Porque o direito precisa da literatura

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Resumo

TLDRO vídeo examina como a literatura, particularmente as obras de Shakespeare e Machado de Assis, pode iluminar aspectos do direito. O autor discute o entrelaçamento entre esses campos, ressaltando que a literatura oferece um novo olhar sobre as questões legais e a subjetividade interpretativa. O positivismo jurídico, que buscava respostas definitivas, é desafiado por narrativas que revelam as complexidades da realidade. Além disso, a literatura é vista como um instrumento de crítica e reflexão sobre o sistema jurídico.

Conclusões

  • 📚 A literatura humaniza o direito.
  • ⚖️ Shakespeare antecipa discussões hermenêuticas do direito.
  • 🌐 A interseção entre direito e literatura revela complexidades.
  • 🤔 O positivismo jurídico é criticado por suas respostas simplificadas.
  • 🧠 Machado de Assis aborda limites da linguagem no contexto jurídico.
  • 🔄 A reflexão literária oferece um novo olhar sobre normas.
  • 📖 Obras de ficção podem servir como críticas sociais.
  • 📜 A ambiguidade das palavras é uma realidade tanto na lei quanto na literatura.
  • 👁️‍🗨️ Interpretar a lei é subjetivo, como a interpretação literária.
  • 🛤️ O direito opera com normas, mas a literatura explora a verdade.

Linha do tempo

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    O direito e a literatura são interligados, como discutido no livro 'Direito e Literatura: da Realidade à Ficção'. O autor compara a narrativa de Borges sobre bifurcações a como o direito se desdobra em novas interpretações, evidenciando a influência do positivismo jurídico. O autor menciona a peça de Shakespeare 'Medida por Medida', onde a ambiguidade da lei é explorada pelo personagem Ângelo, que, inicialmente preso à norma, torna-se proprietário da interpretação da lei.

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    A literatura é vista como um meio para entender a complexidade do direito. O autor usa a fábula do canário de Machado de Assis para ilustrar a percepção da realidade e do imaginário, enfatizando o papel da linguagem na construção do mundo. O autor aponta que a literatura pode humanizar o direito, oferecendo uma nova perspectiva sobre questões legais e éticas fundamentais, refletindo sobre a maneira como as narrativas podem enriquecer o entendimento jurídico.

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    O direito e a literatura compartilham uma relação dinâmica, onde a primeira lida com normas e verdades abstratas e a segunda navega pela ambiguidade e subjetividade. A discussão entre voluntarismo e objetivismo é evidenciada através de personagens literários, e o autor menciona que as obras de autores como Shakespeare, Zola e Hugo são críticas aos sistemas sociais e jurídicos, ensinando lições valiosas sobre o sentimento de justiça e a experiência humana.

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    A junção de direito e literatura revela um tesouro filosófico, mostrando que a linguagem e as interações sociais influenciam a interpretação jurídica. O autor faz referências a diferentes obras literárias para questionar a natureza do que é considerado verdade no direito, sublinhando que o estudo do direito deve incluir uma análise crítica da linguagem e das realidades sociais, para que se possa entender a complexidade e as nuances das questões jurídicas.

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Vídeo de perguntas e respostas

  • Como a literatura pode influenciar a prática do direito?

    A literatura pode humanizar o direito, proporcionando uma compreensão mais profunda das questões sociais e morais envolvidas nas práticas jurídicas.

  • Quais obras de Shakespeare são citadas no contexto do direito?

    As peças "Medida por Medida" e "O Mercador de Veneza" são citadas, abordando temas como a arbitrário do julgamento e a dualidade das leis.

  • Qual é a crítica principal ao positivismo jurídico?

    A crítica principal é que o positivismo jurídico do século XIX buscava respostas antecipadas, enquanto a realidade jurídica é mais complexa e cheia de nuances.

  • Como Machado de Assis é utilizado na discussão?

    Machado de Assis é utilizado para exemplificar a reflexão sobre limites de linguagem e a construção do imaginário jurídico, especialmente com seu conto sobre o canário.

