A espionagem russa ‘made in Brazil’ | O ASSUNTO

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https://www.youtube.com/watch?v=ubPHMXGoBHw

概要

TLDRO Brasil se tornou um esconderijo para espiões russos devido à facilidade de obtenção de passaportes e à falta de um biotipo definido entre a população. Nove russos usaram identidades brasileiras para se infiltrar em outros países, como EUA e Europa, e realizar atividades de espionagem. A Polícia Federal, com apoio internacional, começou a desmantelar essa rede, que foi revelada em uma reportagem do New York Times. O caso de Sergei Ercassov, que se passava por Vittor Miller Ferreira, é um dos mais notáveis, tendo sido preso ao tentar entrar na Holanda. A investigação revelou que o Brasil é um ponto estratégico para a espionagem russa, com brechas em seus sistemas de identificação.

収穫

  • 🛂 O Brasil é um esconderijo perfeito para espiões.
  • 🌍 Passaporte brasileiro é aceito em 170 países sem visto.
  • 👤 Identidades falsas foram criadas por espiões russos.
  • 🔍 A Polícia Federal começou a desmantelar a rede de espiões.
  • 📰 O New York Times revelou a 'fábrica de espiões' no Brasil.
  • 📅 Casos de espionagem começaram a ser investigados em 2022.
  • 🚨 A operação Leste identificou padrões em registros oficiais.
  • 🇷🇺 A Rússia usou o Brasil para infiltrar espiões em outros países.
  • 📜 Documentos brasileiros foram obtidos com informações falsas.
  • ⚖️ Sergei Ercassov foi preso ao tentar entrar na Holanda.

タイムライン

  • 00:00:00 - 00:05:00

    O Brasil se tornou um esconderijo ideal para espiões russos devido à facilidade de obtenção de passaportes, à diversidade étnica da população e às falhas nos sistemas de identificação. Nove russos usaram identidades brasileiras falsas para se infiltrar em outros países e realizar atividades de espionagem. A história ganhou destaque após a prisão de dois supostos cidadãos brasileiros na Europa, que na verdade eram espiões russos.

  • 00:05:00 - 00:10:00

    Uma reportagem do New York Times revelou que a Rússia utilizou o Brasil como base para formar e esconder espiões. A Polícia Federal começou a investigar e desmascarar esses espiões, com apoio de agências internacionais, levando a alertas da Interpol. O episódio destaca como o Brasil se tornou um terreno fértil para a espionagem russa.

  • 00:10:00 - 00:15:00

    O repórter Álvaro Pereira Júnior, que acompanha a história desde 2022, explicou que a investigação começou com a prisão de um espião russo na Holanda, que foi devolvido ao Brasil. A falta de divulgação do caso pela Polícia Federal levou a Holanda a tornar o assunto público, revelando uma rede maior de espiões.

  • 00:15:00 - 00:20:00

    O espião Sergei Ercassov, que usava o nome falso de Vittor Miller Ferreira, foi preso no Brasil após ser devolvido pela Holanda. Ele foi condenado por uso de documentos falsos e, embora a Rússia tenha solicitado sua extradição, ele permanece preso devido a investigações em andamento.

  • 00:20:00 - 00:25:00

    O Brasil, sendo um país multiétnico, facilita a obtenção de passaportes, o que já foi explorado por outros indivíduos, como Kim Jong-un. A dificuldade de falsificação de passaportes atualmente não impede que espiões utilizem identidades brasileiras para transitar pelo mundo sem levantar suspeitas.

  • 00:25:00 - 00:30:20

    A investigação da Polícia Federal, em colaboração com a CIA e outras agências, revelou uma rede de espiões russos no Brasil. A operação identificou padrões em registros oficiais e utilizou tecnologia para rastrear a entrada de espiões no país, destacando a importância da espionagem russa no contexto da guerra na Ucrânia.

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ビデオQ&A

  • Por que o Brasil é um esconderijo para espiões russos?

    O Brasil tem um passaporte bem aceito em muitos países, um povo com biotipo indefinido e sistemas de identificação com brechas.

  • Quantos espiões russos foram identificados no Brasil?

    Pelo menos nove espiões russos foram identificados utilizando identidades brasileiras.

  • Quem é Sergei Ercassov?

    Sergei Ercassov, que se passava por Vittor Miller Ferreira, é um espião russo preso ao tentar entrar na Holanda.

  • Como a Polícia Federal descobriu a rede de espiões?

    A Polícia Federal, com apoio de agências internacionais, começou a investigar e desmantelar a rede a partir de 2022.

  • Qual foi o papel do New York Times nessa história?

    O New York Times publicou uma reportagem revelando a existência de uma 'fábrica de espiões' no Brasil.

  • Os espiões russos atuavam no Brasil ou apenas usavam o país como passagem?

    Não está claro se eles atuavam no Brasil ou se usavam o país apenas como um ponto de passagem.

  • O que é a operação Leste?

    A operação Leste foi uma ação da Polícia Federal que identificou padrões em registros oficiais relacionados aos espiões.

  • Qual a relação entre a invasão da Ucrânia e a espionagem russa no Brasil?

    A invasão da Ucrânia levou a um aumento nas investigações sobre espiões russos em vários países, incluindo o Brasil.

  • Como os espiões obtinham documentos brasileiros?

    Eles conseguiam documentos verdadeiros com informações falsas, muitas vezes através de cartórios.

  • O que aconteceu com os espiões após serem descobertos?

    Alguns foram presos, outros fugiram, e a investigação continua em andamento.

