00:00:00
Eh, voltando um pouco pro Bricks, eh, a
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gente tava falando do do como o dólar é
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importante como moeda mundial e e quais
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são qual que é a importância disso pro
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pros Estados Unidos, né, para eles
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manterem a hegemonia. Eh, a gente tá
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propondo como bloco o uso de alguma
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moeda específica ou a gente tá pensando
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mais em depende de quem com quem a gente
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tá negociando?
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Igor, eu eu assim eu tenho eu tenho um
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uma conversa boa assim, eu conheço o
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professor Paulo Nogueiro Batista Júnior,
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que foi foi vice-presidente do Banco do
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Bricks, né? E o Elias Jabur, que você
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conhece, é muito meu amigo também, que
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também foi assessor econômico lá no no
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banco do Bricks junto com a Dilma.
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O Brick, na realidade, isso aí tá muito
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mais no imaginário popular. O Brix não
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tá por enquanto procurando ter uma moeda
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única, até porque eu acho que não é
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necessário na no meu ponto de vista. Se
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você faz negócios bilaterais usando as
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moedas nacionais de todos os desses
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países e nesse acordo bilateral os
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países aceitam fazer isso, não tem
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necessidade de ter uma moeda única. Eh,
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uma moeda única, talvez criaria pro
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mundo lá na frente o mesmo problema que
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o dólar, né? Uma moeda única. Na
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realidade, esse negócio da moeda única
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do Bricks é uma ideia que teve lá em
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Breton Woods, né? que o próprio Keines
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defendia, eh, que se fosse feita uma
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cesta de moedas e elegesse um índice lá,
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que seria eh uma espécie de moeda única.
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Não seria uma moeda, seria um índice,
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né, que seria denominado como moeda. Eh,
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o BRIX já teve estudos nesse sentido de
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também ter uma cesta dos países
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participasse do BRIX e nessa sexta que
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ia se ajustando ao longo do tempo, eles
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exigessem um índice que representaria
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essa cesta de moedas. Eh, o com o passar
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do tempo, o que o Brix tem feito nesses
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acordos bilaterais com as moedas
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nacionais não tem essa necessidade de
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acelerar essa ideia de ter essa moeda
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única. O fato de se negociar Brasil e
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China negociar com utilizando real e não
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tem por ter uma moeda única do Bricks.
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Se a China consegue fazer isso com os
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outros países, a Rússia, todos os países
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do Br conseguem esse tipo de acordo
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entre os países, não vejo no curto médio
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prazo essa uma aceleração desse processo
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de criar uma moeda única desse bloco,
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né? Não não vejo muito sentido nisso.
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Eh, a preocupação
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talvez eleger uma moeda do Brick tá
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muito mais na cabeça dos Estados Unidos,
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que é uma ameaça hegemonia do dólar do
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que dentro do bloco, né? O bloco não tem
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essa intenção, até porque você precisa
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de um inimigo, né? Os Estados Unidos
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precisa de um inimigo e o inimigo é
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falar que o Brix não pode ter uma moeda
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única, que isso ameaçaria a hegemonia do
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dólar. Eh, mas eu gosto de de analisar o
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discurso também, né? Quando você vê o
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discurso do dos Estados Unidos e de
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alguns convidados atrás aqui, você vê
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que ele sempre tes sempre vê o outro
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país como inimigo.
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Por que que os Estados Unidos vê os
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outros países como inimigo, né? Eh, a
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China é meu inimigo, a China, a Rússia
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minha, o Irã é meu inimigo, o Brasil é
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meu inimigo. Nenhum desses países elegeu
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os Estados Unidos como inimigo, né?
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Então, assim, isso faz parte do sistema
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imperialista, né, do sistema hegemônico.
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Eh, e os Estados Unidos tenta a todo
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custo defender, eh, esse declínio do
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império americano, que, novamente, no
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meu ponto de vista, é irreversível.
00:03:15
Talvez essas sejam as últimas cartadas
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que os Estados Unidos tente dar num
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nesse desespero de não perder, né, eh, a
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hegemonia e não deixar de ser o império,
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não deixar o mundo ser multipolar,
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porque os Estados Unidos ele cresceu
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tanto, é um país poderoso
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economicamente, militarmente, cresceu
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tanto, mas ele depende do sistema
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hegemônico para continuar sobrevivendo.
