VAN GOGH: entre a LOUCURA e a GENIALIDADE

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https://www.youtube.com/watch?v=7NzBSwMVPKQ

Resumo

TLDRO vídeo aborda a vida de Vincent Van Gogh, desde seus traumas de infância até sua prolífica produção artística. A dualidade entre loucura e genialidade é uma constante na análise, destacando como suas experiências pessoais e problemas de saúde mental influenciaram suas obras. O narrador discorre sobre as obras significativas de Van Gogh, como "A Noite Estrelada", e relaciona sua busca por entender e amar a realidade com filosofias de Nietzsche e Heidegger. O foco é demonstrar que Van Gogh não era apenas um artista louco, mas alguém que conseguiu ver e valorizar a beleza da realidade.

Conclusões

  • 🎨 Van Gogh é uma combinação de loucura e genialidade.
  • 🖌️ Ele só começou a pintar aos 28 anos.
  • 🌌 "A Noite Estrelada" é sua obra mais famosa.
  • 🖼️ "Os Comedores de Batata" revela a pobreza da sociedade.
  • ✉️ Suas cartas com Theo ajudam a entender sua vida.
  • 💔 O colapso mental levou Van Gogh a cortar a própria orelha.
  • 📚 Nietzsche e Heidegger influenciam sua percepção da realidade.
  • 🔍 A busca pela realidade é central na obra de Van Gogh.
  • 🌟 Van Gogh não via a loucura como um aspecto de sua arte, mas sim a realidade.
  • 💬 A beleza reside na aceitação da realidade.

Linha do tempo

  • 00:00:00 - 00:05:00

    A vida e obra de Vincent Van Gogh, marcada por sua genialidade e loucura, são mais bem compreendidas através das cartas que escreveu a seu irmão. Ele criou obras que expressam sentimentos profundos, e mesmo com uma vida conturbada, sua arte continua a levantar questões sobre seu estado mental e sua relação com a filosofia.

  • 00:05:00 - 00:10:00

    Vincent, nascido na Holanda, enfrentou traumas desde jovem, incluindo a morte de um irmão que recebeu o mesmo nome. Começou sua carreira como vendedor de arte e começou a pintar a partir dos 28 anos. Suas primeiras obras, como 'Os Comedores de Batata', refletem uma estética sombria e crítica social, enquanto sua vida se tornava cada vez mais marcada por problemas mentais.

  • 00:10:00 - 00:18:39

    Durante sua internação psiquiátrica, Van Gogh pintou 'A Noite Estrelada', que retrata sua nova percepção da realidade. Ao contrário da ideia de que sua loucura influenciou sua arte, a beleza de suas obras provém de sua capacidade de aceitar a realidade. Van Gogh não é apenas um artista louco, mas representa alguém que aprendeu a apreciar a beleza na vida cotidiana.

Mapa mental

Vídeo de perguntas e respostas

  • Qual a frase final de Van Gogh antes de sua morte?

    A tristeza durará para sempre.

  • Quantos quadros Van Gogh vendeu durante sua vida?

    Ele vendeu apenas um quadro.

  • Quando Van Gogh começou a pintar?

    Ele começou a pintar aos 28 anos.

  • Qual é a principal obra de Van Gogh discutida no vídeo?

    "A Noite Estrelada".

  • Quem influenciou Van Gogh durante sua estada em Paris?

    Paul Cézanne, considerado o pai da arte moderna.

  • O que simboliza a obra "Os Comedores de Batata"?

    Representa a pobreza e as dificuldades da sociedade.

  • Qual a relação entre Van Gogh e seu irmão Theo?

    Theo apoiava Vincent financeiramente e emocionalmente.

  • O que Van Gogh fez em um colapso mental?

    Ele cortou a própria orelha.

  • Qual a filosofia de Nietzsche discutida no vídeo?

    A aceitação e o amor pela realidade, chamado de amor-fati.

  • Como Heidegger se relaciona com a obra de Van Gogh?

    Heidegger explora a consciência e a percepção da existência, semelhante ao que Van Gogh experimentou.

