:04
    Burgo
  • 00:21:05
    Savoia Então essa figura Mística do
  • 00:21:09
    monarca né Eh apesar dos
  • 00:21:12
    fundamentalismos religiosos Ela não ela
  • 00:21:15
    não existe mais mas ela é fundamental
  • 00:21:17
    para constituir esse corpo social para
  • 00:21:19
    constituir esse corpo feudal entendi
  • 00:21:21
    você precisa do do daquilo que Espinosa
  • 00:21:23
    chama o poder teológico político né ou
  • 00:21:27
    aquilo que o o descobridor da noção de
  • 00:21:31
    Servidão voluntária que é um jovem de 17
  • 00:21:34
    anos um francesinho de 17 anos no século
  • 00:21:38
    eh 16 chamado laboe que descobre isso e
  • 00:21:43
    ele descobre quando ele quando ele se vê
  • 00:21:47
    a a a diante da figura do monarca do
  • 00:21:52
    monarca absoluto né e o que que o que
  • 00:21:56
    que ele diz por que que que existe o
  • 00:21:58
    Servidão voluntária afal né E que vai
  • 00:22:01
    nos fazer entender como é que o
  • 00:22:03
    precariado funciona pensando que ele é
  • 00:22:07
    livre ele diz quando você pega o monarca
  • 00:22:11
    ele tem uma corte e os membros da corte
  • 00:22:15
    servem ao monarca por quê Porque com
  • 00:22:19
    isso eles têm um poder para serem
  • 00:22:21
    servidos pelos nobres que estão abaixo
  • 00:22:25
    os nobres servem os de cima porque eles
  • 00:22:28
    eles podem dominar os Camponeses que
  • 00:22:32
    estão abaixo e assim por diante ou seja
  • 00:22:35
    que que é a servidão voluntária é
  • 00:22:39
    servir para ser servido para ser servido
  • 00:22:42
    servir servir para cima para ser servido
  • 00:22:44
    por baixo para ser servido por baixo
  • 00:22:46
    Então esse mecanismo né Eh que que torna
  • 00:22:51
    Alucinante o que o labo diz como é
  • 00:22:54
    possível falar em Servidão voluntária se
  • 00:22:57
    a gente sempre considerou que é Servidão
  • 00:22:59
    é o contrário da da vontade livre né ele
  • 00:23:02
    diz é porque é um um processo um
  • 00:23:05
    mecanismo sociopolítico de submissão
  • 00:23:09
    para submeter submissão para submeter
  • 00:23:12
    então nós estamos vivendo um momento de
  • 00:23:15
    Servidão voluntária a
  • 00:23:17
    uberização faz isso porque a uberização
  • 00:23:20
    faz com que eu me submeta a todos os
  • 00:23:23
    elementos dessa nova
  • 00:23:25
    tecnologia porque eles são condição do
  • 00:23:28
    meu próprio trabalho ao mesmo tempo em
  • 00:23:30
    que eu eu me vejo como se eu fosse livre
  • 00:23:33
    dela como se eu não dependesse dela como
  • 00:23:36
    se eu tivesse autonomia eu estou fazendo
  • 00:23:38
    porque eu quero eu eu faço porque quero
  • 00:23:41
    né e mais o o o uma das coisas que eu
  • 00:23:45
    acho mais preocupantes
  • 00:23:47
    eh no mundo tecnológico que não é só a
  • 00:23:50
    questão da acronia a falta do tempo a
  • 00:23:54
    atopia a falta do espaço o fato de
  • 00:23:56
    que na verdade
  • 00:23:59
    nós somos usuários desses objetos são
  • 00:24:02
    objetos sobre os quais nós não temos
  • 00:24:05
    nenhum
  • 00:24:06
    conhecimento nós não temos nem o
  • 00:24:09
    conhecimento científico nem o
  • 00:24:11
    conhecimento técnico nem o conhecimento
  • 00:24:13
    sociopolítico do que são esses objetos
  • 00:24:16
    por quê Porque nós somos apenas usuários
  • 00:24:20
    desses objetos então nós somos seres
  • 00:24:23
    incompetentes a
  • 00:24:24
    competência ligada ao conhecimento a ao
  • 00:24:28
    saber ao de como as coisas são porque
  • 00:24:32
    são e como elas funcionam nós não temos
  • 00:24:34
    né Nós nós temos que conhecimento nós
  • 00:24:37
    temos de saber manipular estes objetos
  • 00:24:41
    Claro mas nós estamos
  • 00:24:44
    desprovidos de conhecimento verdadeiro
  • 00:24:46
    agora na falta desse monarca ungido por
  • 00:24:49
    Deus o eu entrevistei aqui o César
  • 00:24:52
    calejon que é um escritor jornalista e
  • 00:24:54
    ele ele ele fala muito sobre o o caminho
  • 00:24:58
    que o Brasil tá tomando que ele enxerga
  • 00:24:59
    como a gente pode estar arrumando pro
  • 00:25:01
    que ele chama de de teocracia miliciana
