Café Filosófico | María Lugones e a crítica ao pensamento colonial | 21/05/2023
Summary
TLDRO vídeo explora o feminismo decolonial a partir da obra de Maria Lugones e outros pensadores, enfatizando a necessidade de incluir vozes marginalizadas na história e na filosofia. Discute a interseccionalidade entre raça, gênero e classe e critica o feminismo tradicional por não considerar as experiências de mulheres racializadas. A colonialidade do poder é apresentada como uma estrutura que perpetua desigualdades até hoje, e há uma chamada para repensar a moralidade e a justiça para criar uma sociedade mais inclusiva.
Takeaways
- 📚 O feminismo decolonial busca incluir vozes marginalizadas.
- 👩🏫 Maria Lugones é uma figura central nesse pensamento.
- 🌍 A colonialidade do poder ainda afeta a sociedade atual.
- ⚖️ O feminismo tradicional muitas vezes ignora interseccionalidades.
- 🔍 A moralidade deve ser repensada para ser mais inclusiva.
Timeline
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Neste primeiro segmento, aborda-se a história da desigualdade de gênero, destacando que, por muito tempo, a vida pública e intelectual foi dominada por homens, enquanto as mulheres foram excluídas. O movimento atual busca resgatar a contribuição das mulheres ao longo da história, promovendo uma visão mais inclusiva e plural sobre a narrativa mundial, dizendo que a filosofia deve reconhecer suas raízes femininas e decoloniais.
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O vídeo discute a influência do colonialismo português na cultura brasileira e questiona o quanto a filosofia e a organização social atuais ainda refletem valores europeus. Traz para a conversa o feminismo decolonial, a partir do pensamento de figuras como Maria Lugones, ressaltando a necessidade de interseccionalidade nas discussões sobre feminismo, raça e classe.
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A figura de Maria Lugones é introduzida como uma crítica ao feminismo tradicional que não abarca a interseccionalidade entre raça e gênero. O feminismo ocidental é descrito como centrado nos direitos das mulheres brancas, negligenciando as realidades de mulheres negras e outras racializadas.
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Discutem-se as gerações do feminismo, onde a primeira busca a igualdade de direitos civis e a segunda reconhece as particularidades das experiências femininas. As mulheres negras são apresentadas como não se encaixando nos modelos hegemônicos de feminilidade e, em vez disso, possuem suas próprias lutas e narrativas que desafiam à estrutura do patriarcado e da heteronormatividade.
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Explora-se o conceito de 'colonialidade do poder' introduzido por Aníbal Quijano, que descreve um sistema de dominação que continua a existir mesmo após a colonização. Esse conceito é essencial para entender as hierarquias sociais contemporâneas e as relações de poder que se perpetuam através de estruturas que privilegiam um modo de vida eurocêntrico.
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O patriarcado e a heteronormatividade são revisitados como ideologias que estão entrelaçadas nas demandas feministas. Lugones critica essa falta de reconhecimento das intersecções entre raça e gênero e busca uma nova maneira de entender e construir um feminismo que inclua as vozes de mulheres racializadas.
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O discurso também menciona a ideologia da modernidade e como ela contribuiu para a hierarquização das sociedades, estabelecendo binarismos que ainda afetam as relações sociais atuais. O vídeo frisa que a construção das identidades raciais e de gênero é uma invenção colonial, que na verdade visa a opressão e a manutenção de uma hierarquia.
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O próximo passo é destacar que essa construção das identidades raciais e de gênero é moldada por uma lógica de natureza colonial, onde o conceito de 'raça' foi usado como um dispositivo para justificar desigualdades, reforçando normas que perpetuam a desigualdade. Lugones e outros pensadores decoloniais são citados na busca por desconstruir essas narrativas.
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Lugones traz exemplos de sociedades que não operam sob as mesmas categorias de gênero e sexo que o ocidente. Essa perspectiva desafia a ideia de que as diferenças biológicas são naturais, sugerindo que o gênero e a sexualidade são construções sociais. É um chamado à reflexão sobre como as definições convencionais de gênero podem ser limitadoras e excluírem narrativas alternativas.
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O vídeo conclui destacando a importância de escrever novas narrativas e reconhecer o pluralismo dentro do feminismo. Também enfatiza a necessidade de um entendimento crítico sobre como a moralidade e a justiça são moldadas por esses contextos sociais, propondo uma reflexão sobre inclusão e as formas de opressão que ainda persistem, preparando o terreno para discussões sobre ética e justiça de maneira mais ampla.
Mind Map
Video Q&A
O que é o feminismo decolonial?
É uma abordagem do feminismo que critica a exclusão de vozes e experiências de mulheres de diferentes raças e classes, propondo uma análise interseccional.
Quem é Maria Lugones?
Uma filósofa argentina que contribuiu significativamente para o feminismo decolonial, destacando a interseccionalidade entre raça e gênero.
Como a colonialidade do poder afeta a sociedade atual?
Ela perpetua estruturas de dominação social, racial e econômica, influenciando até os dias de hoje.
Por que o discurso feminista tradicional é visto como insuficiente?
Porque frequentemente ignora as experiências de mulheres racializadas e não considera questões de classe e sexualidade.
Quais são as consequências da colonização na moralidade?
A colonização moldou padrões de moralidade que excluem várias identidades e formas de expressão social.
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- 00:00:02[Música]
- 00:00:34desde os homens Caçadores das primeiras
- 00:00:37eras eram eles quem podiam oficialmente
- 00:00:39trabalhar estudar votar e filosofar por
- 00:00:44muito tempo a vida pública e intelectual
- 00:00:46foi quase exclusivamente do homem ainda
- 00:00:49que as mulheres exercessem sua
- 00:00:51intelectualidade raramente iam para as
- 00:00:54capas dos livros e tantas foram
- 00:00:57descritadas E desacreditados assim a
- 00:01:01história do mundo vem sendo contada de
- 00:01:03forma parcial
- 00:01:06de hoje buscam resgatado a pagamentos
- 00:01:09suas antecessoras para junto a elas
- 00:01:11criaram o mundo onde a segregação por
- 00:01:14gênero cor lugar de origem classe social
- 00:01:17Não determine mais quem deve ou não
- 00:01:21participar e contar a história do mundo
- 00:01:26filosofia substantivo feminino
- 00:01:29[Música]
- 00:01:32filosófico
- 00:01:36Vivemos um país que foi colônia de
