00:00:01
[Música]
00:00:16
a revolta da vacina aconteceu em um
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contexto em que a burguesia republicana
00:00:22
buscava superar o passado colonial e
00:00:25
imperial do Brasil que era visível nas
00:00:29
ruas populosas habitações superlotadas e
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epidemias que assolavam tanto a
00:00:36
população que vivia na capital
00:00:38
quantos estrangeiros que aportavam no
00:00:41
porto do Rio de Janeiro
00:00:43
para mudar este cenário entre o final do
00:00:46
século 19 e início do século 20 cidades
00:00:50
importantes como São Paulo e Rio de
00:00:53
Janeiro foram reorganizadas e
00:00:56
remodeladas
00:00:59
o Rio de Janeiro
00:01:00
apresentava problemas sociais graves
00:01:03
devido a um processo crescente do
00:01:06
aumento do número de habitantes o que
00:01:08
tornava a vida das massas degradante e
00:01:11
segura
00:01:13
para se ter uma ideia a capital abrigava
00:01:16
no ano de 1890
00:01:21
552.651 habitantes
00:01:24
e em 1906 o número aumentou para
00:01:30
811.444 habitantes
00:01:34
inúmeros fatores colaboraram para este
00:01:37
aumento populacional entre eles
00:01:40
a chegada ao Rio de Janeiro de pessoas
00:01:43
vindas de fazendas arruinadas do Vale do
00:01:47
Paraíba depois da Abolição da escravidão
00:01:51
migrantes do interior do Brasil que
00:01:54
chegavam a capital seduzidos pelas
00:01:57
promessas reais de encontrar trabalho no
00:02:00
comércio indústria ou na área de
00:02:03
serviços e também pela febre do dinheiro
00:02:06
fácil da política do encilhamento
00:02:09
além Claro de muitos imigrantes
00:02:12
estrangeiros que eram atraídos pela
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riqueza das fazendas de café
00:02:19
propagandados pelos cafeicultores e que
00:02:22
acabavam encontrando desventura e
00:02:26
Miséria na capital
00:02:26
[Música]
00:02:29
junte a isso a insalubridade do Porto e
00:02:32
da cidade o arrocho financeiro sentido
00:02:36
pela população mais pobre a
00:02:39
obrigatoriedade da vacinação contra a
00:02:43
varíola e monarquistas e florianistas
00:02:46
querendo dar um golpe militar e temos um
00:02:49
barril de pólvora prestes a explodir
00:02:59
Rodrigues Alves foi o terceiro
00:03:01
presidente do Brasil era Paulista e era
00:03:05
apoiado pelos cafeicultores e governou
00:03:09
depois de Prudente de Morais e Campos
00:03:12
Sales
00:03:13
assumiu o governo e em seu primeiro
00:03:16
discurso disse o meu programa de governo
00:03:20
vai ser muito simples Vou limitar-me
00:03:23
quase exclusivamente a duas coisas o
00:03:27
seneamento e o melhoramento do porto do
00:03:29
Rio de Janeiro
00:03:31
na visão do presidente e de outras
00:03:34
pessoas esses dois problemas
00:03:37
dificultavam o avanço econômico do
00:03:39
Brasil
00:03:41
o projeto de melhoramento do porto era
00:03:44
indissociável de um outro muito mais
00:03:48
ambicioso
00:03:49
mas drástico e de terríveis
00:03:53
consequências sociais
00:03:55
o da remodelação urbana do Rio de
00:03:58
Janeiro
00:04:00
a cidade era foca endêmico de uma
00:04:03
infinidade de moléstias espalhadas por
00:04:05
ratos e mosquitos
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a febre amarela febre tifoide
00:04:12
ímpaludismo varíola peste bubônica
00:04:17
tuberculose eram algumas doenças que
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assolavam a cidade
00:04:23
de todas as doenças a febre amarela e a
00:04:28
varíola eram as que mais matavam
00:04:31
a febre amarela matava muitos
00:04:34
estrangeiros Emigrantes dos outros
00:04:36
estados brasileiros que chegavam a
00:04:39
capital
00:04:40
no exterior o Rio de Janeiro era
00:04:43
conhecido como túmulo dos estrangeiros
00:04:47
e por isso as tribulações não se
00:04:49
atreviam a descer dos navios quando
00:04:52
estes chegavam no porto carioca
00:04:55
[Música]
00:04:57
a ideia de Rodrigues Alves era
00:04:59
beneficiar os interesses dos fazendeiros
00:05:02
paulistas e as Finanças internacionais
00:05:06
já que a reforma do Porto e das ruas da
00:05:10
cidade fariam com que o escoamento da
00:05:13
produção agrícola fosse ágil
00:05:16
a política dos governadores
00:05:18
instituída por Campos Sales ajudou o
00:05:22
Rodrigues Alves a impor as suas medidas
00:05:25
porque ele tinha uma larga vantagem no
00:05:28
congresso e não demorou para o
00:05:31
presidente colocar em prática os seus
00:05:33
objetivos
00:05:37
através da lei orçamentária de 30 de
00:05:39
dezembro de 1902 o governo despejou
00:05:43
recursos astronômicos no ministério da
00:05:46
indústria Viação e obras públicas
00:05:49
chefiado por Lauro Muller
00:05:52
para que o porto carioca fosse
00:05:54
modernizado e para alargar as
00:05:56
instalações portuárias da Prainha
00:05:58
passando pela praia de São Cristóvão Até
00:06:01
a ponta do Caju
00:06:04
as melhorias urbanas ficaram a cargo do
00:06:07
prefeito do Rio de Janeiro na época o
00:06:10
engenheiro Francisco Pereira Passos que
00:06:14
se inspirou nas reformas de Paris
00:06:16
orquestradas pelo Barão de hausman os
00:06:20
cortiços teriam que sair e as avenidas
00:06:23
entraram
00:06:25
o prefeito prevendo a dimensão das obras
00:06:28
e demolições que deveriam ser feitas na