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    direito e literatura por o direito
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    necessita da literatura a gente
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    trabalhou bastante esse texto esse tema
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    no livro direito e literatura da
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    realidade da ficção a ficção da
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    realidade eu o eu e o André Car Trindade
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    que é o produtor do direito literatura
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    eh que gerado na Unisinos que passa na
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    TV Justiça escrevemos esse livro
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    mostrando essa imbricação entre direito
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    e literatura pois então no conto é
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    Jardim de Los sendeiro que se bifurcam o
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    Jorge Luis Borges fala de uma obra na
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    qual todos os desenlaces acontecem cada
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    um é o ponto de partida de outras
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    bifurcações de vez em quando as Veredas
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    desse labirinto convergem num dos
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    passados possíveis o senhor é meu amigo
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    no outro meu meu inimigo de certo modo o
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    direito é assim um ponto de partida de
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    novos pontos de partida de novos pontos
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    de partida em que não há respostas antes
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    das perguntas quem pretendeu dar todas
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    as respostas de forma antecipada foi o
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    positivismo jurídico do século XIX e o
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    passar do tempo apenas fez com que as
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    respostas antecipadas mudassem de lugar
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    antes elas estavam na lei vista como
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    Norma geral depois e mais
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    contemporaneamente essas respostas
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    passaram a estar na vontade do
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    intérprete como na peça medida por
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    medida do Shakespeare em que o
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    personagem vai de um de um salto da plen
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    potencialidade da regra para o Império
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    da vontade do intérprete observemos como
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    a narrativa de Shakespeare antecipa em
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    quase 200 anos o que vai acontecer nos
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    séculos XIX e seguintes eu gosto muito
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    dessa peça ou seja Shakespeare em 1604
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    antecipa a discussão hermenêutica que
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    será o centro das preocupações dos
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    juristas do século XIX até aos nossos
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    dias a história da peça medida por
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    medida não me canso de falar dela ela se
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    passa em Viena o Duque Vivêncio em face
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    de um quadro de desordem e corrupção de
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    costumes ele transfere ao seu amigo
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    Ângelo o governo simulando tirar um
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    período de férias em que ele visitaria a
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    Polônia novo comando aguarda prende o
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    jovem Cláudio sob acusação de ter
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    fornicado com Julieta a sua bela
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    namorada incontinente ele é condenado à
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    morte por Ângelo Cláudio Então pede a
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    sua irmã Isabela para que interceda por
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    ele junto a Ângelo Isabela busca
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    persuadir Ângelo mas esse diz que
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    Cláudio é um transgressor da Lei e que
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    ela estaria perdendo seu tempo diz
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    também que no contexto dado a lei não
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    permite vicissitudes
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    idiossincráticas é ela a palavra do
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    Poder a lei não eu condeno seu irmão se
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    fosse o meu parente irmão ou filho Seria
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    o Mesmo ele morre amanhã Isabela retorna
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    no dia seguinte insiste na tese Ângelo
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    se mantém irredutível entretanto
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    enquanto falava concupiscência tomava
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    conta de Ângelo vendo que por debaixo da
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    as vestes de Isabela ela estava vestida
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    com roupa de noviça ali havia um belo
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    exemplar da espécie humana assim um
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    instante aquele Ângelo posto de virtude
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    vai transmudar-se dizendo a Isabela que
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    se o amasse em retorno o seu irmão seria
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    poupado veja-se que de escravo da lei
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    que antecipava todas as respostas enfim
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    de escravo da estrutura e do que está