  • 00:25:04
    que é uma milicia da política e essa
  • 00:25:07
    política levada muito pela pela ideia
  • 00:25:10
    teocrática né das diversas denominações
  • 00:25:13
    neopentecostais mas não só também partes
  • 00:25:15
    da Igreja Católica Ultra radicais eh
  • 00:25:18
    esse esse monarca poderia ser ocupado no
  • 00:25:20
    Brasil de hoje pela pela por essa
  • 00:25:23
    invasão eh das diversas religiões dentro
  • 00:25:26
    da política não porque falta um elemento
  • 00:25:29
    é claro que eh eles seriam
  • 00:25:32
    eh apostado numa figura como a do
  • 00:25:36
    bolsonaro para realizar um ideal
  • 00:25:39
    teocrático ele não tá à altura disso por
  • 00:25:41
    que não não o o monarca teocrático é
  • 00:25:46
    aquele que
  • 00:25:47
    eh se reconhece se reconhece como tendo
  • 00:25:52
    sido escolhido e ungido por Deus tendo
  • 00:25:56
    um mandato divino
  • 00:25:58
    então ele não pode ser eleito por
  • 00:26:00
    ninguém hum um um um um um senhor
  • 00:26:04
    teocrata um um um um governante
  • 00:26:08
    teocrático é aquele que foi eleito por
  • 00:26:12
    Deus e não pelos demais seres humanos
  • 00:26:16
    então a a teocracia tá ligada à ideia de
  • 00:26:21
    escolha Divina do
  • 00:26:23
    governante não dá para você considerar
  • 00:26:25
    que o Malafaia ao eh escolher o o
  • 00:26:29
    bolsonaro é o Estabeleça Estabeleça uma
  • 00:26:33
    relação teocrática de jeito nenhum de
  • 00:26:36
    jeito nenhum né você precisaria você
  • 00:26:39
    precisaria de de uma uma doutrina no
  • 00:26:42
    interior dessa doutrina alguém a quem
  • 00:26:45
    fosse delegado o poder de de garantir
  • 00:26:48
    que a escolha Divina foi feita e era só
  • 00:26:51
    na igreja católica era o papa que fazia
  • 00:26:53
    isso a escolha do papa o papa dizia Sim
  • 00:26:55
    esse governante foi escolhido por Deus
  • 00:26:58
    eu vou chancelar a o seu governo não dá
  • 00:27:01
    para considerar que o que o Malafaia tem
  • 00:27:04
    a estrutura do do papado do papado
  • 00:27:07
    medieval de jeito nenhum perfeito a
  • 00:27:09
    gente consegue encaixar um outro autor
  • 00:27:10
    nessa história que é o negroponte a
  • 00:27:12
    gente tava comentando fora do ar aqui
  • 00:27:14
    Não no caso do do do do do merl Ponti o
  • 00:27:19
    que eu queria
  • 00:27:20
    eh introduzir era no instante anterior
  • 00:27:23
    Em que em que eu falei da acronia e da
  • 00:27:26
    atopia perfeito porque o o o merr ponte
  • 00:27:30
    tem uma uma uma filosofia
  • 00:27:34
    eh na que que valoriza que dá um
  • 00:27:38
    valor muito grande à nossa vida nossa
  • 00:27:41
    existência corporal né então ao ao as ao
  • 00:27:46
    fato de que cada um dos nossos órgãos
  • 00:27:48
    dos sentidos e eles juntos né Eh nos
  • 00:27:53
    definem né e e é por isso que a ele vai
  • 00:27:58
    considerar que as artes são a uma das
  • 00:28:03
    formas mais privilegiadas de mostrar
  • 00:28:06
    isso né o o o poder criador da Visão o
  • 00:28:10
    poder criador do do ouvido o poder
  • 00:28:13
    criador das das mãos na escultura na
  • 00:28:16
    pintura na música na na do corpo inteiro
  • 00:28:20
    na dança né então o que essa essa
  • 00:28:24
    filosofia do do berl Ponti ele diz o cor
  • 00:28:28
    cor é um corpo
  • 00:28:31
    percipiente ele percebe através dos
  • 00:28:34
    órgãos dos sentidos tudo que se passa
  • 00:28:37
    nele fora dele mas ele é também uma
  • 00:28:41
    coisa muito impressionante ele é
  • 00:28:45
    reflexionante mas eu também me vejo
  • 00:28:49
    vendo eu escuto mas eu também me escuto
  • 00:28:54
    escutando eu toco mas eu me toco toc
  • 00:28:59
    Ou seja a ideia de que a reflexão é
  • 00:29:02
    aquilo que a nossa mente realiza mer
  • 00:29:05
    loponte diz não antes da nossa mente ter
  • 00:29:07
    essa capacidade ela ela ela se realiza
  • 00:29:11
    no corpo o nosso corpo é um corpo Peri
  • 00:29:15
    sentiente E
  • 00:29:18
    reflexionante se nós somos
  • 00:29:21
    isso O que significa o instante no qual
  • 00:29:24
    nós perdemos a nossa dimensão corporal e