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Legendas
pt
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  • 00:00:00
    “A tristeza durará para sempre.”
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    Essa foi a última frase dita em vida por Vincent Willem Van Gogh.
  • 00:00:07
    Pouco se sabe sobre os detalhes da vida de Vincent,
  • 00:00:10
    mas, alguns traços de sua personalidade ficaram marcados com o tempo,
  • 00:00:14
    graças às cartas que ele escrevia a seu irmão.
  • 00:00:16
    E duas palavras podem definir muito bem a vida e a obra de Vincent Van Gogh:
  • 00:00:23
    Loucura
  • 00:00:24
    e Genialidade.
  • 00:00:25
    Quantas histórias você já ouviu sobre Van Gogh?
  • 00:00:27
    Que ele cortou a própria orelha.
  • 00:00:29
    Que ele só vendeu um quadro em vida.
  • 00:00:31
    Que ele era um grande artista por ser completamente louco.
  • 00:00:34
    Talvez, Van Gogh seja o artista com mais perguntas ainda não respondidas.
  • 00:00:39
    Suas obras representam um misto de sentimentos puros
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    e fielmente sentidos pelo autor.
  • 00:00:44
    Sua vida e sua obra andam lado a lado,
  • 00:00:46
    o que nos faz poder entender, através dos quadros,
  • 00:00:49
    tudo que se passava dentro daquela cabecinha ruiva e completamente maluca.
  • 00:00:54
    Como Van Gogh conseguiu se expressar com tanta veemência?
  • 00:00:57
    Qual o significado de suas maiores obras?
  • 00:00:59
    Van Gogh era de fato um gênio,
  • 00:01:01
    ou apenas louco?
  • 00:01:02
    Como a filosofia se relaciona com tudo isso?
  • 00:01:05
    Hoje, nós vamos entender.
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    Oi, eu sou o Tinôco e sejam todos muito bem vindos a mais um vídeo aqui no canal
  • 00:01:23
    e hoje nós temos uma das personalidade históricas
  • 00:01:25
    que vocês mais pedem vídeo sobre, que é:
  • 00:01:28
    Van Gogh.
  • 00:01:29
    Existem tantas coisas que permeiam o nome desse cara,
  • 00:01:31
    que vocês não têm nem ideia.
  • 00:01:33
    E minha vontade é explicar no vídeo de hoje
  • 00:01:34
    um pouco mais sobre a filosofia desse artista.
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    Enfim, vamos para o vídeo.
  • 00:01:43
    A maioria das pessoas conhecem somente as maiores obras de Van Gogh,
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    que foram pintadas poucos anos antes de sua morte.
  • 00:01:49
    Mas poucas pessoas conhecem de fato o começo de Van Gogh.
  • 00:01:53
    Nascido na pacata cidade de Zundert, na Holanda,
  • 00:01:55
    Van Gogh, desde o início de sua vida, viveu momentos conturbados,
  • 00:01:59
    principalmente com relação ao seu irmão, que recebeu o seu exato mesmo nome:
  • 00:02:03
    Vincent Willem Van Gogh.
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    Este morreu ainda no útero de sua mãe e foi enterrado logo ao nascer.
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    Assim, desde muito novo, Van Gogh pôde ver o seu próprio nome
  • 00:02:12
    na lápide de seu irmão,
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    o que claramente mexeu com a cabeça do jovem rapaz.
  • 00:02:15
    Mesmo ainda criança, Van Gogh sempre mostrou seus dotes artísticos através do desenho
  • 00:02:20
    e quando começou sua vida adulta,
  • 00:02:22
    trabalhou como vendedor de arte,
  • 00:02:24
    o que fez com que ele precisasse viajar bastante.
  • 00:02:27
    Em meio a essas viagens, Van Gogh enfrentou um quadro severo de depressão,
  • 00:02:31
    que o levou a dedicar-se ao missionarismo protestante.
