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Oi, tudo bem? Eu sou o professor Rafael
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e hoje vamos dar início ao nosso quinto
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módulo da disciplina com o tema
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estratégia de leitura
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escrita. Especificamente nessa aula,
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vamos estudar as representações da
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leitura e da escrita ao longo da
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história, o que dizem os PCNs e a BNCC
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sobre as práticas de leitura escrita.
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Quais são as melhores estratégias de
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trabalho com a leitura e a escrita em
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sala de aula?
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Inicialmente, para pensarmos a leitura
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na história, nós precisamos entender que
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nem sempre foi como vemos hoje em dia, a
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prática da leitura da escrita são
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trabalhadas de forma simultânea, como se
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elas estivessem sempre relacionadas.
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Porém, na Idade Média, o que nós vemos é
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que era muito comum que algumas pessoas
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soubessem escrever, mas não soubessem
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ler. Interessante, inclusive, que eles
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não soubessem ler, considerando os
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ideais e os valores de poder da época,
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uma vez que isso ia restringir a
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informação. Por exemplo, a queima das
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bruxas, quantas mulheres não foram
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levadas à fogueiras e queimadas
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simplesmente porque sabiam ler e
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escrever. Esse monopólio da informação,
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da circulação, da produção de textos,
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ele vai se dando ao longo dos séculos.
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Inclusive no século XVII, nós vamos ver
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o médico suíço de publicando uma obra
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que se intitula A saúde dos homens de
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letras, que ele vai dizer que ler faz
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mal à saúde, geradores no estômago,
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problemas de vista. E mais adiante aí no
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final do século XIX, começo do século
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XX, nós vamos ver um forte
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controle da informação, inclusive da
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leitura literária, principalmente por
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parte das mulheres, uma vez que os
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homens eles tinham receio de que as
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mulheres soubessem ler e escrever,
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porque ao dominar essas práticas elas
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poderiam o quê? trocar cartas com seus
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amantes, lerem, lerem as
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correspondências que eles enviavam a
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elas. Então, que as mulheres não
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soubessem ler e escrever pros homens era
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interessante nessa época. passar dos
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anos, nós vamos perceber que em âmbito
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educacional, aqui no final do século XX,
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nesse começo do século XX que nós
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estamos vivendo, existe um discurso
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muito forte de motivação da leitura, da
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importância de ler, escrever, que é
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essencial paraa participação social do
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indivíduo. E ao mesmo tempo existe
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também a ideia que se tem do professor
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são duas perspectivas em relação à
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leitura e a escrita. ou ele é o salvador
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da pátria, que como giz uma lousa, ele
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vai conseguir formar todos os alunos e
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transformar a realidade social, ou senão
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ele é aquele mal formado, incompetente,
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que não tem capacidade para formar seus
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alunos. Esse discurso ele apaga todas as
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questões sociais, políticas de economias
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eh precárias, de investimento na
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educação. Tudo isso é silenci silenciado
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e potencializa essa informação na figura
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do professor. Por outro lado, também o
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indivíduo, ele é
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culpabilizado por não gostar de ler, por
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não ler como se deveria ler, por não
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gostar de escrever, não gostar de
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escrever como deveria gostar, por se
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ater muitas práticas de linguagem
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mediatista, de comunicação imediatista,
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das redes sociais, WhatsApp, em que
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divulga-se a ideia de que se todo mundo
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tiver muita força de vontade vai
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conseguir se tornar um bom leitor e um
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bom escritor, o que é uma mentira,
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porque Apaga-se aí as condições
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desiguais de acesso à informação, de
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acesso aos livros, de oportunidades de
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se formar como leitor. É preciso ter
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tempo. Condições sociais, culturais e
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materiais para isso. Então nós
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precisamos estar atentos a esses
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discursos
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conformistas bastante generalistas sobre
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a leitura.
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Bem, entendendo esse panorama geral
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histórico sobre a leitura bem
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breve, nós vamos ver aqui o que os PCNs
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e a BNCC eh apresentam de pontos de
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encontro em relação à leitura escrita.