00:06:31
cidade em um ritmo Frenético que não
00:06:34
levava em conta resistência e oposição
00:06:37
da população
00:06:39
solicitou plena Liberdade antes de
00:06:42
aceitar o cargo
00:06:43
seu pedido foi atendido através da lei
00:06:47
de 29 de Dezembro de 1902 que criava um
00:06:52
novo estatuto de organização Municipal e
00:06:55
dava plenos poderes ao prefeito para
00:06:58
tomar as atitudes cabíveis para execução
00:07:01
dos planos modernizantes de Rodrigues
00:07:04
Alves
00:07:06
analisando as decisões do governo se
00:07:09
pode perceber que a circulação das
00:07:11
mercadorias eu planejamento econômico
00:07:14
definiram a paisagem da capital
00:07:17
e interferiram nas políticas sociais
00:07:21
Afonso Arinos de Melo Franco que eram
00:07:24
apoiador do governo de Rodrigues Alves
00:07:26
foi contra a lei de 1902 por achar que
00:07:31
ela dava poder estirâmicos ao prefeito e
00:07:35
nenhuma condição de Direito de defesa a
00:07:38
população
00:07:39
a lei de 1902 considerada arbitrária
00:07:43
equívoca e inconstitucional
00:07:46
previa entre outras regras
00:07:49
o adiamento das eleições municipais em
00:07:53
seis meses
00:07:54
liberando prefeito de possíveis
00:07:57
oposições
00:07:59
segundo o artigo 3º durante o recesso da
00:08:02
Câmara Municipal o prefeito
00:08:05
administraria e governaria de acordo com
00:08:09
o novo estatuto de organização municipal
00:08:12
o artigo 16
00:08:14
impedia a ação da justiça para julgar as
00:08:19
reclamações feitas pelos particulares
00:08:22
já o artigo 23 previa fixação de um alto
00:08:27
avisando que a residência seria demolida
00:08:31
e previa penalidades contra os moradores
00:08:34
que se recusassem a sair do local
00:08:37
daí vieram os numerosos casos de
00:08:40
demolição com as famílias inconformadas
00:08:43
ainda dentro dos prédios
00:08:46
para o cumprimento dos despejos o
00:08:49
governo contou com as tropas policiais
00:08:52
a chamada política do Bota abaixo
00:08:55
instituída por Francisco Pereira Passos
00:08:58
foi executada e o período ficou
00:09:01
conhecido como ditadura Passos
00:09:05
as transformações modernizantes
00:09:08
instituídas pelo governo de Rodrigues
00:09:10
Alves foram um dos motivos para a
00:09:14
revolta da vacina
00:09:17
personagens ilustres da época como Olavo
00:09:20
Bilac e Rui Barbosa fazia um coro contra
00:09:24
os abusos do governo
00:09:26
o autor Aluísio de Azevedo descreve em
00:09:30
seu livro Cortiço a situação precária em
00:09:33
que os mais pobres viviam assim como
00:09:36
Lima Barreto que registrou em seus
00:09:39
diários íntimos o clima de apreensão e
00:09:43
terror vivido por parte da população
00:09:46
se por um lado o prefeito modernizava a
00:09:49
cidade Aos Trancos e Barrancos de outro
00:09:52
o sanitarista Oswaldo Cruz nomeado
00:09:55
diretor da saúde pública por Rodrigues
00:09:58
Alves também recebeu carta branca para
00:10:02
intervir no combate às doenças que
00:10:04
assolavam a capital do Brasil
00:10:07
o cidadãos até podiam escapar das ideias
00:10:10
reformistas de Lauro Muller e Francisco
00:10:13
Pereira Passos mas não escapariam da
00:10:16
Caçada imposta por Osvaldo Cruz
00:10:18
todas essas medidas tornaram a vida da
00:10:21
população insuportável e não demoraria
00:10:24
muito para que o barril de pólvora
00:10:26
explodisse
00:10:38
desde o início do período Republicano
00:10:41
foram criadas diversas instituições de
00:10:44
saúde pública no Brasil para atender a
00:10:46
população
00:10:48
o Instituto bacteriológico de São Paulo
00:10:50
onde Adolfo Lutz organizou e dirigiu o
00:10:54
Instituto de vacinação atual Instituto
00:10:57
Adolfo Lutz
00:10:59
os médicos
00:11:01
epidemiologistas Emílio Ribas e Vital
00:11:04
Brasil que trabalharam com Adolfo Lutz
00:11:07
criaram o Instituto soroterápico Butantã
00:11:11
principal centro de produção de vacinas
00:11:14
do Brasil ainda hoje além do médico
00:11:17
sanitarista Oswaldo Cruz que criou no
00:11:19
Rio de Janeiro o Instituto soroterápico
00:11:22
Federal atual Fundação Oswaldo Cruz
00:11:26
[Música]
00:11:27
todos estes institutos tinham a intenção
00:11:31
de melhorar as condições de vida das
00:11:33
populações urbanas e Rurais
00:11:36
e foi a partir deles que o departamento
00:11:39
Nacional de saúde pública foi criado na
00:11:42
época
00:11:44
na capital os problemas de moradia eram
00:11:47
graves e foram acentuados Devido as
00:11:50
reformas urbanas impostas pelo governo
00:11:54
o arrocha econômico imposto por Campos
00:11:57
Sales antecessor de Rodrigues Alves fez
00:12:01
com que os preços dos alimentos e
00:12:03
aluguéis aumentassem ao mesmo tempo que
00:12:06
os empregos minguaram
00:12:09
a busca por moradia fez com que os
00:12:12
proprietários de casarões da região
00:12:14
central da cidade
00:12:16
dividissem os imóveis em cubículos que
00:12:19
eram habitados por famílias inteiras
00:12:22
nasciam assim as tensões e cortiços do
00:12:26
centro da cidade
00:12:28
um dos maiores cortiços da época o
00:12:31
cabeça de porco chegou a ter 4.000
00:12:35
moradores
00:12:37
em 1903 durante o governo de Rodrigues
00:12:40
Alves Osvaldo Cruz assumiu o cargo de
00:12:43
diretor-geral da saúde pública
00:12:46
cargo conquistado em razão do Sucesso de
