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Não dá para fugirmos da política, ela está em todo lugar.
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Não apenas nos parlamentos, mas também, no nosso dia a dia.
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Em casa ou no trabalho, todas as nossas relações são políticas.
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Minimamente, precisamos entender como a política funciona,
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porque nós somos cidadãos de uma democracia.
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É nossa obrigação.
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Precisamos entendê-la para participar ativamente e para tomarmos decisões com conhecimento.
00:00:46
Mas, principalmente e fundamentalmente, nós precisamos entender como a política funciona,
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porque ela faz parte das nossas vidas em todos os momentos.
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Meu nome é Heni Ozi Cuckier.
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Sou cientista político, professor e, atualmente, estou deputado estadual aqui em São Paulo.
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Eu passei bom tempo estudando a política, e hoje, estou vivendo a política formal aqui dentro.
00:01:12
Eu quero contar para vocês a minha teoria sobre como funciona a política.
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Na minha experiência, eu descobri que existem coisas que são permanentes na política.
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Elas estão presentes em qualquer lugar e durante toda a história.
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Isso é, a essência da política. Aquilo que ela é de fato.
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De acordo com a minha teoria, existem seis elementos fundamentais que compõem a política.
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O primeiro deles, os agentes.
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São as pessoas, os grupos ou as instituições que tomam a iniciativa e participam da política.
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Sou eu. Pode ser você.
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Na verdade, todos os seres humanos são agentes políticos em potencial.
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Mas, ninguém faz as coisas sem um propósito ou por razão nenhuma.
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Todo agente tem um fim.
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Um objetivo a ser alcançado, seja ele qual for. Esses objetivos são os fins, nosso segundo elemento.
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Isso nos leva ao próximo elemento, porque os fins não são aleatórios.
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Existem razões que nos levam a querer aquilo que queremos.
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Eu as chamo de fontes, ou seja, as motivações iniciais que nos dizem o que desejamos.
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Elas podem ser conscientes, mas, também, podem ser inconsciente.
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Portanto, para fazer com que um agente motivado pelas suas fontes consiga alcançar o seu fim,
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temos outros três elementos da política.
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E o primeiro deles ou o quarto, é o poder.
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E ele é fundamental, pois é, nada mais, nada menos do que a capacidade
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que nós temos de conseguir o que queremos.
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Claro, poder é extremamente complexo e ele pode se manifestar de inúmeras maneiras.
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O próximo elemento, são os meios com os quais chegaremos aos fins.
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Ou seja, os meios são as ferramentas que nós temos disponíveis para conquistar os nossos objetivos.
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E o último, sexto.
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A maneira como utilizamos os nossos meios para chegar aos nossos fins.
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Ela é conhecida como estratégia.
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Mesmo que, a gente não pense muito sobre isso no nosso dia a dia.
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Nós estamos sempre elaborando estratégias para conseguir aquilo que queremos.
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É isso, esses são os seis elementos fundamentais da política.
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Não se preocupem que eu vou voltar a falar de cada um deles detalhadamente.
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Mas antes, eu preciso ressaltar que a política está inserida em contextos maiores.
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Ela não existe por si só.
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Há um contexto histórico, formado por inúmeros fatores
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políticos ou não, e que sem dúvida, influenciam na formação da política.
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Também existe uma diferença entre o tamanho das sociedades.
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A escala de uma civilização, tanto a população quanto a extensão do seu território.
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Sem dúvida, impactam a política.
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Por fim, temos o acaso, acontecimentos que fogem do nosso controle ou que, simplesmente,
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não poderiam ser antecipados com precisão.
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Juntos, esses elementos formam a realidade, o mundo sobre o qual a política existe e acontece.
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Para começar, a nossa explicação sobre política, nós precisamos abandonar o mundo atual
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e voltarmos milhares de anos do passado.
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Imaginar um tempo em que ainda não havia grandes civilizações,
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quando, na verdade, os humanos ainda não tinham sequer se agrupado em tribos.
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E talvez, na maioria dos lugares do mundo se parecesse com essa floresta.
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Vamos imaginar que em uma ilha pequena e isolada de todo o resto do mundo,
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haja um ser humano, uma criança.
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Vamos chamá-lo de Hermes.
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Sozinho na ilha, Hermes é absolutamente, verdadeiramente livre.
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Sua única limitação é a natureza.
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Ele pode fazer o que bem entende,
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afinal, não há mais ninguém ali que se sente incomodado ou que o proíba de fazer o que quer.
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Esse é o primeiro entendimento sobre os agentes da política.
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Não basta apenas um agente para que a política aconteça.
