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[Música]
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direito e literatura por o direito
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necessita da literatura a gente
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trabalhou bastante esse texto esse tema
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no livro direito e literatura da
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realidade da ficção a ficção da
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realidade eu o eu e o André Car Trindade
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que é o produtor do direito literatura
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eh que gerado na Unisinos que passa na
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TV Justiça escrevemos esse livro
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mostrando essa imbricação entre direito
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e literatura pois então no conto é
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Jardim de Los sendeiro que se bifurcam o
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Jorge Luis Borges fala de uma obra na
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qual todos os desenlaces acontecem cada
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um é o ponto de partida de outras
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bifurcações de vez em quando as Veredas
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desse labirinto convergem num dos
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passados possíveis o senhor é meu amigo
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no outro meu meu inimigo de certo modo o
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direito é assim um ponto de partida de
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novos pontos de partida de novos pontos
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de partida em que não há respostas antes
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das perguntas quem pretendeu dar todas
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as respostas de forma antecipada foi o
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positivismo jurídico do século XIX e o
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passar do tempo apenas fez com que as
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respostas antecipadas mudassem de lugar
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antes elas estavam na lei vista como
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Norma geral depois e mais
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contemporaneamente essas respostas
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passaram a estar na vontade do
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intérprete como na peça medida por
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medida do Shakespeare em que o
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personagem vai de um de um salto da plen
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potencialidade da regra para o Império
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da vontade do intérprete observemos como
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a narrativa de Shakespeare antecipa em
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quase 200 anos o que vai acontecer nos
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séculos XIX e seguintes eu gosto muito
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dessa peça ou seja Shakespeare em 1604
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antecipa a discussão hermenêutica que
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será o centro das preocupações dos
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juristas do século XIX até aos nossos
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dias a história da peça medida por
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medida não me canso de falar dela ela se
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passa em Viena o Duque Vivêncio em face
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de um quadro de desordem e corrupção de
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costumes ele transfere ao seu amigo
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Ângelo o governo simulando tirar um
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período de férias em que ele visitaria a
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Polônia novo comando aguarda prende o
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jovem Cláudio sob acusação de ter
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fornicado com Julieta a sua bela
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namorada incontinente ele é condenado à
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morte por Ângelo Cláudio Então pede a
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sua irmã Isabela para que interceda por
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ele junto a Ângelo Isabela busca
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persuadir Ângelo mas esse diz que
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Cláudio é um transgressor da Lei e que
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ela estaria perdendo seu tempo diz
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também que no contexto dado a lei não
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permite vicissitudes
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idiossincráticas é ela a palavra do
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Poder a lei não eu condeno seu irmão se
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fosse o meu parente irmão ou filho Seria
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o Mesmo ele morre amanhã Isabela retorna
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no dia seguinte insiste na tese Ângelo
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se mantém irredutível entretanto
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enquanto falava concupiscência tomava
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conta de Ângelo vendo que por debaixo da
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as vestes de Isabela ela estava vestida
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com roupa de noviça ali havia um belo
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exemplar da espécie humana assim um
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instante aquele Ângelo posto de virtude
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vai transmudar-se dizendo a Isabela que
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se o amasse em retorno o seu irmão seria
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poupado veja-se que de escravo da lei
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que antecipava todas as respostas enfim
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de escravo da estrutura e do que está
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dado Ângelo se transforma em Senhor da
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lei o proprietário dos sentidos da Lei
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ou seja do Extremo objetivismo Ângelo
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vai ao completo subjetivismo ou
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voluntarismo qual é o pior dos dois
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Ângelos o primeiro ou o segundo ou seja
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200 anos antes das críticas de yering a
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juíza pórcia que está no Mercador de
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Veneza também do Shakespeare outro
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exemplo de Juiz solipsista
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shakespeariano essa discussão já estava
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posta lá pelo bardo neste exemplo que é
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da juíza pce eu tenho usado muito essas
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peças de shakespear nas aulas já há
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várias dissertações por mim orientadas
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que tratam de medida por medida essa
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bela peça todas elas as peças de
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Shakespeare e outras buscam desvendar
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esse mistério entre o mito do dado e o
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voluntarismo entre concepções
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objetivistas e subjetivistas e
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fundamentalmente buscando construir