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Eu acho que, sei lá, daqui 100 anos,
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quando a gente for olhar pra história,
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vai descobrir que os Estados Unidos foi
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só mais um império que teve o seu
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período lá hegemônico, mas que voltou
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depois a a ser um um grande país, uma
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potência econômica, eh, e teve que
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resolver seus problemas internos, porque
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o problema dos Estados Unidos é interno,
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né? Ele tenta resolver os problemas da
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própria sociedade americana e utiliza o
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sistema hegemônico, utiliza a economia
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global para tentar resolver esse
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problema. Porque os Estados Unidos só
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cresceu tanto e acumulou tanta riqueza e
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tanto poder econômico explorando os
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outros países, explorando o resto do
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mundo, né? Eh, e ele não conseguiu
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distribuir essa riqueza internamente.
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Esse é o grande problema nos Estados
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Unidos, né? O capitalismo tem essas
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contradições, né? Ele cresceu pro resto
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do mundo, explorando, dominando o resto
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do mundo economicamente.
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1% da população americana acumulou
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riquezas incomensuráveis, né? A Apple e
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a economia alemã inteira, né? Própria
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Apple. Vários bilionários lá tem o
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patrimônio maior que muitos países.
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Quando você pega todos os países, compõe
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a ONU, tem muitos bilionários americanos
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que ele sozinho é o tamanho dos países.
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É porque essa economia não foi, essa
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riqueza não foi redistribuída, né? Então
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os Estados Unidos tem como ser uma
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grande economia, uma economia próspera,
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desde que ele consiga distribuir a
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riqueza internamente, né? Então quando
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eu tô falando daqui 100 anos, talvez a
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gente, alguém esteja lendo um livro de
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história, vai falar: "Put, como foi o o
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império britânico?" dominou quase o
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mundo inteiro, teve que voltar a seus
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interesses dentro eh do seu território
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nacional, né, de resolver os seus
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problemas internos e continuar sendo um
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país próspero, economicamente grande,
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né? Por que que você precisa dominar o
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mundo?
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Ah, sim. É, e você tá falando que do de
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que essas são as últimas cartadas dos
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Estados Unidos. A gente conversou isso
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da última vez, realmente. Eh, então a
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gente eh não tem volta isso daí. Os
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Estados Unidos vai ah essa hegemonia, na
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tua opinião, vai ruir. Não tem jeito,
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vai ruir. É uma questão de tempo. O os
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Estados Unidos começa a ter problemas de
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países desenvolvidos, né? Quando você
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começa a falar de problemas fiscais, os
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Estados Unidos nunca teve esse problema
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justamente pela hegemonia do dólar. Ele
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vai começar a ter problemas fiscais, né?
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Os Estados Unidos tem 37 trilhões em
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dívida. Vai crescer essa dívida só esse
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ano mais 2 trilhões. E o Trump aprovou
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lá que ele pode aumentar essa dívida em
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mais 5 trilhões. Dívida para ser emitida
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precisa de alguém para comprar. Então se
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ele perder gemon dólar, ele não vai ter
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mercado para vender, né? Vai ter que
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vender internamente na economia
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americana. A economia americana não
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absorve essa dívida desse tamanho. Aí
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ele vai passar a ter problema que o
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Brasil tem. O Brasil não consegue
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emitir, obviamente a gente emite dívida
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soberana lá fora, mas é muito pequena a
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capacidade que a gente tem de se
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financiar na economia mundial. Por que
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que a gente tá 100% do tempo aqui
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discutindo meta fiscal?
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Aham.
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Porque a gente só consegue emitir dívida
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e vender internamente no Brasil. Mas
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tudo bem que tem investidor estrangeiro,
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entra e também gera uma certa
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estabilidade na nossa economia por esse
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motivo, mas é um problema que todos os
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países têm e os Estados Unidos vai
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passar a ter esse problema quando ele
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perder a hegemonia do dólar. E aí ele
00:06:45
vai passar a ter que realmente olhar pro
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seu mercado interno.
