00:00:24
A CIDADE NO BRASIL
“O DIREITO À CIDADE”
00:01:28
O sociólogo Robert Park
escreveu o seguinte:
00:01:32
“A cidade é a mais consistente e,
de modo em geral,
00:01:35
a mais bem-sucedida
tentativa do homem
00:01:38
de refazer o mundo em que vive
00:01:41
segundo os desejos do seu coração.
00:01:44
Mas, se a cidade é o mundo
00:01:46
que o homem criou,
ela é também o mundo no qual
00:01:49
ele está doravante
condenado a viver.
00:01:54
Assim, indiretamente e sem
ter nenhuma noção clara
00:01:57
do sentido de sua tarefa,
ao fazer a cidade,
00:02:01
o homem refez a si mesmo.
00:02:13
O direito à cidade é, por isso,
muito mais do que o direito
00:02:17
de acesso de um indivíduo
ou grupo
00:02:20
aos recursos que
a cidade incorpora:
00:02:23
é o direito de reinventar
a cidade
00:02:26
segundo os desejos
do nosso coração.
00:02:29
É, além disso, um direito
antes coletivo que individual,
00:02:34
já que a reinvenção da cidade
depende inevitavelmente
00:02:38
do exercício de um poder coletivo
sobre os processos de urbanização.
00:02:44
A liberdade de fazer e
refazer nossas cidades
00:02:47
é um dos mais preciosos,
porém negligenciados
00:02:51
dos nossos direitos humanos.”
00:02:54
Se tentarem te derrubar
Não deixa, não deixa
00:02:59
Deixou, deu com a cara no muro
00:03:00
E ginga, e mexe os pauzinhos
00:03:02
E dá os seus pulos
00:03:03
Se a chave não está no chaveiro
Arromba o portão
00:03:05
E serra as barras dessa cela
feita de dor e escuridão
00:03:09
No desamparo, amperagem
da revolta é mil volts
00:03:12
Temperatura do sangue
bombando é mil graus
00:03:14
E suportar pressão
É trabalho de herói
00:03:16
Mas, se Zumbi somos nós
Não é mais pessoal
00:03:20
Então falar é fácil, eu sei
00:03:21
Isso não é sermão
Que a escolha encolha
00:03:24
Se não tem opção
Que o caminho bifurca
00:03:26
E turva a visão
Mas o guia está no peito
00:03:29
Se chama coração
00:03:32
Junta todo mundo para somar
00:03:34
E não tem mais eu, ele, vocês
Agora é nós
00:03:36
Porque é só junto
Que se combate a estupidez
00:03:39
Bota a boca no mundo
Contra o desamparo
00:03:41
E a escassez
Vai pra rua, vai pra pista
00:03:43
Grita “Fora, Temer!
Aqui não tem boi para golpista”
00:03:47
É muita ideia que vem
Mas precisamos
00:03:48
Colocar em prática
Além de grana
00:03:51
Precisamos de gana
Estratégia e tática
00:03:53
Pois ainda ninguém
Encontrou a fórmula mágica
00:03:56
E é preciso desapegar do passado
00:03:58
Virar o disco
Virar a página
00:04:00
Superar o sistema binário
Ampliar o vocabulário
00:04:03
Plasmar vitória na maior disputa
Que é pelo imaginário
00:04:06
Nova luz, novos atores
Novo diretor, novo cenário
00:04:09
Pois não adianta negar
A nova era chegou
00:04:11
Ela é real
E se chama Aquário
00:04:14
E se isso for só poesia
E o peito não para de sangrar
00:04:17
Se palavra é só palavra
E a dor não vai estancar
00:04:22
Se é como uma selva
E it makes me wonder
00:04:23
How I keep from going under
00:04:25
Dá um play no Stevie Wonder
E deixa a roda girar
00:04:57
Isso certamente se relaciona
com questões
00:04:58
que são próprias ao Brasil,
no seu momento atual,
00:05:01
mas também com uma espécie
de “zeitgeist” mundial.
00:05:04
“Zeitgeist” é essa
expressão em alemão
00:05:06
que quer dizer o espírito do tempo.
00:05:08
O espírito do tempo hoje,
ele aponta para primaveras,
00:05:13
para Ocupaz, para
movimentos ativistas,
00:05:17
cidadãos que reivindicam
transformações na cidade.
00:05:20
Então, desse ponto de vista,
os movimentos brasileiros
00:05:22
participam dessa ideia.
00:05:25
E os primeiros anos da
minha vida profissional,
00:05:27
eles eram muito direcionados
a essa ideia do futuro.
00:05:31
E estou vendo agora, quando...
00:05:34
essas pessoas que
mal tinham nascido
00:05:36
quando caiu o Muro de Berlim,
estão chegando em atividade
00:05:39
intelectual e profissional
plena, como o mundo deles
00:05:43
é diferente mesmo.
00:05:45
O presente é alguma coisa
muito importante.