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    O Brasil era o esconderío perfeito.
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    Primeiro porque nosso passaporte é bem
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    quisto. Em cerca de 170 países a gente
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    nem precisa de visto. Segundo porque
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    nosso povo, com as nossas misturas não
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    tem um biotipo muito definido. E
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    terceiro, porque nossos sistemas de
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    identificação apresentam brechas e
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    fragilidades. Foi se aproveitando desses
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    fatores que pelo menos nove russos
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    usaram o nosso país para lavar suas
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    identidades e aos olhos do mundo,
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    virarem brasileiros. Agentes russos
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    assumiram identidades falsas de cidadãos
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    brasileiros com documentos autênticos.
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    Criaram empresas, construíram
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    relacionamentos e até constituíram
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    famílias. Tudo para forjar uma nova
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    nacionalidade e se lançar ao trabalho de
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    espionagem em países como Estados
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    Unidos, Europa e Oriente Médio. Alguns
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    casos eram inclusive conhecidos desde
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    2022. Dois supostos cidadãos
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    brasileiros. Um é cientista político, o
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    outro é especialista em questões de
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    defesa. De repente os dois são presos na
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    Europa. Por quê? Porque José, na verdade
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    é MAIL. E o nome real de Vittor é
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    Sergei. Os dois são acusados de serem
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    espiões russos que se passavam por
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    brasileiros com passaporte tudo. A
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    história voltou aos holofotes nesta
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    quarta-feira, só que de maneira mais
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    ampla. Uma reportagem do jornal
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    americano The New York Times mostrou que
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    há, na verdade, uma fábrica de espiões
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    no Brasil. A Rússia de fato usou ou usa
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    o Brasil para formar esses espiões e
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    para esconder esses espiões em
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    identidades brasileiras e viajar, enfim,
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    andar pelo mundo mais facilmente, mais
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    sem chamar tanta atenção. Foi aí que a
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    Polícia Federal ligou, então o alerta,
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    começou a trabalhar devagarinho, foi
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    desmascarando e prendendo alguns desses
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    espiões. Alguns fugiram, outros foram
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    presos. Além da atuação da PF, a ação
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    para revelar o grupo contou com o apoio
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    de outras agências de inteligência e de
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    polícias mundo afora. A operação Leste
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    identificou padrões em registros
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    oficiais e compartilhou os dados com
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    outras nações, levando a emissão de
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    alertas da Interpol para impedir que os
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    espiões voltassem a atuar globalmente.
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    da redação do G1. Eu sou Natusaneri e o
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    assunto hoje é espionagem russa made em
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    Brasil. Um episódio para contar a
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    impressionante história de espiões
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    russos por aqui e como o país virou um
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    terreno fértil paraa criação de uma rede
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    de infiltrados a serviço do governo de
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    Vladimir
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    Putin. Neste episódio eu converso com
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    Álvaro Pereira Júnior, repórter do
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    Fantástico, que acompanha essa história
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    desde 2022.
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    Quinta-feira, 22 de
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    maio. Álvaro, jornal americano de New
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    York Times publicou uma
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    matéria sobre o seguinte título: Fábrica
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    de espiões. E essa fábrica é aqui no
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    Brasil. Eu sei que você tá no rastro
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    dessa história desde 2022. Como é que
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    ela começou? Como é que você descobriu
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    que existiam espiões que vinham pro
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    Brasil, forjavam uma série de
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    documentos e usavam essa nova identidade