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respostas par esse dilema entre Ângelo
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um e Ângelo do por vezes as diferentes
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concepções se anulam como se nós
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percorrê-las sociais passaram a
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encontrar nele um valioso instrumento
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podemos dizer que ele pode ajudar a
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emancipar as gentes e pode colocar isso
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é importante o Direito pode colocar um
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selo de garantia nas conquistas já
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feitas eu uso aqui uma expressão do
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jurista Elias Dias e para essa
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compreensão dependemos do tamanho do
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nosso mundo dos limites de nossa
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linguagem da condição de possibilidade
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de podermos dizer o mundo significa
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ficlo Afinal Como diz gadam mer ser que
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pode ser compreendido é linguagem pois
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no conto as ideias do canário de canário
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o Machado de Assis antes da
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institucionalização do sentido da
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ideologia antes do linguistic turn
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Machado já nos falava desses
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Limites com o realismo machadiano
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podemos compreender a noção de
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Imaginário sim a noção de Imaginário eu
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conto isso rapidamente
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um homem o Senor Macedo vê um canário em
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uma gaiola está pendurada numa loja de
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quinquilharias ao indagar em voz alta
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quem teria prisionado a A pobre ave esta
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responde que ele estava enganado ninguém
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o vendera o Senor Macedo então
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perguntou-lhe se não tinha saudade do
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Espaço Azul e infinito e o Canário
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responde perguntando aliás Que coisa é
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essa de azul infinito aí então o Senor
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Macedo afina pergunta que pensas do
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mundo ó canalho e esse respondeu com ar
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professoral o mundo é uma loja de
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quinquilharias com uma pequena gaiola de
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taquara quadril longa pendente de um
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prego o canário é o senhor da gaiola que
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habita e da loja que o cerca fora daí
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tudo é ilusão e mentira e acrescentou
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Aliás o homem da loja na verdade o meu
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criado servindo-me comida e água todos
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os dias encantado com a cena o Senor
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Macedo comprou o canário e uma gaiola
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nova levou para sua casa para estudar o
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canário e começava a anotar a
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experiência mas três semanas depois da
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entrada do canário na nova casa e o
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Senor Macedo pediu-lhe que lhe repetisse
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a definição do
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mundo o mundo respondeu o canário é o é
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um jardim aá largo com repuxo no meio
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flores e arbustos alguma grama ar claro
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e um pouco de azul por cima o canário Ah
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o canário é o dono do mundo habita uma
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gaiola vasta branca e circular deonde
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Mira o resto tudo mais é ilusão e
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mentira dias depois o canário fugiu
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triste o Senor Macedo foi passear na
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casa de um amigo passeando pelo vasto
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Jardim Eis que deu de cara com o
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canário viva senhor Macedo por onde o
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senhor tem andado que desapare seu o
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Senor Macedo pediu então que o canário
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lhe definisse de novo o mundo já que
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estava ali a perguntar desse jeito e o
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Canário disse o mundo o mundo é um
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espaço infinito e azul com o sol por
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cima indignado o Senor Macedo retorquiu
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lhe sim o mundo era tudo Inclusive a
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gaiola e a loja de quinquilharias ao que
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o canário responde dizendo que loja que
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gaiola estás louco pois lendo Machado
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Shakespeare brecht para falar somente
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destes no momento eu fico com a
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convicção de que a literatura pode
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ensinar muito ao direito faltam grandes
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narrativas no direito a literatura pode
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humanizar o direito é este o ponto há
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vários modos de dizer as coisas uma ilha
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é um pedaço de terra cercado por água
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mas também pode ser um pedaço de terra
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que resiste bravamente ao assédio das
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águas é como um dizer que o galo canta
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para saudar amanhã que chega mas quem
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sabe ele canta melancolicamente a
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tristeza pela noite que se esvai veja
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como é bela a descrição do quase
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afogamento de César em Júlio César de
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Shakespeare de uma feita numa tarde
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nublada e tempestuosa em que o tibre
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agitado se batia dentro das próprias
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margens perguntou-me César Cássio osari
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atirar-se junto comigo na corrente
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infensa e nadar Até ali mal acabara de
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falar me vestido como estava joguei-me
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na água e a me seguir chamei-o o que ele