00:05:47
Como transformar esse lugar,
que é uma via expressa,
00:05:52
em alguma coisa legal, divertida,
00:05:54
vou fazer um churrasco
aqui no Minhocão
00:05:55
e no meio da Avenida Paulista,
e ela tem que funcionar bem
00:05:59
como espaço público
enquanto eu estou.
00:06:01
Tudo bem que daqui a três horas
vai ter um carro passando aqui,
00:06:04
mas agora ela tem que ter...
00:06:05
Isso traz desafios
absolutamente radicais
00:06:09
para a disciplina do urbanismo.
00:06:55
O urbanismo, ele se construiu
como disciplina,
00:06:58
como uma disciplina de
intervenções a médio prazo.
00:07:01
Nós precisamos levar saneamento,
00:07:03
levar espaços públicos,
fazer planos diretores,
00:07:06
que são processos que
vão durar 10, 15 anos
00:07:08
para se efetivar.
Mas, os jovens agora,
00:07:11
eles não querem saber
nem de se envolver
00:07:13
em nada que vai demorar
10 ou 15 anos.
00:07:15
Eu quero a cidade que
eu possa usar, uma cidade
00:07:18
que eu possa desfrutar, onde
eu possa me reconhecer agora,
00:07:23
e vou fazer o que for necessário
para fazer isso agora.
00:07:26
Daqui a 10 anos,
não sei onde eu vou estar,
00:07:27
aí eu vejo qual vai
ser o meu desafio.
00:08:05
Eu acho que a sociedade
brasileira,
00:08:08
ela tem dificuldade histórica
com o conceito de esfera pública,
00:08:13
é um traço da nossa história,
o Brasil foi colônia
00:08:16
até o século XIX,
o Brasil teve escravidão
00:08:20
até quase o fim do século XIX.
00:08:23
E depois o Brasil entrou
no século XX,
00:08:25
se desenvolveu, se industrializou,
00:08:29
conservando traços de segregação
dos tempos da colônia
00:08:32
e da escravidão, infelizmente.
00:08:35
O nome que se dá, em sociologia,
a isso é patrimonialismo.
00:08:40
Patrimonialismo quer
dizer o quê? Quer dizer
00:08:42
a prática de você tratar os assuntos
públicos como se fossem privados.
00:08:47
Essa história, que é
uma história social,
00:08:49
ela tem um desdobramento
evidente na cidade,
00:08:52
evidente, nós não
temos espaço público.
00:09:09
O Brasil ensaiou uma
certa civilidade,
00:09:13
no início do século XX,
que depois foi sacrificada.
00:09:17
E isso é alguma coisa
que nós temos que notar
00:09:22
e denunciar.
00:09:24
São Paulo, de novo, como exemplo.
00:09:28
O Parque Dom Pedro foi
um parque maravilhoso.
00:09:32
O que restou do Parque Dom Pedro?
00:09:35
Nada. Nós olhamos no mapa
00:09:37
e aquilo ainda tem
o nome Parque Dom Pedro.
00:09:39
Mas aquilo absolutamente
não existe mais
00:09:41
como experiência de parque.
00:09:44
É surreal que exista
o nome Parque Dom Pedro
00:09:47
numa coisa que é um agregado
de alças viárias,
00:09:51
de viadutos e de pedaços
de grama e de mato
00:09:55
com grades, retalhados etc.
00:10:00
Então, o Parque
Dom Pedro é um caso,
00:10:03
a Praça da República,
o Jardim da Luz,
00:10:05
há uma série de espaços
públicos que foram dignos.
00:10:08
A Praça Marechal Deodoro
era uma praça linda.
00:10:11
Hoje em dia, é o Minhocão,
e um resto, uma sobra.
00:10:16
Então, o Brasil se desenvolveu
de forma patrimonialista,
00:10:20
do ponto de vista urbano,
ele ensaiou
00:10:22
uma certa urbanidade
mais cosmopolita
00:10:25
num certo momento, que foi
inteiramente destruída
00:10:30
ao longo do desenvolvimentismo
do século XX,
00:10:33
sacramentada nos anos
de ditadura militar.
00:10:37
A cidade de São Paulo
é muito louca,
00:10:39
porque, ao mesmo tempo
que dói, dá prazer.
00:10:44
Nós ficamos pensando:
“Por que não temos
00:10:45
mais prazer do que dor?
Por que as pessoas
00:10:47
não nos deixam ter prazer,
mais prazer do que dor?”.
00:10:51
Eu acho que são as artérias
do nosso corpo.
00:10:55
Quando nós cortamos uma veia,
vemos sangrar por ali.
00:10:58
Acho que São Paulo sangra
pela periferia, pelos cantos,
00:11:01
pelos córregos, pelos becos,
pelas vielas.
00:11:06
É onde São Paulo sangra,
é onde São Paulo vomita,
00:11:08
tudo aquilo que ela bebe,
toda a sua arrogância,
00:11:10
ela vomita em nós.
00:11:12
Eu vejo São Paulo assim,
triste, arrogante, necessária.