- 00:01:39Portugal e mesmo com a independência
- 00:01:41territorial e política de hoje quanto do
- 00:01:45nosso pensamento ainda reflete a cultura
- 00:01:47Europeia o quanto a nossa maneira de
- 00:01:50organizar O Mundo Continua Seguindo os
- 00:01:52valores de nossos colonizadores e como a
- 00:01:56parte não colonizada das culturas
- 00:01:58sul-americana indígena e africana podem
- 00:02:02contribuir com o debate atual sobre as
- 00:02:04questões do racismo do feminismo das
- 00:02:07orientações sexuais
- 00:02:08é essa multiplicidade de Olhares Sobre o
- 00:02:12mundo que as correntes do pensamento de
- 00:02:15Colonial buscam resgatar a gente vai
- 00:02:18conversar um pouco sobre o feminismo de
- 00:02:20Colonial é a partir de Maria lugones né
- 00:02:24eu vou começar apresentando lugonis para
- 00:02:26vocês e apresentando Quem são os pilares
- 00:02:30do pensamento dela Maria lugonis foi uma
- 00:02:34filósofa Argentina nascida na Argentina
- 00:02:37mas que muito jovem ainda se mudou para
- 00:02:40os Estados Unidos ela se mudou ainda
- 00:02:42antes dos 20 anos fez toda a sua
- 00:02:45formação nos Estados Unidos e lugonis
- 00:02:47ela fez a carreira sobretudo na área
- 00:02:50mais a sociologia e isso mais uma vez
- 00:02:53porque a filosofia não não abre muito
- 00:02:56espaço para temas da decolonialidade né
- 00:03:00mas na sociologia Ela acabou
- 00:03:01desenvolvendo uma carreira importante e
- 00:03:04como feminista evidentemente também ela
- 00:03:06chega no momento em que ela ao ver o
- 00:03:11feminismo ela percebe que o feminismo
- 00:03:13tradicional feminismo ocidental o
- 00:03:16feminismo que a gente costuma chamar das
- 00:03:17mulheres brancas europeias
- 00:03:18norte-americanas né eram feminismo que
- 00:03:22não abria espaço para
- 00:03:23interseccionalidade a
- 00:03:25interseccionalidade entre raça e gênero
- 00:03:28ele não dava voz a uma série de mulheres
- 00:03:30então a gente percebe que nas diversas
- 00:03:33ondas do feminismo você no primeiro
- 00:03:34momento você busca a igualdade as
- 00:03:37Mulheres Querem os mesmos direitos civis
- 00:03:39que os homens querem poder votar e etc
- 00:03:41no segundo momento nós temos as Mulheres
- 00:03:44Querem o reconhecimento da
- 00:03:46particularidade do feminino né E aí
- 00:03:49entra uma segunda onda né com algo que é
- 00:03:54bastante controverso dentro da própria
- 00:03:56perspectiva feminista porque porque
- 00:03:58muitas vezes o que era considerado uma
- 00:04:00particularidade do feminino é algo que é
- 00:04:03uma simples reprodução do modo como os
- 00:04:07homens expressam O que é esperado do
- 00:04:09próprio feminino ou seja associação do
- 00:04:11feminino como a que cuida né aquela que
- 00:04:15tem um acesso mais imediato
- 00:04:19e etc né e o que a gente percebe dentro
- 00:04:23a partir das outras correntes do
- 00:04:25feminismo né É que
- 00:04:28as mulheres negras por exemplo elas
- 00:04:31nunca foram associadas com essa
- 00:04:33fragilidade e com todos esses elementos
- 00:04:36que eram claramente
- 00:04:41identificados dentro da perspectiva
- 00:04:43feminismo ocidental né então é como se
- 00:04:47de fato fosse uma percepção do ser
- 00:04:50mulher totalmente diferente Então essas
- 00:04:52mulheres no grupo dos homens elas no
- 00:04:55grupo dos homens negros elas eram
- 00:04:57mulheres e no grupo das mulheres elas
- 00:05:00eram negras então não certo sentido
- 00:05:03existia uma falta de lugar né E além
- 00:05:06disso O que alugou nos identifica também
- 00:05:08é uma clara percepção do modo como
- 00:05:12patriarcado e a hétero normatividade ela
- 00:05:15vai sendo
- 00:05:19não discutida dentro do próprio
- 00:05:21feminismo né como os princípios básicos
- 00:05:24da heteronormatividade eles acabam
- 00:05:27impregnando as próprias demandas
- 00:05:29feministas e ela vai então fazer uma
- 00:05:33crítica a esse feminismo a partir de
- 00:05:37duas formas de pensamento que já estavam
- 00:05:41sendo desenvolvidos na época dela
- 00:05:42inclusive que ano que é um dos
- 00:05:45principais representantes da perspectiva
- 00:05:47de Colonial ele trabalhou Ele se formou
- 00:05:50na mesma universidade em que ela
- 00:05:51trabalhava né ele é mais velho do que
- 00:05:54ela então ela tem muito contato com o
- 00:05:57pensamento de colonial e também tem
- 00:05:59muito contato com o feminismo das
- 00:06:02mulheres racializadas né e do Sul Global
- 00:06:04então ela vai pegar essas duas fontes de
- 00:06:08pensamento e vai tentar fazer uma
- 00:06:10crítica do feminismo
- 00:06:13endossando aquilo que a gente chama e de
- 00:06:16feminismo de Colonial na verdade a gente
- 00:06:18costuma falar no plural porque são
- 00:06:20tantas formas e tantas correntes que
- 00:06:22compõem o feminismo de Colonial que a
- 00:06:24gente fala de feminismos de coloniais
- 00:06:26bom Aníbal que ano ele nasceu e morreu
- 00:06:30no peru
- 00:06:31então ele tem todo uma produção voltada
- 00:06:35para o pensamento latino-americano o
- 00:06:38pensamento dos países colonizados né e
- 00:06:43ele vai tentar ele vai cunhar o conceito
- 00:06:46de colonialidade do Poder né E essa
- 00:06:50colonialidade do Poder ele entende como
- 00:06:53sendo uma estrutura de ordenação e
- 00:06:57dominação das sociedades que tem duas
- 00:07:00bases a primeira ou todo o processo de
- 00:07:03colonização e a segunda o processo de a
- 00:07:08modernidade
- 00:07:09todas elas são eixos esses dois eix vão
- 00:07:13tentar de alguma forma tornar possível
- 00:07:16um sistema de dominação capitalista o
- 00:07:18que que ele vai chamar de colonialidade
- 00:07:20colonialidade para ele é uma estrutura
- 00:07:24de organização social presente ainda nos
- 00:07:28dias atuais que nos reporta ao processo
- 00:07:31de colonização das Américas né e da
- 00:07:34África e enfim dos países do sul Global
- 00:07:38né E que desenvolve um pensamento e uma
- 00:07:42estrutura de hierarquização dos
- 00:07:44indivíduos própria estrutura é essa
- 00:07:47baseada no pensamento produzido pela
- 00:07:50modernidade a modernidade por sua vez é
- 00:07:53caracterizada como a produção de
- 00:07:55pensamento europeu do século 17 que
- 00:07:58surge no século 17
- 00:08:00esse pensamento ele vai de alguma forma
- 00:08:04associado ao processo de colonização Ele
- 00:08:07vai tentar fornecer os fundamentos
- 00:08:10necessários para que ovos dominados
- 00:08:14assumam a perspectiva de povos
- 00:08:17subjugados
- 00:08:18tentando deixar mais claro né O que vai
- 00:08:22acontecer dentro da perspecca dentro da
- 00:08:24perspectiva do pensamento moderno o
- 00:08:27europeu vai se apresentar como aquele
- 00:08:31que é detentor das características mais
- 00:08:33fundamentais dos seres humanos
- 00:08:35caracterizadas como a liberdade e a
- 00:08:38racionalidade né e encontra a posição a
- 00:08:41isso ele vai caracterizar todos os
- 00:08:44outros grupos socioculturais então é o