  • 00:02:33
    Como é muito falado por aí,
  • 00:02:34
    Van Gogh começou a pintar os seus próprios quadros somente depois de velho,
  • 00:02:38
    quando tinha 28 anos.
  • 00:02:39
    E seus primeiros quadros são extremamente diferentes
  • 00:02:42
    dos quadros do final de sua vida.
  • 00:02:44
    E, pra demonstrar isso, eu vou começar analisando a obra
  • 00:02:46
    “Os Comedores de Batata”.
  • 00:02:48
    A gente já percebe logo de cara que nome não é a parada de Van Gogh.
  • 00:02:52
    Bom, a primeira coisa que você nota quando olha para esse quadro é:
  • 00:02:55
    por que está tão escuro?
  • 00:02:57
    O Van Gogh não era o cara das cores vibrantes e tudo mais?
  • 00:03:00
    Essa escuridão, esses tons terrosos voltados para o preto, marrom e cinza
  • 00:03:04
    são uma característica das primeiras obras de Van Gogh.
  • 00:03:06
    Esses 5 personagens representados
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    pertencem a uma família que realmente existiu:
  • 00:03:11
    a família Roulin.
  • 00:03:12
    Mas o quadro não representa algo que realmente existiu.
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    Nesse momento, Van Gogh vive uma tentativa
  • 00:03:17
    de representar o mundo ao seu redor,
  • 00:03:19
    porém, sem representar exatamente o mundo ao seu redor.
  • 00:03:22
    Tudo é muito lúdico, imaginário.
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    Van Gogh, com esse quadro, representa a pobreza
  • 00:03:26
    e as dificuldades da sociedade no modo geral.
  • 00:03:29
    Segundo o próprio Van Gogh:
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    “(...) o meu quadro exalta, portanto,
  • 00:03:32
    o trabalho manual e o alimento que eles próprios ganharam honestamente.”
  • 00:03:36
    Van Gogh pintou esse quadro no ano de 1885,
  • 00:03:39
    enquanto viveu na cidade de Nuenen,
  • 00:03:41
    que é um município minúsculo no interior da Holanda.
  • 00:03:45
    Claramente, nessa época, o estilo de vida das pessoas da Europa
  • 00:03:47
    era extremamente campestre e, muitas vezes,
  • 00:03:50
    elas viviam apenas do que plantavam e colhiam,
  • 00:03:52
    e tinham nenhum ou pouquíssimo luxo.
  • 00:03:54
    E Van Gogh sabia muito bem disso, porque ele nunca foi uma pessoa muito rica.
  • 00:03:58
    Depois que ele se tornou pintor, ele teve de ser sustentado pelo pai e pelo irmão,
  • 00:04:02
    já que, como eu disse, ele vendeu apenas um quadro em toda a sua vida!
  • 00:04:07
    Sim, esse papinho é real, mas eu vou falar um pouco mais sobre isso depois.
  • 00:04:11
    Com a morte de seu pai em 1885, Van Gogh se muda para a Bélgica
  • 00:04:15
    e é lá que seus problemas psicológicos começam a ficar mais fortes.
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    Mas isso não acontece “somente” pela perda de alguém tão importante para ele,
  • 00:04:23
    Van Gogh passa por alguns problemas de saúde
  • 00:04:25
    e isso deixa ele preocupado com ele mesmo.
  • 00:04:28
    Por conta do estresse, Van Gogh começa a fumar
  • 00:04:30
    e pinta um autorretrato um pouquinho diferente,
  • 00:04:33
    nascendo o quadro que ficou conhecido como
  • 00:04:35
    “Caveira com o Cigarro Aceso”.
  • 00:04:37
    Eu falei já que nome não é a parada.
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    A caveira é uma representação desse sentimento de preocupação para consigo mesmo
  • 00:04:44
    e claramente mostra um lado bem mais abstrato de Van Gogh.
  • 00:04:47
    A morte de seu pai fez com que Van Gogh se aproximasse
  • 00:04:50
    cada vez mais do seu irmão, Theo.
  • 00:04:51