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    dado Ângelo se transforma em Senhor da
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    lei o proprietário dos sentidos da Lei
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    ou seja do Extremo objetivismo Ângelo
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    vai ao completo subjetivismo ou
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    voluntarismo qual é o pior dos dois
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    Ângelos o primeiro ou o segundo ou seja
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    200 anos antes das críticas de yering a
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    juíza pórcia que está no Mercador de
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    Veneza também do Shakespeare outro
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    exemplo de Juiz solipsista
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    shakespeariano essa discussão já estava
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    posta lá pelo bardo neste exemplo que é
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    da juíza pce eu tenho usado muito essas
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    peças de shakespear nas aulas já há
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    várias dissertações por mim orientadas
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    que tratam de medida por medida essa
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    bela peça todas elas as peças de
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    Shakespeare e outras buscam desvendar
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    esse mistério entre o mito do dado e o
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    voluntarismo entre concepções
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    objetivistas e subjetivistas e
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    fundamentalmente buscando construir
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    respostas par esse dilema entre Ângelo
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    um e Ângelo do por vezes as diferentes
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    concepções se anulam como se nós
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    percorrê-las sociais passaram a
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    encontrar nele um valioso instrumento
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    podemos dizer que ele pode ajudar a
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    emancipar as gentes e pode colocar isso
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    é importante o Direito pode colocar um
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    selo de garantia nas conquistas já
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    feitas eu uso aqui uma expressão do
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    jurista Elias Dias e para essa
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    compreensão dependemos do tamanho do
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    nosso mundo dos limites de nossa
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    linguagem da condição de possibilidade
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    de podermos dizer o mundo significa
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    ficlo Afinal Como diz gadam mer ser que
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    pode ser compreendido é linguagem pois
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    no conto as ideias do canário de canário
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    o Machado de Assis antes da
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    institucionalização do sentido da
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    ideologia antes do linguistic turn
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    Machado já nos falava desses
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    Limites com o realismo machadiano
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    podemos compreender a noção de
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    Imaginário sim a noção de Imaginário eu
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    conto isso rapidamente
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    um homem o Senor Macedo vê um canário em
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    uma gaiola está pendurada numa loja de
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    quinquilharias ao indagar em voz alta
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    quem teria prisionado a A pobre ave esta
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    responde que ele estava enganado ninguém
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    o vendera o Senor Macedo então
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    perguntou-lhe se não tinha saudade do
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    Espaço Azul e infinito e o Canário
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    responde perguntando aliás Que coisa é
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    essa de azul infinito aí então o Senor
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    Macedo afina pergunta que pensas do
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    mundo ó canalho e esse respondeu com ar
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    professoral o mundo é uma loja de
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    quinquilharias com uma pequena gaiola de
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    taquara quadril longa pendente de um
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    prego o canário é o senhor da gaiola que
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    habita e da loja que o cerca fora daí
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    tudo é ilusão e mentira e acrescentou
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    Aliás o homem da loja na verdade o meu
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    criado servindo-me comida e água todos
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    os dias encantado com a cena o Senor
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    Macedo comprou o canário e uma gaiola
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    nova levou para sua casa para estudar o
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    canário e começava a anotar a
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    experiência mas três semanas depois da
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    entrada do canário na nova casa e o
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    Senor Macedo pediu-lhe que lhe repetisse
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    a definição do
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    mundo o mundo respondeu o canário é o é
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    um jardim aá largo com repuxo no meio
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    flores e arbustos alguma grama ar claro
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    e um pouco de azul por cima o canário Ah
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    o canário é o dono do mundo habita uma