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    para outros fins? Nesse caso específico,
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    uma pessoa com passaporte brasileiro
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    tentou entrar na Holanda e foi
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    devolvido pela Holanda ao Brasil. Ele
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    tinha passaporte brasileiro e ele tava
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    vindo do Brasil.
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    Eh, estranhamente esse caso não teve
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    divulgação aqui no Brasil. A Polícia
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    Federal recebeu esse homem que se dizia
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    chamar Vittor Miller Ferreira, mas cujo
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    nome verdadeiro era Sergei Ercassov, um
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    espião russo. E o Brasil não falou nada.
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    A Holanda percebendo que o caso tava
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    sendo esquecido, sendo abafado, a
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    Holanda começou a falar disso. E aí o
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    jornal inglês Guardian, que foi o
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    primeiro a dar essa notícia. Então, a
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    Holanda devolveu esse sujeito pro
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    Brasil, o Brasil ficou na moita e a
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    Holanda, vendo que o Brasil tava na
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    moita, falou: "Não, vamos fazer
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    barulho". A partir da história dele,
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    começaram a aparecer outros casos,
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    porque logo depois foi preso um suposto
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    acadêmico na Noruega. Esse acadêmico
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    também tinha um passaporte brasileiro.
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    Aí apareceu uma outra história de um
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    empresário eh que tinha um sobrenome
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    alemão eh no Rio de Janeiro, que esse
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    também era era um espião russo. Enfim,
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    mas tudo começou em 2022 com esse caso.
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    Vittor Miller Ferreira tenta entrar na
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    Holanda para trabalhar no Tribunal Penal
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    de Aia, é devolvido pro Brasil. E aí a
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    Holanda divulga essa essa esse fato e e
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    o noticiário vai se se espalhando pelo
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    mundo, que é na verdade o Sergayi. É o
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    nome o o passaporte dele é Víctor Miller
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    Ferreira, mas ele se chama Sergei
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    Kassov, que é o que está preso até hoje
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    aqui no Brasil, tá? Desse dessa leva
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    toda de espiões que o New York Times
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    cita hoje, o único que tá preso é o
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    Chercassov. E aí ele tá preso em
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    Brasília até hoje num num presídio de
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    segurança máxima. A Rússia pediu
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    inclusive a extradição dele, mas não
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    levou porque e ele não foi preso por
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    espionagem, é que quando devolveram eh
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    viram que ele tinha 15 entradas e saídas
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    do Brasil com o passaporte brasileiro,
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    que é falso. Não é um passaporte falso,
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    né? É um passaporte verdadeiro com
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    informações falsas. E aí deram um ano de
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    cadeia para cada entrada de saída. Ele
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    pegou 15 anos de cadeia. Depois a pena
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    foi reduzida para cinco, mas agora tem
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    outras investigações em curso, então ele
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    segue preso. A gente vai entrar nos
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    pormenores desses personagens, de alguns
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    desses personagens, mas antes eu queria
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    te perguntar por o Brasil. Olha, Natus,
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    assim, o que a gente eh apurou na época
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    e o New York Times eh repisa isso hoje é
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    a questão de que qualquer um pode ser
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    brasileiro, né? Brasil é um país
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    multiétnico. Qualquer pessoa de qualquer
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    aparência pode se passar pro brasileiro.
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    Lembra que até o Kim Jong 1 teve um
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    passaporte brasileiro? Não lembro dessa
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    história? É emitido pela embaixada do
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    Brasil em Praga. Como é que foi isso?
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    Você lembra? Lembro. Ele ele apareceu
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    algum preposto dele lá, um procurador
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    dele com documentos falsos e a embaixada
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    do Brasil em Praga emitiu o passaporte
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    pro King Jo um para ele passear pelo
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    mundo. Então houve viagens em que ele