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O Hermes sozinho e livre na ilha,
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ele não negocia com ninguém, não interage, não se relaciona
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e, portanto, não existe política.
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Não dá para fazer política com uma árvore,
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A política surge apenas quando houver a interação de dois ou mais agentes.
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Mas, nós não vamos parar por aqui.
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Se avançarmos mais alguns milhares de anos, chegamos às primeiras tribos.
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E nelas, a noção de agentes se tornará mais complexa.
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Numa sociedade tribal, Hermes continua sendo um agente.
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Porém, agora existem vários outros.
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Sua mãe e seu pai assim como seus irmãos, são todos individualmente agentes políticos.
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Mas nessa nova configuração de sociedade um pouco maior do que a anterior,
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Hermes e seus parentes formam juntos uma família.
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Assim como a sua família, existe uma dezena de outras famílias na tribo, cada uma composta por seus membros.
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Vamos supor que nessa tribo em específico, os líderes são escolhidos pelos votos de cada família.
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Podemos entender, então, que cada família da tribo
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composta por agentes políticos e individuais, é também um agente político em si.
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Agora, imaginem que exista duas outras tribos na região ao redor da tribo de Hermes.
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A relação entre essas tribos é uma forma de política também.
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E, nesse contexto, cada tribo é um agente político.
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Com o avanço das sociedades, cada vez mais agentes foram adicionados ao processo político
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e esses agentes se tornaram cada vez mais complexos.
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Se avançarmos alguns milhares de anos, chegamos até hoje em dia,
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onde o processo político envolve centenas de agentes de todos os tipos.
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Vamos imaginar agora que Hermes é o presidente da maior potência mundial.
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Podemos pensar que ele tem o poder para fazer o que quiser, não é mesmo?
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Mas não é bem assim.
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Para tomar uma decisão em uma sociedade complexa e atingir os seus objetivos.
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O presidente Hermes precisa lidar com uma infinidade de agentes políticos.
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Se antes éramos apenas nós, nossa família em nossa tribo, hoje em dia temos também várias instituições.
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Hermes precisa lidar com seus ministros do Executivo, com deputados do Poder Legislativo
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e até mesmo com a decisão de juízes do Judiciário.
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Hermes terá que lidar com a imprensa, com a população, empresários, militares, partidos políticos,
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organizações internacionais e até mesmo com outros países.
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O que é preciso entender aqui é que cada um desses agentes políticos
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se influenciam entre si de alguma maneira
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e operam sobre a mesma lógica da política, tanto internamente quanto externamente,
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na busca de seus objetivos.
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Agora que vocês entenderam quem são os agentes na política.
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Vamos falar do próximo elemento, as fontes, ou seja, as motivações por trás das ações dos agentes políticos.
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O que te leva a querer o que você quer?
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Vamos retomar a nossa primeira história.
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Quando Hermes ainda era jovem e estava numa ilha milhares de anos atrás,
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se Hermes não tivesse qualquer motivação, dificilmente faria qualquer coisa.
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Porém, sempre temos alguma motivação.
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A mais básica e primitiva delas são as nossas próprias necessidades biológicas.
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Precisamos comer e beber.
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O Hermes, por exemplo, mesmo depois de passar tanto tempo sem fazer nada
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vai sentir fome e sede e, portanto, vai começar a procurar alimento.
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Mas, as motivações nem sempre são tão simples quanto a fome e a sede.
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E com o desenvolvimento das sociedades, as fontes também se tornaram mais complexas.
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Voltando à época das tribos, a motivação política pode vir por uma questão de segurança.
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Uma das tribos vizinhas tem cada vez mais desmatado uma área de floresta
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considerada sagrada pela nossa tribo.
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Essa situação, imediatamente, impõe um dilema ao nosso grupo.
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Deixar a tribo vizinha destruir o seu santuário
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ou protegê-lo usando a força e correr o risco de iniciar uma guerra.
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O desmatamento feito pela tribo vizinha
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é uma situação que, por si só, motivaria uma reação da tribo do Hermes.
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Mas as fontes não param por aí.
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No momento, a tribo é liderada por Brutus, cujas crenças pessoais
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o levam sempre a olhar as coisas por uma ótica realista, ou seja, busca sempre uma solução prática.
00:10:34
Já o Hermes, que busca tornar se o líder de sua tribo, cresceu muito mais apegado às tradições religiosas.
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E tende a favorecer soluções que busquem um entendimento de todas as partes.
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Viram como os valores que temos, as coisas em que acreditamos e até mesmo a criação que tivermos
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irá influenciar o nosso comportamento político.