00:11:17
É como se nós tivéssemos
o tempo inteiro
00:11:18
que pedir permissão
para poder entrar,
00:11:20
para poder ser feliz, para
poder andar nessas ruas,
00:11:24
que nossos pais e avós construíram.
00:11:27
É como se nos deixasse
andar fazendo concessão,
00:11:30
e não por apego à liberdade.
00:11:33
Então, acho que São Paulo
é isso, é muito estranha,
00:11:35
se parece com o Brasil,
o micro se parece
00:11:38
com o macro do Brasil.
00:11:40
Quando vejo nós falarmos:
“Ah, os coronéis do Nordeste”,
00:11:42
fico imaginando: “Nossa,
mas tem mais coronéis
00:11:44
do que em São Paulo?”.
00:11:52
Isto aqui não é protesto
Nossa luta é bem maior
00:12:00
Isto aqui não é protesto
Nossa luta é bem maior
00:12:14
Nós temos ouvido muito falar
sobre direito à cidade,
00:12:17
nos últimos anos,
e a ideia do direito à cidade,
00:12:20
ela aparece nos anos 1960,
ela aparece como
00:12:25
uma ideia tributária dos
movimentos estudantis
00:12:29
de 1968, e ela vai
se transformando.
00:12:34
Nos anos 90, a ideia
do direito à cidade,
00:12:35
ela foi tratada muito numa
perspectiva de universalização
00:12:39
daquilo que a cidade tem de bom,
o que a cidade tem de bom
00:12:42
para nos oferecer deve
ser desfrutado por todos.
00:12:44
E, nos últimos poucos anos,
a ideia do direito à cidade,
00:12:48
ela vem sendo reocupada
mais uma vez,
00:12:51
ela vem sendo tratada
como uma ideia
00:12:53
do direito de estar
no espaço público
00:12:55
e de construir o espaço
público na cidade
00:12:58
à minha imagem e semelhança.
00:13:00
Cabelo armado e nunca penteado!
00:13:02
Cabelo armado e nunca penteado!
00:13:05
Meu cabelo é natural...
00:13:08
Meu cabelo é natural...
00:13:21
O direito à cidade
são muitas coisas,
00:13:23
ele vai sendo transformado
conforme o tempo vai passando.
00:13:26
É importante sabermos
de que direito à cidade
00:13:28
estamos falando, todos são bons,
00:13:30
quanto mais direitos, melhor,
00:13:32
mas eles são bons de
maneiras diferentes,
00:13:34
eles respondem a problemas
diferentes
00:13:36
e eles trazem também
desafios diferentes.
00:14:16
Vai para 21 anos que
eu uso a bicicleta
00:14:18
como meio de transporte,
vou de casa para o trabalho
00:14:20
com a bicicleta. Eu acho uma
maravilha o que está acontecendo
00:14:23
como fenômeno mundial.
Acho que nós temos
00:14:26
que cada vez mais investir
naquilo que nós já sabemos,
00:14:29
que a cidade é para as pessoas,
e não para o automóvel,
00:14:32
para o capital.
00:14:33
As pessoas são muito menos
dependentes do carro
00:14:35
do que elas foram até
alguns anos atrás.
00:14:39
E olha que coisa engraçada,
00:14:41
eu passei algum tempo
em Curitiba, agora,
00:14:44
e eu quase fui atropelado seis,
sete vezes em uma semana,
00:14:49
porque eu ando,
eu atravesso as ruas,
00:14:52
eu cruzo um lugar onde
o carro está saindo
00:14:55
de uma garagem com
um grau de confiança
00:14:57
que as pessoas de
Curitiba não fazem,
00:14:59
as pessoas têm medo do carro,
elas respeitam o carro.
00:15:02
Isso eu aprendi aqui em São Paulo,
00:15:04
nós precisamos enfrentar o carro,
isso é uma guerra cotidiana
00:15:07
que temos contra o carro,
e é o carro que vai ter
00:15:09
que me esperar. Eu acho
incrível poder estar
00:15:12
formulando essa questão,
e na minha cidade,
00:15:15
uma cidade que nós lutamos
para que fosse assim.
00:15:19
Olá, meu nome é José Renato Bergo,
00:15:21
sou videomaker, faço
parte da ciclocidade,
00:15:23
e um cicloativista
aqui de São Paulo.
00:15:26
A proposta é o seguinte,
que todo mundo mostre
00:15:28
a sua estrutura cicloviária,
ou, na verdade,
00:15:31
a nossa estrutura cicloviária,
onde trafegamos,
00:15:34
onde vamos para a escola,
onde vamos para o trabalho,
00:15:36
onde fazemos o passeio
com os amigos, enfim,
00:15:40
mostramos a importância
desse espaço segregado.
00:15:43
Olá, eu sou a Adriana.
Há dois anos e meio,
00:15:46
eu troquei o carro pela bicicleta,
e desde então eu faço
00:15:49
todos os meus deslocamentos
pedalando pela cidade.
00:15:53
Estou aqui onde a Henrique
Schaumann cruza com a Sumaré,
00:15:55
aqui eu passo todos os dias,
é o meu caminho da roça,
00:15:58
aqui não tem ciclovia,
e aqui eu sou vítima
00:16:01
do mesmo tipo de atitude
todos os dias.