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    tinha ali um passaporte brasileiro. Eu
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    não lembro agora o nome, mas enfim, até
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    o King um conseguiu. E a agência de
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    notícias Reuters publicou cópias de
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    passaportes brasileiros do ditador da
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    Coreia do Norte, Kim John 1, e do pai
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    dele, Kim John Will. Segundo a agência,
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    eles teriam usado informações falsas
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    para conseguir os documentos e pedir
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    vistos para países ocidentais na década
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    de 1990. No passaporte brasileiro, King
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    John 1 aparece com o nome falso de
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    Joseph Puang. O local de nascimento dos
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    dois aparece como São Paulo e os
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    documentos têm um carimbo da embaixada
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    brasileira em Praga. Claro, os tempos
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    avançaram, hoje o passaporte é muito
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    mais difícil de ser obtido, mais difícil
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    de ser
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    falsificado. Mas eh fica isso, assim, o
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    Brasil é um país e o Brasil não precisa
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    de visto paraa Europa, né? O que te dá
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    um tráfego livre e ninguém desconfia.
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    Qualquer pessoa que diga que é
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    brasileira vai que vai colar, né?
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    Voltamos aqui pro nosso caso. Quero
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    falar então desse Vittor Miller
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    Ferreira, que é o Sergei Tierkaov. É
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    Cherkasov, né? Em russo é Cherov.
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    Obrigada pela correção da pronúncia.
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    Tenta reconstituir o o esse personagem
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    do que você se lembra já faz um tempão,
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    né? Memória de jornalista, ela memória
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    de ontem, né? Mas eu queria que você
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    puxasse um pouco para nos contar quem é
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    esse espião, como é que é a história
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    dele aqui no Brasil. Eh, o Sergei ele
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    entrou no Brasil em 2010 e essas pessoas
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    têm uma
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    peculiaridade, elas entram com o
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    passaporte verdadeiro. Então, existe o
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    registro de uma entrada em 2010 de uma
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    pessoa chamada Sergei Vladimirovic
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    Tierkaov. Ele entrou no Brasil, só que
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    aí não sai porque uma vez que eles
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    entram no Brasil, eles viram outra
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    pessoa. Então isso aconteceu com ele.
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    Ele entrou aqui em 2010, ele tinha
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    documentos brasileiros. Eh, tem vários
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    tipos. Você pode incorporar a identidade
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    de outra pessoa, você pode criar uma
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    identidade do zero. A, aparentemente, o
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    caso dele foi criado uma identidade do
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    zero. Ele dizia que tinha facilidades
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    num cartório aqui em São Paulo, coisa
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    que nunca foi bem apurado. Bom, o Sergei
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    morava aqui no Brasil e vivia a vida de
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    brasileiro. Eu fiz até uma reportagem
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    que a gente foi na escola de forró onde
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    ele tinha aula. Como é que foi isso? É,
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    aqui na divisa com o Taboão, aqui na na
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    zona oeste da Grande São Paulo, ele
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    fazia forró eh provavelmente para dar
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    virossimilhancia de que ele era um
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    brasileiro nato, um dançarino, um um
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    alguém que tivesse jogo de cintura,
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    malemolência. É isso. É. E e pelo que a
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    gente sabe, ele assim colecionou
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    namoradas nessa escola de forró e em
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    outros lugares também. Mas aí ele sai do
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    Brasil para estudar ciência política no
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    Trinity College em Dublin, na Irlanda.
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    Fica 4 anos fora a volta.
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    E aí ele vai fazer mestrado em relações
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    internacionais na Universidade de Jones
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    Hopkins, nos Estados Unidos. E a Joh
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    Hopkins, a gente vê mais no noticiário