    E, no ano de 1886, ele resolve se mudar para a casa dele em Paris.
  • 00:04:56
    Morando pela primeira vez em uma cidade grande e cosmopolita,
  • 00:04:58
    Van Gogh se depara com um mundo completamente novo,
  • 00:05:02
    sendo assim, muito influenciado por Paul Cézanne,
  • 00:05:05
    considerado por muitos o pai da arte moderna
  • 00:05:07
    e o responsável por introduzir Van Gogh ao neoimpressionismo.
  • 00:05:10
    Mas assim, é muito difícil encaixar Van Gogh em um estilo específico de arte,
  • 00:05:16
    já que ele, por muitas vezes, mesclava diversos estilos de escolas artísticas
  • 00:05:20
    e assim, ele meio que desenvolveu o seu estilo próprio de pintar.
  • 00:05:23
    E é em Paris que Van Gogh começa a desenvolver ali o seu uso das cores
  • 00:05:27
    e começa a usar cada vez mais os tons de amarelo.
  • 00:05:30
    Assim, por exemplo, ele pinta os famosos girassóis do quadro
  • 00:05:33
    “Dois Girassóis Cortados”.
  • 00:05:34
    Pouco tempo depois, Van Gogh, mais uma vez, se muda.
  • 00:05:37
    E dessa vez, ele vai para uma comuna francesa conhecida como Arles.
  • 00:05:40
    E é aí que toda a vida de Van Gogh começa a mudar.
  • 00:05:44
    Em Arles, Van Gogh conhece Paul Gauguin
  • 00:05:47
    e chegou a morar um tempo com ele.
  • 00:05:49
    Mas, esse momento foi tipo morar em uma república na faculdade.
  • 00:05:52
    Todo mundo começa ali se gostando, mas depois termina num ódio.
  • 00:05:55
    A convivência se tornou insuportável e houveram diversas brigas entre os dois.
  • 00:06:00
    Assim, Gauguin acabou se mudando e deixou Van Gogh sozinho.
  • 00:06:03
    E esse momento foi muito conturbado na vida do Vincent
  • 00:06:05
    e existem poucos relatos sobre o que aconteceu após isso.
  • 00:06:09
    Um dos poucos relatos que sobraram foi que Van Gogh,
  • 00:06:12
    em um colapso mental de loucura,
  • 00:06:13
    arrancou a sua própria orelha.
  • 00:06:20
    A principal explicação para esse fato é que Van Gogh
  • 00:06:23
    começou a ouvir vozes dentro de sua cabeça.
  • 00:06:26
    E por estar extremamente estressado com seu relacionamento com Gauguin,
  • 00:06:30
    ele resolveu cortar a própria orelha para que essas vozes parassem.
  • 00:06:33
    Van Gogh não tinha nenhuma memória do incidente,
  • 00:06:36
    o que sugere que ele tenha passado por um surto mental agudo.
  • 00:06:38
    Depois de um tempo no hospital,
  • 00:06:40
    Van Gogh volta para casa no dia 7 de janeiro de 1889.
  • 00:06:44
    A partir desse momento, o curso da vida de Van Gogh muda para sempre.
  • 00:06:47
    Nos meses seguintes, Van Gogh viveu entre idas e vindas do hospital,
  • 00:06:51
    já que passou a sofrer de alucinações e delírios de envenenamento.
  • 00:06:54
    As pessoas ao redor dele começaram a ficar preocupadas com seus
  • 00:06:57
    incessantes ataques de loucura.
  • 00:06:59
    Seus vizinhos não aguentavam mais viver com um homem completamente perturbado
  • 00:07:04
    e chegaram a fazer uma petição com mais de 30 pessoas
  • 00:07:07
    para que a casa de Van Gogh fosse fechada.
  • 00:07:09
    Nessa época, ele chegou até a ganhar o apelido de “o ruivo louco”.
  • 00:07:13
    O problema é que essas pessoas não faziam a menor ideia do sofrimento
  • 00:07:16
    que o “ruivo louco” enfrentava na sua vida.
  • 00:07:19
    Mas você que está assistindo esse vídeo, pode ter uma amostra disso,
  • 00:07:22
    com alguns relatos do próprio Van Gogh.
  • 00:07:24
    Aliás, é justamente nessa época que o autor escreve algumas palavras
  • 00:07:27
    descrevendo exatamente o que ele estava sentindo:
  • 00:07:30