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fez de fato a Correnteza roncava nós
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lutávamos contra ela como com membros
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indefesos apartando a e a sua Fúria
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opondo o ousado peito mas antes de
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alcançarmos nossa meta César gritou
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Socorro Cássio
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afogo então da corrente do tibre tirei o
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exausto César esse Deus agora está
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mudado em homem na Espanha apanhou febre
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e quando o acesso levinha notei bem como
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tremia Sim esse Deus tremia seus
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covardes lábios ficaram pálidos e os
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mesmos olhos que ao mundo todo inspiram
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medo pavor o brilho a perder vieram
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muitas vezes o ouvi gemer Sim essa mesma
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língua que os romanos deixavam
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estupefactos levando-os a guardar os
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seus discursos ah gritava tal qual do
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donzela doente água tití água titino
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dá-me Um Pouco D'água muito me espanta ó
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Deuses ver que um homem de uma
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constituição assim tão fraca tenha
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passado à frente neste mundo majestoso e
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sozinho obtido a
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Palma há tantos modos de dizer as coisas
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um jurista dogmático desses que escrevem
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livros simplificadores no direito
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direito facilitado essas coisas por aí
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por certo diria Que lástima esse César
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ele não sabe nadar ou essa gente do
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Twitter que escreve tudo em 140
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caracteres caracteres e essa pessoa
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diria incompetente César quase se
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afoga olhando as práticas jurídicas
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parece que a realidade não nos toca mas
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as ficções Sim com isso confundimos as
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ficções da realidade com a realidade das
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ficções ficamos endurecidos a literatura
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pode ser mais do que isso ela pode ser o
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canal de aprendizado do direito nas
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salas de aula enfim a junção do Direito
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com a literatura abre um mundo novo
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porque é existencial o direito opera com
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a norma e busca a verdade Seja lá o que
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é essa verdade queira significar mas
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assim como a literatura lida com a
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ambiguidade da linguagem o direito não
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escapa disso de há muito sabemos que as
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palavras da Lei são vagas e
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ambíguas isso pode ser visto a partir da
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relação entre texto e Norma e homenageio
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Friedrich sch Miller O mesmo texto
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acarreta várias normas ou Sentidos o
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nome da rosa de Humberto Eco apresenta
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uma lição de semiótica o personagem
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Guilherme de basker é uma espécie de
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alterego do filósofo Guilherme de ocan o
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pai do nominalismo o nominalismo é a
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grande manifestação contrária ao
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essencialismo da metafísica clássica os
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juristas deveriam ler o nome da rosa
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aprenderiam que o princípio da Verdade
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real é uma trampa e aprenderiam também
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que o positivismo é uma forma de
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nominalismo quando os juízes decidem
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como querem Isto é decidem
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arbitrariamente nada mais estão fazendo
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do que imitar o personagem humk dpk de
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Alice através do espelho que dizia eu
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dou as palavras o sentido que eu quero
00:13:37
de certo modo isso se repete no
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decisionismo de Kelsen quando este
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sustenta que a interpretação é um ato de
00:13:44
vontade eu acrescento de poder na
00:13:47
verdade trata--se da vontade de poder
00:13:50
sim uma forma de estabelecer um grau
00:13:53
zero de sentido não há livro que não
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seja útil nessa implicação e imbricação
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direito literatura se Quero trabalhar o
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conceito e princípio busco o Vittor hug
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em o último dia de um condenado como é
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bom esse livro ele faz uma od contra a
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pena de morte por princípio também o
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Coronel Vitorino em Fogo morto de José
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Lins do Rego é um exemplo do que é um
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princípio jurídico e o que dizer da
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relação regra princípio presente na obra
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prima de Jonathan Swift As Viagens de
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Guliver
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em
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1726 a dramaticidade das vinhas da Ira a
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relação capital trabalho as injustiças o
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realismo ou o naturalismo de germinal de
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Emil zolá é um contundente Manifesto
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contra a opressão mas que guarda
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internamente essa relação dicotômica
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entre indivíduo e estrutura se quero
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criticar a sociedade patrimonialista um
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dos meus livros preferidos é de Machado
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e Assis sempre o machado
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Na inauguração de sua fase realista
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Memórias Póstumas de Bras Cubas pode
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haver melhor representação do Imaginário
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estamental brasileiro existe melhor
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maneira de discutir direito e linguagem