- 00:08:48que ramo comenta inclusive que entre os
- 00:08:50diversos grupos que foram lidos a partir
- 00:08:54do pensamento europeu só os orientais
- 00:08:56foram reconhecidos como uma autêntica
- 00:08:59autoridade todos os outros foram
- 00:09:01reconhecidos como povos que
- 00:09:03comparativamente aos europeus estavam
- 00:09:06numa escala de desenvolvimento numa
- 00:09:08escala evolutiva abaixo do europeu Então
- 00:09:11a partir daí temos uma série de
- 00:09:14binarismos que marcam a sociedade até os
- 00:09:17dias de hoje né um binismo que diz
- 00:09:20respeito ao civilizado e ao primitivo ao
- 00:09:24racional e ao racional ao branco e ao
- 00:09:29negro ou racializados que não são só os
- 00:09:31negros mas também os povos indígenas né
- 00:09:33E também aos homens e as mulheres todo
- 00:09:37esses binarismos eles vão compondo o
- 00:09:40modo de organização dessa sociedade de
- 00:09:42tal forma que os subordinados os
- 00:09:45dominados eles internalizassem a sua
- 00:09:48própria inferioridade O que torna é o
- 00:09:52processo de se rebelar Contra isso muito
- 00:09:55mais complexo porque a gente vê os
- 00:09:58rasgos né os restos disso na sociedade
- 00:10:00atual Eu costumo andar como exemplo as
- 00:10:03situações em que a gente precisa de
- 00:10:05alguma coisa e uma pessoa muito humilde
- 00:10:08vem e nos oferece aquilo nos oferece uma
- 00:10:11ajuda né E aí quando nos pede de nós ela
- 00:10:14diz e você já devem ter escutado essa
- 00:10:16frase elas elas nos dizem Me desculpe
- 00:10:19alguma coisa né então elas vieram nos
- 00:10:22fazer um favor Nós deveríamos estar
- 00:10:25extremamente
- 00:10:26agradecidos mas é essas pessoas
- 00:10:30internalizam de tal forma essas relações
- 00:10:33hierárquicas que o fato de nós muitas
- 00:10:36vezes sermos identificados com
- 00:10:37determinado grupo social dominante né
- 00:10:39uma classe social dominante um grupo é
- 00:10:43racial dominante etc faz com que elas se
- 00:10:47sintam quase que obrigada a nos servir
- 00:10:51em nos servir da melhor maneira possível
- 00:10:52né É claro que evidentemente Nem todas
- 00:10:55as vezes que se é dito assim isso tem
- 00:10:57essa percepção mas isso mostra como isso
- 00:11:00tantas vezes está internalizado na gente
- 00:11:04né internalizado na nossa forma de ver o
- 00:11:06mundo então é isso foi todo um programa
- 00:11:09que veio acompanhado com
- 00:11:13colonização do poder e do saber todos os
- 00:11:16saberes que eram produzidos nas colônias
- 00:11:19porque nós tínhamos é nas colônias já um
- 00:11:22saber existentes Eles foram considerados
- 00:11:25como
- 00:11:26misticismo foram considerados como
- 00:11:31irracionais e assim sucessivamente não
- 00:11:33houve embora a gente em filosofia fale
- 00:11:35muito na boa vontade interpretativa não
- 00:11:37houve a menor Boa Vontade de
- 00:11:39interpretativa aquelas pessoas foram
- 00:11:40simplesmente classificadas como
- 00:11:41irracionais né aquilo não faz nenhum
- 00:11:44sentido então nós precisamos levar o que
- 00:11:46faz sentido para essas pessoas né E
- 00:11:49quando nós
- 00:11:50dizemos que o que elas fazem não faz
- 00:11:53sentido que elas acreditam não faz
- 00:11:54sentido nós tentamos destruir toda uma
- 00:11:57percepção de mundo que garante a
- 00:12:01identidade delas e impor uma identidade
- 00:12:03outra a esse grupo né então nós temos aí
- 00:12:07uma criação de novas subjetividades o
- 00:12:10que que ramo vai tentar mostrar um os
- 00:12:13elementos fundamentais da perspectiva
- 00:12:14dele é mostrar que a a raça é uma
- 00:12:17criação é uma construção Colonial né E
- 00:12:22foi uma forma que os europeus
- 00:12:24encontraram de justificar com base numa
- 00:12:28espécie de ciência natural a distinção
- 00:12:31entre os diversos grupos e A Hierarquia
- 00:12:34ser estabelecida por eles então é mais
- 00:12:36ou menos isso que o ano tenta trazer uma
- 00:12:40forma de perceber a colonialidade como
- 00:12:43um processo bastante mais amplo e que
- 00:12:47faz com que ele seja perpetuado até os
- 00:12:50dias de hoje hoje em dia a gente não tem
- 00:12:52mais uma colônia né por de trás de nós
- 00:12:56mas nós temos a colônia internalizada na
- 00:13:00academia o pensamento que é produzido é
- 00:13:02um pensamento europeu ou norte-americano
- 00:13:05nós não temos espaço para um pensamento
- 00:13:07que não seja desse tipo pelo menos não
- 00:13:10na filosofia
- 00:13:12né Eu costumo dar como exemplo é quando
- 00:13:15se discute o feminismo no Brasil na
- 00:13:18academia na filosofia se discute o
- 00:13:20feminismo europeu norte-americano o
- 00:13:23máximo que as pessoas falam o máximo de
- 00:13:25revolucionário que elas são capazes de
- 00:13:27mencionar e judithler
- 00:13:29mas é muito curioso porque as próprias
- 00:13:33filósofas latino-americanas não são
- 00:13:35lidas nos países latino-americanos né
- 00:13:38quer dizer então é uma é uma colonização
- 00:13:40de saber que é impressionante tá de tal
- 00:13:44forma impregnada que a universidade não
- 00:13:47consegue se quer fazer essa autocrítica
- 00:13:48bom mas que ano embora ele tenha
- 00:13:51apresentado esse elemento da raça como
- 00:13:55sendo uma categoria construída quando
- 00:13:58ele vai falar do sexo e gênero ele fala
- 00:14:00da dominação sim ele fala que existe uma
- 00:14:03dominação dos homens sobre as mulheres
- 00:14:04mas essa dominação ele é colocado ele
- 00:14:09atribui as próprias características
- 00:14:12dos homens e das mulheres né então o a
- 00:14:15principal crítica que a Maria lugonis
- 00:14:17vai fazer o querano ele não perceber que
- 00:14:20a mesma construção que ele identifica em
- 00:14:23raça está também em gênero e Sexo né
- 00:14:27quer dizer ambos conceitos são uma
- 00:14:30criação do sistema colonial né E que se
- 00:14:34apoderam dessas categorias que se
- 00:14:36apodera dessas categorias para
- 00:14:37justificar uma hierarquia que não
- 00:14:40necessariamente existia
- 00:14:43para justificar uma divisão social dos
- 00:14:47indivíduos que não é uma distribuição
- 00:14:49uma divisão natural a todas as
- 00:14:52sociedades é importante considerar as
- 00:14:56mudanças que a colonização trouxe para
- 00:14:58entender a extensão da organização do
- 00:15:01sexo e do gênero no colonialismo e no
- 00:15:04interior do capitalismo global e
- 00:15:07eurocêntrico as correções substanciais e
- 00:15:10cosméticas sobre o biológico deixam
- 00:15:13claro que o gênero precede os traços
- 00:15:15biológicos e os enchentes de sentido a
- 00:15:19naturalização das Diferenças sexuais é
- 00:15:22outro produto do uso moderno da ciência
- 00:15:25que que hano subtrai para o caso da raça
- 00:15:29o que que lugores vai fazer ela vai
- 00:15:32recorrer ao feminismo das mulheres
- 00:15:34racializadas justamente para mostrar que
- 00:15:37não é assim que elas são capazes de nos
- 00:15:40dar exemplos de sociedades que não são