  • 00:29:27
    estamos no seu com a com a acronia e com
  • 00:29:30
    a atopia o que acontece conosco como
  • 00:29:33
    seres humanos como essa totalidade
  • 00:29:35
    corporal e e e mental que nós somos né
  • 00:29:40
    num mundo descorporificação
  • 00:29:48
    tanto que há toda essa essa doutrina dos
  • 00:29:52
    da cibercultura que diz que o
  • 00:29:54
    ciberespaço é um espaço de pura luz e
  • 00:29:58
    que nós seremos transformados todos em
  • 00:30:00
    pura luz sem o peso dos nossos corpos
  • 00:30:04
    perfeito a nossa desumanização completa
  • 00:30:07
    né perfeito eu quero entrar num conceito
  • 00:30:10
    que traz pros dias de hoje tem a ver com
  • 00:30:13
    o que aconteceu no 8 de janeiro e o
  • 00:30:14
    nosso momento momento político que é o
  • 00:30:16
    que é o verde amarelismo mas eu quero
  • 00:30:18
    que a gente entre n nessa conversa com
  • 00:30:20
    uma provocação eu vou eu vou fazer uma
  • 00:30:22
    frase e a senhora fique totalmente livre
  • 00:30:24
    para falar que é uma imensa estupidez
  • 00:30:26
    mas é como forma de provocar ca pra
  • 00:30:28
    gente entrar na conversa eh a esquerda
  • 00:30:30
    brasileira a que tem expressão eleitoral
  • 00:30:33
    e algum poder de mudança na sociedade né
  • 00:30:35
    claro que a grupos mais radicais
  • 00:30:37
    radicais de de raiz mesmo né Não no
  • 00:30:40
    sentido pejorativo que tem outras ideias
  • 00:30:42
    mas a esquerda brasileira no geral ela é
  • 00:30:45
    reformista e a direita brasileira é
  • 00:30:51
    revolucionária vamos vamos para o verde
  • 00:30:53
    amarelismo
  • 00:30:55
    Ah isso É extraordinário Eu não eu não
  • 00:30:59
    não ponho em dúvida que a esquerda
  • 00:31:00
    brasileira e a esquerda mundo aa eh se
  • 00:31:05
    tornou H reformista eh reformista
  • 00:31:09
    gerenciando os escombros do capitalismo
  • 00:31:12
    e e o fato de que como eu dizia no
  • 00:31:15
    início da nossa conversa que a política
  • 00:31:17
    tem que nós conhecíamos não existe mais
  • 00:31:19
    ela tem que ser reinventada e a política
  • 00:31:21
    na no caso da esquerda estava fundada na
  • 00:31:24
    noção de classe social e de produção
  • 00:31:26
    Econômica né então a perda desse
  • 00:31:28
    referencial torna a esquerda
  • 00:31:31
    eh exige que a esquerda pense tudo de
  • 00:31:34
    novo né coisa que no momento ela não tá
  • 00:31:37
    fazendo direita revolucionária agora a
  • 00:31:39
    direita revolucionária no sentido em que
  • 00:31:42
    ela se
  • 00:31:43
    apropriou de toda a mudança tecnológica
  • 00:31:47
    e transformou essa mudança tecnológica
  • 00:31:49
    em instrumento dela né só que como é que
  • 00:31:53
    ela fez isso ela fez isso de várias
  • 00:31:55
    maneiras o gerenciamento da terra né Mas
  • 00:31:59
    entre outras coisas ela ISO através do
  • 00:32:03
    do chamado partido digital né e através
  • 00:32:07
    do fake da do fake News né porque o que
  • 00:32:11
    é o Fake News do ponto de vista público
  • 00:32:16
    e
  • 00:32:17
    político ele é aquilo que o filósofo
  • 00:32:21
    Teodora Adorno chamou de
  • 00:32:24
    cinismo que que é o cinismo o cinismo
  • 00:32:28
    é a a a
  • 00:32:30
    deliberação de
  • 00:32:33
    mentir a a mentira não é algo que
  • 00:32:35
    acontece foi não era bem assim não é a
  • 00:32:39
    deliberação de mentir e fazer da mentira
  • 00:32:44
    a forma de governar então a forma do
  • 00:32:48
    exercício do poder é é isso que é o Fake
  • 00:32:51
    News né fake News é o cinismo levado ao
  • 00:32:55
    seu ponto extremo então
  • 00:32:59
    não dá para você considerar que porque a
  • 00:33:02
    direita produz e se apropria dessas
  • 00:33:05
    novas eh tecnologias que ela é
  • 00:33:08
    revolucionária ela não é revolucionária
  • 00:33:11
    porque o modo que ela tem de se
  • 00:33:13
    apropriar é o o cinismo é através da
  • 00:33:18
    deliberação de produzir o discurso do
  • 00:33:21
    ódio o discurso da guerra e o discurso
  • 00:33:25
    da mentira né então
  • 00:33:28
    você pode dizer ela é tecnologicamente
