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[Música]
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com o avanço da Medicina adiar a morte
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parece ter se tornado o principal
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objetivo dos cuidados médicos mas quando
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uma doença incurável nos coloca diante
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da finitude e remediável da vida como
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aceitar que a cura não é mais o objetivo
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o código de ética médica orienta que
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quando houver um diagnóstico de doença
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incurável e terminal os profissionais de
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saúde devem cuidar do paciente sem
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aplicar terapias inúteis E aí que entram
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os cuidados paliativos com um único e
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grandioso objetivo reduzir o sofrimento
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Hoje a gente vai dedicar a nossa
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conversa a esses cuidados e as famílias
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que estejam atravessando ou dificilmente
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de lidar com a despedida os nossos
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convidados são a psicóloga Fátima
00:01:04
Giovanni o geriatra geriatra Felipe
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Gusman e a enfermeira Ingrid
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desidrate gente muito obrigada pela
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presença de vocês aqui com a gente
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Felipe eu queria começar com você a
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gente vive um momento de
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prolongamento da vida né medicina trouxe
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vários tratamentos para várias doenças
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crônicas e que antigamente levariam a
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morte rapidamente hoje a gente tem um
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prolongamento disso Em que momento vai
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se indicar hoje com esse quadro essa
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realidade de sucesso da Medicina vamos
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dizer assim Em que momento se indicam os
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cuidados paliativos só para a gente
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poder deixar quem está nos assistindo
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entender o que são os cuidados
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paliativos
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é uma prática de saúde que deve ser
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instituída para qualquer doença que
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ameaça e continuidade da vida agora ela
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vai ter uma importância maior quando se
00:02:00
atinge a fase terminal dessa doença
00:02:01
ameaçadora da vida então na fase
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terminal como você já colocou na
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introdução do programa que entra uma um
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olhar mais específico essa necessidade
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maior de um profissional que trabalha
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esteja acostumado com essa área né e sem
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dúvida alguma precisa não só do médico
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mas de uma equipe multiprofissional
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bastante integrada e atenta esse essas
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necessidades eu a primeira vez que eu me
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vi diante desse termo cuidados
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paliativos durante um certo período eu
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tive dificuldade de entender como é não
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interceder em prol de uma possível cura
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o que que diferencia esse tratamento
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primeiro a gente tem que identificar a
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doença o tipo da doença eu vou dar um
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exemplo Digamos um
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DPOC né um paciente que tem enfisema que
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é uma doença que ameaça continuidade da
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vida esse é um exemplo como você colocou
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que é também uma doença crônica não só
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como câncer o câncer foi o principal
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deles e que trouxe essa discussão à tona
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do Cuidado paliativo agora DPOC é
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insuficiência cardíaca são outras
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condições também de saúde que uma vez
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que você identifique esse e faça esse
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diagnóstico você vai perceber ele que a
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cura já não tem mais como se oferecido
00:03:26
diagnóstico isso essa pergunta é ótima
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porque quando a gente faz o diagnóstico
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da Fase Terminal de uma doença grave que
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ameaça continuidade da vida a gente sabe
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que tem uma expectativa de vida mais
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reduzida que podem ser de meses a poucos
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anos sabe então quando por isso que é
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importante esse olhar paliativo na fase
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terminal que a gente sabe que a
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expectativa de vida tá curta a gente não
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tem como dizer quantos dias quantos
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meses ser preciso nisso mas a gente tem
00:03:55
uma ideia
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a gente tendo a ideia dessa expectativa