    "Às vezes humores de indescritível angústia,
  • 00:07:33
    às vezes momentos em que o véu do tempo e a fatalidade das circunstâncias
  • 00:07:37
    parecem ser despedaçados por um instante.”
  • 00:07:40
    Esse momento da vida de Van Gogh
  • 00:07:42
    é marcado por uma extrema romantização
  • 00:07:45
    da loucura passada pelo artista.
  • 00:07:47
    Após o colapso mental, a vida de Van Gogh muda completamente.
  • 00:07:50
    Seu pensamento e sua forma de ver o mundo são totalmente afetados por conta disso.
  • 00:07:54
    É possível reparar em suas obras que Van Gogh deixa de pintar um mundo mais abstrato
  • 00:07:59
    e passa a retratar cada vez mais o mundo real em suas telas.
  • 00:08:02
    Depois de viver o caos, Van Gogh é invadido pela realidade
  • 00:08:06
    e tem cada vez mais consciência sobre si e sobre o mundo à sua volta.
  • 00:08:10
    Tanto é, que nessa época, Van Gogh faz inúmeros autorretratos
  • 00:08:13
    e pinta cada vez mais objetos do seu cotidiano.
  • 00:08:15
    Logo ao sair do hospital, Van Gogh pinta o autorretrato intitulado
  • 00:08:19
    “Autorretrato com a Orelha Cortada”.
  • 00:08:22
    Analisando rapidamente, esse quadro parece realmente o que é,
  • 00:08:25
    é um autorretrato… com a orelha… cortada,
  • 00:08:28
    mas nada é tão simples quanto parece.
  • 00:08:30
    Atrás de Van Gogh nós podemos perceber dois elementos:
  • 00:08:33
    o primeiro é uma arte japonesa com duas mulheres e o Monte Fuji ao fundo.
  • 00:08:37
    E isso não está no quadro por acaso.
  • 00:08:39
    Van Gogh era apaixonado por arte japonesa e era dono dessa tela,
  • 00:08:43
    que se chama “Gueixas em uma Paisagem”.
  • 00:08:45
    E o segundo elemento, e talvez o mais importante,
  • 00:08:47
    é um cavalete com o quadro ainda em branco.
  • 00:08:50
    Segundo o Instituto de Arte Courtauld,
  • 00:08:52
    local onde a gravura está exibida:
  • 00:08:54
    “A posição desses elementos sugere exatamente essa perda do poder criativo do artista.”
  • 00:08:59
    Que agora, apenas conseguia enxergar o mundo real.
  • 00:09:02
    É com essa percepção cada vez mais nítida da realidade,
  • 00:09:05
    que nós chegamos em uma das partes mais bonitas da história de Van Gogh,
  • 00:09:09
    quando ele reconhece dentro de si um perigo real para as pessoas ao seu redor.
  • 00:09:13
    Ele entende que precisava de ajuda e decide se internar de forma voluntária
  • 00:09:18
    em um hospital psiquiátrico em Saint-Remy.
  • 00:09:20
    Como eu disse, nesse momento,
  • 00:09:22
    Van Gogh começa a pintar cada vez mais elementos do seu cotidiano,
  • 00:09:25
    como as vistas que ele enxergava de sua casa,
  • 00:09:27
    objetos ao seu redor,
  • 00:09:29
    paisagens da cidade,
  • 00:09:30
    entre outras coisas nesse estilo.
  • 00:09:31
    Podemos dizer que, nesse momento, Van Gogh vivia plenamente o mundo real.
  • 00:09:36
    Mas, enxergar a realidade, pode ser mais difícil do que parece.
  • 00:09:45
    Para a gente entender ainda mais o quão profundo é esse acesso a realidade de Van Gogh,
  • 00:09:49
    nós precisamos entrar em uma área que vocês sabiam que eu iria falar nesse vídeo:
  • 00:09:52
    a filosofia.
  • 00:09:53
    E claro que quando falamos de realidade,
  • 00:09:56
    nós não podemos deixar de falar de Friedrich Nietzsche.
  • 00:09:59
    Coincidentemente ou não, os dois artistas ficaram conhecidos
  • 00:10:02
    por terem ficado malucos no final de suas vidas
  • 00:10:06
    e, também, por terem uma visão realista do mundo ao seu redor.
  • 00:10:10
    Uma curiosidade que eu não posso deixar de contar aqui nesse vídeo é que
  • 00:10:12
