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Fala pessoal!
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Eu sou Paulo Royal e hoje eu to trazendo o
quarto episódio da nossa série sobre miras
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telescópicas, onde eu vou falar sobre os
principais tipos de retículos existentes,
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que podem ter desde uma construção modesta
até uma série de marcações bem aprimoradas,
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capazes de fornecer informações importantes
do alvo ao atirador sem que ele sequer precise
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desfazer a visada durante o enquadramento
da mira.
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Como existem mais de 40 tipos de padrões
de retículo, que se desdobram em centenas
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de modelos de mira pelo mundo afora, eu vou
trazer os que são mais populares entre os
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atiradores nas suas diversas categorias, ou
seja, de acordo com a necessidade da precisão
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do acerto, diferentes equipamentos podem (e
devem) ser empregados pelos operadores.
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Quando o vídeo acabar, coloca aí nos comentários
a sua sugestão de tema ou dúvida e me siga
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nas redes sociais, onde eu coloco diariamente
por lá um conteúdo variado sobre armas,
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tá certo?
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Meus amigos, as miras telescópicas, desde
o seu surgimento em 1835, vieram passando
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por um processo de evolução na sua produção
que deu um salto nos últimos 80 anos e trouxe
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ao mercado exemplares bastante aprimorados,
como as miras infravermelhas e as telescópicas
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com lentes de alto padrão, que se popularizaram
com velocidade, permitindo ao atirador ótimos
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acertos em condições tidas como impossíveis,
até algum tempo atrás.
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Falando especificamente das miras telescópicas
comuns, as quais as prismáticas se incluem,
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além da crescente qualidade das lentes usadas,
uma série de estudos sobre a criação de
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padrões de retículos mais eficazes foi sendo
feita ao longo das décadas e, claro, a opinião
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dos usuários de combate, esportivos e de
caça agregaram muito em todo esse caminho
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evolutivo.
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Um fato que poucas pessoas sabem é que até
mesmo o material do qual as linhas do retículo
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são feitas podem variar, sendo produzidas
com um fio de metal, com gravação a laser
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ou então com fibra óptica.
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Os retículos de fio de metal são os mais
simples de se produzir e consistem em 2 fios
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metálicos que são esticados e cruzados em
um suporte que fica dentro do tubo da mira.
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Justamente por estarem esticados, eles não
permitem a construção de padrões de retículos
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mais elaborados e, por isso, costumam ser
escolhidos pelos atiradores iniciantes e/ou
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de curta distância.
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Os fios do retículo podem ser de metais simples,
como o aço, até materiais mais nobres e
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resistentes, como o tungstênio ou até mesmo
a platina.
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Já os retículos gravados a laser são os
grandes responsáveis pela infinidade de padrões
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existentes no mercado mundial, uma vez que
é possível colocar em vários pontos da
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lente uma série de informações ao redor
do cruzamento central da mira.
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Outra vantagem é a possibilidade de iluminar
os retículos por meio de um LED ou um ponto
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de trítio que projeta sua luz no padrão
gravado na lente, tornando as marcações
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totalmente visíveis numa situação de baixa
luminosidade.
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Como usam uma tecnologia muito maior na sua
construção, os retículos gravados a laser
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são mais caros de se produzir, o que acaba
aumentando o preço final das miras telescópicas
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que os usam.
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No caso dos retículos de fibra óptica, o
objetivo é aumentar a chance do atirador
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enquadrar o alvo na visada com a maior rapidez
possível, o que torna esse tipo de retículo
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muito usado em armas pra disparos de curta
distância e competições que demandem velocidade
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nos acertos.
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A sua construção (que também não é tão
barata) consiste na inserção micrométrica
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de uma fina fibra óptica na lente, que capta
a luz natural do ambiente e clareia, geralmente,
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o centro do retículo, deixando as suas marcações
totalmente visíveis.
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Pras situações de baixa luminosidade, também
é possível iluminar o retículo com um pequeno
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LED ou trítio interno da mira.
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Já sabendo como podem ser feitos os retículos,
vamo dar uma olhada nos principais padrões
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em que eles podem ser apresentados.
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Seguinte:
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Começando pelo padrão mais básico de todos,
nós temos o retículo do tipo Crosshair,
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que, ao pé da letra, significa mira em português.