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    de medicina, mas como fica em
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    Washington, ela é muito forte em
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    relações internacionais também. E olha
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    que curioso, ele tava num
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    departamento onde tinha professores
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    brasileiros e ele nunca procurou os
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    professores brasileiros.
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    Ele fez amizade com outros professores,
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    a ponto de um desses professores, um
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    americano que se envergonha
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    terrivelmente disso, esse americano ter
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    recomendado o Vittor Ferreira, que na
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    verdade chama Shergassov, por um estágio
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    no Tribunal Penal Internacional em Aia.
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    E ele conseguiu esse
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    estágio. Lembrando que o Tribunal Penal
  • 00:10:17
    Internacional condenou o Vladimir Putin
  • 00:10:20
    ter uma de prisão contra ele. Ele não
  • 00:10:22
    pode sair da Rússia por pelo sequestro
  • 00:10:25
    de crianças ucranianas. E essas
  • 00:10:27
    investigações correm em sigilo. Se você
  • 00:10:29
    tem um estagiário com acesso a essas
  • 00:10:32
    coisas, é um é um é um tem um valor
  • 00:10:34
    imenso, né? Ele teria tentado entrar na
  • 00:10:37
    Holanda para fazer uma pesquisa no
  • 00:10:39
    Tribunal de AIA eh sobre o Tribunal
  • 00:10:41
    Penal Internacional. A Rússia não é
  • 00:10:44
    membro do Tratado de Roma, que é o
  • 00:10:46
    tratado do Tribunal Penal Internacional.
  • 00:10:49
    A Rússia não tem acesso às
  • 00:10:50
    investigações. Então, seria muito
  • 00:10:52
    importante, muito estratégico pro
  • 00:10:54
    governo russo ter um espião lá dentro
  • 00:10:57
    que não tenha nenhuma conexão com a
  • 00:10:59
    Rússia, que seria o caso dele, porque
  • 00:11:01
    teoricamente ele seria um brasileiro. Só
  • 00:11:04
    que foi indo pra Holanda para assumir o
  • 00:11:07
    cargo dele em AIA, no Tribunal Penal
  • 00:11:09
    Internacional, que ele foi pego e
  • 00:11:11
    devolvido pro Brasil. E ele
  • 00:11:13
    provavelmente foi pego por informações,
  • 00:11:16
    a inteligência americana que avisou a
  • 00:11:18
    Holanda, ou seja, a inteligência, o
  • 00:11:20
    serviço de inteligência americano deve
  • 00:11:22
    estar de olho nessa movimentação, nessa
  • 00:11:25
    movimentação toda já há algum tempo.
  • 00:11:28
    Tanto que é os Estados Unidos pediram a
  • 00:11:30
    extradição dele porque ele é condenado,
  • 00:11:32
    ele é procurado por espionagem lá, ele é
  • 00:11:34
    acusado de espionagem lá. Agora é é
  • 00:11:37
    muito roteiro de filme, né? Porque para
  • 00:11:39
    essas pessoas irem para um outro país,
  • 00:11:41
    se passar é por um uma outra identidade,
  • 00:11:46
    significa que você tá abrindo mão da sua
  • 00:11:48
    vida no seu país de origem
  • 00:11:49
    completamente. Você lembra como uma
  • 00:11:51
    série de uns 10 anos atrás de Americans?
  • 00:11:53
    Sim, lembro. Exatamente. Exatamente
  • 00:11:55
    isso. Eles eram um casal russo que tinha
  • 00:11:58
    filhos americanos, que era supostamente
  • 00:12:00
    dono de emergência de viagens nos
  • 00:12:02
    Estados Unidos. Só que na verdade eles
  • 00:12:04
    não eram casal, embora eles tivessem
  • 00:12:06
    filhos, eles cada era cada um para um
  • 00:12:08
    lado. Ambos eram espiões e estavam a
  • 00:12:10
    serviço da na época da União Soviética,
  • 00:12:12
    né? Tem uma curiosidade na tua a gente
  • 00:12:15
    não usou na época porque a gente achou
  • 00:12:16
    que pudesse botar outras pessoas em
  • 00:12:18
    risco. Então é uma informação que nós
  • 00:12:20
    não usamos na época, mas eh na noite
  • 00:12:24
    anterior a nós gravarmos entrevista lá
  • 00:12:27
    na escola de forró, os arquivos da
  • 00:12:30
    escola de forró tinham sido
  • 00:12:32
    Não foi nada roubado, só fuçaram nas
  • 00:12:35
    fichas dos alunos antigos. A gente não
  • 00:12:38
    sabe por, né? E se tem vinculação com o
  • 00:12:41
    caso do Sergei, mas você imagina que
  • 00:12:43
    sim. Provavelmente a gente imagina que
  • 00:12:45
    sim, porque nós estávamos lá para fazer
  • 00:12:46
    isso e nós soubemos que na noite
  • 00:12:48
    anterior os arquivos tinham sido
  • 00:12:49
    de uma escolinha de forró
  • 00:12:51
    assim numa sobreelója bem aquela coisa
  • 00:12:53
    bem típica brasileira mesmo. Agora, só
  • 00:12:55
    para entender, Álvaro, os espiões
  • 00:12:58
    russos, eles usaram o Brasil como ponte
  • 00:13:00
    para depois seguir para outros países,
  • 00:13:02
    como no caso que você relata do Sergei,
  • 00:13:06
    ou eles já praticavam
  • 00:13:08
    espionagens no território brasileiro? Dá
  • 00:13:10
    para saber? Eh, isso até a última vez
  • 00:13:13
    que a gente falou com a Polícia Federal,
  • 00:13:15
    eh, eles não sabiam. Por exemplo, esse
  • 00:13:18
    caso que eu te falei da Noruega, de um
  • 00:13:20
    suposto acadêmico na Universidade de
  • 00:13:22
    Tromson, na Noruega, que foi preso lá e
  • 00:13:26
    ele tinha um passaporte brasileiro, o
  • 00:13:27
    nome dele era José Assis de Amaria. Esse
  • 00:13:31
    sujeito não se sabe nem se ele de fato
  • 00:13:34
    veio pro Brasil ou se conseguiram um
  • 00:13:37
    passaporte para ele. Eu fui atrás do
  • 00:13:40
    cartório que emitiu a certidão de
  • 00:13:41
    nascimento dele no interior de Goiás. E
  • 00:13:44
    a certidão existe de um José Assis de
  • 00:13:46
    Maria escrita à mão na época. Então,
  • 00:13:49
    provavelmente ele incorporou a
  • 00:13:51
    identidade de
  • 00:13:52
    alguém e ele tinha lá uma, é engraçada
  • 00:13:55
    essa história, uma suposta. Eles têm o
  • 00:13:57
    que eles chamam de The Legend, que é a
  • 00:14:00
    história que eles contam para eles
  • 00:14:01
    mesmos de quem eles são, esse falso
  • 00:14:04
    personagem. E tinha uma história dele
  • 00:14:06
    que eu lembro que ele adorava a feijoada
  • 00:14:09
    do restaurante X em Brasília. Eu fui
  • 00:14:12
    nesse restaurante X, a dona é uma
  • 00:14:14
    sufricana, que é um restaurante vegano,
  • 00:14:17
    não serve feijoada.
  • 00:14:20
    Mentira. É, é, acabou, a matéria tava
  • 00:14:22
    tão complicada que eu acabei não usando
  • 00:14:24
    isso na matéria. Mas enfim, você vê, ela
  • 00:14:27
    falou: "Olha, teve uma época que a gente
  • 00:14:28
    fazia uma feijoada vegetariana aqui,
  • 00:14:30
    mano, nem fazemos mais que ninguém