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    gaiola vasta branca e circular deonde
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    Mira o resto tudo mais é ilusão e
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    mentira dias depois o canário fugiu
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    triste o Senor Macedo foi passear na
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    casa de um amigo passeando pelo vasto
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    Jardim Eis que deu de cara com o
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    canário viva senhor Macedo por onde o
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    senhor tem andado que desapare seu o
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    Senor Macedo pediu então que o canário
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    lhe definisse de novo o mundo já que
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    estava ali a perguntar desse jeito e o
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    Canário disse o mundo o mundo é um
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    espaço infinito e azul com o sol por
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    cima indignado o Senor Macedo retorquiu
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    lhe sim o mundo era tudo Inclusive a
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    gaiola e a loja de quinquilharias ao que
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    o canário responde dizendo que loja que
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    gaiola estás louco pois lendo Machado
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    Shakespeare brecht para falar somente
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    destes no momento eu fico com a
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    convicção de que a literatura pode
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    ensinar muito ao direito faltam grandes
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    narrativas no direito a literatura pode
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    humanizar o direito é este o ponto há
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    vários modos de dizer as coisas uma ilha
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    é um pedaço de terra cercado por água
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    mas também pode ser um pedaço de terra
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    que resiste bravamente ao assédio das
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    águas é como um dizer que o galo canta
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    para saudar amanhã que chega mas quem
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    sabe ele canta melancolicamente a
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    tristeza pela noite que se esvai veja
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    como é bela a descrição do quase
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    afogamento de César em Júlio César de
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    Shakespeare de uma feita numa tarde
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    nublada e tempestuosa em que o tibre
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    agitado se batia dentro das próprias
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    margens perguntou-me César Cássio osari
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    atirar-se junto comigo na corrente
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    infensa e nadar Até ali mal acabara de
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    falar me vestido como estava joguei-me
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    na água e a me seguir chamei-o o que ele
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    fez de fato a Correnteza roncava nós
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    lutávamos contra ela como com membros
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    indefesos apartando a e a sua Fúria
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    opondo o ousado peito mas antes de
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    alcançarmos nossa meta César gritou
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    Socorro Cássio
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    afogo então da corrente do tibre tirei o
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    exausto César esse Deus agora está
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    mudado em homem na Espanha apanhou febre
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    e quando o acesso levinha notei bem como
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    tremia Sim esse Deus tremia seus
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    covardes lábios ficaram pálidos e os
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    mesmos olhos que ao mundo todo inspiram
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    medo pavor o brilho a perder vieram
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    muitas vezes o ouvi gemer Sim essa mesma
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    língua que os romanos deixavam
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    estupefactos levando-os a guardar os
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    seus discursos ah gritava tal qual do
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    donzela doente água tití água titino
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    dá-me Um Pouco D'água muito me espanta ó
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    Deuses ver que um homem de uma
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    constituição assim tão fraca tenha
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    passado à frente neste mundo majestoso e
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    sozinho obtido a
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    Palma há tantos modos de dizer as coisas
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    um jurista dogmático desses que escrevem
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    livros simplificadores no direito
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    direito facilitado essas coisas por aí
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    por certo diria Que lástima esse César
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    ele não sabe nadar ou essa gente do
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    Twitter que escreve tudo em 140
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    caracteres caracteres e essa pessoa
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    diria incompetente César quase se
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    afoga olhando as práticas jurídicas
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    parece que a realidade não nos toca mas
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    as ficções Sim com isso confundimos as
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    ficções da realidade com a realidade das
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    ficções ficamos endurecidos a literatura