- 00:15:43marcadas por isso ela vai assumir a
- 00:15:46decolonialidade mas ao mesmo tempo ela
- 00:15:48vai acusar o que rano de não ter
- 00:15:51percebido de ter caído na armadilha de
- 00:15:53uma de um sistema que é patriarcal e que
- 00:15:57é ter normativo e por causa disso não
- 00:16:00ter sido capaz de ver que categorias de
- 00:16:03sexo gênero foram igualmente criadas
- 00:16:05para obedecer ao mesmo sistema
- 00:16:08no próximo bloco o gênero é uma
- 00:16:11construção social mas o sexo também é
- 00:16:13uma constituição social este que é o
- 00:16:14ponto
- 00:16:15[Risadas]
- 00:16:20Não há dúvida que as lutas feministas
- 00:16:23avançaram ao longo das últimas décadas
- 00:16:26mas a ideia do que querem e podem
- 00:16:29mulheres muitas vezes ainda está apoiada
- 00:16:32em dogmas que desconsideram as
- 00:16:35diferenças as particularidades de cada
- 00:16:37grupo feminino de cada mulher investigo
- 00:16:40a intersecção entre raça classe gênero e
- 00:16:44sexualidade Na tentativa de entender a
- 00:16:47preocupante indiferença dos homens com
- 00:16:50relação às violências que
- 00:16:51sistematicamente as mulheres de cor
- 00:16:54sofrem mulheres não brancas Mulheres
- 00:16:57vítimas da colonialidade do poder e
- 00:17:00inseparávelmente da colonialidade do
- 00:17:03gênero mulheres que criam análises
- 00:17:06críticas do feminismo hegemônico
- 00:17:08precisamente por ele ignorar a
- 00:17:11interseccionalidade das relações de raça
- 00:17:14classe sexualidade gênero O que é fazer
- 00:17:20é tentar mostrar que essas categorias
- 00:17:22assim como a própria noção de hétero
- 00:17:24normatividade e o patriarcado elas não
- 00:17:27são universais ou seja elas não passam
- 00:17:30todas as sociedades humanas e elas não
- 00:17:33são a única forma dos seres humanos se
- 00:17:36organizarem né E para fazer isso ela vai
- 00:17:39no primeiro momento chamar
- 00:17:42Ayumi que tem um livro chamado a
- 00:17:46invenção da mulher que é fantástico que
- 00:17:48é de 97 na verdade foi a tese de
- 00:17:52doutorado dela
- 00:17:53apresentada nos Estados Unidos onde ela
- 00:17:56justamente faz essa crítica a partir da
- 00:17:59sociedade iorubá né
- 00:18:02aí
- 00:18:03nigeriana ela nasceu em 57 e ainda está
- 00:18:09viva e o livro dela foi traduzido para o
- 00:18:14português se eu não me engano Há dois
- 00:18:16anos atrás ou seja se vocês pegarem o
- 00:18:20livro da
- 00:18:22Judith butler e imaginária o tempo que
- 00:18:25demorou a Judite butler para ser
- 00:18:27traduzida para o português e o que
- 00:18:30demorou e eu ia hume que tinha uma tese
- 00:18:33bastante semelhança dela que era uma
- 00:18:35crítica própria binarismo né de gênero
- 00:18:37para ser traduzido vocês vão ver que ela
- 00:18:39demorou quase 20 anos para ser traduzida
- 00:18:42né e ainda assim ela é muito pouco
- 00:18:45conhecida no meio acadêmico E no meio
- 00:18:47filosófico eu diria menos ainda né bom o
- 00:18:50que que ela vai fazer ela vai pegar a
- 00:18:53estrutura da língua da sociedade urubá e
- 00:18:56ela vai mostrar que em urubá não existia
- 00:19:01os termos que foram um cunhados depois
- 00:19:04no inglês para o inglês para traduzir
- 00:19:07homem e mulher ali a hierarquias era um
- 00:19:10estabelecidas por pelo papel que o
- 00:19:13indivíduo dizia ocupa numa determinada
- 00:19:15linha
- 00:19:17genealógica ou seja os mais velhos vão
- 00:19:20ser pessoas que vão ter mais poder do
- 00:19:22que os mais novos isso Independente de
- 00:19:25terem genitália feminino ou masculina
- 00:19:27existe um termo para isso né mas esse
- 00:19:30termo não servia para estabelecer nenhum
- 00:19:33tipo de hierarquia dentro da sociedade
- 00:19:34né quando a sociedade Urbana ela foi
- 00:19:39colonizada pelos ingleses então eles
- 00:19:42cunharam palavras Eles criaram uma
- 00:19:45palavra para designar isso só que as
- 00:19:47palavras que eles criaram não tem a
- 00:19:49mesma estrutura da própria do próprio
- 00:19:52modo como isso era percebido se a gente
- 00:19:54pega em inglês o a palavra humana e Man
- 00:19:57é a palavra é uma derivação da palavra
- 00:20:00meme quer dizer então é de alguma forma
- 00:20:02A Hierarquia já está previamente
- 00:20:05estabelecida dentro da própria língua em
- 00:20:08urubá para que eles fizessem isso eles
- 00:20:10tiveram que criar quase que reescrever a
- 00:20:13história da sociedades zorobas que não
- 00:20:15tinham sexo
- 00:20:17né E que é o próprio a própria narrativa
- 00:20:19não permitia identificar como sendo sexo
- 00:20:22feminino ou do sexo masculino só que
- 00:20:25quando foi feita a tradução dos textos
- 00:20:26eurobais os deuses foram todos
- 00:20:28traduzidos como masculino por que porque
- 00:20:31era impensável a partir do processo de
- 00:20:33colonização e a partir do que já
- 00:20:35vivenciava as sociedades é dominantes
- 00:20:40coloniais que uma mulher pudesse ser uma
- 00:20:44deusa pudesse ser alguém com algum poder
- 00:20:48na sociedade então já foi feito toda uma
- 00:20:51mexida na história iorubá para que ela
- 00:20:53pudesse se encaixar naquelas traduções
- 00:20:56que estavam sendo oferecidas e ela
- 00:20:58comenta que inclusive as intelectuais
- 00:21:01que a partir daí se desenvolveram muitas
- 00:21:03vezes já assumiram essa diferença de
- 00:21:07sexo e gênero dentro do próprio
- 00:21:10movimento feminista ou seja ela sequer
- 00:21:13olhar para trás da própria cultura para
- 00:21:17o quanto essa cultura já tinha sido
- 00:21:19impregnada por uma visão Colonial Então
- 00:21:22o que ela vai tentar dizer que nessas
- 00:21:25sociedades inclusive
- 00:21:28o controle financeiro o controle da
- 00:21:31produção todo ele dependia dessa sua
- 00:21:34posição na linha
- 00:21:37genealógica da família se você é mais
- 00:21:39velho Independente de qual fosse seu
- 00:21:42sexo você era aquela pessoa que detinha
- 00:21:44o poder né E que detinha a experiência
- 00:21:47que detinha eu saber para aquele grupo
- 00:21:50né E era dessa maneira que você era
- 00:21:52visto e ela tenta mostrar também E aí
- 00:21:55nós vamos pegar também a contribuição da
- 00:21:58nossa outra
- 00:22:00no nosso outro Pilar da lugonis que é a
- 00:22:04Paula a mãe indígena ela era uma
- 00:22:08indígena né nasceu no Novo México
- 00:22:11Estados Unidos né numa comunidade e ela
- 00:22:14foi uma escritora uma poetisa
- 00:22:16e o que ela faz é tentar resgatar
- 00:22:19justamente essa percepção de que várias
- 00:22:23comunidades indígenas do Sul Global né E
- 00:22:27mesmo do Estados Unidos A grande maioria
- 00:22:29delas não são patriarcais porque porque
- 00:22:31era atribuída a mulher é o papel da
- 00:22:34responsável pela pela organização social
- 00:22:37e tudo mais e isso tornava ela é a
- 00:22:41pessoa que tinha mais poder dentro
- 00:22:43daquela sociedade né E que Muitas delas
- 00:22:45é a própria classificação de ser homem
- 00:22:48ou mulher não estava relacionada E aí