00:12:50
sua política de combate a peste bubônica
00:12:52
transmitida por ratos na região de
00:12:55
Santos São Paulo
00:12:56
[Música]
00:12:58
para acabar com a peste que era
00:13:00
transmitida pela pulga do rato ele
00:13:03
adotou um modelo um tanto bizarro para
00:13:05
lutar contra ela
00:13:07
oferecia dinheiro para cada roedor morto
00:13:11
entrega a saúde pública
00:13:13
as vendas de ratos viraram um negócio
00:13:16
rentável tinha até quem criasse os
00:13:19
roedores os trouxesse de outros estados
00:13:22
ou até mesmo os que comprasse de navios
00:13:27
estrangeiros a política Sanitária de
00:13:30
Oswaldo Cruz ficou conhecida como
00:13:32
ditadura sanitária e tratou de atacar
00:13:36
primeiramente a febre amarela que
00:13:38
assolava capital para isso contou com a
00:13:41
ajuda do governo que criou em março de
00:13:43
1904 uma lei que permitia invadir
00:13:48
vistoriar fiscalizar e demolir casas e
00:13:51
Construções e além disso os prejudicados
00:13:55
não podiam procurar a justiça comum para
00:13:57
reclamar porque o governo estabeleceu um
00:14:00
fórum próprio para tratar dessas
00:14:02
questões
00:14:03
o juiz era escolhido pelo governo e
00:14:06
supostamente era seu aliado e portanto
00:14:09
havia de julgar os casos conforme o
00:14:12
desejo governamental
00:14:15
a capital que passava por um surto
00:14:17
epidêmico de varíola e contabilizava até
00:14:21
o mês de junho de 1904
00:14:24
1800 internações
00:14:26
fecharia o ano com um total de
00:14:29
4.201 mortes causadas pela doença viu na
00:14:33
vacinação obrigatória que havia sido um
00:14:36
sucesso em outros países como Alemanha
00:14:40
Itália e França uma saída para resolver
00:14:43
o problema
00:14:45
a pequena oposição parlamentar a
00:14:48
imprensa não governista e parte da
00:14:50
população da cidade procuravam resistir
00:14:53
com todas as forças contra a vacinação
00:14:55
obrigatória
00:14:56
entre os críticos estavam médicos
00:14:59
deputados escritores intelectuais e
00:15:03
jornalistas incluindo Rui Barbosa
00:15:07
conservador culto bem informado e
00:15:10
político importante que fez duras
00:15:13
críticas a Fascinação obrigatória
00:15:17
as pessoas que eram contra a vacinação
00:15:20
ainda tinham na lembrança todas as
00:15:22
confusões exposições e humilhações que
00:15:25
sofreram durante o combate a febre
00:15:28
amarela e argumentavam que a lei era
00:15:31
truculenta assim como eram pouco
00:15:34
confiáveis o soros e aplicadores E além
00:15:39
disso existiam muitas críticas aos
00:15:41
funcionários e enfermeiros da saúde e
00:15:44
aos policiais e fiscais pela forma como
00:15:47
tratavam a população
00:15:48
os que se opunham reconheciam o valor da
00:15:52
vacina mas eram contra as condições de
00:15:54
sua aplicação E acima de tudo eram
00:15:58
contra a sua obrigatoriedade
00:16:01
todas essas questões polêmicas fizeram
00:16:04
com que os números de vacinados
00:16:05
diminuísse
00:16:07
enquanto em Julho de 1904
00:16:11
23021 pessoas haviam procurados postos
00:16:15
de saúde para serem vacinados no mês
00:16:18
seguinte o número caiu para 6036 pessoas
00:16:24
Enquanto isso o mandato de Rodrigues
00:16:27
Alves já se aproximava da metade e a
00:16:30
varíola dominava a cidade por isso em 31
00:16:34
de outubro de 1904
00:16:37
aproveitando Sua folgada a maioria no
00:16:39
Congresso o governo aprovou uma lei que
00:16:43
tornava obrigatória a vacinação contra
00:16:46
varíola deixando a população à mercê dos
00:16:49
policiais e funcionários a serviço da
00:16:52
saúde pública e foi justamente essa
00:16:55
regulamentação que desencadeou a revolta
00:17:02
[Música]
00:17:12
[Música]
00:17:13
no dia 9 de novembro de 1904 um jornal
00:17:18
do Rio de Janeiro chamado a notícia
00:17:22
publicou um esboço do regulamento do
00:17:25
Decreto de vacinação obrigatória contra
00:17:27
varíola elaborado por Oswaldo Cruz
00:17:31
o regulamento era extremamente rígido
00:17:33
ele informava que as vacinas deveriam
00:17:36
ser aplicadas desde recém-nascidos até
00:17:40
idosos
00:17:42
ameaçando com muitas pesadas e demissões
00:17:45
os contrários da vacinação
00:17:47
o atestado de vacinação era exigido para
00:17:51
matrículas em escolas
00:17:53
acesso a empregos públicos
00:17:56
empregos nas fábricas
00:17:59
hospedagem em hotéis e casas de cômodo
00:18:03
viagens casamento e voto
00:18:06
[Música]
00:18:08
não houve por parte do governo qualquer
00:18:11
preparação psicológica da população e
00:18:14
pela lei os agentes de saúde tinham o
00:18:17
direito de invadir as casas levantar os
00:18:20
braços ou pernas das pessoas fosse homem
00:18:24
ou mulher e com uma espécie de estilete
00:18:27
que não era uma seringa como as de hoje
00:18:30
aplicar a vacina
00:18:33
Para alguns isso era uma Invasão de
00:18:35
Privacidade e na sociedade dos anos 1900
00:18:39
um atentado ao pudor os homens não
00:18:42
queriam sair de casa para trabalhar
00:18:44
sabendo que suas esposas e filhas seriam
00:18:48
visitadas por desconhecidos
00:18:51
decreto no dia 10 de novembro as
00:18:54
agitações começaram
00:18:56
a juntamento se formaram na Rua do
00:18:58
Ouvidor Praça Tiradentes e Largo de São
00:19:02
Francisco de Paula
00:19:04
