Caminhos da Reportagem | Pré-história brasileira: um tempo a ser descoberto

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https://www.youtube.com/watch?v=oIFCK2a9nfA

概要

TLDRO vídeo apresenta uma visão abrangente da pré-história do Brasil, destacando a evolução da vida desde os dinossauros até os primeiros humanos. Fósseis encontrados em diversas regiões, como o Rio Grande do Sul e a Chapada do Araripe, revelam a rica fauna que habitou o país. A pesquisa paleontológica é enfatizada, mostrando o trabalho de cientistas e voluntários na busca por vestígios de vida antiga. O vídeo também aborda a importância das pinturas rupestres e a presença humana, com ênfase em descobertas como o crânio de Luzia, que mudou a compreensão sobre a ocupação humana no Brasil. A relação entre dinossauros e aves é discutida, assim como a megafauna que habitou a região. O documentário conclui ressaltando a importância de estudar a pré-história para entender a evolução da vida e preparar-se para o futuro.

収穫

  • 🦖 Fósseis de dinossauros encontrados no Brasil revelam uma rica história.
  • 🔍 Peter Lund é considerado o pai da paleontologia brasileira.
  • 👣 Iconofósseis, como pegadas, ajudam a entender os hábitos antigos.
  • 🌍 A Chapada do Araripe é um patrimônio mundial da UNESCO.
  • 👩 Luzia é o crânio mais antigo encontrado nas Américas.
  • ⏳ A preservação de fósseis depende de soterramento rápido.
  • 🐦 Aves são descendentes diretas de dinossauros.
  • 🐘 A megafauna incluía mamíferos gigantes como a preguiça gigante.
  • 🌊 Os primeiros humanos podem ter chegado pelo estreito de Bering.
  • 🎨 Pinturas rupestres são vestígios importantes da vida pré-histórica.

タイムライン

  • 00:00:00 - 00:05:00

    Fósseis de dinossauros e grandes mamíferos, como o tigre dente de sabre, revelam a vida pré-histórica no Brasil. Os primeiros humanos surgiram há mais de 10.000 anos, deixando vestígios em grutas. A reportagem explora a evolução da vida na Terra, desde organismos simples até a era dos dinossauros, que dominaram por 150 milhões de anos, com registros fósseis concentrados no Rio Grande do Sul.

  • 00:05:00 - 00:10:00

    Os dinossauros surgiram há 240 milhões de anos, com os primeiros fósseis encontrados no Brasil datando de 1937. A região do Rio Grande do Sul é considerada um berçário para esses animais, com fósseis preservados devido ao soterramento rápido e acúmulo de sedimentos. O trabalho dos paleontólogos é desafiador, exigindo persistência e sorte na busca por fósseis.

  • 00:10:00 - 00:15:00

    A pesquisa paleontológica é um trabalho meticuloso que pode levar anos. A preparação de fósseis envolve quebrar rochas duras e limpar os ossos encontrados. Fósseis bem preservados são raros, e a identificação de espécies é feita através de características específicas dos ossos. A descoberta de um ovo de dinossauro no Brasil ilustra a importância do acaso na paleontologia.

  • 00:15:00 - 00:20:00

    A diversidade de dinossauros no Brasil é significativa, com registros de 23 a 27 espécies. Os dinossauros do Rio Grande do Sul viveram durante o período triássico, enquanto outros fósseis encontrados em diferentes regiões do Brasil datam do período cretáceo. A fauna variava de peixes a grandes herbívoros, refletindo as mudanças climáticas e geológicas ao longo do tempo.

  • 00:20:00 - 00:25:00

    Além dos ossos, pegadas e marcas deixadas por dinossauros, conhecidas como iconofósseis, fornecem informações sobre seus hábitos. A maior trilha de dinossauros do mundo foi encontrada na Paraíba, preservada em lama. A conservação dessas marcas é crucial para entender a vida pré-histórica e a diversidade de espécies que habitaram o Brasil.

  • 00:25:00 - 00:30:00

    A Chapada do Araripe é um importante sítio fossilífero, reconhecido pela UNESCO, com uma rica diversidade de fósseis, incluindo pterossauros. A exploração mineral na região representa um desafio para a preservação dos fósseis, que são considerados bens da União. O comércio ilegal de fósseis é um problema crescente, com quadrilhas atuando na extração e venda de fósseis valiosos.

  • 00:30:00 - 00:35:00

    Uberaba, em Minas Gerais, também é um importante local de fósseis, com descobertas de dinossauros datando de 80 a 66 milhões de anos. A cidade ganhou notoriedade com a descoberta de um titanossauro, um dos maiores dinossauros do Brasil. A relação entre aves e dinossauros é destacada, mostrando que os dinossauros não estão completamente extintos, pois suas linhagens continuam nas aves.

  • 00:35:00 - 00:40:00

    A extinção dos dinossauros ocorreu há 65 milhões de anos, possivelmente devido a um impacto de meteoro. A reportagem então salta para a presença humana no Brasil, com indícios de ocupação há 10.000 anos, quando os primeiros povos se estabeleceram em regiões ricas em recursos naturais, como água e alimentos.

  • 00:40:00 - 00:45:00

    A região de Lagoa Santa é significativa para a arqueologia brasileira, com vestígios de humanos primitivos encontrados em grutas. O dinamarquês Peter Lund foi pioneiro na exploração científica da área, descobrindo esqueletos e fósseis de grandes animais. Suas descobertas mudaram a compreensão da pré-história brasileira e contribuíram para a paleontologia.

  • 00:45:00 - 00:50:00

    As pinturas rupestres são uma forma de manifestação artística dos homens pré-históricos, com interpretações variadas. O Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, abriga uma grande quantidade de sítios arqueológicos com pinturas que retratam a vida cotidiana e rituais dos antigos habitantes. A preservação dessas obras é um desafio, mas elas oferecem uma visão única da história humana.

  • 00:50:00 - 00:55:32

    A pesquisa arqueológica continua a revelar novas informações sobre a presença humana no Brasil, com teorias sobre a chegada dos primeiros homens e a coexistência com a megafauna. A arqueóloga Nied Guidon propõe que os humanos chegaram ao Piauí pelo Oceano Atlântico, desafiando teorias tradicionais sobre a migração. A busca por evidências continua, com novas descobertas sendo feitas a cada escavação.

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ビデオQ&A

  • Quais fósseis foram encontrados no Brasil?

    Fósseis de dinossauros, tigres dente de sabre e preguiças gigantes.

  • Quem foi Peter Lund?

    Um dinamarquês que explorou grutas no Brasil e fez importantes descobertas arqueológicas.

  • O que são iconofósseis?

    Vestígios como pegadas que ajudam a entender os hábitos dos antigos habitantes.

  • Qual a importância da Chapada do Araripe?

    É um patrimônio mundial da UNESCO, rico em fósseis e vestígios da pré-história.

  • Quem foi Luzia?

    O crânio de uma mulher que viveu há mais de 11.500 anos, considerado o mais antigo das Américas.

  • Como os fósseis se preservam por milhões de anos?

    A preservação ocorre através do soterramento rápido e a substituição do material orgânico por rocha.

  • Qual a relação entre dinossauros e aves?

    As aves são descendentes diretas de dinossauros, que não foram completamente extintos.

  • O que é a megafauna?

    Mamíferos gigantes que viveram na América do Sul, como a preguiça gigante.

  • Como os primeiros humanos chegaram ao Brasil?

    Acredita-se que eles migraram através do estreito de Bering ou pelo Oceano Atlântico.

  • Qual a importância das pinturas rupestres?

    Elas são vestígios arqueológicos que revelam a vida e os rituais dos homens pré-históricos.