00:16:03
Ou eu levo uma fina educativa ou
eu levo uma fechada tão violenta
00:16:07
que eu sou obrigada a fazer
uma manobra radical
00:16:10
e pular na calçada,
para não ser esmagada
00:16:11
por um ônibus e por um carro.
00:16:13
Eu tenho 36 anos, a bicicleta
é meu meio de transporte.
00:16:17
Eu sempre andei de bicicleta
na cidade,
00:16:20
mas, depois da implementação
das ciclovias,
00:16:23
eu me senti confiante o bastante
para carregar isto daqui,
00:16:27
a Catarina, de 2 anos,
e a Sofia, de 5.
00:16:33
Estou aqui só para dizer
que vamos resistir.
00:16:37
Esperamos que a prefeitura,
o secretário,
00:16:40
todas as pessoas qualificadas,
acredito que existam
00:16:43
dentro dessa prefeitura,
00:16:45
vão enxergar que não tem
por que tirar a ciclovia.
00:16:49
Então, vai para Belo Horizonte,
vai para Curitiba,
00:16:52
vai para outras cidades
que não passaram
00:16:56
por esse processo de
pedestrianização,
00:16:59
aí nós entendemos como conseguimos
00:17:01
conquistar na marra.
00:17:02
Eu não estou dizendo que
estamos conseguindo
00:17:04
resolver isso em todos
os nossos aspectos
00:17:05
da nossa sociedade no Brasil
nem que as conquistas
00:17:08
são irreversíveis, mas que
nesse aspecto específico
00:17:11
da mobilidade urbana
nós conseguimos
00:17:13
fazer virar a chavinha,
nós conseguimos, eu acho.
00:17:32
A cidade para as pessoas
significa você morar perto,
00:17:35
da maçaneta da porta da sua casa
à maçaneta da sala de aula
00:17:39
ou do lugar em que você trabalha,
você gastar no máximo 20 minutos,
00:17:44
de preferência, a pé, ou de
um veículo não motorizado,
00:17:47
uma bicicleta, mas, com certeza,
com transporte público,
00:17:52
de preferência, sobre trilhos,
porque organiza a cidade,
00:17:55
dá uma dignidade. É importante
que os trilhos urbanos
00:17:58
sejam estimulados.
00:18:01
Principalmente o transporte
não poluente.
00:18:05
O bonde elétrico, por exemplo,
e o metrô de verdade.
00:18:22
A maior questão de problema
que nós temos aqui,
00:18:24
até pela dimensão geográfica
de São Paulo,
00:18:27
é a questão da mobilidade urbana.
00:18:30
Se pensarmos que um jovem
que está vindo num trem lá
00:18:36
do Itaim Paulista,
de Ferraz, de Suzano,
00:18:38
o caminho que ele está percorrendo,
ele tem um contraste tanto social
00:18:42
quanto visual, do ponto de vista
que ele está vendo pela janela
00:18:46
do trem, isso também é
um processo de formação
00:18:50
que ele também pode
acessar esses espaços.
00:18:52
Estamos falando do
direito à cidade,
00:18:55
do direito ao território,
e que isso deveria ser
00:18:58
de um ponto de vista recíproco
da sociedade também,
00:19:00
tanto esse jovem que acessa
o centro, que isso dá um outro
00:19:04
contexto político de formação,
quanto essas pessoas
00:19:07
que estão acostumadas
a morar no centro,
00:19:09
elas deveriam também se deslocar,
ir para dentro da periferia,
00:19:13
entender qual é o contexto
de periferia
00:19:14
e o que essas pessoas pensam.
00:19:18
“PIXADORES”
00:20:56
A verdadeira vanguarda
está nas periferias,
00:20:59
e o fenômeno da periferia é
um fenômeno terrível, cruel,
00:21:02
por conta do desequilíbrio das
redes de cidades no Brasil,
00:21:06
nós temos pouquíssimos
municípios no Brasil,
00:21:09
pelo tamanho que o Brasil tem,
deveríamos ter praticamente
00:21:12
cinco vezes mais.
00:21:15
Ao mesmo tempo, o fenômeno
de metropolização
00:21:18
das cidades do Brasil
é uma prova concreta
00:21:21
da injustiça social.
00:21:23
Então, esse fenômeno de
centro e periferia,
00:21:25
que é muito cruel,
esse pêndulo perverso
00:21:28
centro e periferia,
00:21:29
ele só vai ser superado
graças à sofisticada
00:21:34
atuação que acontece na periferia,
que são as vanguardas
00:21:39
dos coletivos de
artistas culturais
00:21:43
e os movimentos de
luta pela conquista
00:21:46
da arquitetura do lugar,
pela construção coletiva
00:21:49
do seu lugar, do espaço
social das cidades.
00:21:53
Eu, por exemplo, moro na cidade
de São Bernardo do Campo.