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de vida a gente consegue organizar
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melhor esse plano de cuidado para
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amenizar o sofrimento e aí no caso entra
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psicologia né Fátima Em que momento é e
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como chegar para essa família e colocar
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apresentar os cuidados paliativos o
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psicólogo entra em todos os momentos dos
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cuidados paliativos né na realidade o
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que acontece é que o diagnóstico de uma
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doença grave de uma doença incurável ele
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interrompe um projeto de vida de um
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paciente e ele interrompe também um
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projeto de vida da família então a
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comunicação do diagnóstico ou a
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comunicação do prognóstico especialmente
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no momento como o Felipe falou que é o
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momento de atestar
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impurabilidade da doença terminalidade é
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um divisor de águas na vida desse
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paciente e da família então psicólogo
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entra apoiando dando suporte dando
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escuta e acompanhando esse percurso
00:04:55
tanto do sujeito doente quanto da
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família muitas histórias que você deve
00:05:00
acompanhar né muitas histórias e a cada
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trabalho é um trabalho único é uma
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escuta única com cada paciente você faz
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um trabalho que às vezes é um trabalho
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quase que da ordem de uma invenção a
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gente vai criando ali o que que é
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possível fazer com aquela história em
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particular com aquele paciente em
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particular uma família também e com a
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família nesse momento tá super demanda
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muito e precisa ser cuidada também não é
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só o paciente
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Ingrid você quero te agradecer em
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especial você tá aqui né você teve a
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perda do seu pai muito recentemente além
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de ser enfermeira e ter essa experiência
00:05:36
profissional você acabou de vivenciar os
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cuidados paliativos
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que você Contasse um pouquinho para a
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gente como é que foi isso e se fez
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diferença para você ser profissional de
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saúde conhecer essas histórias
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anteriormente na verdade quando a gente
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é da área da saúde a gente sempre pensa
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que vai acontecer com vizinho Nunca na
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nossa casa né então é muito mais fácil
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lidar com paciente do que com parente no
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meu caso foi um parente muito próximo um
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pai
00:06:02
meu pai faleceu tem um mês ele teve
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cuidados paliativos durante quatro a
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cinco meses ele já era tratado em casa
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domiciliar e até que uma semana desses
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cuidados ele teve a internação no Inca
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de Vila Isabel que é única quatro
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se não fosse a psicologia se não fosse
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os enfermeiros os técnicos
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o paciente e até mesmo os acompanhantes
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não teriam estrutura eu acho que ali
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deixa de ter aquele contato profissional
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para ser mais social onde você se
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importa com outro você percebe aquela
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importância eu como
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enfermeira de emergência Eu tenho um
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outro olhar eu tento resgatar um
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paciente a gente tenta preservar aquela
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vida Qualquer Custo e onde a gente
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percebe que um paciente paliativo se a
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gente pensar nessa individualidade
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querer ele sempre com a gente a gente
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está sendo egoísta porque vai postergar
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que ele sofrimento aquela doença que a
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gente sempre sabe que não tem muito que
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se fazer esse finalzinho que ela falou é
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muito interessante não tem muito que se
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fazia lembrar que é para doença para
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doença realmente uma doença grave que
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chega na fase terminal portanto tá muito
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claro do ponto de vista científico que
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não tem o tratamento curativo para
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resolver a doença mas para aquela pessoa