  • 00:33:32
    avançada e a esquerda não acompanhou
  • 00:33:35
    isso
  • 00:33:36
    eu eu concordo com você claro né mas ela
  • 00:33:40
    a direita se apropriou de um de um
  • 00:33:42
    instrumento que foi produzido por ela
  • 00:33:44
    mesma né então a a a a mudança a mutação
  • 00:33:50
    tecnológica é produzida por ela a
  • 00:33:52
    serviço dela e
  • 00:33:55
    ah todo o trabalho da esquerda de
  • 00:33:58
    desfazer isso e você tem razão quer
  • 00:34:01
    dizer como a esquerda tá numa posição
  • 00:34:02
    reformista ela não desfaz isso ela tenta
  • 00:34:06
    consertar isso né e não tem
  • 00:34:10
    conserto o 8 de janeiro a gente vend as
  • 00:34:14
    imagens a gente viu já antes do 8 de
  • 00:34:17
    janeiro e essa apropriação não
  • 00:34:20
    tecnológica mas
  • 00:34:22
    simbólica da bandeira do hino e do verde
  • 00:34:26
    amarelo isso entra no que a senhora
  • 00:34:28
    define como Verde amarelismo isso
  • 00:34:30
    aparece em vários momentos da nossa
  • 00:34:31
    história quando há essas eh revoltas
  • 00:34:34
    reacionárias eh que é um pouco Lampedusa
  • 00:34:38
    né Eh mudar para não mudar nada né Vamos
  • 00:34:42
    mudar tudo isso aí que está aí mas no
  • 00:34:43
    fim das contas a nossa o nosso objetivo
  • 00:34:45
    através do do cinismo da mentira é não
  • 00:34:47
    mexer nas estruturas eh Por que que
  • 00:34:50
    esses símbolos eles sempre reaparecem né
  • 00:34:53
    Desde da sei lá do século 1 18i em
  • 00:34:56
    vários momentos do país eh Sempre que há
  • 00:34:59
    uma contraofensiva do sistema para que
  • 00:35:02
    não se mexa Por que que ele vem junto
  • 00:35:05
    com a bandeira com um hino com a camisa
  • 00:35:07
    da seleção Claro não existia a camisa da
  • 00:35:09
    seleção no século XIX né mas assim eh eh
  • 00:35:12
    isso é um isso é eficaz em termos de
  • 00:35:15
    comunicação é esse é o objetivo é vem de
  • 00:35:17
    muito antes né ele vem ele vem
  • 00:35:21
    eh desde o século eh x essa apropriação
  • 00:35:26
    de símbolos nacionais é a criação a
  • 00:35:29
    criação primeiro você tem que pensar na
  • 00:35:30
    criação como é que se dá a criação disso
  • 00:35:33
    tá a criação disso se dá num num num
  • 00:35:37
    contexto né em que as descobertas são
  • 00:35:40
    inseridas num pensamento religioso de
  • 00:35:43
    tipo messiânico né e a ideia
  • 00:35:48
    ah a a descoberta do do novo mundo né é
  • 00:35:53
    a a realização de da Promessa da segunda
  • 00:35:58
    vinda de Cristo da segunda vinda de do
  • 00:36:01
    Messias né e eh Há um uma uma forte
  • 00:36:07
    elaboração messiânica em torno das
  • 00:36:10
    descobertas marítimas no nosso
  • 00:36:13
    caso não só
  • 00:36:16
    eh eh Colombo quando chega
  • 00:36:20
    eh chega às primeiras terras ele avista
  • 00:36:25
    um montanha
  • 00:36:29
    e ele tem certeza pelas descrições
  • 00:36:33
    eh do mundo messiânico ele ele escreve
  • 00:36:37
    pr pra rainha da Espanha que ele tinha
  • 00:36:41
    chegado à Nova
  • 00:36:44
    Jerusalém ele viu ele viu a Nova
  • 00:36:47
    Jerusalém e ele estava À Espera da
  • 00:36:49
    segunda vinda de Cristo então para
  • 00:36:52
    Colombo Colombo homem das técnicas para
  • 00:36:55
    fazer a descoberta
  • 00:36:57
    a o novo mundo para ele é o instante no
  • 00:37:01
    qual a segunda vinda de Cristo vai se
  • 00:37:03
    realizar ele tava pousando no tava Pous
  • 00:37:06
    página da Bíblia é isso é isso bom no
  • 00:37:09
    nosso caso há um instante
  • 00:37:12
    né que isso se se corporifica no nos
  • 00:37:17
    sermões do Padre Vieira o Padre Vieira é
  • 00:37:20
    um messiânico né tanto que ele vai ele
  • 00:37:24
    vai a Holanda se encontrar com os
  • 00:37:27
    rabinos ah eh sionistas que são todos eh
  • 00:37:33
    e messiânicos né estão esperando estão
  • 00:37:36
    esperando a vinda do Messias para voltar
  • 00:37:38
    a
  • 00:37:39
    Jerusalém Vieira vai se encontrar com
  • 00:37:41
    ele e vai se encontrar com um grupo
  • 00:37:44
    messiânico na Inglaterra que são os
  • 00:37:45