    tanto Nietzsche, quanto Van Gogh, tiveram um colapso mental e psicológico
  • 00:10:16
    no exato mesmo ano da história:
  • 00:10:19
    1889.
  • 00:10:20
    É… é só isso, não tem mais nenhuma informação,
  • 00:10:24
    é basicamente só essa curiosidade aí mesmo.
  • 00:10:25
    Nietzsche é conhecido por dizer a frase:
  • 00:10:27
    “Quando você olha por muito tempo para um abismo,
  • 00:10:29
    o abismo olha de volta para você.”
  • 00:10:31
    Ele diz isso em “Além do Bem e do Mal”,
  • 00:10:33
    um livro que fala exatamente sobre esse poder
  • 00:10:36
    e, ao mesmo tempo, esse incômodo de olhar a realidade.
  • 00:10:39
    Já que “Além do Bem do Mal” é exatamente uma crítica à metafísica, à moral,
  • 00:10:44
    ao mundo além do bem e do mal,
  • 00:10:46
    ao mundo além do que o mundo de fato.
  • 00:10:48
    Como todo mundo sabe, Nietzsche era completamente apaixonado pela realidade,
  • 00:10:52
    pela verdade das coisas,
  • 00:10:53
    e é assim que nasce um dos conceitos básicos de sua filosofia:
  • 00:10:56
    o amor-fati.
  • 00:10:57
    Esse termo representa o que Nietzsche tem de fato como seu maior sentimento:
  • 00:11:02
    o amor aos fatos, o amor à realidade, o amor ao mundo como ele realmente é.
  • 00:11:06
    Nietzsche entende que não existem motivos para você não enxergar a realidade,
  • 00:11:10
    muito menos para você tentar mudá-la.
  • 00:11:12
    Ver o mundo como ele realmente é,
  • 00:11:14
    é a melhor maneira de você ver o mundo.
  • 00:11:16
    Mas você não deve simplesmente ver o mundo de uma forma passiva,
  • 00:11:19
    você deve amar a realidade,
  • 00:11:21
    amar o mundo independente dos defeitos que ele tem,
  • 00:11:23
    já que Nietzsche nem considera esses defeitos um defeito de verdade,
  • 00:11:26
    porque ele é a realidade, porque tudo isso é real,
  • 00:11:29
    e tudo o que é real é belo.
  • 00:11:30
    Não existem motivos nem para você melhorar nem para você piorar a realidade.
  • 00:11:35
    A realidade basta em si mesma.
  • 00:11:37
    O real é a coisa mais bonita que você pode ver, mas, isso tem um custo.
  • 00:11:41
    Afinal de contas, Nietzsche entende o preço que se paga por ver o mundo real,
  • 00:11:45
    por entender o mundo como ele realmente é,
  • 00:11:47
    já que a consciência da própria existência
  • 00:11:49
    vai muito além do que muitas pessoas conseguem suportar.
  • 00:11:52
    E então, como complemento a isso, Nietzsche questiona:
  • 00:11:54
    “Quanta é a verdade que um espírito suporta?”
  • 00:11:58
    Quanto do mundo real você está disposto a enxergar?
  • 00:12:01
    Toda essa filosofia e o pensamento de Nietzsche influenciam,
  • 00:12:04
    anos mais tarde, outro filósofo,
  • 00:12:06
    que completa tudo isso que nós estamos falando de Van Gogh,
  • 00:12:09
    e o nome da fera é:
  • 00:12:10
    Martin Heidegger.
  • 00:12:12
    Talvez, o principal problema das vidas de Heidegger e de Van Gogh
  • 00:12:15
    está na percepção da própria consciência.
  • 00:12:18
    Perceber que o mundo ao seu redor realmente existe.
  • 00:12:21
    Milhares de anos existiram antes de você
  • 00:12:24
    e milhares de anos existirão após a sua morte.
  • 00:12:27
    E Heidegger se concentra exatamente nesse milissegundo do espaço-tempo
  • 00:12:32
    em que você existe e se faz consciente.
  • 00:12:35
    Então, ele tenta entender o que é esse momento do agora.
  • 00:12:38
    O que é existir?
  • 00:12:39
    E eu sinto que Van Gogh passa muito por isso nesse momento da sua vida.
  • 00:12:43
    Ele olha para o mundo ao seu redor e percebe que ele está vivo, sabe?
  • 00:12:46