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que sofre para sua família a Fátima até
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que não vai me deixar mentir tem muita
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coisa para ser feita e a Ingrid Sem
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dúvida alguma ela pode trazer esse essa
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vivência dela que quando a gente recebe
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o cuidado paliativo apropriado é claro
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que ele vai existir o sofrimento mas ele
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vai ser muito menor e a gente vai
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conseguir olhar para a vida de Fato né
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não só para dor da morte porque quando a
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gente reconhece que a morte da próxima a
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gente tende a se prender muito na morte
00:08:07
na dor mas até a vida né para ser vivida
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e plenamente Então isso que a gente
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tenta promover para que possa ser olhar
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mais para vida mesmo com dor mas que
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possa ainda viver plenamente
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comentou que o pai dela não tinha pleno
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conhecimento de que estava por vir a
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morte né
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em próxima é a família me parece que
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nesse nesse caso Segura uma um peso
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muito grande de talhe forte do lado
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desse paciente como é que é envolve-se a
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família nesse cuidado cuida-se da
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família é na realidade a família não tem
00:08:45
que necessariamente se mostrar forte
00:08:46
para o paciente ao contrário muitas
00:08:48
vezes quando a família consegue mostrar
00:08:50
a dor dela trocar dividir com paciente
00:08:53
dividir com a equipe o paciente se sente
00:08:55
mais legitimado na sua dor ele se sente
00:08:58
mais à vontade para falar da sua dor
00:09:00
para falar do seu sofrimento porque o
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que acontece é que não existe um
00:09:04
paciente que esteja morrendo que esteja
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muito próximo da Morte e que não perceba
00:09:07
que não saiba disso ele sabe o que
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acontece é que muitas vezes ele não tem
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com quem discutir com quem dividir isso
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e isso causa pode causar um sofrimento
00:09:17
ainda maior então na realidade o que a
00:09:20
gente faz é tentar
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ampliar abrir filtrar um pouco melhor
00:09:25
essa comunicação para aquela flua porque
00:09:27
o paciente nessa fase final é quando ele
00:09:30
se vê diante da Morte ele ele percebe a
00:09:33
quantidade de situações que ele precisa
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ainda resolver então muitas vezes são
00:09:38
resgates familiares são resgates sociais
00:09:41
situações que precisam ser ditas então é
00:09:44
um momento muito rico e de muita
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intensidade no viver e aí em torno disso
00:09:49
que a gente trabalha e a gente vai dando
00:09:51
esse suporte para a família também a
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gente vai tentando identificar como é
00:09:55
que essa família se organiza Quem é esse
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paciente Qual o lugar que ele ocupa
00:09:59
nessa família Qual é o estilo de relação
00:10:01
com essa família Qual é o estilo de
00:10:03
comunicação com essa família tem para a
00:10:06
gente poder ir abrindo e trabalhar de
00:10:07
uma forma muito intensa porque às vezes
00:10:10
o tempo é curto como é que você se
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sentiu em meu pai se enquadra em todos
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esses quadros que ela acabou de citar
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ele era na verdade o meu padrasto me
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criava desde os 7 anos e tinha filhos de
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outro casamento onde eles todos eram
00:10:25
brigados eles não se falavam então
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quando o médico chegou para mim para
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assim contando aqui olha o tempo tá se
00:10:32
esgotando ele tá ficando mais fraco a
00:10:35
doença tá tomando conta dele se vocês
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tiverem alguma coisa para resolver esse
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é o momento e foi aonde eu chamei os
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filhos Para que tivessem tempo de se
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despedir dele e foi aonde Tipo ele
00:10:49
relaxou onde ele falou assim agora eu
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posso ir tranquilo a minha passagem tá
00:10:55
ali eu já posso ir porque eu já resolvi
00:10:57
tudo que tinha para resolver e foi
00:11:00
depois dessa dessa
00:11:03
sensação de alívio que ele teve que ele
00:11:06
realmente caiu em si que a doença tipo
00:11:08
já tinha tomado conta dele que ele não
00:11:10
tinha mais o que fazer que a missão dele
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estava cumprida e foi no entanto que
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isso para ele foi primordial porque eu
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sentia que o que prendia ele era o fato
00:11:19
de ele ter coisas se resolverem ainda
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coisas pendentes
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e no final como ele era muito apegado a
00:11:27
minha mãe que era um casamento também já
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de anos
00:11:29
a minha mãe não conseguia mais ficar
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perto dele porque ela só chorava e ele
00:11:35
ficava para ela e falava não quero que
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você chore eu quero que você fique bem
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Eu tô bem eu não tô sentindo nada então
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eu quero você bem então eu dividia muito
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porque Como é sua enfermeira eu tinha
00:11:49
aquele lado mais frio na frente né de
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ficar que ela não você tá ótimo tá
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tranquilo daqui a pouco você vai para