    quakers que vem para os Estados Unidos
  • 00:37:49
    para filadélphia com a ideia do Destino
  • 00:37:51
    Manifesto Foi Deus que nos mandou para
  • 00:37:53
    cá então todos eles estão convencidos de
  • 00:37:56
    que o novo mundo
  • 00:37:57
    é realmente a
  • 00:38:00
    redescoberta da de da Nova Jerusalém E
  • 00:38:05
    no caso no nosso caso começa um processo
  • 00:38:10
    ele se inicia com o Padre Vieira nos nos
  • 00:38:12
    sermões do Padre Vieira e ele vai
  • 00:38:15
    prosseguir com a ideia de que por que
  • 00:38:18
    que eu sei que esta é a terra prometida
  • 00:38:21
    né eu sei que ela é a terra prometida
  • 00:38:24
    porque ela não está submetida ao Os
  • 00:38:27
    horrores do clima
  • 00:38:29
    europeu aqui é uma
  • 00:38:33
    primavera perene Não não é é é um é um
  • 00:38:37
    um um lugar Como diz a carta do Peru
  • 00:38:40
    Vais em que plantando tudo dá é a terra
  • 00:38:45
    mais fértil existente é o lugar mais
  • 00:38:49
    Ameno que pode haver é o lugar onde
  • 00:38:52
    estão as os inocentes que são os
  • 00:38:55
    indígenas eles são inocentes não tem
  • 00:38:59
    pecado com esses elementos vai sendo
  • 00:39:02
    construído um mito a respeito do Brasil
  • 00:39:06
    né E esse mito é de que o Brasil é
  • 00:39:11
    grande pelo seu território pelas suas
  • 00:39:13
    florestas por natureza por natureza
  • 00:39:16
    gigante por natureza ele é é é o que tá
  • 00:39:19
    depois nacional é ele é gigante por
  • 00:39:22
    natureza e ele tem um céu onde
  • 00:39:28
    a graça Divina é total porque ele tem um
  • 00:39:30
    céu onde tem o
  • 00:39:33
    Cruzeiro então e ele e ele é uma
  • 00:39:36
    primavera
  • 00:39:38
    perene então o o o hino nacional nosso é
  • 00:39:43
    pura e simplesmente a reunião de todos
  • 00:39:46
    esses elementos que foram compondo o que
  • 00:39:50
    eu chamo de o mito do verde amarelismo
  • 00:39:53
    em que nós somos fundamentalmente
  • 00:39:56
    natureza
  • 00:39:57
    o Brasil é natureza é o sol que ele tem
  • 00:40:00
    é o céu que ele tem é é é a floresta que
  • 00:40:02
    ele tem são os rios que ele tem eh eh
  • 00:40:06
    ele não é pensado como um um um país
  • 00:40:11
    eh Urbano e e do mundo do mundo do
  • 00:40:16
    trabalho do mundo capitalista da
  • 00:40:18
    indústria ele não é assim que ele é
  • 00:40:19
    pensado ele é visualizado
  • 00:40:23
    mitologicamente como a natureza Perpétua
  • 00:40:27
    há o o o o há o poema do lav Bilac que
  • 00:40:30
    minha mãe me fazia recitar no dia 7 de
  • 00:40:33
    Setembro e que
  • 00:40:35
    é criança
  • 00:40:38
    né Ama com fé e orgulho a terra em que
  • 00:40:43
    nasceste criança não verás país nenhum
  • 00:40:47
    como este Olha que céu que mar que
  • 00:40:51
    Floresta a natureza que perpetuamente
  • 00:40:53
    infesta é um seio de mãe a distribuir
  • 00:40:58
    a gente foi educado
  • 00:41:00
    nisto então a bandeira brasileira é uma
  • 00:41:03
    bandeira mítica se você pega por exemplo
  • 00:41:06
    a bandeira da França uhum são as cores
  • 00:41:09
    da Revolução Francesa S né você pega a
  • 00:41:13
    nossa não tem não tem revolução nenhuma
  • 00:41:16
    não tem política nenhuma n sento
  • 00:41:18
    política é a natureza os próprios hinos
  • 00:41:19
    também né o hino da Itália onde eu viv
  • 00:41:21
    por muito tempo o hino detalhe é um hino
  • 00:41:23
    Eh que que remonta a Roma né É estamos
  • 00:41:27
    juntos em formato de guerra né o hino
  • 00:41:30
    brasileiro não ele vai para um outro
  • 00:41:32
    lado né um lado um lado realmente
  • 00:41:34
    Místico né Místico E então Eh cada vez
  • 00:41:37
    que que a que a direita considera que há
  • 00:41:42
    uma crise econômica uma crise política
  • 00:41:45
    uma crise financeira uma crise
  • 00:41:47
    ideológica ela
  • 00:41:49
    recupera o verde amarelismo porque ele é
  • 00:41:52
    um elemento de eh de unificação em todas
  • 00:41:57
    as classes né ele na hora que você canta
  • 00:42:00
    o in nacional é é disso que você tá
  • 00:42:02
    falando sim então e eh se embrulhar na