    Mas, isso não é tão simples quanto parece.
  • 00:12:48
    Na verdade, cada segundo que você passa vivo,
  • 00:12:51
    é recheado de infinitas possibilidades de existência.
  • 00:12:54
    Para entender o que é existir, Heidegger cunha o termo “Dasein”,
  • 00:12:58
    que pode ser traduzido para “Ser-o-aí”
  • 00:13:00
    ou o “Ser-no-agora”.
  • 00:13:03
    Viver contempla infinitas possibilidades de existência,
  • 00:13:06
    que podem paralisar as pessoas ao olhar diretamente para isso.
  • 00:13:09
    Esse é o abismo que Nietzsche tanto falava.
  • 00:13:12
    Para Heidegger, isso acontece por que, segundo ele:
  • 00:13:14
    “Nós somos atirados no mundo.”
  • 00:13:16
    Nós, não escolhemos quando, como e nem onde nós vamos nascer,
  • 00:13:20
    nós apenas nascemos e, a partir daí,
  • 00:13:22
    nós somos confrontados pela realidade inúmeras vezes.
  • 00:13:25
    Nós estamos diante de possibilidades infinitas.
  • 00:13:29
    Perceba que eu não falo de realidades infinitas, mas sim,
  • 00:13:32
    de possibilidades infinitas.
  • 00:13:35
    Essas infinitas possibilidades se dão pelo abstrato, pela imaginação,
  • 00:13:39
    o que é representado no início das obras de Van Gogh.
  • 00:13:42
    Mas, aqui, após o seu acesso de loucura,
  • 00:13:44
    Van Gogh não vive mais no mundo de infinitas possibilidades de imaginação.
  • 00:13:48
    Ele é atirado em um mundo de realidade, da consciência do que é real.
  • 00:13:52
    E é contemplando esse mundo de realidade
  • 00:13:55
    que certa noite Van Gogh olha pela janela de seu quarto
  • 00:13:58
    e encontra, em sua frente, um céu infinito, ou melhor,
  • 00:14:02
    uma noite estrelada.
  • 00:14:09
    Bom, depois de toda essa explicação,
  • 00:14:11
    nós finalmente chegamos na principal obra de Vincent.
  • 00:14:14
    Por conta das regras da clínica onde ele estava internado,
  • 00:14:17
    Van Gogh não podia pintar no seu quarto,
  • 00:14:19
    apenas no estúdio no térreo durante o dia.
  • 00:14:21
    Eu não queria acabar com o encanto de toda essa história não,
  • 00:14:24
    mas Van Gogh… ele… ele meio que…
  • 00:14:27
    ele não pintou “A Noite Estrelada” durante a… a noite estrelada.
  • 00:14:31
    Oh, oh, mas não fica bolado não, porque é a realidade!
  • 00:14:33
    Amor-fati!
  • 00:14:34
    Nietzsche já falava, a realidade pode ser difícil.
  • 00:14:36
    O que acontece é que Van Gogh viu a noite estrelada,
  • 00:14:39
    fez alguns rascunhos com carvão e pintou ela nos dias seguintes,
  • 00:14:42
    na hora em que era permitido ele pintar.
  • 00:14:44
    Dois dias depois de pintar a obra,
  • 00:14:46
    Van Gogh escreve uma carta a seu irmão,
  • 00:14:48
    contando-lhe que havia pintado “um céu estrelado”.
  • 00:14:51
    "Eu observei nesta manhã o campo da minha janela por um bom tempo
  • 00:14:54
    antes da alvorada, com nada [no céu] além da Estrela d'Alva,
  • 00:14:58
    que parecia enorme".
  • 00:14:59
    Foi de fato confirmado por pesquisadores que Vênus estava visível a olho nu,
  • 00:15:04
    com seu brilho praticamente no máximo.
  • 00:15:07
    Com isso, nós podemos concluir que a “estrela” mais brilhante do céu ali,
  • 00:15:10
    logo à direita da parte de baixo do cipreste,
  • 00:15:12
    é, na verdade, Vênus,
  • 00:15:14
    a Estrela d’Alva que ele citou a seu irmão.
  • 00:15:16
    Além disso, de acordo com registros astronômicos,
  • 00:15:19
    a Lua, naquela noite, estaria na fase minguante gibosa,
  • 00:15:22
    mostrando uma estilização de Van Gogh que retrata uma lua crescente.
  • 00:15:27
    Há outros especialistas que acreditam que o “triângulo”,