00:21:57
Numa praça central lá,
toda terça-feira,
00:22:01
inclusive ontem teve atividade,
tem um povo do hip-hop,
00:22:05
que eles se juntam
toda terça-feira lá,
00:22:08
porque eles chamam de batalha,
e eles começam a produzir,
00:22:12
ali na hora, entre si,
sem música, sem nada,
00:22:14
só através do gingado e
da fala e da composição.
00:22:19
Eu sou a guerra não declarada
na visão de um favelado
00:22:21
Agora você vê quem dá o recado
00:22:24
E agora você não vai
representar o Estado
00:22:26
É porque não... é aqui
00:22:28
Eu sou orgulhoso
Vai se alegrar
00:22:30
Porque para tu ver nóis
de curioso
00:22:32
Só que agora
Você vai ficar triste
00:22:35
E pra você aqui
não vai ter nenhum palpite
00:22:37
Demorou, acho que você deu início
00:22:39
Porque desse jeito
você está rimando
00:22:41
No modo easy
Mas calma
00:22:43
Que você é apenas um menino
Eu já fui e voltei
00:22:46
Do campo do extermínio
Eu acho que você
00:22:49
Não consegue desafiar
Porque você é fraco
00:22:52
E agora eu tenho que falar
Seu nível está no chão
00:22:54
Mas você nunca viu...
00:23:00
Nunca fui de extermínio
Só que aprendi a espancar
00:23:01
Só que a pomba aqui
Ela não pode pousar
00:23:05
Você vê que essa é a razão
E já para você
00:23:08
Não vai ter informação
00:23:10
Não tem informação
Porque veio de você
00:23:13
Se fosse de mim
Ia ter de sobra
00:23:15
Para mim demonstrar
E presta atenção
00:23:17
Que você é fraco
É a pomba da paz
00:23:20
Então eu sou da paz, opaco
00:23:21
É facção sem causa
Que nessa você se ilude
00:23:24
Olha para isto aqui
Isto é juventude de atitude
00:23:27
Você pegou essa fita
E sua mente
00:23:30
O vocabulário limita
00:23:33
Limita, presta atenção
Eu faço poesia
00:23:36
E eu só guardo
o amor do meu coração
00:23:38
E minha mãe está lá rezando
Por mim enquanto a sua rima
00:23:42
Acabou de chegar ao fim
00:23:48
Isso no centro da cidade,
então, reúne diversas tribos,
00:23:51
e é um espaço da juventude,
que foi criado pela juventude,
00:23:55
não foi criado pelo poder público.
Na ausência do poder público
00:23:59
em criar oportunidades de lazer,
00:24:03
de manifestações culturais,
a própria população
00:24:06
vai criando seus próprios espaços.
00:24:08
Essa riqueza é que mantém
00:24:12
as relações humanas e sociais
tão vivas nas cidades.
00:24:16
O Cinema na Laje,
ele acontece uma semana sim,
00:24:18
outra não. Uma parceria
com o Zé Batidão.
00:24:21
Ligamos para as pessoas
00:24:24
que estão passando
o filme, ligamos:
00:24:26
“Quer passar o filme aqui?”.
00:24:28
Eu acho que a Cooperifa
já adquiriu um respeito
00:24:30
perante algumas pessoas,
que falam:
00:24:32
“É interessante, passa lá”.
00:24:34
Chamamos um produtor,
um ator, um diretor,
00:24:37
para falar sobre filme,
para discutir cinema.
00:24:40
O lugar em que descobrimos,
que, com 60 anos,
00:24:42
tinha gente que nunca
tido ido ao cinema.
00:24:46
Num país chamado Brasil,
tinha gente com 60 anos
00:24:48
que nunca foi ao cinema.
00:24:50
E um país onde uma
pessoa com 60 anos
00:24:52
que nunca foi ao cinema
e vê pela primeira vez
00:24:54
em cima de uma laje
00:24:55
é um país que não tem
alvará de funcionamento,
00:24:58
não tem licença para
ser pátria. Não é isso?
00:25:37
Eu lembro quando eu chegava
nos bailes black,
00:25:39
no final dos anos 70,
início dos 80,
00:25:44
eu não via a hora de entrar ali,
00:25:47
porque eu falava: “Aqui é
meu lugar, aqui é meu país”.
00:25:50
Às vezes venho fazer coisas
para cá, para esse lado,
00:25:53
eu não vejo a hora que chega
a Estrada de Itapecerica,
00:25:55
a Estrada do Campo Limpo,
para eu me sentir seguro.
00:25:58
É muito louco isso. E não
estou tirando ninguém, não.
00:26:00
Estou dizendo que é uma paixão.
Eu não preciso falar mal do centro
00:26:03
para dizer que gosto da periferia.
00:26:05
Para mim, gostar da periferia
já é o suficiente.
00:26:07
E eu não sou contra,
eu sou a favor,
00:26:09
nunca fiz nada contra o centro,
contra branco, contra nada.
00:26:11
Eu faço a favor do quê?
Da nossa gente, da nossa turma,
00:26:14
da nossa literatura.