00:11:55
casa e a minha mãe passava aquele lado
00:11:57
mais passional então às vezes ele ficava
00:12:00
assim eu não quero você não porque você
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é muito seca Você é brava ela faz tudo
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que eu quero Então tinha aquela divisão
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onde tinha uma que afagava mais ele dava
00:12:10
que ele afago e aquela outra que falava
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assim não tem que comer Tem que se
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cuidar tem que fazer eu tinha que ter um
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banho no caso né tipo fazer um intervalo
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rapidinho agora depois é super rico esse
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que você tá trazendo igreja a gente na
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verdade também foi ouvir porque é muito
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difícil conseguir trazer esse depoimento
00:12:27
de famílias que estão vivenciando
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naquele momento essa dor toda né Mas mas
00:12:32
é fácil encontrar uma pessoa depois
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dessa vivência né Depois de ter digerido
00:12:37
essa vivência para contar como você tá
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fazendo então a gente foi ouvir alguns
00:12:41
Profissionais de Saúde que a gente vai
00:12:42
conhecer no próximo bloco então daqui a
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pouco nós vamos ouvir o depoimento de
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profissionais que fazem dos cuidados
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paliativos uma lição de vida a gente
00:12:51
volta no instante não sai daí
00:12:52
[Música]
00:13:02
[Música]
00:13:07
estamos de volta conversando sobre
00:13:09
cuidados paliativos quem lida com os
00:13:12
cuidados de pacientes com doenças sem
00:13:14
perspectiva de cura acaba encontrando um
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novo significado para essa fase da vida
00:13:19
a gente foi ouvir um pouco dessa
00:13:20
experiência
00:13:21
[Música]
00:13:31
a morte é um assunto que a maioria das
00:13:34
pessoas não gosta de falar na verdade a
00:13:36
gente só pensa nela quando recebe um
00:13:38
diagnóstico médico por mais que a gente
00:13:40
se esconda Deixar de existir é tão
00:13:42
natural quanto existir e quando ela vem
00:13:45
os últimos dias não precisam ser
00:13:46
sofrimento de dor não ter cura não
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significa não ter tratamento né é muito
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comum os pacientes e as famílias eles
00:13:54
pensarem que ele não se tem mais nada
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para fazer por eles e em Cuidado
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paliativo a gente tem muita oferecer e a
00:13:59
gente não tem só o cuidado físico a
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gente tem o cuidado espiritual cuidar do
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Social Então a gente tem uma gama de
00:14:04
possibilidades de ofertar para esse
00:14:06
paciente um cuidado que trate não só
00:14:08
dele que trate da família que trate das
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emoções
00:14:14
afirmar a vida e considerar a morte como
00:14:16
processo natural
00:14:19
[Música]
00:14:20
foco do cuidado paliativo é dar
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qualidade de vida um doente que tem uma
00:14:24
doença crônica que não tem a
00:14:25
possibilidade de cura e também garantir
00:14:27
que ele possa viver o tanto quanto
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possível com qualidade de vida né Nós
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temos uma cultura de que a morte é algo
00:14:34
que a gente precisa vencer e quando a
00:14:36
gente entende que o cuidado paliativo
00:14:38
ele é uma modalidade que vai dar uma
00:14:40
dignidade para o doente mesmo momento da
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morte então essa situação de que a morte
00:14:44
precisa ser vencida já fica um pouco de
00:14:45
lado
00:14:47
[Música]
00:14:49
lidar profissionalmente com a morte não
00:14:51
é algo que seja tão fácil né Eu acho que
00:14:54
nós somos seres humanos então nós temos
00:14:56
as nossas limitações e nós também
00:14:58
fazemos os nossos mecanismos de
00:15:00
enfrentamento Então eu acho que são
00:15:02
experiências muito individuais né de
00:15:04
cada profissional esse lidar com a morte
00:15:06
isso vai depender muito do quanto você
00:15:08
está preparado para lidar com a sua
00:15:09
própria morte que algo que a gente não
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faz essa reflexão acaba que a gente cria
00:15:13
um vínculo muito forte com esses
00:15:15
pacientes que estão em cuidados
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paliativos e a enfermagem acaba tendo um
00:15:19
papel muito grandeso porque nós acabamos
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nos tornando a referência para esse
00:15:24
paciente porque a gente vê a morte de
00:15:26
todos os dias não é fácil
00:15:31
trabalhar com paciente que tem cuidado
00:15:33
paliativo sempre traz experiência que
00:15:34
são muito marcantes e que vão
00:15:36
efetivamente te permitir conhecer um
00:15:39
pouco mais sobre você conhecer um pouco
00:15:40
mais daquilo que você pode dar para o
00:15:42
outro pensando na questão de uma
00:15:45
paciente na em especial que eu atendi
00:15:48
alguns anos atrás essa paciente era uma
00:15:50
paciente que tinha um câncer de cabeça e
00:15:53
pescoço então ela tinha uma língua
00:15:55
protusa né Projetada é demasiada e ela
00:15:59
não conseguia se comunicar verbalmente
00:16:02
ela não conseguia falar e fiquei me
00:16:04
questionando como eu poderia me
00:16:07
comunicar melhor com essa paciente então
00:16:09
eu pensando em uma estratégia procuro is
00:16:13
a ela que ela desenhasse né que ela de
00:16:17
alguma forma representasse através do
00:16:19
grafismo do desenho O que ela queria me
00:16:22
dizer o que ela queria expressar em
00:16:24
relação ao sentimentos dela chegou um
00:16:26
dia ela é me olhou no fundo dos
00:16:30
visualizeu sabia o que ela queria me
00:16:32
perguntar ela queria me perguntar sobre
00:16:34
a morte dela e ela me perguntou né fez
00:16:38
essa pergunta eu vou morrer
00:16:40
e nesse momento eu olhei para ela né e
00:16:44
eu respondi que nós duas sabíamos o que
00:16:47
vinha se passando que vinha acontecendo
00:16:49
que a doença estava avançando sim mas
00:16:53
que a única coisa que eu poderia
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garantir a ela certificar ela que eu
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estaria ao lado dela e que ela sabia
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disso como eu vinha me mostrando
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presente constante ao lado dela nos
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últimos dias quando a gente vê que