- 00:22:51não será sentido também ser do sexo
- 00:22:54feminino ou masculino não estava
- 00:22:56relacionada a uma
- 00:22:58conformação morfológica ou uma uma
- 00:23:01biologia né natural mas estava
- 00:23:05relacionada ao tipo de atitude muitas
- 00:23:07vezes aos sonhos que as pessoas tinham
- 00:23:10um filme
- 00:23:12mulher Rei trata justamente de uma de
- 00:23:15uma comunidade onde uma mulher acaba ao
- 00:23:19final do filme assumindo a posição de
- 00:23:21rei
- 00:23:26[Aplausos]
- 00:23:28a primeira coisa que me causou um certo
- 00:23:32estranhamento é que não saberia dizer se
- 00:23:34nessa sociedade na época em que isso
- 00:23:36aconteceu elas eram consideradas
- 00:23:37mulheres porque segundo a Paula Alan é
- 00:23:43uma mulher alguém com genitália feminina
- 00:23:47que de alguma forma sonhasse com guerra
- 00:23:51e coisas assim era dentro daquela
- 00:23:53comunidade caracterizada como um homem e
- 00:23:56não como uma mulher independente da
- 00:23:58conformação fisiológica né então isso é
- 00:24:02muito interessante porque com isso ela
- 00:24:05quebra justamente isso que seria esse
- 00:24:08padrão biológico que está estruturando a
- 00:24:12diferença entre sexo e os outros demais
- 00:24:15padrões que vão a partir de um
- 00:24:17determinado momento conformar a
- 00:24:19diferença de gênero também né porque na
- 00:24:22verdade é um gênero ele acaba surgindo
- 00:24:26como uma tentativa de desviar um pouco
- 00:24:29da Matriz biológica as diferenças entre
- 00:24:34esses dois grupos Mas o que o feminismo
- 00:24:37de Colonial tenta mostrar e Judith
- 00:24:39Butter nesse sentido também né é que
- 00:24:41nesse caso eles são ambos construções
- 00:24:44não é só o
- 00:24:46gênero o gênero é uma construção social
- 00:24:48mas o sexo também é uma construção
- 00:24:50social este que é o ponto então a Paula
- 00:24:52vai mostrar que em vários e homem também
- 00:24:55que em várias comunidades indígenas ou é
- 00:25:00comunidades africanas é nós tínhamos
- 00:25:03indivíduos que hoje seriam que nós
- 00:25:07chamamos de pessoas intersexo e que
- 00:25:10essas pessoas elas eram terceiro sexo na
- 00:25:13sociedade elas eram não sexo que
- 00:25:14representava uma terceira possibilidade
- 00:25:16de ser né
- 00:25:19e mais do que isso né muitas essas
- 00:25:22pessoas não não eram
- 00:25:24discriminadas como pessoas que possuem a
- 00:25:29Sexualidade ou uma conformação anatômica
- 00:25:32inadequada que é justamente o que
- 00:25:35acontece na nossa sociedade Eu sempre
- 00:25:38gosto de lembrar que segundo a
- 00:25:41organização intersexo australiana uma a
- 00:25:45cada 100 pessoas é intersexo né a
- 00:25:49intersexualidade compreende mais de 40
- 00:25:52modalidades entre elas o que a gente
- 00:25:55chama de
- 00:25:57pessoas que estão que não tem
- 00:26:00receptividade ao hormônios né
- 00:26:02específicos e também a genitária ambígua
- 00:26:06muitas vezes caracterizada pelo
- 00:26:07micropênis
- 00:26:09E essas pessoas elas são caracterizadas
- 00:26:13na sociedade como pessoas que estão
- 00:26:15totalmente fora da Norma né pessoas que
- 00:26:18que passam toda uma vida tentando
- 00:26:20encontrar um lugar social
- 00:26:23encontrar um banheiro as coisas mais
- 00:26:26básicas elas se tem privadas das coisas
- 00:26:28mais tipo o banheiro que elas gostariam
- 00:26:31de usar né
- 00:26:33Isso sem falar na questão evidentemente
- 00:26:37da URI da própria orientação sexual né
- 00:26:40Isso era uma questão bastante cara a
- 00:26:43logones a heteronormatividade
- 00:26:46compulsória da nossa sociedade e o modo
- 00:26:49como a qualquer desvio disso era
- 00:26:52percebido como uma falha a ser corrigida
- 00:26:56na sociedade então o que ela tenta fazer
- 00:26:59em realidade é tentar mostrar que essas
- 00:27:02diversas construções são meros
- 00:27:04mecanismos de poder que tentam sustentar
- 00:27:08uma ideia de sociedade e tentam vender
- 00:27:11esse modelo sociedade como o único
- 00:27:13possível o único saudável o único que
- 00:27:17vai ser admitido no corpo social talvez
- 00:27:20a maioria dos indivíduos né da nossa
- 00:27:23sociedade se vê em privado de exercer
- 00:27:26livremente a sua sexualidade e a sua
- 00:27:28identidade de gênero Hoje em dia a gente
- 00:27:30já fala já percebe um ranking muito
- 00:27:33maior de identidades possíveis né E nós
- 00:27:37estamos no momento em que estamos
- 00:27:39brigando para ter uma linguagem neutra
- 00:27:42mas isso tudo é uma questão de Hábito e
- 00:27:44de costume e se a gente acha importante
- 00:27:46que as pessoas de fato não se sintam
- 00:27:48violadas por serem por só nós só
- 00:27:52reconhecemos essas duas categorias né
- 00:27:54Nós precisamos mudar essa atitude
- 00:27:58no próximo bloco Antes de nós nos
- 00:28:01perguntarmos aquela pessoa do sexo
- 00:28:02feminino do sexo masculino Qual é a cor
- 00:28:04da pele dela e etc nós vemos ali uma
- 00:28:07pessoa que tem funcionamento básicos e a
- 00:28:12partir do reconhecimento desses
- 00:28:14funcionamentos básicos que ela quer ser
- 00:28:16reconhecida
- 00:28:17[Música]
- 00:28:23questionar as bases teóricas que
- 00:28:25formaram os valores morais os mecanismos
- 00:28:29de Justiça da nossa sociedade pode ser
- 00:28:31fundamental para romper com as formas de
- 00:28:34opressão que ainda persistem como foi
- 00:28:37construída em nós a ideia do certo e do
- 00:28:40errado dos padrões de Conduta que
- 00:28:43devemos seguir das vidas que merecem
- 00:28:46mais ou menos proteção como a nossa
- 00:28:50colonização ainda reverbera nas nossas
- 00:28:53ideias e práticas de Justiça
- 00:28:56então a minha contribuição aqui vai ser
- 00:28:58justamente voltar para o papel de
- 00:29:00filósofa né E nesse debate trazer uma
- 00:29:03perspectiva de colonial do que seja
- 00:29:05justiça e do que seja moralidade porque
- 00:29:08porque a filosofia ela reproduz até hoje
- 00:29:13os mesmos padrões de justiça e
- 00:29:16moralidade
- 00:29:17em todos os grandes centros quando a
- 00:29:20gente vai estudar ética vai estudar
- 00:29:22ética aristotélica ética Kantiana ética
- 00:29:26utilitarista e quase sempre vai
- 00:29:29identificar como aqueles que pertencem
- 00:29:32ou o que são objetos de nossa
- 00:29:34consideração moral seres que de alguma
- 00:29:37forma são Racionais e Livres né porque
- 00:29:41ser racional e livre é o que
- 00:29:43supostamente caracterizou o ser humano
- 00:29:45desde o início da humanidade né Essa
- 00:29:48concepção de que quem é o objeto da
- 00:29:52moralidade Quem é aquele que eu preciso
- 00:29:54respeitar moralmente é o ser que é livre
- 00:29:57irracional é uma perspectiva que
- 00:30:00perpassa grande parte da tradição
- 00:30:02filosófica e ela faz uma junção entre
- 00:30:06aquele que é o agente moral ou seja
- 00:30:09aquele que toma decisões Morais que
- 00:30:12reflete sobre a moralidade e aquele que
- 00:30:17é foco da moralidade né o que eu vou