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    Escondidos embaixo de uma grossa camada
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    de terra, encontram-se inúmeros fósseis,
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    registros dos animais que povoaram nosso
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    território muito antes de qualquer outra
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    civilização. Há milhões de anos foram os
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    dinossauros que andaram por aqui e muito
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    tempo depois vieram grandes mamíferos
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    como o tigre dente de sabre e a preguiça
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    gigante, todos eles já extintos. Há mais
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    de 10.000 anos apareceram os primeiros
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    humanos que deixaram vestígios de sua
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    existência em grutas e nos dompistas de
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    como viviam em condições completamente
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    hostis. Objeto de estudo de
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    paleontólogos e arqueólogos. A vida na
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    pré-história é o tema do caminhos da
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    reportagem de
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    [Música]
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    hoje. Há mais de 3 bilhões de anos, a
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    vida dava os primeiros passos na Terra.
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    Nesse longo período, drásticas mudanças
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    climáticas, diferentes formações de
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    continentes e até mesmo interferências
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    do sistema solar promoveram a extinção e
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    o surgimento de espécies. O resultado
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    disso são as plantas e os animais que
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    encontramos hoje em nosso planeta.
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    Inicialmente com organismos muito
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    simples que habitavam só nos oceanos.
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    Pouco a pouco a vida foi se espalhando
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    pelos oceanos, depois saiu da água
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    salgada, passou paraa água doce, depois
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    saiu da água e começou a habitar a
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    terra. Os dinossauros só foram surgir há
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    cerca de 240 milhões de anos atrás. No
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    Brasil, os primeiros registros dessa
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    fauna estão concentrados no Rio Grande
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    do Sul e retratam uma época em que a
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    região era um ambiente seco e com
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    temperaturas médias pelo menos 10º acima
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    das atuais. O primeiro dinossauro
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    descrito no Brasil foi encontrado em
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    1937 no Rio Grande do Sul por um
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    paleontólogo chamado Ev Price, filho de
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    americanos, que veio, veio trabalhar no
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    Brasil. ele encontrou esse esqueleto. A
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    região central do Rio Grande do Sul
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    concentra alguns dos mais antigos
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    fósseis de dinossauro do mundo. E, por
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    isso mesmo, essa área é considerada um
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    possível bersário desses animais que
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    dominaram nosso planeta por cerca de 150
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    milhões de anos. Como os registros mais
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    antigos estão nas rochas aqui do Rio
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    Grande do Sul e da Argentina, a ideia é
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    de que eles surgiram aqui e daqui se
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    espalharam pro resto do planeta. Mas
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    como os vestígios de animais conseguem
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    ainda resistir por milhões de anos para
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    contar essa história? A pré-história, ao
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    longo do tempo geológico, ela não foi
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    registrada o tempo
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    todo. Ela ela era registrada nas regiões
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    onde havia o acúmulo de sedimento. É
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    como se esse calcário ele tivesse
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    funcionando como um cimento. Então você
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    imagina uma água repleta de calcário,
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    essa água ela penetra nos ossos e o
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    calcário ele precipita dentro do osso.
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    Então ele endurece dentro do osso. E
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    dessa forma você tem uma substituição ao
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    longo do tempo do material orgânico por
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    rocha. E talvez o o mais importante
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    disso tudo é o soterramento rápido, ou
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    seja, ele tem que ser coberto
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    rapidamente. Quanto mais rápido isso
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    acontecer, a as chances desse material
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    se preservar mais completo.
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    O mundo pré-histórico fascina gerações
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    há séculos. Os répteis gigantes fazem
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    parte da imaginação das crianças. Eu
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    acho que é interessante ver como a gente
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    não viveu com eles, mas como eles
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    evoluíram, mesmo sem a gente tá por
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    perto para ajudar eles a crescerem. Eu
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    gostei mais do dinossauro grande que tá
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    ali atrás, porque ele ele dá um pouco de
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    medo assim no começo, mas é só de gesso.
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    E a gente fica pensando o que que que a
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    gente faria se tivesse dinossauros nessa
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    época, né? A gente não estaria mais
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    vivo, né?
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    Quando esse fascínio se torna profissão,
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    a imaginação dá lugar a um ardo trabalho
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    de pesquisa e expedições em campo, o que
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    exige dos paleontólogos persistência,
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    mas também um pouco de sorte na busca
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    por vestígios de dinossauros, que se
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    trata de um passado distante, né? O
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    passado vem está envolvido e recheado
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    com mistérios, né? Era um outro mundo,
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    outros continentes, outro clima, era
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    outra terra. Isso desperta muito em
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    todos a a questão da descoberta, né, e
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    do também do desafio, compreender e
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    visitar esses lugares e e descobrir
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    esses lugares e esses animais e como
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    eles viviam, onde eles viviam, né? A
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    gente calcula que o dinossauro todo para
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    ser preparado, como a gente tem mais da
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    metade do esqueleto, sendo otimista
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    também com uma equipe aí de uns 10
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    alunos, vai demorar pelo menos 5 anos. A
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    rocha é muito dura, né? Tem muitos ossos
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    para para serem preparados e apesar de
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    ser esse trabalho de quebrar a rocha,
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    ele é delicado, né? Depois de localizar
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    o fóssil, é preciso levá-lo para o
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    laboratório, preparar, limpar e então
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    começar a analisá-lo para identificar o
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    que ele representa.
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    O normal é a gente encontrar só
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    peças isoladas, como essas aqui, né?
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    Encontrar assim um crânio bem preservado
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    é uma coisa