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Ambos valorizam a leitura e a escrita
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com práticas sociais, rejeitam o ensino
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baseado exclusivamente na gramática
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normativa, como comentei desde da
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primeira aula, incentivam o uso dos
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gêneros discursivos variados, defendem a
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leitura crítica e o desenvolvimento da
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autonomia do estudante, a sua
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independência, a sua capacidade crítica
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de se articular com a leitura e com a
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escrita.
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Entendendo esses documentos, entendendo
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essa perspectiva histórica da leitura,
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nós precisamos nos questionar enquanto
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docentes quais são as melhores
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estratégias de trabalho com a leitura
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escrita em sala de aula. Antes de
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fazermos essa pergunta, nós precisamos
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nos questionar que que são nossos
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alunos. Existe um estudo publicado em
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2001 pela professora Maga das
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Soares, em que ela faz uma pesquisa
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entre estudantes do ensino básico de
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origem mais humilde e estudantes de de
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origem mais abastada economicamente para
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saber qual a relação que esses sujeitos
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estabeleciam com a leitura e com as
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escritas eh de origem mais abastadas,
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mais ricos, eles viam a leitura como uma
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forma de prazer, como uma forma de óscio
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como uma forma de entretenimento
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cultural e a prática da escrita, muito
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voltada para uma escrita literária,
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motivando a criatividade, motivando os
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conhecimentos linguísticos, estéticos,
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filosóficos, diferentemente das crianças
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de origem mais humildes, em que elas
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viam a leitura como uma necessidade
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social de participação social, de
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conseguir desenvolver atividades
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práticas na sociedade por são pessoas,
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sujeitos, adolescentes e crianças com
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realidades distintas, então que vão
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olhar para essas práticas de leitura e
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de escrita de forma diferente. Então nós
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precisamos entender quem é nosso povo,
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qual a raridade desses sujeitos que
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estamos formando. E a partir disso, nós
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podemos pensar leitura em voz alta ou
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leitura silenciosa, leitura escrita
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individual ou coletiva, leitura escrita
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pragmática, criativa ou
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participativa, o que vai definir, qual a
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quais as práticas mais adequadas vai
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pensar quem são nossos alunos, quais são
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nossos objetivos. Então, o que, para
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quem, com quais finalidades objetivas
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está sendo trabalhada a leitura que é
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escrita? É uma leitura com uma
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finalidade pragmática, tem uma
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finalidade criativa, tem a finalidade de
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que os alunos, ao trabalharem grupo,
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eles possam contribuir e aprender uns
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com os outros? ou a ideia é entender o
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processo individual do aluno, o que ele
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consegue desenvolver sozinho ou comparar
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o que ele desenvolve sozinho com que ele
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desenvolve
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trabalhando com outras pessoas, com
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outros estudantes ou grupos. você
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enquanto docente mapear as necessidades
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do seu aluno, perceber como ele
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desenvolve
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bem ou não a prática da leitura, quais
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são as atividades que potencializam as
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suas capacidades, se individual em
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grupo, se em voz alta ou em voz baixa.
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Muitas vezes a leitura em voz alta, ela
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tem simplesmente a ideia de controlar o
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ritmo, o tom e ausente de uma
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perspectiva crítica. Então é
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interessante também que a leitura
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escrita muitas vezes ela vem acompanhada
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de um debate. O debate é um momento de
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aprender a escutar, mas também de falar,
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de expor, de negociar sentidos, de
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ceder, de avançar, de ampliar
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conhecimentos, de desenvolver relações
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coletivas, eh estabelecer ali os limites
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da individualidade, negociar conflitos.
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Então é interessante, as estratégias
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para trabalhar a leitura escrita são
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múltiplas e o que vai definir a mais
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adequada é saber quais são as
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finalidades, qual é esse público que eu
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tô formando e e o que ele já sabe e onde
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eu quero que ele chegue, que ele avance,
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que ele progrida para também não
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oferecer mais o mesmo. tentei resumir aí
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para vocês, é a gente poder pensar aí a
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leitura, pelo menos os seus aspectos
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essenciais, gerais, né, como Paulo
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Freire dizia, pensar na leitura pública.
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A aula de hoje foi essa, espero que
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vocês tenham gostado. Um forte abraço e
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na semana que vem já vamos caminhar
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porque nosso último até mais. M.