moradores populares discursavam contra a
00:19:06
vacina e instigavam o povo contra as
00:19:09
reformas de Rodrigues Alves
00:19:12
a polícia interveio contra os estudantes
00:19:14
da Escola Politécnica e encontrou os
00:19:17
populares próximos à Praça Tiradentes
00:19:20
os manifestantes revidam aos gritos de
00:19:23
morra polícia e a baixa vacina neste
00:19:26
confronto 15 pessoas foram presas entre
00:19:30
elas cinco estudantes e dois
00:19:32
funcionários públicos
00:19:36
A Liga contra a vacina obrigatória foi
00:19:39
fundada em cinco de novembro pelo ex
00:19:42
Tenente Coronel Lauro Sodré
00:19:45
Lauro Sodré Barbosa Lima Vicente de
00:19:49
Souza e outras pessoas
00:19:51
tentaram se apropriar do movimento
00:19:53
legítimo de revolta da população
00:19:56
excluída pelas políticas de Rodrigues
00:19:58
Alves para conquistar um caminho para a
00:20:01
sua ambição pessoal e de seus seguidores
00:20:04
A ideia era usar a Liga para instigar a
00:20:07
população contra o governo até as
00:20:09
últimas consequências
00:20:12
Porém uma vez deslanchada avalanche
00:20:14
Popular a liga não teve meios para
00:20:17
controlar a revolta que ajudou a
00:20:20
desencadear
00:20:22
no dia 11 de novembro aconteceram novos
00:20:25
protestos no Largo de São Francisco de
00:20:28
Paula
00:20:29
os líderes da liga contra a vacina
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obrigatória que convocaram o ato não
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compareceram e foram substituídos por
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populares que faziam discursos
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a cavalaria de polícia é chamada para
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intervir e efetuar prisões e é recebida
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a pedradas e tiros
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o comércio bancos repartições públicas e
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outros estabelecimentos fecham as portas
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os grupos populares fogem e se armam com
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os materiais encontrados pelo caminho
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deixados pelas reformas da cidade
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eram pedras paus ferros e ferramentas
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contra carabinas e lanças das tropas de
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infantaria
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os becos casas vazias e ruas estreitas
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dificultavam a ação das tropas saldo
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final 18 pessoas presas por uso de armas
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proibidas
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no dia seguinte 12 de novembro sobre o
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comando dos representantes da liga
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Vicente de Souza Lauro Sodré Barbosa
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Lima cerca de 4.000 pessoas de todas as
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classes sociais desde o Comerciantes
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Operários moços militares e estudantes
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saem passeata em direção ao Palácio do
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Catete sede do governo
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Lauro Sodré Barbosa Lima tentaram
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garantir para si a liderança do
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movimento popular atribuindo um sentido
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político a revolta
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junto aos líderes do centro das classes
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operárias eles conspiraram para derrubar
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o governo através de um golpe de estado
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porém o movimento foi tomado por um
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caráter espontâneo o que diminuiu a
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atuação da liga
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chegando à Rua do Ouvidor os populares
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dão vivas ao jornal Correio da Manhã e
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vaiam os jornais governistas e seguem
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rumo ao Palácio do Catete que estava
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protegido por tropas militares também
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variaram e deram tiros contra o carro do
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comandante da Brigada policial
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General Piragibe que mandou Abrir fogo
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contra as manifestantes