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    excepcional, né? Mas então, algumas
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    peças são bem características dos
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    animais. Por exemplo, se a gente
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    encontra esta peça aqui, já dá para, não
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    precisa nem ter nenhum pedaço do resto
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    do animal para saber o que que é. Você
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    consegue, com base nas relações de
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    parentesco do fóssil que você encontra,
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    inferir como ele seria, com alguns
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    alguns limites, né? Como seria esse
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    animal em vida.
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    Mesmo com todo o conhecimento científico
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    e o avanço tecnológico, muitas vezes
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    encontrar fósseis é também obra do
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    acaso. Um gaúcho nascido em Santa Maria
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    chamado então Leelenin Ivor Price. Ele
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    era paleontólogo do Departamento
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    Nacional de Produção Mineral. Ele veio a
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    Beraba para poder checar uma possível
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    ocorrência de fósseis na região. Quando
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    ele chegou no fim de semana, ele
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    encontrou os funcionários da ferrovia
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    Mogiana jogando Boscha e convidaram ele
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    para jogar a bocha. Ele aceitou. Quando
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    deram a bola da bocha para ele, ele
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    notou que era uma bola um pouco
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    desforme, não era muito bem esférica,
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    com umas características estranhas. E
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    checando, ele chegou à conclusão de que
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    era um ovo de dinossauro. Foi o primeiro
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    ovo de dinossauro da América Latina.
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    Várias descobertas científicas que
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    ajudam a esclarecer a pré-história
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    brasileira só foram possíveis graças à
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    dedicação de verdadeiros caçadores de
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    fósseis. O voluntário Belarmino
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    Stefanelo é um deles. Pra gente saber o
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    que está fazendo tem que conhecer, né?
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    Tem ver. Mas aqui é osso. Isso aqui não
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    é osso, né? Tem uma uma crosta que não é
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    osso por cima desse
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    material. Aí a gente vai retirando aos
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    pouquinhos.
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    um trabalho
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    como esse aqui, ó. Deixar esse aqui
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    limpo para um mês, dois meses.
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    Se eu trabalhar todo dia um pouquinho.
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    Com quase 70 anos de idade, o bancário
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    aposentado continua se aventurando em
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    barrancos atrás de vestígios deixados
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    pelos animais que habitavam a região
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    central do Rio Grande do Sul há mais de
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    200 milhões de anos. A experiência de
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    mais de 40 anos na atividade é visível a
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    cada expedição, quando seus olhos
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    treinados não demoram muito para
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    encontrar os fósseis. Começar a escavar
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    para retirar o resto da costela.
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    Agora nós temos
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    aqui o o aquele material que nós já
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    coletamos aqui, que faz parte aqui da,
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    né, dessa costela que já que ainda está
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    ali. Seria isso
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    aqui
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    assim. E aqui, então aqui
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    seria a ponta da costela.
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    E o restante está dentro da rocha ainda.
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    Ao longo das eras e períodos geológicos,
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    o território que hoje chamamos de Brasil
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    já foi coberto com geleiras, desertos,
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    mares e passou por vulcanismos que
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    resultaram em uma diversificada fauna ao
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    longo de centenas de milhões de anos. No
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    final do triácico de sinodontes
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    rincossauros e sinodontes herbívoros
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    desapareceram, deixando a terra livre
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    para que dinossauros se multiplicassem e
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    ocupassem cada vez mais espaço.
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    Dinossauros brasileiros mesmos são os
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    dinossauros que foram encontrados em em
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    nosso no nosso território, né? Olha,
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    esse número
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    varia, eu diria que em torno de 23 e 27
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    espécies são conhecidas.
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    Os dinossauros registrados até o momento
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    no Brasil estavam distribuídos por
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    vários pontos do território. As cinco
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    espécies que habitaram o Rio Grande do
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    Sul viveram no período triáco, o mais
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    quente e seco da história, quando todos
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    os continentes estavam unidos na
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    Pangéia. Os animais encontrados na
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    Chapada do Araripe são do período
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    cretácio, quando os continentes já
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    estavam separados e ocupados por uma
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    rica fauna de peixes, tartarugas,
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    crocodilos e piterossauros.
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    No Maranhão, dois gigantes herbívoros
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    também viveram durante o cretácio,
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    período do auge e da extinção dos
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    dinossauros. Já na região que hoje reúne
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    Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Mato
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    Grosso do Sul e Mato Grosso, andavam os
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    dinossauros mais recentes de escritos no
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    país do final do período cretácio. A
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    maior parte deles composta por grandes
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    quadrúpedes herbívoros.
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    Além dos ossos, a ciência conta com
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    outros vestígios para contar a
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    pré-história. Pegadas e marcas, os
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    chamados iconofósseis, são ricas fontes
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    de informação sobre os hábitos dos
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    antigos habitantes do nosso território.
  • 00:10:54
    Há 110 milhões de anos, passava por aqui
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    o Iguanodonte. O dinossauro de 4
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    toneladas deixou em Souza, no interior
  • 00:11:01
    da Paraíba, a maior trilha de
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    dinossauros em linha reta do mundo com
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    43 pegadas. Isso era um pântano alarado
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    e na época que eles passaram era lama.
  • 00:11:12
    Então pisou a o material do solo, argila
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    com lama e ajudou para que preservasse.
  • 00:11:20
    Com o tempo pedrificou, fossilizou,
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    demorava a chover naquela época ajudou
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    mais ainda a preservação.
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    A preservação desse patrimônio contou
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    com a ajuda de outro caçador de fósseis.
  • 00:11:32
    Robson chegou na região em
  • 00:11:35
    1975 para guiar o paleontólogo italiano