- 00:30:19tentar fazer aí é uma
- 00:30:21Entre esses dois
- 00:30:23indivíduos né quer dizer eu vou dizer
- 00:30:25que o agente moral somos nós somos nós
- 00:30:28que temos um poder de deliberar sobre as
- 00:30:31nossas ações de tomar decisões de
- 00:30:33endossar certos valores e assim
- 00:30:35sucessivamente Mas o que eu vou chamar
- 00:30:37aqui de concernidos Morais que é o
- 00:30:40conjunto dos indivíduos que deveriam ser
- 00:30:43abarcados pela moralidade ou que
- 00:30:45deveriam ser objeto de nossa
- 00:30:46consideração consideração moral é um
- 00:30:48conjunto muito mais amplo que
- 00:30:50evidentemente nos compreende mais que
- 00:30:52deveria compreender muito mais
- 00:30:54indivíduos né E para fazer isso eu vou
- 00:30:57buscar uma caracterização específica de
- 00:31:00quem é o indivíduo entendido como
- 00:31:02consernismo moral
- 00:31:04na filosofia nós temos algumas opções a
- 00:31:07primeira que eu já mencionei aqui né É a
- 00:31:09de São aqueles indivíduos Racionais e
- 00:31:12Livres Eu já descartei essa porque eu
- 00:31:14acho que ela é extremamente excludente
- 00:31:16ela exclui Eu costumo dizer tipo 98% dos
- 00:31:22seres humanos em pelo menos alguma fase
- 00:31:24da sua existência por quê Porque nós Não
- 00:31:27nascemos assim e muitos de nós não vão
- 00:31:30morrer assim também né quer dizer nós
- 00:31:33temos fases da nossa vida em que nós não
- 00:31:35somos nem Livres nem Racionais e nessa
- 00:31:37fase da nossa vida nós somos objetos de
- 00:31:40consideração moral eu acho que todos nós
- 00:31:43aqui considerariamos que nessas fases
- 00:31:46nós somos ainda mais objetos de
- 00:31:48consideração moral porque nós precisamos
- 00:31:50ser acolhidos né no momento em que nós
- 00:31:54não podemos tomar muitas vezes as nossas
- 00:31:55próprias decisões né e se isso é verdade
- 00:31:58então racionalidade e liberdade é uma
- 00:32:01caracterização muito restritiva de quem
- 00:32:03é o conceito na filosofia nós temos uma
- 00:32:06outra caracterização que é bastante
- 00:32:08famosa né que é dos seres sencientes
- 00:32:11essa perspectiva que foi introduzida com
- 00:32:15Benta e depois quer dizer na verdade o
- 00:32:19próprio Rio me já menciona também essa
- 00:32:21possibilidade mas é apresentada mais
- 00:32:23claramente com Benta e atualmente
- 00:32:26desenvolvida da forma mais bem
- 00:32:28estruturada que eu conheço por the
- 00:32:30singer né Ela é uma perspectiva que
- 00:32:33evidentemente já abrange muito mais ela
- 00:32:35abrange vários seres humanos que não são
- 00:32:37nem Racionais nem livres e ela abrange
- 00:32:39também animais na humanos né mas eu
- 00:32:42gostaria de algo ainda mais imprudente
- 00:32:46que é o conceito de sistemas funcionais
- 00:32:48por exemplo eu tenho meu sistema
- 00:32:49circulatório o meu sistema digestivo o
- 00:32:53meu sistema respiratório e tudo isso
- 00:32:55junto compõem mais ou menos aquilo que
- 00:32:59eu sou né E esse sistema funcional que
- 00:33:02eu sou por sua vez é parte de outro
- 00:33:05sistemas funcionais mais complexos como
- 00:33:07por exemplo é a cidade onde eu vivo e
- 00:33:11onde Eu voto para vereador para Deputado
- 00:33:14né o país onde eu vivo onde eu volto
- 00:33:16para Presidente e etc né E também
- 00:33:20sistemas mais amplos como a terra né
- 00:33:24quer dizer então a caracterização de
- 00:33:27indivíduos como sistemas funcionais ela
- 00:33:30tem essa flexibilidade de não ser algo
- 00:33:34que restringe o nosso foco numa
- 00:33:38determinada direção específica física e
- 00:33:41temporalmente delimitada faz com que eu
- 00:33:44possa ser vista como tendo demandas
- 00:33:47diferentes nos meus distintos de
- 00:33:49existência isso faz com que a moralidade
- 00:33:52um olhar da moralidade sobre mim ele
- 00:33:55possa ser mais minucioso mais cuidadoso
- 00:33:59mais atento então agora quando nós
- 00:34:02olhamos um indivíduo antes nos
- 00:34:04perguntarmos aquela pessoa do sexo
- 00:34:06feminino do sexo masculino Qual é a cor
- 00:34:08da pele dela e etc nós vamos ali uma
- 00:34:11pessoa que tem funcionamentos básicos e
- 00:34:15é a partir do reconhecimento desses
- 00:34:17desses funcionamentos básicos que ela
- 00:34:19quer ser reconhecida então o foco da
- 00:34:22moralidade passa a ser o respeito aos
- 00:34:24funcionamentos básicos de cada sistema
- 00:34:26funcional né E esses funcionamentos
- 00:34:29básicos vão ser diferentes quando eu era
- 00:34:31criança era um funcionamento básico
- 00:34:32poder brincar hoje em dia o
- 00:34:35funcionamento básico para mim é poder
- 00:34:37votar né é poder me expressar e no
- 00:34:42futuro Talvez seja poder ficar ao lado
- 00:34:45das pessoas que eu amo né ter o
- 00:34:47acolhimento delas né E talvez votar não
- 00:34:51tenha mais nenhuma relevância para mim e
- 00:34:53assim sucessivamente né então é isso só
- 00:34:55para mostrar que a moralidade ela tem
- 00:34:57que estar atenta isso da mesma maneira
- 00:34:59que isso ocorre a nível de indivíduo ela
- 00:35:01vai ocorrer também do indivíduo ela vai
- 00:35:05ocorrer a nível dos diversos indivíduos
- 00:35:07que perpassam a nossa sociedade então
- 00:35:09agora a gente não tem mais uma um
- 00:35:12elemento que permita distinguir seres
- 00:35:14humanos de animais não humanos porque
- 00:35:17porque os animais não humanos também tem
- 00:35:20funcionamentos básicos e adotar uma
- 00:35:22atitude respeitosa para com ele
- 00:35:24significa reconhecer os seus
- 00:35:26funcionamentos básicos e não os que a
- 00:35:28gente projeta neles mas o que para eles
- 00:35:30próprios é fundamental E para isso a
- 00:35:34gente tem que ter evidentemente uma
- 00:35:35sensibilidade uma escuta muito
- 00:35:37específica muito mais apurada da mesma
- 00:35:40maneira agora então ninguém mais é
- 00:35:43considerado uma pessoa com deficiência
- 00:35:46porque
- 00:35:47a sua identidade comporta elementos que
- 00:35:51a minha identidade por exemplo não
- 00:35:52comporta né então por exemplo alguém que
- 00:35:55faz uma prótese para implantação de um
- 00:35:59pênis não é necessariamente uma pessoa
- 00:36:02que precisa receber
- 00:36:04um Cid né porque porque simplesmente
- 00:36:09uma pessoa que para realizar plenamente
- 00:36:12sua identidade incorporou a si um outro
- 00:36:16elemento da mesma maneira como nós o
- 00:36:19tempo todo incorporamos para realizar
- 00:36:23realização plena dos nossos
- 00:36:24funcionamentos outros objetos como por
- 00:36:26exemplo um aparelho dentário um óculos
- 00:36:29uma perna mecânica e etc Eu talvez tenha
- 00:36:32incorporado livros né e sem esses livros
- 00:36:35Eu talvez seja tão
- 00:36:37impotente como ela sem a perna mecânica
- 00:36:41né são apenas
- 00:36:43variações variações do modo como nós
- 00:36:46organizamos nossa própria identidade
- 00:36:48Então eu acho que essa perspectiva ela
- 00:36:51nos livra de uma série de preconceitos