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E aí a gente vai ter então um novo
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desenho eh multipolar, mas liderado por
00:06:55
alguém também, não é? Eu não sei, não
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sei o Ricardo que estuda isso com mais
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afinco que eu, mas eu imagino o mundo
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multipolar com alguns clústers, né, de
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de poder, né, um girando em torno da
00:07:05
China, do Brix, outro girando em torno
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dos Estados Unidos, que ele vai manter
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uma influência ainda em vários países do
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mundo. Não sei, talvez um mais ali pro
00:07:15
lado da Rússia. Eu acho que o mundo vai
00:07:16
ser multipolar, mas ainda vai ter
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grandes blocos de poder, né, que vai ter
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na sua órbita vários países, né?
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É, só na verdade até fazer as vezes do
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Igor aqui, porque eu fiquei com uma
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dúvida também, Cor, você puder me
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ajudar? Porque assim, quando a gente,
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quando eu falo pelo menos, né, no meu
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conhecimento de economia, quando fala da
00:07:35
moeda dos bricks, eu penso que assim,
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talvez fosse ser importante,
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possivelmente, porque se a gente pega,
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por exemplo, uma negociação entre Brasil
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e Argentina, aí vou imaginar que o
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Brasil tem um superáit econômico, a
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gente começa a fazer a negociação, por
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exemplo, em peso e aí o Brasil começa a
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acumular peso, mas o peso não é uma
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moeda que é muito bem aceita pelos
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outros países do mundo. Então, a gente
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vai ter muito peso que só daria para
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usar com os argentinos. Se a gente
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tivesse essa moeda comum dos bricks, que
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teria uma grande aceitação
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internacional, não faria mais sentido do
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que fazer negociações com moedas locais?
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Não, com certeza. Por isso que eu falei,
00:08:08
eh, no atual estágio de recomendação da
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geopolítica mundial, o Brix não tem esse
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interesse em acelerar esse processo, né?
00:08:14
Enquanto ele conseguir fazer os negócios
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bilaterais, ele é ainda é um passo a ser
00:08:19
dado até por interesse de não desafiar
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tanto os Estados Unidos. O o Bricks, na
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realidade desacelerou isso também. É, é
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meio que como para não chamar muita
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atenção, né? Não vou chamar muita
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atenção porque quando eu falar que quero
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e vou criar, aí ele atrai toda a atenção
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e e tudo isso que tá acontecendo pode se
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intensificar. Mas obviamente quando isso
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tiver estabelecido, vai começar a ter
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esse problema, né, de você tá com moedas
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de outros países, eh, e não ter mercado
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para utilizar essa moeda, né? você vai
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ter que utilizar com com outros países.
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Por isso que nesse segundo estágio uma
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moeda seria uma uma cesta de moedas
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seria interessante. E não é tão difícil
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de implementar isso, né? Você criar uma
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cesta de moedas eh e que essas variações
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cambiais sejam consideradas e elas
00:09:01
fossem reajustadas. Sei lá, a cada
00:09:04
trimestre você reajustava e o
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balanceamento. É como se fosse um índice
00:09:06
de bolsa, né?
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Uhum.
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Você tem lá o índice Bovespa, ele muda a
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cada 4 meses, né? dependendo da
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representatividade de transações
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financeiras daquela que aquelas ações
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representam nessa sexta que é
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considerada a sexta do Bovespa, eh, e aí
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você reajusta e o índice Bovespa passa a
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ser representado por outro. A lógica
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econômica seria mais ou menos a mesma,
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né? Você fazer uma cesta de moeda e você
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ir reajustando ao longo do tempo e aí
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você utilizaria esse índice para
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realmente fazer isso. Ó, eh, eu fiz,
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você deu o exemplo do México, né? fiz um
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negócio lá em peso com o México, eu não
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passo a não ter o peso, passo a ter esse
00:09:44
índice, né? E aí esse índice, quando eu
00:09:45
quiser utilizar ele para negociar de
00:09:47
novo com o México, ele vai ter uma
00:09:50
representatividade em relação ao peso e
00:09:51
aí vai ser mais ou menos e eu vou
00:09:55
conseguir utilizar. Então existem esses
00:09:56
estudos, obviamente existe dentro do
00:09:58
banco do Brick, né, para criar essa
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moeda. Eh, mas eu acho que nesse estágio
00:10:05
os países do Brick não viam tanta
00:10:06
necessidade de acelerar o processo. Uma
00:10:08
coisa mais avançada, né? Mais pro
00:10:10
futuro, né?