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apesar da dor apesar do sofrimento
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Apesar de todas as
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consequências que a impurabilidade do
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Câncer traz né famílias e pacientes
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ainda nos conseguem trazer algo de
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positivo nos dá uma lição de vida eu
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acho que a minha missão é promover um
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pouco de conforto para essas pessoas
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algo que me gratifica muito a saber que
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eu faço a diferença na vida desses
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doentes sabia que nosso trabalho Ele
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Pode garantir efetivamente a qualidade
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de vida desse doente ele Pode garantir o
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controle efetivo dos sintomas da doença
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e pode proporcionar uma morte digna
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[Música]
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[Música]
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estamos de volta conversando sobre
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família e cuidados paliativos com a
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gente aqui no estúdio a enfermeira
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Ingrid desiderati a psicóloga Fátima
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Giovanini e o geriatra Felipe Gusmão
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gente a matéria trouxe algumas questões
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Assim Que A Mim tocaram bastante essa
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convivência continuada desses
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profissionais com a morte e com a
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família no estado extremamente delicado
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né e me chama atenção a última fala ali
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da enfermeira assim trazer uma morte
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digna proporcionar uma morte digna para
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essa para esse paciente e para a família
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que eu acompanho
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conviver com a perda continuadamente os
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três aqui são Profissionais de Saúde né
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que aprendizados traz sua própria vida e
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ela também fala disso né de olhar o
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paciente e aprender sobre si própria é
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lindo isso né todas essas falas dos
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profissionais agora é reforçam quanto a
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gente precisa ter o cuidado com a equipe
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em cuidar de paliativos por isso que a
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gente fala a gente cuida do paciente a
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gente cuida da família mas a gente
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precisa cuidar também dessa equipe
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porque é uma aprendizagem é como uma
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enfermeira falou a gente a gente aprende
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a cada dia o que mais a gente pode fazer
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pelo outro o que que é possível e a
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gente também se vê nas suas próprias
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dificuldades repensa a própria vida
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então é uma Aprendizagem constante cada
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cada paciente traz alguma coisa pra
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gente e eu acho também que o cuidado
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paliativo é uma prática que quebra um
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pouco esse paradigma de que o
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profissional de saúde não pode se
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envolver com a família não pode se
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envolver com doente ao contrário não se
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envolver é perigoso é importante que se
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envolva é importante que profissional
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reconheça as suas emoções e dali algo
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para a vida dele como é que é para o
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médico Dr Felipe assim vivenciar essa
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história do Cuidado paliativo você acha
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que tem diferença para o Enfermeiro que
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tá ali no trato mas diário é uma
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transformação né porque quando a gente
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se resolve se dedicar o cuidado
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paliativa como se tivesse que fazer uma
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lavagem cerebral do que a gente aprendeu
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porque a gente aprende que a morte é o
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fracasso né é o fracasso do tratamento
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tantas vezes vocês já devem ter reparado
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em filmes que tem médicos que saem do
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centro cirúrgico e vão dar comunicar a
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notícia do falecimento desse paciente de
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cabisbaixo com aquela sensação de
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fracasso é isso que a gente aprende na
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nossa faculdade então se a gente não
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passa como eu comentei antes ao olhar
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para outras tipos de Recompensas né do
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tratamento como uma família mais
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aliviada um familiar podendo se despedir
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nessa fase final a morte digna com menos