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    pode ser mais do que isso ela pode ser o
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    canal de aprendizado do direito nas
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    salas de aula enfim a junção do Direito
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    com a literatura abre um mundo novo
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    porque é existencial o direito opera com
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    a norma e busca a verdade Seja lá o que
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    é essa verdade queira significar mas
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    assim como a literatura lida com a
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    ambiguidade da linguagem o direito não
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    escapa disso de há muito sabemos que as
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    palavras da Lei são vagas e
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    ambíguas isso pode ser visto a partir da
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    relação entre texto e Norma e homenageio
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    Friedrich sch Miller O mesmo texto
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    acarreta várias normas ou Sentidos o
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    nome da rosa de Humberto Eco apresenta
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    uma lição de semiótica o personagem
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    Guilherme de basker é uma espécie de
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    alterego do filósofo Guilherme de ocan o
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    pai do nominalismo o nominalismo é a
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    grande manifestação contrária ao
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    essencialismo da metafísica clássica os
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    juristas deveriam ler o nome da rosa
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    aprenderiam que o princípio da Verdade
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    real é uma trampa e aprenderiam também
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    que o positivismo é uma forma de
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    nominalismo quando os juízes decidem
  • 00:13:24
    como querem Isto é decidem
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    arbitrariamente nada mais estão fazendo
  • 00:13:29
    do que imitar o personagem humk dpk de
  • 00:13:31
    Alice através do espelho que dizia eu
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    dou as palavras o sentido que eu quero
  • 00:13:37
    de certo modo isso se repete no
  • 00:13:39
    decisionismo de Kelsen quando este
  • 00:13:42
    sustenta que a interpretação é um ato de
  • 00:13:44
    vontade eu acrescento de poder na
  • 00:13:47
    verdade trata--se da vontade de poder
  • 00:13:50
    sim uma forma de estabelecer um grau
  • 00:13:53
    zero de sentido não há livro que não
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    seja útil nessa implicação e imbricação
  • 00:13:58
    direito literatura se Quero trabalhar o
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    conceito e princípio busco o Vittor hug
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    em o último dia de um condenado como é
  • 00:14:06
    bom esse livro ele faz uma od contra a
  • 00:14:10
    pena de morte por princípio também o
  • 00:14:13
    Coronel Vitorino em Fogo morto de José
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    Lins do Rego é um exemplo do que é um
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    princípio jurídico e o que dizer da
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    relação regra princípio presente na obra
  • 00:14:24
    prima de Jonathan Swift As Viagens de
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    Guliver
  • 00:14:28
    em
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    1726 a dramaticidade das vinhas da Ira a
  • 00:14:34
    relação capital trabalho as injustiças o
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    realismo ou o naturalismo de germinal de
  • 00:14:40
    Emil zolá é um contundente Manifesto
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    contra a opressão mas que guarda
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    internamente essa relação dicotômica
  • 00:14:49
    entre indivíduo e estrutura se quero
  • 00:14:52
    criticar a sociedade patrimonialista um
  • 00:14:55
    dos meus livros preferidos é de Machado
  • 00:14:57
    e Assis sempre o machado
  • 00:14:59
    Na inauguração de sua fase realista
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    Memórias Póstumas de Bras Cubas pode
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    haver melhor representação do Imaginário
  • 00:15:07
    estamental brasileiro existe melhor
  • 00:15:10
    maneira de discutir direito e linguagem
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    ou palavras e coisas enfim essa angústia
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    que assalta o homem desde a Aurora da
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    civilização e que atravessa mais de dois
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    milênios do que
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    através de Grande Sertão Veredas hotelo
  • 00:15:27
    de Shakespeare Pode não ter
  • 00:15:29
    explicitamente uma relação com direito
  • 00:15:31
    mas se queremos saber a diferença entre
  • 00:15:34
    essencialismo ou o paradigma da
  • 00:15:36
    metafísica clássica o que dá no mesmo e
  • 00:15:39
    a diferença disso com a modernidade
  • 00:15:41
    devemos ler com cuidado e atenção os
  • 00:15:43
    movimentos de Otelo e Iago Otelo
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    acredita em verdades intrínsecas em
  • 00:15:49
    verdades a priori Iago não a textos em
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    que o direito aparece mais
  • 00:15:55
    explicitamente mas também há textos
  • 00:15:57
    literários e poéticos em que o direito
  • 00:16:00
    não se deixa ser visto e a nossa tarefa
  • 00:16:04
    é desvel portanto a junção do Direito
  • 00:16:07
    com a literatura é um tesouro juz
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    filosófico e os livros são conclusivos e
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    inconclusivos hermenêuticos e dialéticos
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    alguns livros vão por assim dizer direto
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    no rim do sistema jurídico cito de
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    pronto ilusões perdidas e o coronel
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    chaber ambos de honored balzac a crítica
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    ao
  • 00:16:33
    sistema judiciário francês do século 19
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    e atravessa o tempo é a temporal como
  • 00:16:40