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no dia 13 de novembro na Praça
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Tiradentes uma multidão se aglomera e
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não obedece a ordem de dispersar a troca
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de tiros e a revolta se espalha por todo
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o centro da cidade neste ponto a revolta
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popular passou a se dirigir ao serviços
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públicos e representantes do governo
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em especial contra as forças repressivas
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a população
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incendiou Bondes quebrou o combustres de
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iluminação e vitrines de lojas invadiu
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delegacias E também o quartel da Rua
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Frei Caneca
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mais tarde os tumultos chegam os bairros
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da Gamboa saúde Botafogo Laranjeiras
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Catumbi Rio Comprido Engenho Novo
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no dia 14 de novembro os conflitos
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continuam por toda a cidade o exército
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está dividido
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cerca de 300 Cadetes da Escola Militar
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da Praia Vermelha além de Lauro Sodré
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Silveira Travassos e outros militares
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tentam depor o presidente e organiza um
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golpe para o dia 15 de novembro
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recebem o apoio de um Esquadrão da
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cavalaria e uma companhia de infantaria
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na Rua da Passagem em Botafogo
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encontra-se com as tropas governamentais
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segue-se um intenso tiroteio a demandada
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é geral saldo final o governo tem 32
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baixas nenhuma fatal os Rebeldes três
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mortos e sete feridos
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em 15 de Novembro os tumultos persistem
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sendo os maiores focos nos bairros do
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Sacramento e da Saúde
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continuam os ataques das delegacias ao
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Gasômetro e as lojas de armas
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no Jardim Botânico Operários de três
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fábricas
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investem contra os seus locais de
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trabalho e contra uma delegacia
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estivadores e folguistas
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reivindicam junto as suas empresas a
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suspensão do serviços
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a conflitos ainda nos bairros do Méier
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Engenho de Dentro Encantado São Diego
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Vila Isabel Andaraí Aldeia Campista
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matadouro Catumbi e laranjeiras
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Horácio José da Silva conhecido como
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prata preta lidera as barricadas no
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bairro Saúde
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os jornalistas acompanham os episódios e
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visitam alguns locais de conflito
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descrevem a multidão sinistra de homens
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descalços em mangas de camisa de armas
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aos ombros nus de garruchas e navalhas
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a Marinha ataca os manifestantes e as
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famílias fogem com medo
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no dia 16 de novembro o governo decreto
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estado de sítio os conflitos persistem