  • 00:42:06
    bandeira é é é é garantir que você é o
  • 00:42:12
    senhor do Brasil e que você é brasileiro
  • 00:42:15
    para valer e todo mundo que não tá nesse
  • 00:42:17
    grupo é contra o país é contra o Brasil
  • 00:42:19
    é contra o Brasil isso a gente viu na
  • 00:42:21
    votação do impitma da Dilma a gente viu
  • 00:42:23
    bom a gente viu até nas passeatas contra
  • 00:42:24
    o Color que er os caras pintados de
  • 00:42:27
    amarelo é então isso isso retorna né ISO
  • 00:42:29
    retorna periodicamente a grande
  • 00:42:32
    inspiração que os
  • 00:42:34
    messianism cristãos tem eh é a partir da
  • 00:42:39
    descrição que o profeta Isaías faz do da
  • 00:42:44
    Nova Jerusalém e ele diz ali vão correr
  • 00:42:49
    rios de leite e mel com o leito de
  • 00:42:54
    pedras preciosas e pérolas né então o o
  • 00:42:59
    cada um que chega cada um dos Navegantes
  • 00:43:01
    que chega diz encontrei a terra do
  • 00:43:05
    Profeta isaí a terra que o profeta
  • 00:43:07
    Isaías prometeu por isso eu tô chegando
  • 00:43:09
    na nova Jerusalém né Essa eh e há uma
  • 00:43:14
    série de elementos na na sobretudo no
  • 00:43:17
    antigo testamento que aparecem como
  • 00:43:21
    como fundamentos né dessa dessa
  • 00:43:25
    mitologia verde amarela né Tenho duas
  • 00:43:29
    perguntas pra gente caminhar pro final
  • 00:43:31
    primeira
  • 00:43:32
    delas a senhora falou que a esquerda ela
  • 00:43:35
    tinha a sua base pensante em relação ao
  • 00:43:38
    mundo conforme eh observava
  • 00:43:42
    né não não criava ideologicamente de
  • 00:43:44
    dentro para fora mas de fora para dentro
  • 00:43:46
    observava a materialidade das coisas e E
  • 00:43:48
    aí se adaptava a isso para fazer luta
  • 00:43:50
    política que era basicamente a luta de
  • 00:43:52
    classes você tinha as classes mais
  • 00:43:53
    definidas e hoje isso tá muito volúvel
  • 00:43:55
    eh
  • 00:43:58
    dá para enxergar um caminho para se
  • 00:44:00
    comunicar de novo e se reconectar com as
  • 00:44:02
    pessoas nesse mundo onde você já não tem
  • 00:44:04
    mais a classe trabalhadora o chão de
  • 00:44:06
    fábrica a direita parece que conseguiu
  • 00:44:09
    isso através do empreendedorismo do
  • 00:44:11
    Coach do Pablo Marçal do Empreendedor de
  • 00:44:13
    si mesmo da sua liberdade a a direita
  • 00:44:17
    conseguiu encaixar um discurso nesse
  • 00:44:19
    novo mundo do cinismo da fake News da
  • 00:44:21
    mentira do discurso de ódio a gente sabe
  • 00:44:25
    qual é o pacote se você tiver que entrar
  • 00:44:27
    num supermercado de ideias o da direita
  • 00:44:29
    ele é óbvio ele é evidente tá escrito na
  • 00:44:31
    caixa é fácil de você pegar ele eh o o
  • 00:44:34
    que que poderia ter no pacote da
  • 00:44:36
    esquerda não só no Brasil mas no mundo
  • 00:44:38
    todo já que esse pacote parece que tá
  • 00:44:40
    esvaziou né os ingredientes do passado
  • 00:44:43
    não funcionam mais para fazer a receita
  • 00:44:45
    pro futuro a senhora consegue enxergar
  • 00:44:48
    algum caminho para isso sim os
  • 00:44:49
    movimentos sociais são os movimentos
  • 00:44:51
    sociais lá embaixo lá embaixo são os
  • 00:44:54
    grandes movimentos sociais mas a
  • 00:44:55
    sindicato Associação de morador T tudo
  • 00:44:57
    tudo tudo tudo a questão a questão da
  • 00:45:00
    sexualidade grupo de mães tudo tudo são
  • 00:45:04
    mas não são só movimentos de
  • 00:45:08
    reivindicação são movimentos de
  • 00:45:10
    auto-organização social ligados à
  • 00:45:13
    reivindicação de direitos novos então Eh
  • 00:45:18
    eu penso que esse é o novo grande
  • 00:45:21
    sujeito político né o o sujeito político
  • 00:45:24
    são os grandes os movimentos
  • 00:45:27
    porque eles organizam populações
  • 00:45:29
    inteiras em torno de objetivos comuns e
  • 00:45:34
    em torno sobretudo de direitos né a
  • 00:45:37
    democracia eu digo sempre a democracia
  • 00:45:40
    não é o regime da lei da ordem com
  • 00:45:43
    eleições
  • 00:45:44
    periódicas a democracia é a expressão de