  • 00:15:29
    formado pela estrela à direita do topo do cipreste
  • 00:15:32
    com as outras duas mais próximas à Lua,
  • 00:15:34
    seja a Constelação de Áries,
  • 00:15:36
    mas isso não é um consenso geral.
  • 00:15:38
    Uma coisa interessante de se observar é que Van Gogh
  • 00:15:40
    não achou nada demais nesse seu novo quadro
  • 00:15:42
    e em um certo momento, ele escreveu para seu irmão:
  • 00:15:45
    “Juntando tudo, as únicas coisas que considero minimamente boas aqui
  • 00:15:49
    são o Campo de Trigo, a Montanha, o Pomar, as Oliveiras com as colinas azuis
  • 00:15:54
    e o Retrato e a entrada para a Pedreira,
  • 00:15:57
    e o resto nada me diz.”
  • 00:15:58
    Sendo que esse “resto” incluía “A Noite Estrelada”.
  • 00:16:01
    E o principal motivo para que ele não tenha gostado do quadro
  • 00:16:04
    é que o quadro não representava de fato a noite que ele viu.
  • 00:16:07
    “A Noite Estrelada” pintada por Van Gogh não representava a noite estrelada de fato.
  • 00:16:12
    Ele mesmo diz que “as estrelas são grandes demais”,
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    ele também percebe que o vilarejo representado na parte inferior à esquerda do quadro
  • 00:16:19
    não poderia ser visto pela janela de seu quarto.
  • 00:16:22
    Esse ódio contra o próprio quadro,
  • 00:16:24
    só mostra como Van Gogh estava completamente apaixonado pela realidade.
  • 00:16:28
    As pessoas costumam acreditar que,
  • 00:16:30
    por Van Gogh ter pintado “A Noite Estrelada” dentro de um hospício,
  • 00:16:34
    significa que ele estava completamente louco e, por isso,
  • 00:16:36
    o quadro é tão magnífico.
  • 00:16:38
    Mas, isso não é verdade.
  • 00:16:39
    A beleza do quadro está justamente no fato de que Van Gogh
  • 00:16:42
    percebeu que precisava de ajuda e foi atrás disso.
  • 00:16:45
    Depois de se internar no hospital, Van Gogh teve uma melhora significativa,
  • 00:16:49
    o que lhe possibilitou enxergar a beleza onde antes ele não via,
  • 00:16:53
    e por isso, ele pintou “A Noite Estrelada”.
  • 00:16:55
    As pessoas comumente tentam romantizar a loucura de Vincent,
  • 00:16:58
    dizendo que ele só foi um grande artista por ter sido louco,
  • 00:17:01
    mas, isso é uma forma rasa e ignorante de se ver essa história.
  • 00:17:05
    Van Gogh não é uma representação de um artista louco, mas sim,
  • 00:17:09
    a representação de um homem que soube enxergar a realidade
  • 00:17:12
    e que, acima de tudo, soube amá-la.
  • 00:17:15
    Vincent contemplava a beleza até nas mais singelas manifestações da vida.
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    "Nada é pequeno ou humilde demais para ele."
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    E você, sabe amar a realidade ao seu redor?
  • 00:17:25
    Quantas noites estreladas você já pode ter vivido?
  • 00:17:28
    Mas, não conseguiu enxergar a beleza na própria realidade.
  • 00:17:54
    Bom, esse foi o vídeo, eu espero que você tenha gostado,
  • 00:17:56
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    e você com certeza vai curtir.
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  • 00:18:15
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    que foram tirados dos comentários.
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  • 00:18:25
    e até o próximo vídeo.
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    Valeu, falou, um grande abraço do Tinôco e lembre-se:
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    a existência é passageira.
  • 00:18:31
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