- 00:36:53que tem feito com que determinados
- 00:36:54indivíduos da sociedade tenham sido
- 00:36:56deixado a margem tenham sido silenciados
- 00:36:59durante todo esse tempo na sociedade né
- 00:37:02e entre esses elementos estaria também o
- 00:37:05próprio meio ambiente então quando a
- 00:37:08gente
- 00:37:09percebe que agora nós precisamos
- 00:37:11considerar como objeto de consideração
- 00:37:13moral todos aqueles que integram nossa
- 00:37:16própria identidade a gente tem que
- 00:37:18imaginar que numa coletividade indígena
- 00:37:20o rio ele tem um papel totalmente
- 00:37:23diferente do que ele tem para mim mas
- 00:37:25uma comunidade indígena tem um rio como
- 00:37:28parte de si próprio como parte da sua
- 00:37:31família então todas as vezes que eu mudo
- 00:37:34curso de um rio ou que eu impeço que um
- 00:37:37rio floresça que ele tenha ele
- 00:37:40Desenvolva
- 00:37:42o seu lugar de proteção de determinadas
- 00:37:45espécies e de sustentação mesmo né de
- 00:37:48geração de várias espécies eu tô
- 00:37:51aniquilando a identidade daquele
- 00:37:53indivíduo porque o Rio para ele é parte
- 00:37:57dele mesmo da mesma maneira que com para
- 00:38:00todos nós existem objetos inanimados que
- 00:38:02são parte de nós mesmos Então dessa
- 00:38:05maneira a gente passa a incorporar na
- 00:38:08moralidade vários elementos que eram
- 00:38:10colocados à margem e que intuitivamente
- 00:38:13nós sempre consideramos como
- 00:38:15conselheiros Morais porque não há uma
- 00:38:18única guerra em que a Comunidade
- 00:38:20Internacional não peça para que os
- 00:38:23monumentos históricos sejam protegidos
- 00:38:26não há uma única guerra onde apesar de
- 00:38:31escolas e hospitais estarem sendo
- 00:38:34bombardeados as pessoas fiquem
- 00:38:36estarecidas quando monumentos históricos
- 00:38:38que contam a história da humanidade
- 00:38:40deixam de existir né então é basicamente
- 00:38:44isso eu quero apontar aqui com a
- 00:38:46perspectiva que eu chamei perspectiva
- 00:38:48dos funcionamentos
- 00:38:49justamente Essa visão não especista que
- 00:38:55me parece que foi o último Guardião
- 00:38:57desses nossos preconceitos né quer dizer
- 00:38:59nós tivemos apesar de todo o processo de
- 00:39:02de colonização de crítica a ideia de
- 00:39:05raça de crítica a ideia de sexo e gênero
- 00:39:07nós mantive então ainda a noção de
- 00:39:11espécie como algo que preserva a nossa
- 00:39:14particularidade a nossa dignidade e algo
- 00:39:17que seja caro a nós né e a perspectiva
- 00:39:21dos funcionários ela avisa justamente
- 00:39:22destituir essa hierarquia né E dizer não
- 00:39:26nós somos a gente Morais a moralidade é
- 00:39:31algo que Nós criamos Nós seres humanos e
- 00:39:34não todos os seres humanos os seres
- 00:39:36humanos que tem poder de deliberação
- 00:39:37poder de escolhas poder de defender os
- 00:39:40seus próprios valores criaram mas não
- 00:39:42criamos só para nós Nós criamos para uma
- 00:39:45sociedade em que o maior número possível
- 00:39:48de indivíduos encontre um lugar e um
- 00:39:51lugar desrespeito e consideração
- 00:39:54no próximo bloco nosso sistema
- 00:39:56educacional ele está totalmente
- 00:39:58moldado por uma concepção de educação
- 00:40:02que é caduca porque ela negligencia
- 00:40:06várias outras formas de saber e desistir
- 00:40:08no mundo
- 00:40:11[Música]
- 00:40:15o movimento de Colonial busca dar
- 00:40:18protagonismo para pensadores filósofos e
- 00:40:22filósofos que tiveram e ainda tem suas
- 00:40:25ideias e teorias soterradas pelo
- 00:40:28pensamento eurocêntrico que colonizou
- 00:40:30boa parte da civilizações na prática
- 00:40:33essa descolonização da nossa visão dos
- 00:40:37nossos saberes ampliará a nossa
- 00:40:39interpretação da vida pode ser um
- 00:40:42caminho para criar uma sociedade mais
- 00:40:44inclusiva que abrirá espaço para mais
- 00:40:46formas de estar no mundo meu nome é
- 00:40:50Vanessa eu sou professora de música Sou
- 00:40:54psicanalista Tenho procurado pensar uma
- 00:40:57psicanálise que esteja vinculada ao
- 00:41:00movimento de colonial e nos meus estudos
- 00:41:03eu tenho chegado a conclusão que não é
- 00:41:06possível pensar uma escuta para as
- 00:41:10pessoas que desconsiderem quem elas são
- 00:41:14e faz as suas necessidades básicas como
- 00:41:17seria na prática pensar políticas
- 00:41:19públicas para surgir para as
- 00:41:22funcionalidades do sujeitos a gente tem
- 00:41:24colocado isso na prática Na verdade eu
- 00:41:27faço parte de um programa de bioética né
- 00:41:29saúde coletiva e
- 00:41:31tenho vários alunos e vários colegas que
- 00:41:34tem tentado colocar isso nas suas
- 00:41:36respectivas áreas né Eu acho que o que a
- 00:41:39gente tem feito é sempre tentar olhar
- 00:41:41para as particularidades de um grupo
- 00:41:43embora a perspectiva de funcionamento
- 00:41:45seja uma perspectiva sempre voltada para
- 00:41:47o indivíduo faz particularidade daquele
- 00:41:49indivíduo é a nível de políticas
- 00:41:51públicas a gente tem que trabalhar com
- 00:41:53grupos né então a gente tenta
- 00:41:55identificar quais são essas demandas a
- 00:41:58partir da voz e da escuta apurada desses
- 00:42:02indivíduos né e tenta sistematizar isso
- 00:42:04de forma a Gerar políticas públicas que
- 00:42:08atendam aquelas demandas específicas né
- 00:42:10só para dar um exemplo para você
- 00:42:13o processo transexualizador durante
- 00:42:16muito tempo se achou que um elemento
- 00:42:19fundamental do processo transexualizador
- 00:42:21era fazer a cirurgia né
- 00:42:23só que não é né quer dizer e as pessoas
- 00:42:27durante muito tempo tentaram lutar pelo
- 00:42:29Direito de manter o mesmo corpo e fazer
- 00:42:32a mudança do nome né e
- 00:42:35para quem tá
- 00:42:37dentro do sistema hetero normativo e
- 00:42:41isso é meio inconcebível né porque as
- 00:42:44pessoas ficam achando não mas como assim
- 00:42:45quer dizer quer o quê Afinal quer ser
- 00:42:48homem com pênis ou quer ser mulher com
- 00:42:51vagina quer dizer como é que vai se
- 00:42:53chamar Maria mas manter o pênis e tudo
- 00:42:55mais e o que essas pessoas se a gente
- 00:42:58escuta o que elas têm a dizer é o que
- 00:43:01que o meu pênis tem a ver com a minha
- 00:43:03identidade enquanto Maria Eu acho que
- 00:43:05isso fica muito Claro no caso das
- 00:43:07pessoas intersexo
- 00:43:10eu tenho um grande amigo que é uma um
- 00:43:14representante do movimento intersexo
- 00:43:16aqui no Brasil né o amiel eu fiz um
- 00:43:19filme sobre a história dele né e é muito
- 00:43:21impressionante porque uma coisa que o
- 00:43:23Ariel sempre dizia é que ele se sentia
- 00:43:25um corpo médico psicóloga a Roubaram o
- 00:43:29corpo dele né quer dizer então ele já
- 00:43:31não se sentia nada
- 00:43:33eu entrei na adolescência
- 00:43:35os 15 anos eu me sentia desse jeito sem
- 00:43:40conseguir falar de mim e sem conseguir
- 00:43:44me entender do meu próprio corpo e da