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individual mas que você eu consigo
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oferecer um alívio da Doce aquela dor é
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muito intensa e eu passo ela por uma dor
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mais Branda isso já traz mais satisfação
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e eu consigo perceber que aquele alívio
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de sofrimento seja ele físico emocional
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né seja ele social até espiritual aquilo
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para mim já me traz alegria já me traz
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satisfação para seguir tocando e sem
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dúvida alguma que a Fátima comentou a
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gente precisa se cuidar porque a gente
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tá ali se deparando então a gente
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precisa olhar para nossa finitude também
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então é isso como você perguntou antes a
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gente vai aprendendo o tempo todo a
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gente porque isso é um exercício diário
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Então agora que eu fiz cuidado paliativo
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aprendi tudo sobre a morte não é mentira
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vai aprender com cada história vai
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aprender com a sua história cada dia um
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exercício diário
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com a morte diariamente não tem como a
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gente fingir que ela não existe
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e realmente incluía a morte na vida traz
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todo um novo significado para as nossas
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vidas e para alguns ela chega de aviso
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né para outros é súbita no caso de
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urgência emergência ela é muito súbita
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agora a Ingrid você comentou uma coisa
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me chamou atenção que é que você foi a
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forte da família justamente porque
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trabalha com isso agora ali no seu trato
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no dia a dia essa experiência com seu
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pai você hoje o seu olhar para família
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Mudou alguma coisa quando a gente entra
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para área da saúde a gente sempre pensa
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que a gente não vai ser aquele superman
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mulher maravilha né que a gente vai
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conseguir levar tudo numa boa que não a
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gente não vai misturar as coisas na
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porta para fora vida que segue Mas você
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se apega tanto os pacientes que você tem
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quando você passa a vivenciar também que
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foi o meu caso de um mês para cá você eu
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passei tem um olhar diferente até mesmo
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com os meus pacientes
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porque é uma família que precisa de
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apoio é um paciente que quer uma morte
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digna que morte digna Para muitos é o
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que tem um enterro bonito e não é nada
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disso é você ter tempo de se despedir é
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você ter alguém que chega ali que não
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vai simplesmente Olha eu tô trocando o
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seu soro vou pegar uma veia e sim o
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senhor tá bem hoje
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o senhor tá se sentindo melhor segurar
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na mão né isso na faculdade Pelo menos
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eu aprendi que a gente não deveria tocar
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porque o paciente pode interpretar de
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uma maneira diferente e se você não toca
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o paciente se sente diferente porque eu
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tenho alguma coisa que pega
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Poxa ela é tão sisuda então aquele tocar
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aquele pegar de mão muda o dia daquele
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paciente e você percebe isso no decorrer
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fora que aquele corredor ali Impossível
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não lembrar era um ponto de encontro de
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todos os acompanhantes que você acaba se
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conformando se confortando com a dor do
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outro tinha pessoas mais jovens que
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estavam mais debilitados do que o meu
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pai tinham pessoas mais velhas que
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estavam menos debilitadas do que meu pai
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então ficava aquela troca Não eu tenho
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tanto tempo mas o meu já tá assim então
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você se conforta com a dor do outro você
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sabe que o outro também tá sentindo a
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mesma dor né que alguém reconhece a tua
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dor Você aprende com a dor né que você é
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você aprende a viver melhor sabendo que
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a dor tá ali tá inevitável de saúde se