  • 00:14:31
    comia". Bom, mas vai saber se ele
  • 00:14:33
    entende de feijoada brasileira mesmo. De
  • 00:14:35
    repente ele comeu a feijoada vegana e
  • 00:14:38
    achou que era aquilo a feijoada, a
  • 00:14:40
    tradicional feijoada brasileira. Ai,
  • 00:14:43
    embora o caso seja sério e de fato é, é
  • 00:14:46
    impossível não rir numa situação dessa.
  • 00:14:49
    Como é que você descobriu? Como é que
  • 00:14:51
    você descobriu todas essas histórias?
  • 00:14:54
    Ah, a gente, qual foi o fio da meada aí?
  • 00:14:55
    Olha, o fio da meada é o Sergei
  • 00:14:58
    Jercassov, quando o caso dele foi
  • 00:15:00
    divulgado, logo depois o o esse Diamaria
  • 00:15:05
    foi preso na Noruega, o nome dele
  • 00:15:07
    verdadeiro é Mikil Mikushin. E nós temos
  • 00:15:10
    no Fantástico um cara que desvenda os
  • 00:15:13
    bastidores da internet, que é o Renato
  • 00:15:15
    Ferezinho, produtor ótimo, ele é
  • 00:15:17
    maravilhoso. Eu brinco que ele é o rei
  • 00:15:18
    da deep web, eu falo, né? coisas
  • 00:15:20
    obscuras da internet. O Ferezinho
  • 00:15:22
    consegue. E foi o Ferezin que foi
  • 00:15:24
    desencavando, foi eh desenrolando esses
  • 00:15:27
    novelos. Pelo Ferezim, a gente chegou
  • 00:15:29
    nesse terceiro caso, que é outro caso
  • 00:15:32
    que tem um é engraçado porque é um cara
  • 00:15:34
    chamado Artem Schmev, eh, que vivia no
  • 00:15:39
    Rio com o nome de Gerard Vich. Ele tinha
  • 00:15:42
    uma empresa de impressão 3D. Eh, ele
  • 00:15:44
    tinha uma namorada que não quis falar
  • 00:15:47
    com a gente de jeito nenhum, mas é uma
  • 00:15:48
    funcionária altamente qualificada do
  • 00:15:50
    governo brasileiro, representa o Brasil
  • 00:15:53
    em eventos no exterior, etc. Nossa. É. E
  • 00:15:58
    ele falou para ela: "Vou comprar cigarro
  • 00:16:00
    lá na Malásia e já volto". E nunca mais
  • 00:16:02
    voltou. E não voltou. Ela ficou
  • 00:16:04
    desesperada e como é uma pessoa muito
  • 00:16:06
    esclarecida, procurou o Itamarati, foi
  • 00:16:09
    lançado um chamado internacional por
  • 00:16:11
    esse cara. O governo da Grécia levantou
  • 00:16:13
    a mão. Opa, a gente conhece esse cara,
  • 00:16:15
    ele é espião russo. O nome dele é Artem
  • 00:16:20
    Schmi e esse cara tá sumido. E a isso é
  • 00:16:23
    estranho porque a federal tava fechando
  • 00:16:26
    o cerco em cima dele, se ele sabia ou
  • 00:16:28
    não, se foi coincidência, enfim, ele
  • 00:16:30
    saiu do país, foi de fato pra Malásia e
  • 00:16:32
    nunca voltou. Perdeu-se o o rastro dele.
  • 00:16:35
    A mulher, ele tinha uma mulher que era
  • 00:16:37
    espiã também e que estava na Grécia, se
  • 00:16:39
    não me engano. Ah, ele além de ter a
  • 00:16:40
    namorada brasileira, era casado com uma
  • 00:16:43
    mulher na Grécia. Sim. Uma russa. Uma
  • 00:16:46
    rúsa. Uma russa. Espiã também. Também
  • 00:16:47
    espiã. Também. Nossa, trocavam
  • 00:16:50
    mensagens. E uma coisa curiosa, Natusa,
  • 00:16:52
    que as mensagens são sempre em inglês.
  • 00:16:54
    Eu ingenuamente perguntei para um
  • 00:16:56
    policial federal que falou comigo em
  • 00:16:58
    off. Falei: "Pô, mas por que que um
  • 00:16:59
    russo conversa com outro russo em
  • 00:17:01
    inglês?" Ele falou: "Porque é a língua
  • 00:17:02
    mais neutra que
  • 00:17:04
    existe." Se a troca de mensagens eh se
  • 00:17:07
    for interceptada de alguma maneira,
  • 00:17:09
    mensagens em russo chamam muito mais
  • 00:17:11
    atenção. Chamão, é, chama menos atenção
  • 00:17:13
    se forem em inglês e mais atenção em em
  • 00:17:16
    russo. E até você vê que não é o inglês
  • 00:17:18
    dos melhores, né? Eh, e aí porque eles
  • 00:17:21
    não são nativos de inglês e mas enfim, a
  • 00:17:24
    comunicação entre eh o espião e o seu
  • 00:17:27
    chefe ou entre o espião e a sua família
  • 00:17:30
    eh são sempre em inglês.
  • 00:17:34
    Espera um pouquinho que eu já volto para
  • 00:17:35
    continuar minha conversa com o Álvaro.
  • 00:17:41
    Bom, então levando em consideração que a
  • 00:17:43
    gente não sabe se eles praticaram
  • 00:17:45
    espionagem no Brasil ou se o Brasil era
  • 00:17:48
    apenas uma incubadora para eles lavarem
  • 00:17:52
    a própria a própria identidade. Eu quero
  • 00:17:55
    entender também como se deu a
  • 00:17:56
    investigação brasileira e como ela foi
  • 00:17:58
    crucial para desmantelar
  • 00:18:01
    essa essa rede ou pelo menos para
  • 00:18:04
    começar a desmantelar, né? Porque a
  • 00:18:06
    gente não sabe a extensão, a gente não
  • 00:18:08
    tem ideia. Isso é o que é o mais
  • 00:18:10
    perturbador dessa história, porque
  • 00:18:12
    quando o New York Times entra no caso,
  • 00:18:15
    entra no caso mostrando uma rede muito
  • 00:18:17
    maiorum, porque eles chegam a nove.
  • 00:18:20
    Alguns personagens são os mesmos que
  • 00:18:22
    você encontrou, que você descobriu, que
  • 00:18:24
    eu mesmo não conhecia, mas tem outros
  • 00:18:25
    novos. Então, pode ser que a gente
  • 00:18:27
    esteja falando de uma organização de
  • 00:18:30
    espionagem atuando aqui no Brasil. É,
  • 00:18:32
    você sabe que eu entrevistei um
  • 00:18:33
    ex-agente da KGB eh, por uma das
  • 00:18:36
    matérias que ele foi, eles chamam de
  • 00:18:38
    ilegal, de ilegal. Ele foi ilegal nos
  • 00:18:40
    Estados Unidos e ele falou: "Quando eu
  • 00:18:42
    fui paraos Estados Unidos nos anos,
  • 00:18:43
    digo, ele ele foi legal nos Estados
  • 00:18:44
    Unidos porque ele ele entrou com algum
  • 00:18:46
    tipo de autorização de visto e ficou lá
  • 00:18:48
    e não saiu mais." Esse foi um caso de
  • 00:18:50
    assumir a identidade de um bebê que
  • 00:18:52
    tinha morrido com poucos meses. Então, é
  • 00:18:54
    o é o nome, vamos dizer assim, o o no
  • 00:18:57
    jargão, no jargão da espionagem e liga a
  • 00:19:00
    esse cara. é o cara que vai para outro
  • 00:19:01
    país e assumir outra outra identidade. E
  • 00:19:04
    esse ex-agente da KGB que eu
  • 00:19:06
    entrevistei, que escreveu um livro sobre
  • 00:19:07
    isso, ele me falou: "Ó, quando eu vim
  • 00:19:09
    paraos Estados Unidos, eu quase fui pro
  • 00:19:10
    Brasil e ele falou isso porque era muito
  • 00:19:12
    fácil conseguir passaporte brasileiro,
  • 00:19:14
    era pouca checagem e eu e qualquer um se
  • 00:19:17
    passa por brasileiro." Uma outra coisa
  • 00:19:19
    que chama atenção também na Tuza, tanto
  • 00:19:21
    no caso do Vittor Miller, que era o
  • 00:19:23
    Sergio Ercassov, quanto no caso do
  • 00:19:26
    Michael Mikuchin, que era o José José
  • 00:19:28
    Assisia Maria, passaporte obtido em
  • 00:19:31
    embaixadas brasileiras no exterior. Hum.
  • 00:19:33
    Isso quer dizer o qu, hein? Eu acho que
  • 00:19:35
    é porque você aqui você obter um
  • 00:19:38
    passaporte é num ambiente policial, é na
  • 00:19:40
    Polícia Federal, né? Sujeito a muito
  • 00:19:42
    mais checagens. Então não, eles obtêm
  • 00:19:45