00:26:16
Às vezes vem algum europeu
querendo visitar
00:26:18
as favelas no Brasil.
00:26:21
Você os leva lá,
e é impressionante como
00:26:23
eles ficam maravilhados com
a cultura daquele lugar,
00:26:28
a forma como as pessoas
se relacionam
00:26:30
e como é tão diferente
da cultura deles.
00:26:33
Eu lembro que uma vez
que eu fui numa favela,
00:26:36
que nem é tão grande,
com um grupo de ingleses.
00:26:40
Imagine como eles
ficaram maravilhados.
00:26:42
Entraram na favela,
tinha aqueles golzinhos
00:26:45
de madeira, e a criançada
brincando de bola.
00:26:48
Então, eles viam
a alegria ali, e eles:
00:26:52
“Mas por que as crianças
brincam aqui
00:26:53
e não vão num campo, numa quadra?”.
00:26:55
“Porque não tem campo,
não tem quadra”.
00:26:59
“Nossa, mas aqui não tem
saneamento básico.
00:27:03
Nossa, mas aqui é tudo gato.
00:27:06
E por que as pessoas são felizes?”
00:27:22
Se eu pensar aqui da porta
de dentro para a minha casa,
00:27:26
está tudo resolvido.
00:27:28
A minha mãe, empregada doméstica,
00:27:29
conseguiu estruturar,
tem uma geladeira maneira,
00:27:32
tem um sofá legal, tem um quarto,
00:27:34
tem televisão, por mais
que tenha sido financiado
00:27:37
em 70 vezes, 36, 70, enfim, essa
é nossa linha de planejamento...
00:27:43
A minha preocupação é como
está da porta para fora.
00:27:47
Não tem rede de
saneamento básico,
00:27:49
não tem educação,
não tem uma estrutura.
00:27:54
E, se eu falar que não tem cultura,
eu vou estar contradizendo
00:27:56
tudo isso que eu acabei de dizer.
O que mais tem na periferia
00:28:00
é cultura. Só que gestores,
prefeitos,
00:28:03
governadores, têm...
do meu ponto de vista,
00:28:09
uma miopia política
e preconceituosa,
00:28:13
que é achar que tem que levar
cultura para a periferia.
00:28:15
Pelo contrário,
acho que você tem que
00:28:17
fortalecer a estrutura local.
00:28:20
“CORPO ELÉTRICO”
00:29:06
Você ser gay,
lésbica ou transexual
00:29:08
na cidade da contemporaneidade,
uma posição ainda que possa ser
00:29:12
extremamente desconfortável
é uma posição possível
00:29:15
em relação ao que pode
ter sido 50 anos atrás,
00:29:19
ou o que seja ainda hoje
numa cidade pequena.
00:29:22
Por isso, a cidade grande,
ela é vista como
00:29:26
um lugar onde você pode
encontrar a sua turma,
00:29:28
a sua tribo, aquelas coisas
que você fala sobre cidade.
00:29:32
Em tudo o que diz respeito
à identidade,
00:29:34
a encontrar os seus grupos,
a sua possibilidade de vida,
00:29:39
eu sou muito otimista,
eu acho que a cidade,
00:29:40
ela está cada vez mais
receptiva a isso.
00:30:20
Eu acho que esses
são novos agentes,
00:30:22
novos personagens
que o cenário urbano
00:30:25
está recebendo, e eu acho
que é muito importante
00:30:29
que haja essas manifestações.
00:30:31
É difícil dizer em que medida
00:30:35
essas manifestações
00:30:38
não podem ser canalizadas
por formas,
00:30:41
mais, vamos dizer,
institucionalizadas
00:30:44
de representatividade social.
00:30:47
Isso talvez seja
burocratizar demais
00:30:50
esses processos de negociação
de conversação.
00:30:54
E é claro que a manifestação
espontânea
00:30:57
é um campo legítimo
e muito importante
00:31:01
para que os interesses
00:31:04
e as perspectivas e, sobretudo,
00:31:07
as necessidades sejam
expostos claramente.
00:31:12
E pensar a cidade
desse ponto de vista,
00:31:14
como nós podemos mudar,
00:31:17
ele não depende só de você,
ele não depende só do outro,
00:31:22
ele não depende só de mim,
ele depende da força de vontade
00:31:24
de todos nós, essa
tem que ser uma ideia
00:31:27
universal de mudança.
00:31:30
Cada um está fazendo lá
a sua luta específica.
00:31:33
Mas qual é mesmo o nosso problema?
00:31:35
O nosso problema é mudar
a concepção de Estado.
00:31:39
Por que essas pessoas estão
fazendo essas lutas específicas?
00:31:42
É porque ou há segregação,
ou há discriminação,
00:31:46
ou há falta de políticas
públicas, ou as três juntas.
00:31:51
Então, essas populações
se juntam
00:31:55
por afinidade, por necessidade,
00:31:58
mas elas precisam do instrumento
para compreender que a luta
00:32:02
é muito mais geral
do que simplesmente
00:32:04
aquela luta específica dela.