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    Giuseppe Leonard. Ainda hoje, 40 anos
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    depois, Robson continua dedicando seus
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    dias à conservação do
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    local. Robson lembra que as pegadas
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    foram descobertas por seu pai, que no
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    início pensava serem rastros de emas e
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    bois. Passaram-se anos até a
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    identificação dos animais que as
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    deixaram. A partir daí começou a ser
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    conhecido como pegadas dinossaurrios.
  • 00:12:05
    O artista e poeta continua percorrendo o
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    leito do rio e nos guiou na busca por
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    outras marcas deixadas por dinossauros.
  • 00:12:13
    Tá aqui foi descoberto há pouco tempo
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    todos os carnívoros aqui. Todos
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    carnívoros e pequenos, animais pequenos.
  • 00:12:19
    Isso é o próprio rio que vai descobrindo
  • 00:12:22
    as primeiras, né? Depois de descobrir as
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    primeiras, a gente já vai vendo a
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    sequência. Se a gente só pode dizer que
  • 00:12:27
    é uma pegada depois de descobrir, por
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    exemplo, essa daqui, essa daqui e essa
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    dali são três. Se você duas até aí não
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    dá para provar.
  • 00:12:39
    E o Nordeste brasileiro ainda reserva
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    outro importante capítulo da
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    pré-história, a chapada do Araripe.
  • 00:12:45
    Reconhecido pela UNESCO como patrimônio
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    mundial, o Geoparque Araripe é reduto de
  • 00:12:49
    uma das mais diversificadas faunas
  • 00:12:52
    fossilizadas do mundo. Cada fóssil é uma
  • 00:12:56
    letra na no livro da vida. Algumas
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    bacias fossilíferas no mundo, elas se
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    comportam, como se diz, elas têm mais ou
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    menos o caráter de uma página do livro.
  • 00:13:09
    Eu digo que a bacia do Araripe, ela é um
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    capítulo desse livro da vida. Arari é um
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    lugar monumental. Você tem na formação
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    Crato, que representa o ambiente de um
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    lago de água doce. Você tem sapos, você
  • 00:13:22
    tem insetos, você tem escorpiões, você
  • 00:13:25
    tem aníos, outros aracníes como aranhas,
  • 00:13:27
    você tem alguns pequenos peixes do
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    gênero da Tilby, você tem alguns
  • 00:13:32
    perossauros que nem o Tupandrus, que tem
  • 00:13:34
    uma crista enorme feita com tecido mole,
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    enfim, você tem toda uma fauna bem eh
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    característica de um ambiente de de água
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    doce. Já na formação Romualdo, aí você
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    que foi formada há 110 milhões de anos
  • 00:13:47
    atrás, você tem dezenas, centenas,
  • 00:13:51
    milhares de peixes fósseis, peixes que
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    representam animais que podiam viver em
  • 00:13:56
    águas salgadas. Você tem
  • 00:13:59
    desdecantídeos, tubarões e outras formas
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    afim, sem contar com dinossauros,
  • 00:14:05
    teossauros e outros vertebrados.
  • 00:14:08
    No Brasil, até agora, foram
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    identificadas 26 espécies de
  • 00:14:12
    piterossauros. Muitas pessoas às vezes
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    confundem os piterossauros com
  • 00:14:16
    dinossauros, masterossauros e
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    dinossauros são grupos totalmente
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    diferentes. Eles têm um ancestral
  • 00:14:22
    recente, mais comum. O que que significa
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    dizer? Que eles compartilharam
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    ancestral, mas depois cada um seguiu o
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    seu caminho evolutivo diferente.
  • 00:14:31
    Enquanto que os dinossauros ficaram em
  • 00:14:33
    terra firme, conquistaram praticamente
  • 00:14:35
    todos os ambientes terrestres. Os
  • 00:14:37
    perossauros alçaram o voo, ou seja, eles
  • 00:14:40
    aprenderam a
  • 00:14:44
    voar. A Chapada do Araripe, essa região
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    na fronteira dos estados do Ceará,
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    Pernambuco e Piauí, concentra um dos
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    mais valiosos registros da pré-história
  • 00:14:54
    brasileira. Alguns dos maiores e mais
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    bem preservados fósseis de piterossauros
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    do mundo foram encontrados aqui. Somente
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    na área do Geoparque Arari foram
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    catalogadas 23 espécies desse répti
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    voador que dominava esses ares. Ele
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    tinha mais ou menos 8,5 m de envergadura
  • 00:15:12
    de asa e mostra que aqui tanto tinha
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    animais pequenos, talvez de 1 m de
  • 00:15:18
    envergadura de asa, 1,5 m de envergadura
  • 00:15:20
    de asa, até esses gigantes que eram
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    verdadeiros, era máquinas de voar, era
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    uma coisa de passar e fazer sombra sobre
  • 00:15:29
    o que tava embaixo. As rochas de
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    calcário típicas do Araripe criam uma
  • 00:15:34
    condição propícia para a conservação dos
  • 00:15:37
    fósseis. Mas a exploração do mineral é
  • 00:15:39
    uma das principais atividades econômicas
  • 00:15:41
    da região. Conciliar a produção sem
  • 00:15:44
    comprometer o patrimônio é um dos
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    maiores desafios da comunidade local.
  • 00:15:48
    Essas rochas exploradas têm fósseis,
  • 00:15:51
    então deveria haver um monitoramento
  • 00:15:52
    nessas frentes de lava para que fósseis
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    importantes não fossem destruídos ou
  • 00:15:56
    mesmo comercializados.
  • 00:15:58
    A grande quantidade de fósseis e a
  • 00:16:00
    qualidade da preservação também ajudam a
  • 00:16:03
    explicar porque a Chapada do Araripe é
  • 00:16:05
    uma das regiões que mais sofrem com um
  • 00:16:07
    sério problema, o comércio ilegal de
  • 00:16:10
    fósseis. Hoje você já tem praticamente e
  • 00:16:13
    eh quadrilhas eh que trabalham para
  • 00:16:16
    empresas, né, empresas assediadas no
  • 00:16:18
    estrangeiro, onde realmente eh vem aqui,
  • 00:16:21
    captam esses fósseis, né, na região. Em
  • 00:16:23
    regra, esses fósseis vão até São Paulo
  • 00:16:25
    de caminhão e de lá são exportados. Quem
  • 00:16:27
    é pego no flagrante explorando um
  • 00:16:31
    depósito fossilífero sem a autorização
  • 00:16:33
    do poder público, ele pode ser
  • 00:16:35
    enquadrado como usurpador de bem da
  • 00:16:37
    União, porque os fósseis são bens da
  • 00:16:39
    União. E isso daí, segundo a nossa
  • 00:16:42
    legislação, pode dar um pode dar um uma
  • 00:16:45
    pena de 1 a 5 anos de detenção mais
  • 00:16:48
    multa. Mas a Chapada do Araripe disputa
  • 00:16:51
    o título de terra dos dinossauros com
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    uma cidade de Minas Gerais. Aqui em
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    Beraba a gente tem fósseis do de
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    dinossauros datando por volta de entre
  • 00:17:00
    80 e 66 milhões de anos atrás. O correem
  • 00:17:04
    em todo o subsolo da cidade de Uberaba,
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    principalmente dentro da malha urbana.
  • 00:17:09
    Então, várias escavações que são feitas
  • 00:17:11
    para construções lá acabam ah alcançando
  • 00:17:14
    essas rochas e por vezes acabam
  • 00:17:16
    encontrando fósseis. A fama da cidade
  • 00:17:19
    foi confirmada no início de 2015, quando
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    paleontólogos encontraram fósseis de um
  • 00:17:24
    titanossauro que pode alcançar 24 m. Ele
  • 00:17:28
    seria o maior dinossauro encontrado no
  • 00:17:33
    Brasil. O que poucos sabem é que nós,
  • 00:17:36
    humanos, ainda convivemos com
  • 00:17:38
    dinossauros, mas de uma linhagem bem
  • 00:17:40
    menos assustadora. As naves, elas por
  • 00:17:43
    muito tempo elas foram colocadas como
  • 00:17:45
    sendo uma um grupo à parte. depois como
  • 00:17:48
    sendo descendente dos dinossauros e hoje
  • 00:17:49
    a gente já inclui tudo dentro, não é?
  • 00:17:51
    Então as os dinossauros não foram
  • 00:17:53
    extintos no final do mesozóico. Uma
  • 00:17:54
    linhagem que justamente a das aves
  • 00:17:57
    continua, então vem até o recente. Então
  • 00:17:59
    de certa forma se a gente for pensar
  • 00:18:02
    friamente a gente continua na idade dos
  • 00:18:04
    dinossauros, porque são os vertebrados
  • 00:18:06
    terrestres mais abundantes que a gente
  • 00:18:07
    tem. O domínio dos dinossauros na Terra
  • 00:18:10
    acabou há 65 milhões de anos. Até hoje,
  • 00:18:14
    a teoria mais aceita para explicar essa
  • 00:18:16
    extinção em massa é de que o planeta
  • 00:18:18
    tenha sido atingido por um meteoro com
  • 00:18:20
    diâmetro de 10 a 15 km que caiu na
  • 00:18:24
    região da península de Yucatã, no
  • 00:18:26
    México. A nuvem de poeira que sempre é é
  • 00:18:29
    muito levantada, que acaba ficando por
  • 00:18:31
    vários anos na atmosfera, dificultando a
  • 00:18:34
    entrada de luz e por consequência a
  • 00:18:36
    fotossíntese das plantas e por aí você
  • 00:18:38
    tem uma série de
  • 00:18:40
    colapsos em termos ecológicos. E no
  • 00:18:43
    próximo bloco, Caminhos da Reportagem,
  • 00:18:44
    vai dar um salto de 65 milhões de anos