    aliás deve ser a literatura Mas deixamos
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    balzac falar em
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    1840 para as galas vão os gatunos que
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    roubam galinhas à noite nos Quintais ao
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    passo que mal ficam os meses na prisão
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    aqueles que arruínam famílias com
  • 00:16:57
    falências
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    fraudulentas mas esses hipócritas sabem
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    muito bem que condenando o ladrão de
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    Galinhas mantém a barreira entre pobres
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    e ricos barreira que derrubada
  • 00:17:09
    provocaria o fim da ordem social ao
  • 00:17:12
    passo que quem cometeu falência
  • 00:17:14
    fraudulenta o esperto usurpador de
  • 00:17:17
    heranças e o banqueiro que destrói um
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    negócio em proveito próprio só estão
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    fazendo com que a riqueza mude de mãos
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    Essas são as palavras do padre herreira
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    ao personagem lucier em ilusões perdidas
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    o que mudou de lá para
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    cá muito pouco enfim Como disse todos os
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    livros podem surpreender refiro por
  • 00:17:41
    exemplo a novela do curioso impertinente
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    que é uma pequena parte de Don Quixote
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    eu gosto muito desse texto do servantes
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    Anselmo parece que anseia encontrar uma
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    essência de fidelidade em sua amada a
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    literatura é o mundo mundo mundo vasto
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    mundo se eu me chamasse Raimundo seria
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    uma rima Mas não seria uma solução Como
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    diz Carlos dromon de Andrade a partir
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    daí já podemos começar uma discussão
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    sobre a relação entre palavras e coisas
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    pensemos em Vidas Secas de Graciliano
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    Ramos como é belo esse texto Os filhos
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    de Fabiano quando chegam à cidade e vem
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    Todas aquelas coisas perguntam-se Será
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    que todas as coisas têm nome
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    e se essas coisas têm nome Quem deu nome
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    a elas essa questão fenomenológica
  • 00:18:37
    também pode ser encontrada na obra de
  • 00:18:40
    Gabriel Garcia Marques 100 anos de
  • 00:18:43
    solidão naquela pequena macondo metáfora
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    do mundo as coisas ainda eram tão
  • 00:18:47
    recentes tão novas que para nos
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    dirigirmos a elas nós ainda tínhamos que
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    apontar com o dedo porque elas ainda não
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    tinham nome quanto as coisas no direito
  • 00:18:59
    os juristas Ainda desconhecem quantas
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    coisas os juristas apontam com o dedo
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    para quantas coisas eles apontam o dedo
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    sem saber do que se trata ah os nomes e
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    as coisas as palavras e as coisas Qual é
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    a relação entre as palavras e as coisas
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    as coisas são como são veja se nesse
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    sentido o belo texto de Wallace Stevens
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    hombre de guitarra azul com o qual Calvo
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    gonz aqui eu queria aqui homenagear
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    inaugura um dos textos que compõe o seu
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    livro O direito Curvo da livraria do
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    advogado a Ao qual eu tive a honra de
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    fazer o pós fácil como os juristas
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    deveriam saber dessas coisas Todas
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    deveriam saber que nem as coisas são
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    como são e nem as coisas são só porque
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    eu quero que assim sejam Mas isso é tão
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    antigo já estava lá na Bíblia no No
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    princípio era o verbo o primeiro grande
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    livro de filosofia da linguagem foi
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    crátilo do Platão pela boca de Sócrates
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    vai discutir essa complexa relação que
  • 00:20:07
    segue nos angustiando desde a Aurora da
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    civilização como se D nome coisas quando
  • 00:20:14
    uma é qual é aiaa partí heidger chega a
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    diz perguntando tragédia seria para a
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    humanidade Se nós fosse tirada essa
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    partícula é Nesse Ritmo eu não
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    pararia porque eu posso emendar um livro
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    no outro aliás Como diz Humberto eo um
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    livro sempre fala de outros livros como
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    em bores cada um é o ponto de partida de
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    outras bifurcações e gadamer ensina não
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    existe a primeira palavra e nem a última
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    acrescento eu por
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    suposto
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    n
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