  • 00:45:47
    uma sociedade democrática Isto é a
  • 00:45:49
    democracia é criação garantia e
  • 00:45:52
    Conservação de direitos é isso
  • 00:45:54
    democracia Então os movimentos sociais
  • 00:45:57
    são por natureza Democráticos na medida
  • 00:46:00
    em que eles lutam por novos direitos por
  • 00:46:03
    reconhecimentos e garantias de direitos
  • 00:46:06
    então eu acho que eles são os os novos
  • 00:46:08
    protagonistas políticos sem a menor
  • 00:46:11
    dúvida mas há um problema e há um
  • 00:46:14
    problema que é um e é o problema
  • 00:46:17
    que que que me afeta que é o seguinte
  • 00:46:21
    você só faz eh política revolucionária
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    política de mudança
  • 00:46:27
    quando você tem certos universais como
  • 00:46:31
    referência aquilo que é comum a uma a um
  • 00:46:35
    a um a um grupo imenso a uma população
  • 00:46:40
    imensa um grupo imenso de pessoas que
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    conectaria esses grupos é isso desde o
  • 00:46:44
    do das Mães até o direito LGBT até tem
  • 00:46:48
    que ter algo que con que am faça am
  • 00:46:51
    dessas coisas todas e qual é o me isso
  • 00:46:53
    era o que antigamente era o trabalho era
  • 00:46:55
    era então é que está é que eu não tô
  • 00:46:59
    vendo surgir esse referencial e mais que
  • 00:47:03
    é que eu tô vendo os movimentos sociais
  • 00:47:06
    se transformando cada vez mais em
  • 00:47:07
    movimentos identitários emo portanto
  • 00:47:10
    fragmentando pela fragmentação é então
  • 00:47:14
    você tem os os os movimentos cada uma
  • 00:47:16
    cada uma das formas da sexualidade
  • 00:47:18
    depois você tem o o o movimento de cada
  • 00:47:21
    tipo de maternidade cada tipo de
  • 00:47:25
    paternidade ou seja em vez de você do do
  • 00:47:28
    Movimento dos movimentos serem o
  • 00:47:31
    unificador e a produção do Universal ao
  • 00:47:34
    se tornarem movimentos de defesa de
  • 00:47:36
    identidade né os movimentos contra o
  • 00:47:39
    racismo os movimentos contra o sexismo
  • 00:47:41
    né eles vão se tornando
  • 00:47:43
    fragmentados e eles não produzem essa
  • 00:47:47
    referência comum que é necessária para
  • 00:47:51
    fazer uma mudança política e e uma
  • 00:47:53
    mudança social ou seja essas lutas todas
  • 00:47:56
    que são importantes
  • 00:47:57
    só elas CONSEG
  • 00:47:59
    sear e elas estão indo no caminho
  • 00:48:02
    contrário elas estão se fragmentando E
  • 00:48:03
    por que que a direita consegue unir
  • 00:48:05
    essas pessoas por que a direita consegue
  • 00:48:07
    ter esse amálgama ah não é ela ela não
  • 00:48:09
    ela não produz o amálgama desses desses
  • 00:48:12
    movimentos o que ela produz é a junção
  • 00:48:16
    dos indivíduos a partir do discurso
  • 00:48:19
    religioso de tipo fundamentalista então
  • 00:48:22
    você não se você for para valer você vai
  • 00:48:25
    ver que não tem não tem conexão a
  • 00:48:28
    conexão é o o pastor é ele que faz a
  • 00:48:31
    conexão é ele que junta é a a não existe
  • 00:48:37
    uma comunidade
  • 00:48:39
    universalizada formada não tem não tem o
  • 00:48:43
    que você tem são as igrejas no plural os
  • 00:48:46
    pastores no plural aqui e ali um líder
  • 00:48:50
    né tipo Malafaia de ir Macedo Uhum mas o
  • 00:48:54
    o o ocor com elas O que ocorre nos
  • 00:48:59
    outros movimentos sociais que são os
  • 00:49:01
    movimentos identidad então você tem o
  • 00:49:04
    movimento eh o movimento
  • 00:49:08
    eh antirracista o movimento Ecológico o
  • 00:49:12
    movimento transgênico transgênero o
  • 00:49:15
    movimento esses movimentos depois se
  • 00:49:17
    dividem também né e é essa fragmentação
  • 00:49:21
    que me preocupa porque o que a gente
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    precisaria é a unificação disso em torno
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    de certas questões de certos temas que
  • 00:49:32
    são válidos para todos e que tem uma
  • 00:49:35
    dimensão de universalidade que é o único