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Esses retículos consistem em duas linhas
que se cruzam de forma perpendicular no centro
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da lente, sendo fixadas de forma esticada
nas extremidades.
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Esse padrão é bem simples, basicamente indicando
ao operador em que ponto o projétil vai acertar
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se a mira tiver devidamente zerada.
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Pra quem não sabe, o chamado zero da mira
é quando a projeção da trajetória do projétil
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saído do cano se encontra com a projeção
da linha da mira.
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A partir do Crosshair, vieram as primeiras
derivações de retículo, como, por exemplo,
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o Crosshair com um ponto central ou cruz espessa,
sendo ela iluminada ou não, um chevron, um
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círculo concêntrico, etc… todos eles reforçando
a indicação de onde o tiro vai acertar com
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a mira corretamente zerada.
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Outro modelo variante do Crosshair é o chamado
Duplex.
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Ele tem uma extensão parcial das suas linhas
muito mais grossa, ajudando o operador em
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situações de baixo contraste com o alvo,
ainda entregando a ele alguma referência
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de onde tá o centro da mira.
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Uma das variações do duplex é conhecida
como retículo alemão, onde as linhas finas
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não existem e a linha grossa inferior se
estende até o centro do retículo, simulando
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o alinhamento perfeito entre uma alça e massa
de mira de ferro.
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No caso de um retículo duplex que esteja
num ambiente bem iluminado, o traçado da
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linha fina já é capaz de fornecer a primeira
noção de distância que o operador pode
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usar como referência pra uma compensação
rápida de mira sem precisar mexer nas torres
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de ajuste.
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Acredito que a dúvida de vocês agora seja:
“Tá, e como é possível saber o quanto
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é preciso compensar a mira só olhando por
um retículo simples como esse?”
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Bom, a explicação que eu vou dar agora é
ultra resumida, pro vídeo não ficar longo
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e técnico demais sem necessidade, mas, mesmo
assim, vai ficar fácil de entender.
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Acompanha comigo:
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Vamos supor que um fabricante afirme no manual
da sua mira Duplex que a distância deslocada
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entre o centro do retículo e o final de uma
das linhas finas seja de 15 MOA, ok?
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Como alguns de vocês sabem, num alvo a 100
m, 1 MOA equivale a um deslocamento de 3 cm,
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logo, nessa mesma distância e com essa mesma
mira, se você fizer um acerto exato no centro
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do retículo e, em seguida, virar a mira até
o final de uma das linhas finas e disparar
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novamente, o segundo acerto vai ter 45 cm
de distância do primeiro, uma vez que 15
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x 3cm são 45 cm de deslocamento a 100 m.
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Se a distância pro alvo dobrar, o valor de
1 MOA dobra.
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Se a distância quadruplicar, o valor do MOA
quadruplica e assim sucessivamente.
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Logicamente pelo fato dos retículos serem
itens que visam acertos com precisão, viram
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que era preciso inserir subdivisões dentro
das linhas do retículo.
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E assim foi feito, com o surgimento do padrão
Mil-dot e Mil-Hash.
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Basicamente, ele é um crosshair simples ou
duplex que traz marcações em forma de ponto
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(chamado de dot) ou traço (chamado de hash)
em intervalos regulares na linha vertical
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e horizontal.
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Cada divisão dessa pode ser representada
em MOA ou em Miliradianos, também conhecido
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como Mrad ou mil e que também é uma unidade
de medida responsável pelo ajuste das miras
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telescópicas.
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1 Mrad a 100m equivale a 10 cm de deslocamento
da mira.
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A quantidade de intervalos, a unidade de medida
empregada e o valor de cada marcação (que
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costumam ser subdivisões de MOA e Mrad) pode
variar de acordo com o fabricante e o tipo
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de mira apresentada.
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Em todo caso, essas informações são claramente
fornecidas nos manuais dos equipamentos.
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Um padrão derivado de retículo Mil-Dot e
Mil-Hash usado em todo o planeta é o chamado
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BDC, que é uma sigla pra Bullet Drop Compensation.
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O diferencial nele é que as divisões na
sua linha vertical inferior são propositalmente
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espaçadas de forma desigual, já adiantando
ao atirador onde o projétil vai acertar conforme
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o alvo for ficando mais longe e, dessa forma,
sabendo previamente a distância até o alvo,
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basta usar esses pontos como centro de mira
e disparar.