  • 00:18:47
    para mostrar os primeiros indícios da
  • 00:18:49
    presença do homem aqui no Brasil.
  • 00:19:04
    [Música]
  • 00:19:11
    O que você pode ver nesta imagem? Uma
  • 00:19:14
    grande lagoa, diversos animais, árvores
  • 00:19:17
    ao redor. Há milhares de anos, em torno
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    deste manancial havia vida, muita vida.
  • 00:19:23
    Hoje a seca chegou ao Parque Estadual do
  • 00:19:26
    Sumidouro, no município Mineiro de Lagoa
  • 00:19:29
    Santa. Nem sempre foi assim. O
  • 00:19:32
    arqueólogo tem que que estudar as
  • 00:19:35
    variações climáticas e de vegetação do
  • 00:19:38
    passado para saber qual erá o o o
  • 00:19:41
    ambiente em cada período da
  • 00:19:43
    pré-história, porque mudou. 10.000 anos
  • 00:19:46
    atrás, a temperatura nas áreas que hoje
  • 00:19:48
    compõe o território brasileiro era até
  • 00:19:50
    6º mais fria que a atual. Os primeiros
  • 00:19:54
    povos procuravam se alojar em locais
  • 00:19:56
    onde encontravam água e alimentos com
  • 00:19:59
    mais facilidade. É um lugar que muito
  • 00:20:02
    favorável para se viver e por que não
  • 00:20:05
    para escolher para morrer.
  • 00:20:07
    Na região de Lagoa Santa viveram e
  • 00:20:09
    morreram muitos desses homens primitivos
  • 00:20:13
    e graças ao fato de que já faziam
  • 00:20:14
    rituais de enterro, foi possível achar
  • 00:20:17
    vários ossos dos primeiros habitantes do
  • 00:20:20
    Brasil. A região de Lagoa Santa, ela é
  • 00:20:23
    muito especial nesse sentido. Ela foi
  • 00:20:26
    densamente eh ocupada pelos
  • 00:20:30
    palhaoamericanos, né, entre 11.000 e
  • 00:20:34
    7.000 anos atrás. Segundo, que é uma
  • 00:20:38
    região calcária com muitos abrigos e
  • 00:20:41
    grutas. E terceiro, paraa nossa sorte,
  • 00:20:44
    né, os grupos que ocuparam Lagoa Santa,
  • 00:20:47
    eles tinham por hábito enterrar os seus
  • 00:20:50
    mortos dentro das grutas e dos abrigos.
  • 00:20:54
    Para povos que viveram há milhares de
  • 00:20:56
    anos, a descoberta de seus ossos é
  • 00:20:58
    relativamente recente. Foi somente no
  • 00:21:01
    século X que as grutas e cavernas da
  • 00:21:04
    região começaram a ser exploradas com
  • 00:21:06
    intuito científico por um dinamarquês, o
  • 00:21:10
    botânico Peter William Lund.
  • 00:21:13
    região se tornou o berço da arqueologia
  • 00:21:16
    brasileira, da paleontologia brasileira
  • 00:21:18
    e até da espelologia brasileira, através
  • 00:21:21
    do Lund, né, que foi o pioneiro. Lund
  • 00:21:24
    ficou célebre por trabalhar dentro das
  • 00:21:27
    grutas. Hoje ainda é possível percorrer
  • 00:21:29
    a mesma trilha que o dinamarquês fez
  • 00:21:31
    para chegar a chamada Toca do Lunde, uma
  • 00:21:34
    das atrações do Parque do Sumidor. Em
  • 00:21:37
    1843, numa época em que a Alagoa também
  • 00:21:40
    estava vazia, ele encontrou um
  • 00:21:42
    verdadeiro baú de ossos, tão de 30
  • 00:21:45
    esqueletos do chamado Homem de Lagoa
  • 00:21:48
    Santa, porque ele via que aquela
  • 00:21:50
    morfologia era bem diferente. Lund não
  • 00:21:52
    descobriu apenas vestígios de humanos.
  • 00:21:55
    Dentro das mais de 200 cavernas que
  • 00:21:57
    explorou entre 1835 e
  • 00:22:01
    1844, encontrou também fósseis de
  • 00:22:04
    grandes animais.
  • 00:22:08
    Quando Lund veio ao Brasil e começou a
  • 00:22:11
    investigar as cavernas, havia essa ideia
  • 00:22:14
    geral na comunidade científica de que
  • 00:22:16
    houve tsunamis em massa que eliminaram
  • 00:22:19
    as criaturas
  • 00:22:25
    viventes. E então Deus fez novas
  • 00:22:28
    criaturas. A explicação era de que Deus
  • 00:22:31
    estava bravo com a forma de vida
  • 00:22:33
    selvagem e apagou tudo e colocou novos
  • 00:22:36
    animais.
  • 00:22:37
    Essa era a maneira geral de pensar
  • 00:22:38
    naquela
  • 00:22:40
    época. Ele também encontra ossos humanos
  • 00:22:42
    e pensa: "Os homens ainda estão por aqui
  • 00:22:45
    com certeza." E os ossos estavam entre
  • 00:22:48
    ossos de imensas preguiças que
  • 00:22:51
    definitivamente não existem
  • 00:22:54
    mais. Isso dá início a uma mudança de
  • 00:22:57
    paradigma na cabeça de Lundi. Ele começa
  • 00:23:00
    a pensar sobre essa ideia de tempestades
  • 00:23:02
    e massa que acabou com tudo, que ela não
  • 00:23:04
    é verdadeira.
  • 00:23:10
    Naquele tempo ainda não havia como datar
  • 00:23:12
    com precisão a que época pertenciam
  • 00:23:14
    esses ossos, nem no Brasil, nem na
  • 00:23:17
    Europa. Mesmo assim, Lund mandou caixas
  • 00:23:20
    e mais caixas com suas descobertas para
  • 00:23:22
    Dinamarca, uma forma de pelo menos
  • 00:23:25
    preservar o acerto. Naquela época você
  • 00:23:29
    mandava quase tudo para fora. e colocou
  • 00:23:32
    o mapa do Brasil dentro de uma nova
  • 00:23:35
    ciência da paleontologia, mandou em
  • 00:23:37
    volta de 10.000 peças. Evidências dos
  • 00:23:40
    vários animais pré-históricos, crânios
  • 00:23:42
    dos primeiros brasileiros. Tudo está
  • 00:23:44
    guardado há mais de 150 anos no Museu
  • 00:23:48
    Zoológico de
  • 00:23:50
    Copenhague. Essas descobertas são únicas
  • 00:23:52
    e raras e é muito raro ter quase 50
  • 00:23:55
    delas num só lugar. Uma das espécies é o
  • 00:23:58
    tigre dente de sabre. O grande tigre
  • 00:24:01
    dente de sabre sul-americano. Foi Lunde,
  • 00:24:04
    que descobriu o primeiro dente desse
  • 00:24:05
    tigre. Ninguém tinha visto um antes. Ele
  • 00:24:08
    foi o primeiro a descrevê-lo. Então,
  • 00:24:11
    temos muitas pessoas que querem ver
  • 00:24:13
    essas peças. O pai da paleontologia
  • 00:24:16
    brasileira morreu em 1880 na própria
  • 00:24:19
    cidade de Lagoa Santa. Atendendo a seu
  • 00:24:22
    desejo, a casa onde vivia virou uma
  • 00:24:24
    escola. O que se perderam, né? Foram
  • 00:24:26
    seus livros.
  • 00:24:27
    eh, que foram transformados em fogos de
  • 00:24:30
    artifício. Eu não sei até que ponto o
  • 00:24:32
    que que é verdade nisso, o que que é
  • 00:24:36
    exagero, mas realmente as coisas
  • 00:24:39
    pessoais do Lunde, a maioria se perdeu.
  • 00:24:42
    O espanhol Castor Cartell desempenha
  • 00:24:44
    hoje uma função muito semelhante a de
  • 00:24:46
    Peter Lund. É um verdadeiro colecionador
  • 00:24:50
    de ossos.
  • 00:24:52
    Tudo, vamos dizer
  • 00:24:55
    assim, bem
  • 00:24:57
    guardado, com
  • 00:24:59
    esponja, tudo já fichado. Fazer um teste
  • 00:25:03
    aleatório. Que que eu vou encontrar
  • 00:25:04
    aqui? Vamos lá.
  • 00:25:05
    Letra C, letra do meu nome. Você
  • 00:25:08
    encontrou dentes de xeno rinotério.
  • 00:25:10
    Xenoinotério.
  • 00:25:13
    Claro que cabe uma explicação. O
  • 00:25:15
    xenorinotério era uma espécie de camelo
  • 00:25:18
    com 2 m de altura, uma tromba bem curta
  • 00:25:22
    que vivia na Bahia. Se para nós
  • 00:25:25
    xenorinotério é quase um palavrão, para
  • 00:25:27
    Cartele é mais um animal do período
  • 00:25:31
    pleistocênico. Período que, professor? O
  • 00:25:34
    que que é um período? Nós pegamos o
  • 00:25:36
    tempo todo da história da vida e vai
  • 00:25:39
    fazendo fatias de milhões de anos. A
  • 00:25:42
    penúltima fatia, porque a última é a dos
  • 00:25:45
    tempos modernos, chama-se
  • 00:25:48
    pleistoceno. E os últimos anos do
  • 00:25:50
    pleistoceno é o que nos interessa aqui
  • 00:25:52
    no Brasil, de uns 35, 40.000 até 10.000.
  • 00:25:57
    Nos milênios finais deste período, os
  • 00:25:59
    campos encerrados brasileiros estavam
  • 00:26:02
    repletos de animais. As diversas ossadas
  • 00:26:04
    encontradas em vários pontos do país nos
  • 00:26:07
    dão a certeza de que vivia por aqui uma
  • 00:26:10
    mega fauna. O que que era mega fauna?
  • 00:26:13
    Era mamíferos gigantes que viveram por
  • 00:26:15
    aqui entre 30.000 a 10.000 anos atrás,
  • 00:26:18
    incluindo a preguiça gigante, que era o
  • 00:26:20
    animal mais comum. De uma delas
  • 00:26:22
    encontramos o úmero, o rádio e o
  • 00:26:24
    cúbitos. Os tão pesados que podem chegar
  • 00:26:27
    cada um deles a ter 10 kg. Eu sempre
  • 00:26:32
    tive uma atração especial por estes
  • 00:26:34
    animais que nos precederam e conviveram
  • 00:26:37
    conosco. Então, como é que era esse
  • 00:26:39
    mundo, como é que era esse Brasil? O
  • 00:26:42
    mamífero maior da da América do Sul
  • 00:26:45
    toda, atualmente é anta. Uhum. Pelo
  • 00:26:48
    menos teve 10 animais mais pesados da
  • 00:26:51
    anta neste período. O mais célebre, o
  • 00:26:55
    mais comum é a preguiça gigante do
  • 00:26:57
    género comentava a quatro patas, mas
  • 00:27:01
    poderia levantar-se por alcançar as
  • 00:27:04
    folhas das árvores mais altas a altura
  • 00:27:07
    de pelo menos 4,5 m. Quando a gente
  • 00:27:12
    começou, tinha no Brasil conhecidas eh
  • 00:27:15
    cinco, seis, hoje conhecemos 11, não é?
  • 00:27:20
    Então
  • 00:27:21
    aumentou muito eh o universo das
  • 00:27:25
    preguiças terrícolas. milhares de
  • 00:27:28
    preguiças inofensivas ao homem
  • 00:27:30
    pré-histórico. Alguns pesquisadores
  • 00:27:31
    acham que eles caçaram, outros acham que
  • 00:27:33
    eles utilizavam os recursos da das
  • 00:27:35
    carcaças para pr pra sua subsistência,
  • 00:27:38
    mas certamente conviveram. As preguiças
  • 00:27:41
    gigantes, como eremotérium, elas devem
  • 00:27:42
    ter vivido até por volta de 8.000 anos.
  • 00:27:45
    A população humana aqui no continente
  • 00:27:47
    sul-americano, ela vende pelo menos os
  • 00:27:49
    últimos 12.000 anos.
  • 00:27:52
    Esses animais então são facilmente
  • 00:27:55
    visíveis. O homem devia se defender, se
  • 00:27:57
    esconder. Por isso que a gente encontra
  • 00:27:59
    tantos vestígios dentro de cavernas, dos
  • 00:28:02
    abrigos, locais aonde a essa megafa não
  • 00:28:05
    poderia chegar, não é? Eles sabiam como
  • 00:28:08
    se proteger e se proteger dos animais,
  • 00:28:11
    como os animais sabiam como se proteger
  • 00:28:12
    deles, porque eles caçavam também, não
  • 00:28:15
    é? Para o professor Cartelli, eles
  • 00:28:17
    podiam até caçar pequenos animais, mas
  • 00:28:19
    jamais atacariam um mamífero gigante.
  • 00:28:22
    Pode haver mais, mas nos 200 mais de
  • 00:28:25
    200.000 peças que eu
  • 00:28:27
    vi, só vi uma com evidentes amostras de
  • 00:28:33
    atividade humana. Não é possível isso.
  • 00:28:37
    Aqui está. Repara, isto é um número.
  • 00:28:42
    Olha aqui. Pim, pim, pim. Pim. Pim. Aqui
  • 00:28:47
    prende-se um
  • 00:28:49
    tendão. Esse tendão foi cortado para
  • 00:28:52
    tirar a carne. Com o fim do período
  • 00:28:55
    pleocênico, há 10.000 anos, esses
  • 00:28:58
    animais começaram a ser extinos. Era o
  • 00:29:01
    fim dos gliptodontes, das macroquênias,
  • 00:29:03
    dos xenorrinotérios, dos mastodontes,
  • 00:29:06
    dos tigres dentes de sabre e das
  • 00:29:08
    preguiça gigante. Houve um momento de
  • 00:29:11
    frio tão intenso que o território
  • 00:29:15
    intertropical, né, vamos colocar
  • 00:29:17
    Nordeste, Minas Gerais, etc., É, o Mato
  • 00:29:21