- 00:43:47minha própria história Então o que a
- 00:43:49gente pode entender é que muitas vezes
- 00:43:51as interferências que nós achamos ou as
- 00:43:55políticas públicas achavam que eram
- 00:43:57bem-vindas eram consideradas
- 00:43:59extremamente invasivas extremamente
- 00:44:02violentas para aquelas pessoas elas
- 00:44:05percebiam com uma transformação no corpo
- 00:44:08que não tinha nenhum problema esse corpo
- 00:44:11só tinha problema dentro da nossa
- 00:44:12perspectiva é ter normativa e etc né
- 00:44:15mães dentro da Perspectiva da própria
- 00:44:18pessoa não então é dessa maneira quer
- 00:44:20dizer a gente escuta o que aquelas
- 00:44:22pessoas têm a dizer e tenta então
- 00:44:23desenvolver eh políticas públicas nesse
- 00:44:26sentido eu costumo dar como exemplo o
- 00:44:28caso da covid né quando se quando a
- 00:44:31covid surgiu e começaram a se pensar
- 00:44:33protocolos para distribuição de bens
- 00:44:36públicos eu não sei se vocês se lembram
- 00:44:39mas é os protocolos eles partiam de quem
- 00:44:41partiu dos Profissionais de Saúde entre
- 00:44:45parentes médicos porque a gente sabe
- 00:44:47perfeitamente que entre Profissionais de
- 00:44:48Saúde que tomam com poder de decisão que
- 00:44:51nós temos é o médico mesmo né quer dizer
- 00:44:53os outros profissionais da equipe
- 00:44:56ficavam totalmente alejados na maior
- 00:44:58parte das vezes do processo desses olhos
- 00:45:01quem é o objeto dessas políticas
- 00:45:03públicas é o indivíduo que que recorre
- 00:45:06ao SUS né quer dizer como é que ele pode
- 00:45:08não ser ouvido dentro desse processo né
- 00:45:11como é que eu posso estabelecer o que
- 00:45:13que é uma pessoa com um grau X de
- 00:45:16comorbidade se quem faz medicina no
- 00:45:20Brasil são geralmente pessoas que são de
- 00:45:22uma classe média alta né e que não tem o
- 00:45:26contato com a precariedade das vindas de
- 00:45:28grande parte dos brasileiros né então o
- 00:45:32que eles percebem como uma comorbidade
- 00:45:34para essas pessoas que já passaram por
- 00:45:37não ter o que comer já passaram pelos
- 00:45:39mais diversos tipos de doença vivem em
- 00:45:42ambiente totalmente insalubres
- 00:45:45essas comorbidades não fazem menor
- 00:45:47sentido né e Eles teriam sim caso
- 00:45:50recebesse auxílio chances de sobreviver
- 00:45:53né então eu acho que é o caso da convite
- 00:45:56para mim é emblemático de como a
- 00:45:59sociedade não está aberta para escutar o
- 00:46:03como solucionar os problemas no caso por
- 00:46:06exemplo da vacina né Os Protocolos de
- 00:46:08vacina né então o morador de rua ele
- 00:46:12tinha que obedecer ali a faixa etária
- 00:46:14dele gente Sinceramente você vai dizer
- 00:46:17para o morador de rua Ah não volta no
- 00:46:19próximo mês porque você ainda não tá na
- 00:46:20idade não vai voltar nunca então a gente
- 00:46:23vê que na verdade
- 00:46:24muitas vezes o modo começa as decisões
- 00:46:27são tomadas são modos que favorecem os
- 00:46:30mesmos grupos que estão aí para garantir
- 00:46:33os privilégios que já foram garantidos
- 00:46:35né e para que nada se modifique eu acho
- 00:46:38que enquanto nós ficarmos detidos a esse
- 00:46:41modelo do pensamento ocidental e o eu
- 00:46:46acho que a gente não vai conseguir gerar
- 00:46:48políticas públicas adequadas para nossa
- 00:46:51sociedade mas assim para dar o exemplo
- 00:46:52da educação que para mim é bastante
- 00:46:55chocante né Nós temos um modelo
- 00:46:58Educacional que privilegia dos focos né
- 00:47:02disciplinares né as disciplinas padrão
- 00:47:04né O que que os nossos alunos aprendem
- 00:47:07eles aprendem matemática e aprendem
- 00:47:09português né No meu tempo é nós temos
- 00:47:14aula de artes projeto educação corporal
- 00:47:16né milhões de coisas né
- 00:47:20cada vez mais essas outras opções
- 00:47:25didáticas elas são colocadas à margem em
- 00:47:28nome de um melhor aprendizado de um tipo
- 00:47:31de conhecimento formal né
- 00:47:34que
- 00:47:35belos moldes da racionalidade
- 00:47:38abstrata né desenvolvida modelo
- 00:47:41cartesiano
- 00:47:43nós temos uma sociedade
- 00:47:45onde
- 00:47:47muitos indivíduos possuem inúmeras
- 00:47:50habilidades corporais e artísticas que
- 00:47:52são totalmente desprezadas nas escolas
- 00:47:56onde eles frequentam né e habilidade que
- 00:47:59se fossem desenvolvidas ganha
- 00:48:01garanteriam a esses indivíduos uma
- 00:48:04posição social muito mais compatível não
- 00:48:07apenas com a sua com as suas identidades
- 00:48:09mas também com o que eles podem trazer
- 00:48:12de relevante para a sociedade né então
- 00:48:15que numa mesma escola uma criança seja
- 00:48:19Obrigada se ela é
- 00:48:22tem dons musicais ou se ela tem dons ela
- 00:48:25tem uma capacidade de dançar ela seja
- 00:48:27obrigada a colocar isso de lado em nome
- 00:48:29da matemática eu diria que é uma escola
- 00:48:32que simplesmente não tá servindo aquela
- 00:48:35criança porque porque
- 00:48:38dificilmente ela em função do contexto
- 00:48:41em que ela vive ela vai querer se
- 00:48:43apropriar daquele conhecimento
- 00:48:45matemático para fazer muita coisa na
- 00:48:46vida dela ao passo que aquelas outras
- 00:48:49capacidades que estão sendo ali abafadas
- 00:48:52nela poderiam permitir uma forma de vida
- 00:48:55extremamente produtiva produtiva no
- 00:48:59seguinte de que florescesse podia fazer
- 00:49:01com que aquele indivíduo florescesse
- 00:49:02fosse aquilo que ele verdadeiramente
- 00:49:04gostaria de ser então isso mostra o como
- 00:49:07é importante o pensamento de Colonial
- 00:49:09para fazer a crítica desse modelo e para
- 00:49:12permitir que as nossas crianças sejam
- 00:49:15excelentes sambistas né excelentes
- 00:49:19dançarinos ao invés de Engenheiros isso
- 00:49:24tem valor social e nós precisamos
- 00:49:25investir Nisso porque é nisso que elas
- 00:49:29querem Florescer e a nossa sociedade só
- 00:49:32vai Florescer quando seus membros
- 00:49:34florescerem né E os seus membros não são
- 00:49:37médicos professores Engenheiros mas são
- 00:49:41muito mais do que isso isso mostra o
- 00:49:43quanto políticas desse tipo são
- 00:49:45fundamentais pra gente de fato ter uma
- 00:49:47sociedade que seja mais inclusiva que
- 00:49:49seja mais diversa e onde cada um tem o
- 00:49:52seu lugar social
- 00:49:54mais reflexões no site e Facebook do
- 00:49:57Instituto CPFL e no canal do Café
- 00:49:59Filosófico no YouTube e a gente não
- 00:50:02estabelece no âmbito da moralidade e
- 00:50:04hierarquia entre seres
- 00:50:06a violência a um animal não humano ela
- 00:50:10se torna um assunto tão importante no
- 00:50:14âmbito da moralidade quanto a violência
- 00:50:16entre os próprios seres humanos
- 00:50:17[Música]
- feminismo decolonial
- Maria Lugones
- interseccionalidade
- colonialidade do poder
- justiça social
- feminismo
- raça
- gênero
- filosofia
- educação inclusiva