00:32:41
MEU AMOR NÃO É O SEU FETICHE
00:32:54
Eu acho que estamos passando
também uma época de depuração,
00:32:56
de reconhecimento, sabe:
00:32:59
“Eu não sabia que você era gay,
não sabia que você era negro,
00:33:01
não sabia que você era pobre”.
00:33:03
Acho que tem uma época de
nos reconhecermos como gente,
00:33:06
como gente que está lutando
contra todo esse sistema
00:33:08
opressor, violento que...
amputa nossos sonhos.
00:33:13
Vai chegar uma hora...
Porque essas linguagens,
00:33:16
de alguma forma, na periferia,
já estão conversando.
00:33:20
Acho que lá de cima ficamos
meio sem referência também,
00:33:23
estávamos acostumados
sempre a ter
00:33:26
aquelas mesmas pessoas dizendo:
“Agora é lá, agora é pá”.
00:33:29
E talvez seja agora também
uma hora de se empoderar,
00:33:33
revolucionar, aquele
que quer mudar o mundo
00:33:35
que tenha coragem de
começar por si mesmo.
00:33:36
Acho que agora começarmos a olhar
um pouco para dentro também,
00:33:39
autoconhecimento,
começarmos a pensar,
00:33:42
porque seguir os outros também,
chegamos até onde chegamos
00:33:44
agora também. Mas eu acho
que isso vai acontecer.
00:33:48
E não é muito longe, não.
Não está muito longe, não.
00:33:50
As redes sociais têm mostrado isso.
Não está muito longe de nos
00:33:54
reconhecermos como gente
e lutarmos contra quem
00:33:56
não gosta de gente.
00:33:58
A CIDADE É NOSSA. OCUPE-A.
00:34:01
...Ocupe o Estelita é a solução
00:34:08
...Ocupe o Estelita é a solução
00:34:11
-Resistir
-Ocupar
00:34:13
-Resistir
-Ocupar
00:34:18
O Recife não precisa de vocês!
00:34:22
Parou por quê?
O Estelita não precisa de vocês
00:34:26
Prefeito fuleiro
Capacho de empreiteiro
00:34:29
Prefeito fuleiro
Capacho de empreiteiro
00:34:32
Prefeito fuleiro
Capacho de empreiteiro
00:34:36
Prefeito fuleiro
Capacho de empreiteiro
00:34:39
Todas as pessoas vão
precisar de educação,
00:34:41
vão precisar de saúde, vão
precisar de transporte público,
00:34:44
vão precisar de todos os
serviços que tem na cidade.
00:34:47
Então, a construção dessa
narrativa da cidade
00:34:50
que queremos, ela tem no conjunto
00:34:54
dessa construção as
lutas específicas,
00:34:57
mas são necessários, sim,
instrumentos que apontem
00:35:00
para essa luta mais geral,
porque a luta de cada um é forte,
00:35:05
mas a luta de todos juntos
é muito mais forte,
00:35:07
são essas que têm o poder
de transformação.
00:35:12
Essas diversas lutas,
juntas, que podem criar
00:35:16
uma narrativa da cidade
que queremos.
00:35:30
A HORTA NÃO É MINHA.
A HORTA É NOSSA.
00:35:34
ENCONTRO DA HORTA COMUNITÁRIA
DA VILA POMPEIA
00:35:37
BEM-VINDO À HORTA DAS CORUJAS.
00:35:50
Parece que uma das formas
mais procuradas,
00:35:56
em tempos recentes, para reinventar
00:36:00
o direito ao espaço público
00:36:03
atravessa não só as
grandes manifestações,
00:36:06
o direito à rua, a vontade da
vida junto a esse bem comum,
00:36:13
que é da cidade e que nos põe
defronte desse campo conflituoso,
00:36:20
impregnado de ruídos,
mal-entendidos,
00:36:26
perturbações, tem muitas
vezes se organizado
00:36:30
num campo cooperativado,
que reinventa
00:36:33
algumas bases de viver.
Está na horta comunitária,
00:36:38
está nas festas no Minhocão,
está no cinema no vão do Masp.
00:36:45
Tem uma beleza
que vem sendo...
00:36:50
criteriosamente constituída
nessa alegria de conviver,
00:36:56
que, por outro lado,
traz uma certa...
00:37:03
cautela, para mim,
00:37:06
que é também muito típica
da nossa época,
00:37:09
como se todo esse
convívio se desse
00:37:12
ou por grandes manifestações
reivindicatórias
00:37:14
ou por situações
de festa, alegria,
00:37:20
felicidade, vida no tempo vivido
00:37:24
de suavidade.
00:37:26
Tem alguma coisa que
parece ainda precisar
00:37:29
ajustar um passo.