    Grosso funcionou como uma região de
  • 00:29:24
    refúgio de animais que foram tirando o
  • 00:29:28
    time da região deles que era muito frio.
  • 00:29:31
    Eu
  • 00:29:32
    nasci há 10 anos. 10.000 anos parece
  • 00:29:36
    muito tempo, mas é até pouco para
  • 00:29:38
    explicar a evolução da humanidade. O
  • 00:29:41
    Homo Sapiens, que é a mesma espécie a
  • 00:29:43
    qual todos nós pertencemos, surgiu num
  • 00:29:45
    período bem mais remoto. Quase todas as
  • 00:29:48
    grandes
  • 00:29:49
    inovações na evolução
  • 00:29:53
    humana, desde 7 milhões de anos atrás,
  • 00:29:57
    elas ocorreram na África.
  • 00:29:59
    No caso, no caso específico da nossa
  • 00:30:02
    espécie, nós aparecemos, nós surgimos
  • 00:30:05
    ali na região da Etiópia por volta de
  • 00:30:08
    200.000 anos atrás, mas entre 200.000
  • 00:30:12
    anos e 50.000 anos, né, nossa espécie
  • 00:30:16
    ficou restrita ao continente africano.
  • 00:30:19
    Todos os homens são descendentes, pelo
  • 00:30:23
    que se sabe hoje, né, de populações
  • 00:30:27
    africanas.
  • 00:30:28
    E sabe qual a forma como o Homo Sapiens
  • 00:30:30
    se espalhou? Caminhando passo a passo,
  • 00:30:34
    caminhada ou beando o litoral com alguma
  • 00:30:40
    embarcação. Naqu uns 50.000 anos atrás,
  • 00:30:44
    a gente sabe que certos grupos já tinham
  • 00:30:46
    embarcações, tanto que chegaram na
  • 00:30:48
    Austrália. Então, o homem moderno só vai
  • 00:30:51
    sair da África e colonizar eh todo o
  • 00:30:56
    planeta por volta de 50.000 anos. E foi
  • 00:30:59
    muito rápido também. Por exemplo, ele
  • 00:31:01
    chega na Austrália por volta de
  • 00:31:04
    45.000, ele chega noite médio também por
  • 00:31:07
    volta de
  • 00:31:08
    45.000, né? E ele chega na América por
  • 00:31:12
    volta aí dos 12.000 12.500 anos.
  • 00:31:16
    No ápice da última era do gelo, há
  • 00:31:18
    18.000 anos, o nível dos oceanos era
  • 00:31:21
    cerca de 120 m mais baixo. Grandes
  • 00:31:25
    quantidades de água viraram geleiras que
  • 00:31:27
    cobriam boa parte da América do Norte,
  • 00:31:29
    Europa e Ásia. O estreito de Bering, que
  • 00:31:33
    separa a Sibéria na Rússia do Alaska nos
  • 00:31:35
    Estados Unidos, ficou acima do nível do
  • 00:31:37
    mar. Levas de Homo sapiens atravessaram
  • 00:31:40
    essa ponte de terra de aproximadamente
  • 00:31:43
    85 km e povoaram o continente americano.
  • 00:31:48
    A ideia é que essas populações devem ter
  • 00:31:51
    entrado lá pelo estreito de
  • 00:31:54
    Beringa por volta de uns 13
  • 00:31:57
    14.000. Então a expansão parece que foi
  • 00:32:00
    bastante rápida. As datações mais
  • 00:32:03
    antigas no Brasil estão mais ou menos
  • 00:32:05
    por volta de 12.000 anos. O homem não
  • 00:32:08
    veio por uma linha reta ou um seguindo
  • 00:32:10
    um único caminho, não é? Ele veio por
  • 00:32:13
    vários caminhos e isso a arqueologia
  • 00:32:16
    pode ajudar a entender. Em 1975,
  • 00:32:20
    arqueólogos brasileiros como Walter
  • 00:32:22
    Neves e franceses como André Pru se
  • 00:32:25
    uniram na busca de pistas, vestígios,
  • 00:32:27
    sinais da presença humana em território
  • 00:32:29
    brasileiro. Optaram por escavar na mesma
  • 00:32:32
    região de Lagoa Santa, onde o marquês
  • 00:32:35
    Peterlunde, no século XIX, tinha
  • 00:32:37
    encontrado vários esqueletos bem
  • 00:32:39
    antigos. O sítio Lapa Vermelha 4, no
  • 00:32:42
    município Mineiro de Pedro Leopoldo, é
  • 00:32:44
    importantíssimo para a arqueologia
  • 00:32:46
    brasileira. Aqui foi descoberto o crânio
  • 00:32:48
    de Luzia, uma mulher que teria vivido na
  • 00:32:50
    região há mais de 11.500 anos. Com isso,
  • 00:32:54
    todas as teorias foram reformuladas.
  • 00:32:56
    Antigamente pensava-se que a ocupação
  • 00:32:58
    humana nesse território que hoje
  • 00:33:00
    chamamos de Brasil era bem mais recente.
  • 00:33:03
    Com Luzia passou-se a ter a certeza que
  • 00:33:05
    o homem esteve por aqui há muito, muito
  • 00:33:08
    mais tempo. Nós encontramos os primeiros
  • 00:33:11
    ossos da Luzia e já já sabíamos pela
  • 00:33:15
    situação em termos de profundidade, que
  • 00:33:18
    era uma coisa muito antiga. A Luzia tem
  • 00:33:21
    o o charme, digamos assim, de ser o
  • 00:33:24
    esqueleto mais antigo das Américas. E
  • 00:33:28
    isso teve uma repercussão
  • 00:33:31
    midiática muito grande tanto no Brasil
  • 00:33:34
    quanto no exterior. E a Luzia acabou se
  • 00:33:38
    transformando no ícone, não é, eh, da
  • 00:33:42
    pré-história brasileira. Luzia reserva
  • 00:33:45
    outras surpresas além da antiguidade. Ao
  • 00:33:47
    estudar a morfologia do crânio dessa
  • 00:33:49
    primeira brasileira, o professor Walter
  • 00:33:52
    Neves viu que ela era bem diferente dos
  • 00:33:54
    índios atuais. Luzia era negroide. Os
  • 00:33:58
    traços de seu rosto reconstituído em
  • 00:34:01
    1999 mostram que ela lembrava os aboríes
  • 00:34:04
    da Austrália e os negros da África.
  • 00:34:07
    Quando e bioantropólogo, como Valter
  • 00:34:10
    fala de negro, todo mundo imaginar uma
  • 00:34:13
    cor da pele negra, um cabelo
  • 00:34:17
    encaracolhado, etc, etc. Nós não sabemos
  • 00:34:20
    a cor da pele, nós não sabemos a forma
  • 00:34:22
    do cabelo. Era
  • 00:34:24
    negroides na teoria de de do Walter, do
  • 00:34:27
    amigo Walter Neves, não é? Ele não gosta
  • 00:34:30
    que eu diga que eram negros. É porque a
  • 00:34:33
    pele não se conserva. Mas era, não se
  • 00:34:37
    pode afirmar, mas que eram negros, eram
  • 00:34:39
    negros. E olha que coisa
  • 00:34:42
    fantástica. Quer dizer, os primeiros
  • 00:34:46
    moradores do Brasil poderiam ter sido
  • 00:34:49
    negros. Luzia era baixinha, com sorte
  • 00:34:52
    chegava a 1,5 m. morreu com pouco mais
  • 00:34:55
    de 20 anos, algo normal para aqueles
  • 00:34:57
    tempos, e ficou esquecida numa fenda de
  • 00:34:59
    uma gruta sem sepultamento algum,
  • 00:35:02
    coberta por 13 m de detritos minerais.
  • 00:35:07
    Ela faz parte de uma população que nós
  • 00:35:08
    temos na região aqui, tem dezenas e até
  • 00:35:12
    centenas de esqueletos que são
  • 00:35:13
    absolutamente semelhantes para o período
  • 00:35:17
    antigo, vamos dizer, mais de 8000 anos,
  • 00:35:19
    mais ou menos. Eles se alimentavam
  • 00:35:21
    pouquíssimo de proteína animal.
  • 00:35:24
    Por quê? Para capturar um animal você
  • 00:35:26
    dependia de uma um mínimo de tecnologia.
  • 00:35:29
    Eles eram povos com uma saúde muito
  • 00:35:31
    frágil, raramente chegavam a 30 anos de
  • 00:35:34
    idade e com muitos problemas ósseis,
  • 00:35:36
    fraturas, descalcificações, perdas de
  • 00:35:39
    dentes muito precoces. Quando os
  • 00:35:41
    portugueses chegaram ao Brasil há apenas
  • 00:35:44
    516 anos, os negroides já não existiam
  • 00:35:47
    mais por aqui. Encontraram no seu lugar
  • 00:35:50
    índios, descendentes diretos dos povos
  • 00:35:53
    da Mongólia na Ásia. Duas teorias tentam
  • 00:35:56
    explicar o que aconteceu entre uma
  • 00:35:58
    população e outra. Uma das
  • 00:36:01
    possibilidades é que chega uma população
  • 00:36:04
    com essas características e que eles
  • 00:36:07
    evoluiram rapidamente, seja por mutação,
  • 00:36:10
    deriva genética, etc, etc.
  • 00:36:13
    Eles teriam que ter mudado em menos de
  • 00:36:17
    3.000 anos, mais ou menos, menos de
  • 00:36:20
    4.000 anos, porque por volta de 4000
  • 00:36:23
    anos 500 atrás se encontrar no litoral
  • 00:36:26
    brasileiro populações que são
  • 00:36:28
    semelhantes a de grupos brasileiros
  • 00:36:31
    indígenas indígenas. Então isso parece
  • 00:36:34
    muito rápido. Você teve no Brasil essa
  • 00:36:37
    primeira esse primeiro tipo de
  • 00:36:39
    população, né? O povo de Luzia. E depois
  • 00:36:42
    você teve a população ameríndia.
  • 00:36:47
    Aparentemente essa população ameríndia,
  • 00:36:49
    ou seja, a segunda leva, ela substituiu
  • 00:36:53
    quase que completamente a primeira leva.
  • 00:36:56
    Não tem nada atualmente que permita
  • 00:36:59
    decidir. Estão se procurando cemitérios
  • 00:37:02
    entre 5000 e 8000 para saber o que
  • 00:37:05
    aconteceu.
  • 00:37:07
    A arqueologia também é feita de dúvidas,
  • 00:37:10
    incertezas, teorias que se chocam. Cada
  • 00:37:13
    nova escavação, cada caverna explorada
  • 00:37:16
    pode trazer respostas para uma história
  • 00:37:19
    perdida há milhares de anos.
  • 00:37:22
    E no próximo bloco, uma visita à serra
  • 00:37:24
    que abrigou vários grupos de homens
  • 00:37:26
    primitivos que deixaram instrumentos e
  • 00:37:28
    pistas que hoje podem desvendar o
  • 00:37:31
    mistério das primeiras populações
  • 00:37:33
    brasileiras.
  • 00:37:43
    [Música]
  • 00:37:53
    De todas as manifestações do homem
  • 00:37:55
    pré-histórico, uma ficou para sempre,
  • 00:37:57
    uma não. Milhares delas, as pinturas
  • 00:38:01
    rupestres, motivo de questionamentos
  • 00:38:03
    para os arqueólogos e de curiosidade
  • 00:38:06
    para quem se depara com esses desenhos
  • 00:38:08
    nas rochas.
  • 00:38:11
    É muito difícil a gente dizer o que são
  • 00:38:14
    essas figuras, mas cada um interpreta do
  • 00:38:16
    seu jeito. Eu vejo aqui um grande
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    coelho, um tapeti e uma tartaruga.
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    Outras pessoas vê outras coisas. O que
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    que você vê aqui? Eu vejo um tatu
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    gigante aqui. Tatu. O analista ambiental
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    Celso do Lago é um apaixonado pelas
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    pinturas rupestres. é capaz de passar
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    horas tentando desvendar seu
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    significado. Sorte dele que vive próximo
  • 00:38:37
    ao município Mineiro de Santana do
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    Riacho, onde é possível encontrar
  • 00:38:41
    paredões rochosos com vários desenhos de
  • 00:38:44
    animais, como na Lapa do Sucupira. O
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    objetivo de pintar tão alto, você vê que
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    são pinturas claras, de uma cor bem
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    diferente do que tem aqui embaixo,
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    amarelo
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    claro. São estágios, né?
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    Se aquelas são mais antigas e essas mais
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    novas, ninguém sabe. Chegar a alguns
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    desses paredões requer uma longa subida
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    pela mata. Como o caminho até o chamado
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    grande abrigo é tão trabalhoso hoje
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    quanto há milhares de anos, certamente