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Se não houver muito vento lateral pra desviar
o projétil, há uma chance gigantesca de
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que o acerto aconteça conforme previsto.
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Pra que essas marcações no BDC sejam mais
apuradas, geralmente, esses retículos são
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destinados a calibres específicos, já que
cada um deles têm comportamentos balísticos
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diferentes, principalmente se tratando de
tiros de longa distância.
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Falando em mudanças de trajetória por interferência
de gravidade e do vento, um outro tipo de
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retículo foi criado buscando a compensação
simultânea desses dois fatores.
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Esse padrão é conhecido como árvore de
natal ou Christmas tree.
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A razão do nome é o formato de pinheiro
em que as marcações na lente são apresentadas.
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Esse retículo, que é uma variação aprimorada
do Mil-Hash, de fato, polui muito mais a visão
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do atirador, mas ele se torna uma poderosa
ferramenta de enquadramento do alvo, quando
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sabe-se a distância até ele e a velocidade
do vento lateral na área, bastando o operador
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colocar o cruzamento das marcações no alvo,
de acordo com essas informações.
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Pra saber a distância do alvo, é preciso
usar um telêmetro, também conhecido como
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rangefinder e pra saber a velocidade do vento,
um simples anemômetro portátil resolve o
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problema.
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Colocando esses dados num aplicativo balístico,
ele mostra, na hora, quais ajustes o operador
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precisa fazer nas torres de elevação e lateralidade
pra que o tiro seja certeiro.
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Caso o atirador esteja habituado com aquele
modelo específico de retículo, ele pode
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fazer essa compensação diretamente pelas
marcações da árvore de natal.
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Agora imaginem o quão difíceis eram os tiros
de precisão quando não existiam os instrumentos
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modernos de captação de dados.
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Um outro tipo de padrão que pode ter um resultado
avassalador nas mãos de um operador bem treinado
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é o chamado telêmetro estadimétrico.
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Ele consiste num retículo Mil-hash que tem
uma escala de referência gravada na parte
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inferior e ela serve pra calcular a distância
de alvos humanos justamente sem a necessidade
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de um telêmetro, da seguinte maneira:
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Na base da gravação ou no manual da mira,
vem escrito qual é a altura de referência
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do alvo a ser atingido.
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No caso desse retículo soviético modelo
PSO-1, a altura tida como base é 1,70 m,
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então, imaginando que um alvo dessa altura
fique encaixado aqui, isso indica que a distância
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entre você e ele é de 200 metros.
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Se ele tiver encaixado aqui, ele tá a 400
metros.
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A partir daí, é só ajustar a torre de elevação
pra respectiva distância, centralizar o retículo
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no alvo e disparar.
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Em situações em que o alvo esteja sentado
ou não tenha a altura de referência próxima
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da escala (é alguém com 1,90m, por exemplo),
o telêmetro estadimétrico vai demandar uma
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compensação visual por parte do operador.
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Só que existem alguns retículos do tipo
BDC que também conseguem entregar uma medição
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rápida de distância.
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O truque usado pelos fabricantes desse modelo
é irem gradativamente estreitando de forma
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calculada a largura dos traços na linha inferior.
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Se o atirador enquadrar um alvo humano de
frente e a linha encaixar de forma certa na
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largura dos ombros do alvo, aquela é a indicação
da distância que o alvo se encontra e, a
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partir dali, o disparo já pode ser feito
com a mira compensada assim mesmo ou pode
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ser feito o ajuste na torre de elevação
pra enquadrar a mira com o centro do retículo.
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Além de saber escolher o retículo certo
pro tipo de situação majoritária que vai
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empregar, é importante o atirador ficar atento
aos revestimentos existentes das lentes, as
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bases e os anéis corretos de montagem pra
cada tipo de luneta e quais as tecnologias
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modernas capazes de aumentar a precisão dos
disparos em médias e longas distâncias (até
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mesmo pra quem tem pouca experiência nesse
ramo) mas isso tudo é assunto pra um outro
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vídeo, tá certo?
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Bom pessoal, espero que esse material tenha
matado a sua curiosidade a respeito desse
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assunto e muito obrigado a você que chegou
até aqui!
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Não esquece de clicar em gostei e compartilhar
pra gente alcançar novos espectadores!
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Em breve eu tô de volta, um forte abraço
e até mais!