    documentos brasileiros e vão pro
  • 00:19:46
    exterior para pegar o passaporte. falam
  • 00:19:48
    que perderam alguma coisa assim. E aí
  • 00:19:51
    você transita num ambiente diplomático e
  • 00:19:53
    não num ambiente policial. Lembrando que
  • 00:19:55
    em João 1 foi a mesma coisa. Conseguiu
  • 00:19:58
    um passaporte na embaixada brasileira em
  • 00:19:59
    Praga. Aquele passaporte antigo que não
  • 00:20:01
    tem todas essas essas marcas d'água,
  • 00:20:04
    essas coisas que tem hoje, né? Era mais
  • 00:20:05
    fácil falsificar. Isso, isso me intriga
  • 00:20:08
    bastante porque pelo que eu tô
  • 00:20:09
    entendendo, na tua reportagem não
  • 00:20:12
    existia uma forma ou pelo menos não tava
  • 00:20:15
    claro que havia uma forma igual para
  • 00:20:18
    obtenção de documentos de documentos
  • 00:20:22
    verdadeiros com base em informações
  • 00:20:24
    falsas. Então não sabe, por exemplo, se
  • 00:20:26
    eles normalmente faziam via CNH ou se
  • 00:20:29
    faziam via uma certidão de nascimento
  • 00:20:31
    falsificada e depois e depois iam para
  • 00:20:35
    um para um cartório ou para um
  • 00:20:38
    departamento. O que você tá contando é
  • 00:20:40
    que não dá para entender exatamente, não
  • 00:20:42
    dá para dizer com precisão como era,
  • 00:20:45
    como se utilizava as falhas, as brechas
  • 00:20:48
    do Brasil, porque há Uhum. para
  • 00:20:51
    conseguir esses documentos. É isso. É,
  • 00:20:53
    em geral começa com a certidão de
  • 00:20:55
    nascimento, né? Até hoje na matéria New
  • 00:20:57
    York Times eles fazem, falam isso, que
  • 00:20:59
    tem ali uma exceção eh na lei brasileira
  • 00:21:02
    de nascimentos em zonas rurais. E aí
  • 00:21:05
    você vai no cartório, desde que tenha
  • 00:21:07
    duas testemunhas, você consegue uma
  • 00:21:08
    certidão de nascimento em nome de uma
  • 00:21:10
    criança supostamente nascida no dia tal,
  • 00:21:13
    no lugar tal. E às vezes não precisa nem
  • 00:21:14
    ser criança, né? Porque tem muitos
  • 00:21:17
    brasileiros que não tem documentos. E
  • 00:21:19
    você obtém depois de adulto. Exato. Esse
  • 00:21:22
    parece ter sido o caso do Garia, eh, do
  • 00:21:25
    que tá preso na Noruega, mas o
  • 00:21:27
    Cherassov, a gente não sabe, o
  • 00:21:28
    Chercassov nas trocas de mensagens com
  • 00:21:31
    amigos, ele falava de uma menina num
  • 00:21:33
    cartório em São Paulo que facilitaria as
  • 00:21:35
    coisas para ele. A gente foi atrás dessa
  • 00:21:37
    menina. Ah, porque você obteve a
  • 00:21:39
    interceptação dessas conversas. A
  • 00:21:40
    Polícia Federal obteve e você obteve via
  • 00:21:42
    suas contas.
  • 00:21:44
    dele uma pessoa para qu eu não lembro se
  • 00:21:45
    ele tava comprando ou vendendo um carro
  • 00:21:48
    e ele falou: "Ó, você soaque dele lá, se
  • 00:21:51
    você precisar de alguma coisa de
  • 00:21:53
    cartório, fala comigo, tá? Que eu tenho
  • 00:21:54
    uma menina que resolve tudo. Se um dia
  • 00:21:57
    você precisar de uma menina no cartório
  • 00:21:59
    aí que pode dar um jeito para várias
  • 00:22:01
    coisas, é só ligar, entende?
  • 00:22:04
    A gente achou o cartório, achou essa
  • 00:22:05
    menina e mas não tem nada contra ela,
  • 00:22:08
    né? E que história? Que história será
  • 00:22:10
    que que ele contava, né? Porque ele
  • 00:22:12
    tinha um sutaque carregado. É, no caso
  • 00:22:14
    dele era que ele tinha sido criado na
  • 00:22:16
    Argentina. O pai era por uma tia alemã,
  • 00:22:20
    um negócio assim. Eu não sei. Eu não sei
  • 00:22:22
    você, Álvaro, mas esse espião não
  • 00:22:24
    passava pelo meu pelo meu questionário.
  • 00:22:27
    Não é que você não fazia forró na mesma
  • 00:22:28
    escola que ele não deu para testar.
  • 00:22:32
    Aí é que ele não passaria. É, com o
  • 00:22:34
    jornalista acho que ele não se daria
  • 00:22:35
    muito bem. Acho que não. Bom, e desses
  • 00:22:38
    três espiões que você descobriu, o
  • 00:22:41
    rastro foi no encalço deles. O único que
  • 00:22:44
    foi preso foi o Sergei Cherassov. É
  • 00:22:47
    esse. E aí na prisão ele não abriu a
  • 00:22:50
    boca? Então, os Estados Unidos querem o
  • 00:22:53
    Sergay por causa de espionagem nos
  • 00:22:54
    Estados Unidos. A Rússia num primeiro
  • 00:22:57
    momento tava ajudando, tá ajudando, né?
  • 00:23:01
    E inclusive propôs, entrou ajudando como
  • 00:23:04
    é com dinheiro e com assistência
  • 00:23:07
    consular. Ah, ajudando o preso. Isso.
  • 00:23:12
    Num primeiro momento, a Rússia falou:
  • 00:23:13
    "Olha, vamos deixá-lo em prisão
  • 00:23:15
    domiciliar. É uma crueldade deixar ele
  • 00:23:17
    na
  • 00:23:18
    cadeia. É um crime muito simples de
  • 00:23:20
    falsificação de documentos. Ele está em
  • 00:23:23
    um sistema prisional totalmente
  • 00:23:25
    incompatível, até porque ele foi
  • 00:23:26
    condenado por uso de documento falso. Um
  • 00:23:28
    crime sem violência, é um crime sem
  • 00:23:30
    grave ameaça, não é um crime de alta
  • 00:23:32
    periculosidade.
  • 00:23:34
    Em nota, o Supremo Tribunal Federal
  • 00:23:36
    informou que aguarda parecer da
  • 00:23:38
    Procuradoria Geral da República para aí
  • 00:23:41
    sim julgar o pedido da defesa para
  • 00:23:43
    libertar o ser gay, ainda que
  • 00:23:45
    temporariamente.
  • 00:23:47
    Consulado russo em São Paulo não
  • 00:23:49
    respondeu aos contatos feitos pelo
  • 00:23:51
    Fantástico. Mas qual é o domicílio dele?
  • 00:23:54
    O consulado em São Paulo. A Rússia
  • 00:23:56
    ofereceu o consulado em São Paulo para
  • 00:23:58
    ele ficar. Muito bem. Isso foi
  • 00:24:00
    rejeitado. Tempos depois, a Rússia veio
  • 00:24:02
    com uma outra história. Olha, ele é um
  • 00:24:04
    perigosíssimo traficante de heroína. Por
  • 00:24:06
    isso que a gente quer esse cara. É uma
  • 00:24:09
    tática típica dos russos. para trazer de
  • 00:24:11
    volta um agente preso em outro país,
  • 00:24:13
    eles inventam que a pessoa tá condenada
  • 00:24:15
    na Rússia por algum crime e apresentaram
  • 00:24:18
    para justiça brasileira um
  • 00:24:20
    suposto processo em que ele aparecia
  • 00:24:23
    como ré tráfico de heroína. Só que tem
  • 00:24:25
    um site investigativo eh holandês
  • 00:24:27
    chamado Bellincat, muito bom, de
  • 00:24:30
    jornalismo, eles chamam de jornalismo
  • 00:24:32
    computacional. E eles acharam o processo
  • 00:24:36
    original. O nome do Sergei não tá nesse
  • 00:24:38
    processo, foi inserido, rasurado no
  • 00:24:41
    material que eles mandaram pra justiça
  • 00:24:43
    brasileira. E tem outros casos de
  • 00:24:46
    espiões russos presos em outros países
  • 00:24:48
    que a Rússia fala: "Não, ele ele é um
  • 00:24:50
    terrível criminoso, nós precisamos
  • 00:24:51
    dele". Agora você imagina, se ele fosse
  • 00:24:53
    mesmo um perigosíssimo traficante de
  • 00:24:55
    heroína, como é que a Rússia ofereceu o
  • 00:24:58