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    ir até lá desenhar nas rochas tinha
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    muito significado para esses povos.
  • 00:39:19
    registro rupestre, ou seja, nas paredes
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    naturais, é também um vestígio
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    arqueológico. Ele é muito interessante
  • 00:39:27
    porque foi deixado de propósito. O
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    arqueólogo normalmente trabalhou o lixo
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    do homem prehistórico. Aí não é o lixo,
  • 00:39:33
    é uma realmente é uma coisa que é
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    proclamado até
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    hoje. Então nós não estamos em condição
  • 00:39:41
    atualmente de dizer o sentido disto. Era
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    muito importante para eles aquela forma
  • 00:39:46
    de comunicação. E nesse número de cenas
  • 00:39:49
    o que a gente pode observar é o dia a
  • 00:39:52
    dia deles, né? O dia a dia de do que
  • 00:39:55
    eles faziam, né? A caça, como era
  • 00:39:58
    importante, os rituais, né? Nós temos
  • 00:40:01
    que pensar que o código dessas figuras
  • 00:40:04
    se perdeu com seus autores. Vários
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    estados brasileiros possuem registros de
  • 00:40:08
    pintura rupestre. A maior concentração
  • 00:40:11
    desses sítios arqueológicos, no entanto,
  • 00:40:13
    fica no Parque Nacional da Serra da
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    Capivara, no Piauí. Ao longo desses
  • 00:40:18
    chapadões, são 943 sítios, apenas 172
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    deles abertos à
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    visitação. Em nenhum outro lugar do
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    mundo, o homem fez tanta questão de
  • 00:40:29
    marcar sua presença, como aqui, na toca
  • 00:40:32
    do boqueirão da pedra furada, foram
  • 00:40:34
    encontradas mais de 1000 pinturas
  • 00:40:36
    rupestres nessa rocha, prova irrefutável
  • 00:40:39
    da presença de vários grupos nesta
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    região que hoje fica no estado do Piauí.
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    O museu a céu aberto impressiona.
  • 00:40:48
    Diferente das pinturas de Minas Gerais,
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    onde predominam os desenhos de animais,
  • 00:40:53
    no Piauí, o elemento antropomorfo, ou
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    seja, o ser humano, domina as cenas
  • 00:40:59
    participando de algum ritual, segurando
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    o rabo de um mamífero, fazendo um parto,
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    dando uma cambalhota ou até mesmo um
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    beijo carinhoso de milhares de anos.
  • 00:41:11
    Penso também que são até modo de
  • 00:41:14
    comunicação entre eles, porque a gente
  • 00:41:16
    não sabe nem se eles se comunicavam pela
  • 00:41:17
    fala, né? Mas poderia ser um tipo de
  • 00:41:19
    escrita e como como se comunicar ou
  • 00:41:21
    contar o dia a dia cotidiano deles, né?
  • 00:41:24
    Olhando a formação rochosa dos paredões
  • 00:41:26
    da Serra da Capivara, logo se vê de onde
  • 00:41:28
    os homens pré-históricos extraíam o
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    vermelho marcante com que desenharam por
  • 00:41:33
    milênios. O elemento básico das
  • 00:41:36
    pinturas, ele vai ser o óxido de ferro,
  • 00:41:39
    né? que é uma uma rocha, um óxido que ao
  • 00:41:42
    raspar cria esse pozinho aqui que é a
  • 00:41:46
    base das pinturas. desse pozinho
  • 00:41:49
    misturado com com algum aglutinante que
  • 00:41:53
    pode ser água, pode ser um resina
  • 00:41:57
    vegetal, sangue, gordura animal, ele
  • 00:42:00
    misturado vai ocasionar uma tinta e essa
  • 00:42:05
    tinta é que vai servir de elemento base
  • 00:42:09
    pras pinturas.
  • 00:42:11
    [Música]
  • 00:42:12
    Mas não bastava fazer a tinta. Era
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    preciso ter um fixador, algo que
  • 00:42:17
    mantivesse o desenho na rocha para
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    sempre. Uma fórmula até hoje não
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    descoberta. As novas tecnologias podem
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    ajudar a resolver o mistério. Essa
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    espécie de pistola futurista é capaz de
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    identificar os elementos químicos
  • 00:42:32
    presentes na rocha pintada. Cada vez a
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    gente tá aprofundando mais nessa
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    análise. Antigamente era só análise
  • 00:42:39
    microscópica. Ah, depois passou para
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    análises, eh, registro tridimensional,
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    agora já análises elementares. Se há
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    muitas pinturas, é provável que diversos
  • 00:42:49
    grupos pré-históricos tenham vivido nas
  • 00:42:51
    proximidades dos paredões, mas o solo
  • 00:42:54
    semiárido do Piauí não ajuda na
  • 00:42:57
    preservação dos ossos dos antigos
  • 00:42:59
    moradores da região. A gente só tem
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    esqueletos datados nessa média de 3.500,
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    4.000 anos no máximo. Mais que isso? Não
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    acha não por conta do solo, que a acidez
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    do solo é muito intensa. Mas os
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    pré-históricos não viviam num clima tão
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    seco quanto hoje. O clima até 9.000 anos
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    atrás era tropical úmido. Nós temos nós
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    tínhamos em cima do Planalto a floresta
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    amazônica e até hoje nas nos vales mais
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    profundos e mais úmidos nós temos
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    espécies animais e vegetais da floresta
  • 00:43:32
    amazônica. E aqui na planícia era a Mata
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    Atlântica. Quer dizer, era o ponto de
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    encontro desses dois biomas, que eram
  • 00:43:39
    biomas extremamente ricos. Então, eles
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    tinham uma variedade muito grande de
  • 00:43:43
    fauna, de flora, com frutos e tudo. Por
  • 00:43:46
    isso que eles puderam viver aqui e se
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    desenvolver aqui durante milhares de
  • 00:43:51
    anos, né? Por sua importância, o Parque
  • 00:43:54
    Nacional da Serra da Capivara foi
  • 00:43:56
    incluído na lista de patrimônio cultural
  • 00:43:58
    da humanidade pela UNESCO, a imensa área
  • 00:44:01
    de 100.000 1 he que abrange quatro
  • 00:44:03
    municípios do Piauí, é mantida graças
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    aos esforços da arqueóloga Nied Guidon,
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    que já escava na região desde os anos
  • 00:44:12
    70. Suas teorias são bem
  • 00:44:14
    revolucionárias. Ela encontrou vestígios
  • 00:44:16
    que poderiam provar que o homem viveu no
  • 00:44:18
    Piauí há muito mais tempo do que se pode
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    imaginar. Nós temos algumas eh fogueiras
  • 00:44:26
    que foram encontradas na base rochosa do
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    Sítio da Pedra Furada e algumas
  • 00:44:32
    ferramentas líicas, não é? Ferramentas
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    de pedra lascada. O carbono 14 não
  • 00:44:38
    permite a datação a partir de 58, 60.000
  • 00:44:42
    anos. Uma especialista francesa veio e
  • 00:44:46
    coletou as pedras aquecidas e datou por
  • 00:44:49
    termuminescência.
  • 00:44:51
    obteve 120.000 anos, o que mostra que
  • 00:44:54
    então os homens já estavam aqui nessa
  • 00:44:57
    época. Infelizmente, como era essa
  • 00:45:00
    datação por termuminescência, muitos não
  • 00:45:02
    aceitaram. A professora Nied, com quem a
  • 00:45:05
    gente tem colaborado, não é? Eh, ela
  • 00:45:10
    acredita que ela tem evidências lá na
  • 00:45:12
    Serra da Capivara de uma entrada do
  • 00:45:15
    homem pré-histórico no Brasil há pelo
  • 00:45:17
    menos 35.000 anos, não é? Mas isso não é
  • 00:45:21
    um modelo propriamente dito, né? Isso é
  • 00:45:23
    uma e é é só informar que talvez a
  • 00:45:27
    ocupação da América seja mais antiga do
  • 00:45:29
    que a gente pensa, mas ainda não há
  • 00:45:34
    unanimidade na entre a comunidade
  • 00:45:38
    arqueológica internacional de que essas
  • 00:45:41
    evidências realmente eh são evidências
  • 00:45:45
    da presença do homem lá por volta de
  • 00:45:48
    35.000 anos. Contrariando todas as
  • 00:45:51
    teorias de que o homem veio descer no
  • 00:45:53
    continente americano desde o norte, Nied
  • 00:45:56
    acredita que os pré-históricos chegaram
  • 00:45:57
    ao Piauí pelo Oceano Atlântico, vindo
  • 00:46:00
    diretamente da África. Acontece que as
  • 00:46:03
    correntes e os ventos vêm da África para
  • 00:46:06
    o Nordeste. Estes homens, por volta de
  • 00:46:09
    130.000 anos atrás, a África passou por
  • 00:46:12
    um período de seca muito grande que
  • 00:46:14
    originou os desertos. com a seca na
  • 00:46:17
    África, esses os as tribos africanas
  • 00:46:20
    saiam muito ao mar procurando comida e
  • 00:46:23
    talvez uma tempestade os tenha trazido
  • 00:46:27
    até aqui Parnaíba. Uma leva migratória
  • 00:46:31
    de milhares de anos através da
  • 00:46:33
    navegação. Seria possível isso? Oceano
  • 00:46:37
    estava nesta época 60 m abaixo do nível
  • 00:46:40
    de hoje. Então, muitas ilhas, a passagem
  • 00:46:43
    muito fácil. Inclusive na América
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    existem ah macacos que vieram da África
  • 00:46:50
    para cá. Quer dizer, se os macacos
  • 00:46:52
    passam, por que que os homens não podiam
  • 00:46:54
    passar?
  • 00:46:56
    A primeira coisa a dizer é que Nied
  • 00:46:59
    Guidon, 20 anos atrás encontrou
  • 00:47:02
    artefatos com datação muito antiga, com
  • 00:47:05
    cerca de 30, 40. mil anos.
  • 00:47:13
    Nós sabemos que neste local havia uma
  • 00:47:16
    variada e muito antiga
  • 00:47:18
    ocupação, mas a comunidade internacional
  • 00:47:21
    ela não aceita essas
  • 00:47:27
    datações. O francês Eric Boedá veio até
  • 00:47:30