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ou palavras e coisas enfim essa angústia
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que assalta o homem desde a Aurora da
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civilização e que atravessa mais de dois
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milênios do que
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através de Grande Sertão Veredas hotelo
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de Shakespeare Pode não ter
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explicitamente uma relação com direito
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mas se queremos saber a diferença entre
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essencialismo ou o paradigma da
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metafísica clássica o que dá no mesmo e
00:15:39
a diferença disso com a modernidade
00:15:41
devemos ler com cuidado e atenção os
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movimentos de Otelo e Iago Otelo
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acredita em verdades intrínsecas em
00:15:49
verdades a priori Iago não a textos em
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que o direito aparece mais
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explicitamente mas também há textos
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literários e poéticos em que o direito
00:16:00
não se deixa ser visto e a nossa tarefa
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é desvel portanto a junção do Direito
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com a literatura é um tesouro juz
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filosófico e os livros são conclusivos e
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inconclusivos hermenêuticos e dialéticos
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alguns livros vão por assim dizer direto
00:16:20
no rim do sistema jurídico cito de
00:16:23
pronto ilusões perdidas e o coronel
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chaber ambos de honored balzac a crítica
00:16:32
ao
00:16:33
sistema judiciário francês do século 19
00:16:37
e atravessa o tempo é a temporal como
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aliás deve ser a literatura Mas deixamos
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balzac falar em
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1840 para as galas vão os gatunos que
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roubam galinhas à noite nos Quintais ao
00:16:52
passo que mal ficam os meses na prisão
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aqueles que arruínam famílias com
00:16:57
falências
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fraudulentas mas esses hipócritas sabem
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muito bem que condenando o ladrão de
00:17:04
Galinhas mantém a barreira entre pobres
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e ricos barreira que derrubada
00:17:09
provocaria o fim da ordem social ao
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passo que quem cometeu falência
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fraudulenta o esperto usurpador de
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heranças e o banqueiro que destrói um
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negócio em proveito próprio só estão
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fazendo com que a riqueza mude de mãos
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Essas são as palavras do padre herreira
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ao personagem lucier em ilusões perdidas
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o que mudou de lá para
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cá muito pouco enfim Como disse todos os
00:17:38
livros podem surpreender refiro por
00:17:41
exemplo a novela do curioso impertinente
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que é uma pequena parte de Don Quixote
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eu gosto muito desse texto do servantes
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Anselmo parece que anseia encontrar uma
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essência de fidelidade em sua amada a
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literatura é o mundo mundo mundo vasto
00:17:59
mundo se eu me chamasse Raimundo seria
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uma rima Mas não seria uma solução Como
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diz Carlos dromon de Andrade a partir
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daí já podemos começar uma discussão
00:18:10
sobre a relação entre palavras e coisas
00:18:14
pensemos em Vidas Secas de Graciliano
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Ramos como é belo esse texto Os filhos
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de Fabiano quando chegam à cidade e vem
00:18:23
Todas aquelas coisas perguntam-se Será
00:18:26
que todas as coisas têm nome
00:18:30
e se essas coisas têm nome Quem deu nome
00:18:34
a elas essa questão fenomenológica
00:18:37
também pode ser encontrada na obra de
00:18:40
Gabriel Garcia Marques 100 anos de
00:18:43
solidão naquela pequena macondo metáfora
00:18:46
do mundo as coisas ainda eram tão
00:18:47
recentes tão novas que para nos
00:18:50
dirigirmos a elas nós ainda tínhamos que
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apontar com o dedo porque elas ainda não
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tinham nome quanto as coisas no direito
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os juristas Ainda desconhecem quantas
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coisas os juristas apontam com o dedo
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para quantas coisas eles apontam o dedo
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sem saber do que se trata ah os nomes e
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as coisas as palavras e as coisas Qual é
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a relação entre as palavras e as coisas
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as coisas são como são veja se nesse
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sentido o belo texto de Wallace Stevens
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hombre de guitarra azul com o qual Calvo
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gonz aqui eu queria aqui homenagear
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inaugura um dos textos que compõe o seu
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livro O direito Curvo da livraria do
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advogado a Ao qual eu tive a honra de
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fazer o pós fácil como os juristas
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deveriam saber dessas coisas Todas
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deveriam saber que nem as coisas são
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como são e nem as coisas são só porque
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eu quero que assim sejam Mas isso é tão
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antigo já estava lá na Bíblia no No
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princípio era o verbo o primeiro grande
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livro de filosofia da linguagem foi
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crátilo do Platão pela boca de Sócrates
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vai discutir essa complexa relação que
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segue nos angustiando desde a Aurora da
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civilização como se D nome coisas quando
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uma é qual é aiaa partí heidger chega a
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diz perguntando tragédia seria para a
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humanidade Se nós fosse tirada essa
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partícula é Nesse Ritmo eu não
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pararia porque eu posso emendar um livro
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no outro aliás Como diz Humberto eo um
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livro sempre fala de outros livros como
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em bores cada um é o ponto de partida de
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outras bifurcações e gadamer ensina não
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existe a primeira palavra e nem a última
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acrescento eu por
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suposto
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n