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coloca no mesmo patamar que a pessoa que
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está sofrendo é a família também porque
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eu também tenho dor eu também tenho as
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minhas dificuldades aí foi o que a
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Fátima falou o canal de comunicação se
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abre e as verdades podem ser ditas né
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porque a gente tem uma tendência fugir
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dessa verdade mas a gente pode se
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deparar colocar essa verdade em Pauta
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que é o final da vida e quando a gente
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traz esse assunto de forma mais natural
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espontânea já tira o peso sabe e quantas
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coisas podem ser elaboradas a partir
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disso a partir da verdade eu tô
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lembrando aqui de uma paciente que eu
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acompanhei durante um tempo era uma
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paciente jovem de 30 anos e ela tinha
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dois filhos muito pequenos e o desejo
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dela a preocupação dela era o que que eu
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vou como é que como é que eu vou
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conversar com os meus filhos como é que
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eu vou orientar os meus filhos Eles vão
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entrar na adolescência e eu não vou
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estar mais aqui e aí tudo o atendimento
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da Psicologia era estar ao lado dela
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escrevendo cartas ela era analfabeta ela
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não sabia escrever e ela ia meditando
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cartas de como ela queria orientar os
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filhos então era carta para filha era
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carta para o filho depois se estendeu a
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carta para mãe A Carta para o Pai para
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os padrinhos Então todo atendimento toda
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elaboração que ela tava fazendo ela fez
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ali através desse ditar as cartas
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que lindo eu ia justamente pedir para
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você trazer uma história de um paciente
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seu é bonito isso porque na verdade ao
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escrever ela tá ali não só maturando a
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ideia da partida dela né mas também
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deixando um registro para os filhos ela
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tinha muita preocupação dos filhos
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seguirem um caminho errado quando
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entrasse na adolescência então ela
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queria deixar o que ela pensa da vida as
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orientações né Então queria pedir para
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vocês uma coisa bem rapidinha assim para
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a gente finalizar o programa uma
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sugestão para alguém que esteja ouvindo
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a gente hoje que esteja vivenciando esse
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momento tão intenso Doutor Felipe O que
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que você costuma dizer para uma família
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nesse momento não tenha medo de se abrir
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não tenha medo de passar a sua dor que
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eu vou dividir mesmo que eu não consiga
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resolver essa dor eu vou estar com você
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para tentar reduzir ao máximo e vamos
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caminhar juntos a gente vai encontrar
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juntos essa solução porque a solução é
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individual
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que a morte não é o fim normalmente as
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pessoas têm Essa visão de que acaba ali
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e não é bem assim você tá proporcionando
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muita das vezes um acalento para aquele
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que tá sofrendo tanto com a doença é um
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caminho né A morte é um caminho gente eu
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quero agradecer muitíssimo a vocês
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parabenizar pelo envolvimento eu acho
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que é uma profissão linda e às vezes
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muito dolorida né mas que dá Muito
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conforto para quem tá precisando a
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Ingrid vive venceu isso agora sabe
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melhor que ninguém né Muito obrigada
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pela presença de vocês aqui com a gente
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no canal saúde e obrigada você por
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acompanhar a nossa conversa aqui pelo
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Canal pela internet um dos nossos canais
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parceiros na nossa página no Facebook
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você pode rever o programa mandar
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sugestões de assuntos e dar lá sua
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opinião curte a gente lá compartilha sua
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história eu te espero na nossa próxima
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conversa em família tchau
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[Música]