    o Brasil ajudar Lied Guidon a provar sua
  • 00:47:33
    teoria. Sua missão encontrar
  • 00:47:35
    instrumentos de pedra lascada que
  • 00:47:37
    poderiam ter a idade dos primeiros
  • 00:47:39
    homens do
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    Brasil. Agora nós temos em cinco sítios
  • 00:47:44
    20 camadas arqueológicas, com datações
  • 00:47:47
    entre 30.000 e 20.000 anos. Então, nós
  • 00:47:50
    temos certeza de que não foi apenas uma
  • 00:47:52
    ocupação em um único
  • 00:47:55
    sítio. As machadinhas polidas em
  • 00:47:58
    exibição no museu do parque são
  • 00:48:00
    evidentemente feitas pelo homem. As
  • 00:48:02
    pedras coletadas por Eric Boedá e seu
  • 00:48:05
    discípulo ainda são dúvidas que podem
  • 00:48:07
    comprovar que o Homo Sapiens já estava
  • 00:48:10
    no Piauí há mais tempo do que Luzia em
  • 00:48:13
    Lagoa Santa. O que eu encontrei já é
  • 00:48:16
    suficiente, mas as pesquisas continuam e
  • 00:48:20
    o que é extremamente interessante é que
  • 00:48:22
    a cada nova pesquisa se descobrem coisas
  • 00:48:25
    novas. O que ela encontrou
  • 00:48:27
    foi supostas ferramentas de pedra
  • 00:48:31
    lascadas associadas a
  • 00:48:34
    carvão. Mas essas ferramentas que ela
  • 00:48:37
    encontrou ou essas supostas ferramentas
  • 00:48:40
    que ela encontrou, eh, são ferramentas
  • 00:48:43
    muito
  • 00:48:44
    simples. E esse
  • 00:48:47
    lascamento, segundo alguns autores, pode
  • 00:48:49
    ter sido, eh, feito pela natureza. Um
  • 00:48:53
    acidente de uma pedra batendo contra uma
  • 00:48:55
    outra pedra. Aos 82 anos, a maior
  • 00:48:58
    preocupação da arqueóloga Nied Guidon já
  • 00:49:01
    não é mais comprovar suas teorias, é
  • 00:49:03
    conseguir manter o Parque Nacional
  • 00:49:06
    aberto à visitação com poucos recursos
  • 00:49:09
    governamentais. Na última semana, a
  • 00:49:11
    Justiça Federal determinou que a União,
  • 00:49:14
    o IBAMA e o IFAN destinem mais de R$ 4
  • 00:49:17
    milhões deais para a preservação do
  • 00:49:19
    parque. O que está ainda nos permitiu
  • 00:49:23
    estar até hoje são doações, doações que
  • 00:49:26
    a gente tem
  • 00:49:28
    recebido. E mas você não pode manter um
  • 00:49:31
    corpo de funcionários com doações,
  • 00:49:33
    porque uma vez tem, outra vez não tem.
  • 00:49:37
    A grande mágoa da arqueóloga é o atraso
  • 00:49:39
    na construção do aeroporto de São
  • 00:49:41
    Raimundo Nonato. Com investimento de
  • 00:49:43
    mais de 20 milhões de reais, o aeroporto
  • 00:49:45
    foi inaugurado no final de 2015, 17 anos
  • 00:49:49
    depois do início das obras. Espera-se
  • 00:49:51
    que ele seja a porta de entrada de
  • 00:49:53
    turistas e pesquisadores ao Parque
  • 00:49:56
    Nacional da Serra da Capivara, mas ainda
  • 00:49:58
    não há voos em operação. Para se chegar
  • 00:50:01
    até a reserva, é preciso desembarcar no
  • 00:50:03
    aeroporto de Petrolina, Pernambuco, e
  • 00:50:06
    seguir até aqui por várias estradas
  • 00:50:09
    bastante
  • 00:50:12
    precárias. Aqui nós mostramos 172 sítios
  • 00:50:16
    preparados para visitação e temos 25.000
  • 00:50:20
    visitantes por ano, porque é muito
  • 00:50:22
    difícil chegar aqui. Não temos hotéis da
  • 00:50:26
    categoria necessária. Eu achei bem pouco
  • 00:50:28
    divulgado, porque eh na internet a gente
  • 00:50:32
    procurou o máximo de informações que a
  • 00:50:33
    gente pra gente poder tanto chegar como
  • 00:50:37
    onde se hospedar. Eh, é muito difícil.
  • 00:50:45
    As dificuldades de acesso podem fazer o
  • 00:50:47
    turista desistir de percorrer os 300 km
  • 00:50:50
    que separam Petrolina de São Raimundo
  • 00:50:52
    Nonato. Mas no passado, os grupos
  • 00:50:54
    pré-históricos andavam distâncias
  • 00:50:56
    significativas pelo território
  • 00:50:58
    brasileiro. A 1000 km de distância da
  • 00:51:01
    Serra da Capivara, encontramos na
  • 00:51:03
    Paraíba uma pedra cheia de gravuras
  • 00:51:05
    sestres que guarda mistérios sobre quem
  • 00:51:07
    passou por ali. Essas formações que
  • 00:51:10
    recebem o nome de Itaquatiaras são a
  • 00:51:12
    principal atração de Ingá, município que
  • 00:51:14
    fica a 90 km de João Pessoa. Todos os
  • 00:51:17
    anos o local recebe inúmeros turistas,
  • 00:51:19
    mas principalmente pesquisadores, que
  • 00:51:21
    tentam estudar o que representam essas
  • 00:51:23
    marcas feitas nas pedras. Eu acho que o
  • 00:51:26
    interessante da Itaquate área do Engar é
  • 00:51:28
    justamente isso aí. As pessoas que vê
  • 00:51:30
    aqui, tá, começam a imaginar, né,
  • 00:51:33
    começam a dar uma viajada bacana, legal
  • 00:51:37
    e aí as pessoas imaginam de tudo e isso
  • 00:51:39
    acaba atraindo turistas para cá.
  • 00:51:42
    Espalhadas pela região, existem 41
  • 00:51:45
    itquatiaras. Estima-se que as gravações
  • 00:51:47
    foram feitas entre 7000 e 5000 anos
  • 00:51:50
    atrás. Mas quem teria feito essas
  • 00:51:52
    inscrições? Que povos viveram por ali?
  • 00:51:55
    Ainda há muitas perguntas para a ciência
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    responder. Não existe um processo de
  • 00:52:00
    homogeneização, muito pelo contrário,
  • 00:52:02
    né? As figuras elas estão até
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    cerinéis. A gente percebe que
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    praticamente as gravuras, as outras
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    gravuras não se repetem. Então, se eu eu
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    particularmente acredito o seguinte, se
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    tivesse sido um único grupo e
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    confeccionado isso, talvez num único
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    período, haveria uma quantidade de
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    gravuras que se repetisse. E quando a
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    explicação científica começa a faltar, é
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    o sobrenatural que fala mais alto. As
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    pessoas acabam criando, né,
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    fantasiando um monte de história. Por
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    exemplo, nós temos eh alguns indivíduos,
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    é, que chegaram a colocar que isso aqui
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    tinha sido feito por extraterrestre.
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    misteriosas e indecifráveis. As gravuras
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    e as pinturas sestres são provas
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    concretas da presença do Homo Sapiens no
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    nosso território há milhares de anos.
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    Mas e se o melhor das antigas
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    civilizações ainda não tivesse sido
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    encontrado se sítios arqueológicos
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    inteiros estivessem no fundo do mar? Na
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    teoria do francês André Prus, o Brasil
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    antigo ia muito além dos atuais limites
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    costeiros. Há uns 20.000 anos atrás, nós
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    não sabemos com certeza se tinha gente
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    no Brasil, é bem provável. Eh, na
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    verdade, eh, o mar a 120 m mais baixo do
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    que hoje. Então, em vez de morar na
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    praia de Copacabana, não, o pessoal
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    tava, sei lá, 50 ou 20 30 km marra
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    dentro. Então nós não encontramos os
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    sítios, teria que fazer a arqueologia
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    subaquática, que está muito
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    incipiente. Então, por isto, na verdade,
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    as zonas mais ricas do continente
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    americano h entre 10.000 e 20.000 anos
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    atrás não estão disponíveis para os
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    arqueólogos. Tão distante para nós, a
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    pré-história é assunto atual para os
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    pesquisadores. Seguir as pegadas de um
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    dinossauro, estudar minuciosamente um
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    crânio ou analisar uma pintura rupestre.
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    É a ciência tentando explicar para o
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    mundo quem estava neste planeta há
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    milhares ou até milhões de anos.
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    Se a gente quer entender um pouquinho
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    mais da evolução da vida no passado, não
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    tem jeito. Nós precisamos nos basear nos
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    fósseis, que são as evidências diretas
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    dessa maravilhosa diversidade de vida
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    que existia milhões de anos atrás.
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    Por que estudar paleontologia? E eu
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    respondo sempre, eu estudo paleontologia
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    porque eu sou preocupado com o futuro.
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    Então, se eu tenho conhecimento do
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    presente, se eu tenho o conhecimento do
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    passado, certamente eu tô preparado para
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    entender como foi, como será o
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    [Música]
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    futuro. Essa é a maior descoberta que
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    nós ainda temos para fazer, descobrir
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    nossa pré-história, né, e popularizar a
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    nossa pré-história.
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    [Música]
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