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em vários bairros as tropas do exército
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da marinha invadem o bairro Saúde
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aprisionando prata preto
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O governo acaba por recuar e revoga a
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obrigatoriedade da vacinação contra
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varíola
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a polícia Aproveite os tumultos e
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realiza uma varredura de pessoas
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excluídas que perambulam pelas ruas da
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capital da República
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são todas enviadas A Ilha das Cobras
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espancadas amontoadas em navios prisão e
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deportadas para o Acre a fim de
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trabalhar em um seringais muitas não
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chegam ao seu destino e morrem durante a
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viagem
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até o dia 20 de novembro houve focos de
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resistência isolados pela capital
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após o enfraquecimento do movimento os
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delegados de polícia começaram a varrer
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Os territórios sob sua jurisdição
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prendendo suspeitos e os que
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consideravam desordeiros tivessem
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relação com a revolta ou não
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os alvos Da perseguição policial não
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eram aqueles indivíduos que se poderia
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comprovar terem tido alguma participação
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nos distúrbios mas sim
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genericamente
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todos os miseráveis carentes de moradia
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emprego e documentos que eram milhares
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e cuja única culpa era viver em uma
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sociedade caótica e serem vítimas de uma
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situação crônica de desemprego e crise
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Habitacional que a própria administração
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havia desencadeado
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ao fim a ideia central das políticas de
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Rodrigues Alves tratava de livrar a
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cidade desse entulho humano a reforma
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Urbana de Rodrigues Alves desencadeou o
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desenvolvimento de favelas sendo a maior
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da América Latina a favela da Rocinha
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situada no Rio de Janeiro
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os números oficiais da Revolta São 30
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mortos 110 feridos e 945 presos dos
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quais
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461 foram deportados para o Acre porém
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alguns estudiosos discordam desses
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números
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em 1906 Rodrigues Alves deixou o governo
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sobre as vaias e xingamentos da
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população
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desde a sua saída do gabinete
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presidencial até a estação de trem que o
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levou de volta São Paulo
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quase toda brigada policial foi posta na
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rua para garantir o seu embarque
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mais do que o homem o que se procurava
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atingir com essa manifestação de repúdio
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era evidentemente um projeto de governo
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sentido como espúrio faccioso e
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opressivo