    consulado russo em São Paulo para ele
  • 00:24:59
    ficar morando lá? E a justiça não ouviu
  • 00:25:02
    o Sergate Ercasso para saber para onde é
  • 00:25:05
    que ele queria ir. Agora ele fala: "Não,
  • 00:25:06
    eu sou um perigoso traficante de
  • 00:25:08
    heroína. Eu assumo os meus crimes e eu
  • 00:25:10
    quero ser extraditado pra Rússia". Eu
  • 00:25:12
    quero ser estraditado eh paraa Rússia.
  • 00:25:16
    Eu concordo com as acusações que Rússia
  • 00:25:19
    fez e eu pretendo responder aos papos
  • 00:25:22
    dos meus crimes que são aligados pela
  • 00:25:25
    Rússia. Eu não acredito, Álvaro. É, tem
  • 00:25:27
    vídeo disso. Mas ele não diz isso antes,
  • 00:25:30
    não. Ele não dizia nem que ele era o
  • 00:25:31
    Chargov, ele falava que ela era o Víor
  • 00:25:33
    Miller Ferreira. Mas olha, eu também
  • 00:25:35
    quero eu quero entender o quão
  • 00:25:40
    detalhista foi o trabalho da da Polícia
  • 00:25:43
    Federal, porque o New York Times destaca
  • 00:25:46
    isso. É assim, a gente na nossa apuração
  • 00:25:49
    na to a gente, a federal só falou em off
  • 00:25:52
    com a gente e dando o mínimo de
  • 00:25:55
    informações. A última matéria que eu
  • 00:25:57
    fiz, eu acho que já faz mais de um ano,
  • 00:26:00
    eles disseram pra gente que eles estavam
  • 00:26:02
    fechando em outros nomes a partir de
  • 00:26:04
    informações que eles tinham obtido no
  • 00:26:06
    exterior. Eh, mas eles não deram nenhuma
  • 00:26:09
    dica concreta para nós. E televisão,
  • 00:26:11
    você sabe como é que é, né, Natusa, não
  • 00:26:12
    tem imagem, você não consegue fazer. É,
  • 00:26:14
    a mesmo as matérias que eu fiz, tem
  • 00:26:16
    muita recurso de animação, tipo eh
  • 00:26:19
    linguagem de história em quadrinhos,
  • 00:26:20
    porque a gente não tinha imagem, né? O
  • 00:26:22
    que eu vi hoje no New York Times é que
  • 00:26:25
    eles soltaram um alerta para
  • 00:26:31
    Interpolinga a foto começa gente a
  • 00:26:34
    levantar a mão, falar: "Opa, eu conheço
  • 00:26:36
    esse cara. Opa, eu conheço esse cara".
  • 00:26:37
    Eu acredito que tenha sido assim. A
  • 00:26:39
    operação russa foi descoberta por
  • 00:26:41
    agentes da Polícia Federal Brasileira
  • 00:26:43
    que a partir de 2022, com apoio da CIA e
  • 00:26:46
    de outras agências de inteligência,
  • 00:26:48
    desmantelaram uma rede que já havia
  • 00:26:50
    infiltrado pelo menos nove agentes sob
  • 00:26:53
    identidades falsas. E e eles fazem
  • 00:26:55
    também um isso eu sei, um levantamento
  • 00:26:58
    muito cuidadoso de achar a imagem de
  • 00:27:02
    quando a pessoa entrou no Brasil. Então,
  • 00:27:05
    eu não sei quais são os recursos
  • 00:27:06
    tecnológicos que eles têm, mas você pega
  • 00:27:08
    a foto do cara no passaporte, vamos ver
  • 00:27:10
    quando é que esse cara entrou no Brasil
  • 00:27:12
    e aí, pum, aparece a foto dele entrando
  • 00:27:14
    no Brasil com passaporte russo com outro
  • 00:27:16
    nome. Isso eu tenho certeza que eles
  • 00:27:18
    fizeram. Agora sim, olhando de relance,
  • 00:27:23
    você imagina que essa história não
  • 00:27:26
    alcance de alguma maneira a guerra da
  • 00:27:28
    Ucrânia, mas alcança. Explica pra gente
  • 00:27:31
    porquê. É, eu acho o exemplo que eu te
  • 00:27:33
    dei, né, da do Tribunal Penal
  • 00:27:35
    Internacional de Aia, eh, que que tá
  • 00:27:37
    investigando crimes de guerra e eles são
  • 00:27:40
    muitos da Rússia na Ucrânia, eh, eles
  • 00:27:44
    mandaram o, o Sergeti Ercassov
  • 00:27:46
    justamente para lá. Eh, o fato de a
  • 00:27:49
    Rússia ter invadido a Ucrânia, eh, e de
  • 00:27:52
    todas e de todo o bastidor de
  • 00:27:55
    inteligência que isso envolve, foi, na
  • 00:27:57
    verdade, o gatilho que fez disparar
  • 00:27:59
    essas investigações todas, né? Ou seja,
  • 00:28:01
    uma espécie de caçada aos espiões russos
  • 00:28:04
    a partir da invasão na Ucrânia. É assim
  • 00:28:06
    que eu entendo, é assim que eu entendo.
  • 00:28:07
    Foi isso que deu um alerta geral ali de,
  • 00:28:10
    opa, vamos atrás de russo porque esses
  • 00:28:11
    caras estão infiltrados em de vários
  • 00:28:13
    lugares, né? Claro que o principalmente
  • 00:28:15
    os Estados Unidos que tem essa
  • 00:28:16
    preocupação. Quer dizer, agora com o
  • 00:28:18
    Trump não sei. Agora deixa que ele mesmo
  • 00:28:20
    passa as informações pro Putin, não
  • 00:28:21
    precisa mais de espião. Exato. Álvaro,
  • 00:28:24
    meu querido, que que relatos muito
  • 00:28:28
    impressionantes. Eu não sei como eu
  • 00:28:30
    lembrei, Nata, porque faz tempo, já que
  • 00:28:32
    eu tive agora na Ucrânia, né? Eu voltei
  • 00:28:34
    faz 10 dias da Ucrânia. Acho que esses
  • 00:28:35
    assuntos tão quates. É, aliás, fazer uma
  • 00:28:38
    propaganda, né, da por favor, minha
  • 00:28:40
    série, eu tô fazendo uma série e sobre a
  • 00:28:43
    guerra da Ucrânia. O primeiro episódio
  • 00:28:45
    já foi ao ar domingo passado, agora vai
  • 00:28:48
    o segundo e no outro domingo vai ter
  • 00:28:51
    outro episódio focado no uso de drones
  • 00:28:53
    na guerra. Tá legal assim, quem quem
  • 00:28:55
    perdeu o primeiro episódio, só procurar
  • 00:28:57
    Ucrânia, fantástico no Global Play que
  • 00:29:00
    consegue achar facinho no índice. Por
  • 00:29:02
    favor, o prestiginho que a gente ralou
  • 00:29:04
    lá, viu? Eu tenho certeza disso. Então,
  • 00:29:06
    olha, tá aqui a dica do assunto. Tô
  • 00:29:09
    inaugurando a dica do assunto com o seu
  • 00:29:11
    documentário, Álvaro. Foi um prazer.
  • 00:29:14
    Muito obrigado. Eu tenho a impressão que
  • 00:29:15
    você vai continuar correndo atrás dessa
  • 00:29:17
    história agora, né? Essa semana eu não
  • 00:29:19
    vou conseguir porque eu tô com a
  • 00:29:20
    Ucrânia, mas eu adoraria votar porque eu
  • 00:29:23
    sou fascinado por esse assunto, como a
  • 00:29:25
    gente chama lá internamente no
  • 00:29:26
    Fantástico. A pauta do espião
  • 00:29:28
    forrozeiro.
  • 00:29:30
    Pauta do espião forrozeiro. Tá certo,
  • 00:29:33
    Álvaro. Muito obrigada. Bom trabalho
  • 00:29:35
    para você e boa sorte com documentário.
  • 00:29:37
    Vamos todos assistir. Ob. Valeu.
  • 00:29:40
    [Música]
  • 00:29:42
    Antes de terminar um recado, se você
  • 00:29:44
    ouve o assunto no Spotify, gostou do
  • 00:29:45
    episódio, é assunter mesmo, dá cinco
  • 00:29:48
    estrelas e compartilha esse episódio com
  • 00:29:50
    quem você quiser. Você pode nos ouvir no
  • 00:29:52
    G1, no YouTube e em todas as plataformas
  • 00:29:55
    de áudio. Comigo na equipe do assunto
  • 00:29:57
    estão Mônica Mariote, Amanda Polato,
  • 00:30:00
    Sara Rezende, Luís Felipe Silva, Thiago
  • 00:30:02
    Casuros e Carlos
  • 00:30:05
    Catelã.
  • 00:30:06
    Eu sou Natusaner e fico por aqui. Até o
  • 00:30:10
    próximo assunto.
  • 00:30:11
    [Música]
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