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    jeito de recriar a política né Eu eu
  • 00:49:40
    acho perfeito pra gente fechar o Brasil
  • 00:49:43
    é uma democracia plena ou em algum
  • 00:49:46
    momento foi não nunca foi e não é nunca
  • 00:49:49
    foi e eh não é por hoje porque não é uma
  • 00:49:52
    democracia plena ele não é uma
  • 00:49:54
    democracia plena que nos falta porque
  • 00:49:57
    por enquanto a sociedade democrática não
  • 00:49:59
    existe no Brasil eu sempre digo nós não
  • 00:50:02
    podemos falar de uma política
  • 00:50:04
    democrática só de um estado democrático
  • 00:50:07
    a condição de uma política democrática e
  • 00:50:09
    de um estado democrático é uma sociedade
  • 00:50:12
    democrática e a sociedade brasileira é
  • 00:50:14
    uma sociedade
  • 00:50:16
    autoritária violenta hierárquica
  • 00:50:20
    discriminadora e
  • 00:50:22
    portanto a
  • 00:50:24
    condição para uma
  • 00:50:27
    democracia não existe no Brasil ainda
  • 00:50:30
    enquanto nós não formos uma sociedade
  • 00:50:34
    democrática nós não teremos uma política
  • 00:50:37
    verdadeiramente democrática e é isso que
  • 00:50:40
    nós não temos nós nós vivemos numa
  • 00:50:44
    sociedade
  • 00:50:46
    fortemente hierarquizada
  • 00:50:49
    dividida
  • 00:50:52
    segmentada movida por preconceitos
  • 00:50:57
    né E que que tem num Horizonte muito
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    distante a noção de de da importância
  • 00:51:04
    dos direitos né os direitos sociais os
  • 00:51:07
    direitos cívicos os direitos culturais
  • 00:51:10
    né aquilo que eu chama a cidadania
  • 00:51:12
    cultural não tem nada disso né então
  • 00:51:17
    você tem vamos
  • 00:51:19
    dizer
  • 00:51:21
    aspectos Democráticos na
  • 00:51:24
    política movimentos de democratização
  • 00:51:27
    que são os movimentos sociais na
  • 00:51:29
    sociedade mas você não tem a base a
  • 00:51:34
    condição de uma de uma democracia
  • 00:51:37
    verdadeira enquanto a nossa sociedade
  • 00:51:39
    for violenta e autoritária como ela
  • 00:51:43
    é eu não eu não sou pessimista eu tô na
  • 00:51:47
    luta né É porque eu vejo dessa maneira
  • 00:51:50
    que eu tô na luta então eu não tô
  • 00:51:52
    abdicando de lutar clo Claro mas é
  • 00:51:55
    preciso ter consciência de quem é o
  • 00:51:59
    adversário de como é como é que o
  • 00:52:01
    adversário tá montado como é que ele
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    como é que ele funciona pra gente poder
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    intervir e eu tô convidando todo mundo a
  • 00:52:10
    luta professora foi maravilhoso muito
  • 00:52:12
    obrigado obrigada uma das melhores
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    entrevistas que eu já fiz obrigada
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    agradeço de coração espero que a gente
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    possa se rever parabéns por tudo
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    obrigado segue dando aula o negócio
  • 00:52:22
    inacreditável
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    orientando gente aluno Parabéns Obrigada
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    Parabéns obrigado um abraço um abraço
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    para todo mundo gente obrigado para quem
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    nos acompanhou até aqui o meu muito
  • 00:52:34
    obrigado Lembrando que você pode ver
  • 00:52:35
    todos os programas na íntegra em uma
  • 00:52:37
    versão estendida com bate-papo completo
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    com os nossos convidados no aplicativo
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    TV brasil Play e também no nosso canal
  • 00:52:43
    do YouTube na semana que vem estaremos
  • 00:52:45
    de volta Um grande beijo tchau
  • 00:52:56
    h
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    [Música]
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