E essa parece uma crise
00:37:32
fundamental, que é
devolver o direto
00:37:34
de uma certa quietude,
de um certo silêncio,
00:37:38
o lugar da melancolia,
o lugar onde conviver é
00:37:42
também se entristecer,
00:37:45
ou pelo menos se
comover ou permitir
00:37:48
que um cortejo fúnebre
passe na sua frente
00:37:50
sem você precisar exigir
que ele seja interrompido
00:37:53
ou atropelado. Esse momento
em que às vezes
00:37:57
o lugar da convalescença ou
da tristeza mais profunda
00:38:01
exige que você encontre
um pequeno lar,
00:38:05
não uma grande praça,
não um banco ensolarado,
00:38:09
aquele que fica na sombra,
numa certa penumbra...
00:38:11
que lhe permite usufruir
do alarido da vida
00:38:16
sem precisar estar atravessado
pelo movimento dela.
00:38:19
Tenho a sensação
de que essa medida
00:38:22
também nós temos que encontrar.
00:38:54
Nossos objetivos para
intervir na cidade,
00:38:57
eles devem ter a ideia de uma
cidade que é para todo mundo
00:39:00
como um horizonte, como
uma utopia, como um sonho,
00:39:03
porque, como o Florestan
Fernandes falava,
00:39:07
devemos sonhar com o impossível
para fazer o melhor possível,
00:39:11
mas, ao mesmo tempo, devemos saber
00:39:13
qual é o nosso horizonte de
possibilidades aqui e agora.
00:39:16
E o horizonte imediato de
possibilidades aqui e agora
00:39:20
nunca é o de produzir
a cidade para todo mundo,
00:39:23
mas, sim, é o de conseguir
produzir para
00:39:25
um pouquinho mais de gente,
um pouquinho mais
00:39:27
e, daqui a alguns anos,
um pouquinho mais ainda.
00:39:30
Já que eu não consigo tudo,
o que eu consigo agora,
00:39:33
o que é possível de interferir
e de incidir agora?
00:39:36
Eu vejo os jovens com
melhores condições
00:39:40
de responder a esse problema
do que a minha geração
00:39:43
quando era jovem.
00:40:09
Acho que a grande
virtude da cidade
00:40:11
é vivermos com as diferenças,
e, junto com as diferenças,
00:40:13
construirmos um lugar
com qualidade
00:40:16
ambiental urbana que
promova o bem-estar
00:40:19
coletivo e individual.
00:40:22
A grande discussão está no
âmbito das infraestruturas
00:40:25
das mentalidades.
00:40:28
Toda dificuldade que nós temos
de recursos financeiros
00:40:31
para viabilizar infraestruturas
físicas espaciais,
00:40:34
de saneamento básico, estações
de tratamento de esgoto,
00:40:38
túneis que são necessários
serem construídos
00:40:41
paralelos aos rios,
tudo isso é muito difícil,
00:40:45
porém mais difícil ainda é
investirmos nas infraestruturas
00:40:48
das mentalidades que
estão dentro de nós.
00:40:54
O urbanismo precisa responder
a essa questão,
00:40:57
porque cada vez mais
a nossa cidade...
00:41:00
a nossa sociedade, e isso
vem muito dos jovens,
00:41:04
mas o jovem é um indicador,
esses jovens,
00:41:06
daqui a 20 anos, eles vão ser
idosos, vão ter 40, vão ter 50,
00:41:10
vão ter 60 anos,
eu não sou um profeta,
00:41:13
mas acho que eles vão
continuar querendo
00:41:15
esta cidade do aqui e do agora.
00:41:30
O urbanismo como matéria
essencial da escola
00:41:34
seria maravilhoso, até porque
00:41:39
política vem de polis.
A palavra “política”,
00:41:42
ela significa, em grego,
o exercício da cidade.
00:41:46
Política é, de certa
forma, a cidadania,
00:41:49
você exercer o seu
papel de cidadão.
00:41:51
Polis é a cidade, então,
00:41:55
não esquecer que há uma vinculação
congênita entre cidade e política.
00:42:01
E, por último, temos
que fazer a verdadeira,
00:42:08
o povo diz reforma urbana,
mas é a revolução mesmo,
00:42:13
porque as cidades...
a reforma urbana
00:42:16
é uma parte da revolução urbana.
00:42:19
Porque eu, pelo menos,
entendo como reforma urbana
00:42:23
garantir toda infraestrutura,
serviços públicos
00:42:26
e políticas públicas que
a população necessita.
00:42:29
Agora, a revolução urbana
é muito mais que isso,
00:42:32
porque ela abrange a revolução
da cidade e da pessoa,
00:42:38
e nós só vamos conseguir
a cidade que queremos
00:42:41
quando nos modificarmos também.
00:42:50
Trata-se de transformar
em profundidade,
00:42:53
de reinventar a vida urbana...
00:43:00
de reimaginar e recriar
o cotidiano das cidades,
00:43:03
a vida diária de todos nós.
00:43:09
Em outras palavras,
será preciso assumir,
00:43:12
nós vamos ter que assumir,
explicitar e aprofundar
00:43:16
o poder democrático da cidade.
00:43:31
QUEBRAR CORRENTES.
PLANTAR SEMENTES.
00:44:10
SE A GENTE SE UNIR,
A GUERRA ÀS DROGAS VAI CAIR.