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Agora vamos pensar nos dias de hoje, quantos elementos são capazes de nos influenciar?
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No momento de tomar uma decisão, uma série de coisas
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passam pela cabeça do político, mesmo que inconscientemente.
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Os valores que lhe foram passados pela sua família, a educação que teve na escola,
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os livros que leu durante a vida, a sua escolha partidária.
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Todas essas coisas formam a sua visão de mundo que lhe dirá o que deve fazer.
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As fontes podem ser tanto materiais, como a necessidade por um recurso natural
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quanto imateriais, como as nossas crenças ou visões de mundo.
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O que importa é que elas vão nos dizer quais objetivos devemos perseguir.
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E são deles que iremos falar agora, afinal, todo agente político tem as suas motivações
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e por causa delas, escolhem os seus objetivos.
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Hermes, sozinho na ilha e com fome, tenta encontrar alguma coisa para comer.
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Eis que ele encontra um coco no topo de uma árvore.
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Alcançar o coco é, portanto, o objetivo de Hermes.
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Mas, é claro, nem sempre o objetivo é tão simples e direto,
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e nós podemos ter mais de um objetivo ao mesmo tempo.
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Na história das tribos, lembra que a tribo vizinha está desmatando uma área considerada sagrada?
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Então, o objetivo principal do líder Brutus e de Hermes é impedir que isso siga acontecendo.
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Mas, como os dois têm visões de mundo tão diferentes, não vão concordar no que deve ser feito.
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Brutos acha que o melhor jeito é atacar a tribo vizinha e vencê-los em batalha.
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Já Hermes, acredita que a melhor solução será convencê-los a respeitar o espaço sagrado da sua tribo.
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Vejam, ambos têm o mesmo objetivo principal de impedir que a tribo vizinha avance sobre seu território.
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Mas, para que possam convencer o resto da sua tribo, precisam vencer politicamente o outro.
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Hermes precisa derrotar Brutus e Brutus precisa eliminar a oposição de Hermes.
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Esses são os objetivos secundários.
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Agora vamos ver quais são os objetivos do presidente Hermes.
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Naturalmente, o presidente tem diversos objetivos.
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Mas vamos imaginar que, em sua campanha,
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Hermes prometeu que iria acabar com a falta do saneamento básico.
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Agora, para conseguir cumprir sua promessa de campanha com o projeto do saneamento básico,
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presidente Hermes, começa a pensar em tudo o que precisa conseguir para alcançar o seu objetivo principal.
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Em meio ao mundo de infinitos agentes políticos para conseguir o que quer,
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o presidente também vai precisar construir uma maioria no Congresso,
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alinhar a execução do projeto com as prefeituras, conseguir o apoio da opinião pública através da mídia.
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Conquistar o apoio de organizações envolvidas
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e estar certo de que a sua proposta atende requisitos internacionais.
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Mesmo algo tão fundamental quanto o saneamento básico, tem um processo político muito complexo.
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O presidente precisa atingir diversos objetivos secundários para conseguir o que ele quer.
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E se pararmos para pensar, a nossa vida está repleta dessas situações,
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onde precisamos conquistar várias etapas até finalmente conseguirmos o que realmente nós queremos.
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Concluímos, então, a primeira metade dos elementos que formam a política.
00:14:15
Vimos que, sempre há agentes, motivações e objetivos.
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Agora vamos à segunda metade.
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E vamos entender como que os agentes conquistam os seus objetivos.
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Vamos começar, novamente, pela história do Hermes na ilha, centenas de milhares de anos atrás.
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Quais são os meios que ele tem à sua disposição para alcançar os seus objetivos?
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Como Hermes conseguirá chegar até o coco e saciar a sua fome?
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Essa pergunta que ele mesmo está se fazendo. Hermes, por azar, não é tão alto e nem tão forte.
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Por isso não consegue escalar a árvore e pegar o coco com as próprias mãos.
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Mas, por sorte, é muito criativo e inteligente.
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Qualidades inatas dele.
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Ele, então, tenta elaborar diversas maquinações para tentar tirar o coco da árvore.
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Mas, não consegue.
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A princípio, os meios que temos são as nossas próprias qualidades e as ferramentas à nossa disposição.
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A primeira ferramenta dos seres humanos foi o nosso próprio corpo e a segunda pedaço de pau.
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Como vimos, há um padrão à medida que nos desenvolvemos como sociedade,
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as ferramentas à nossa disposição também se desenvolveram.
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Avançando para a época das tribos, nos deparamos de novo com Hermes
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disputando a liderança com Brutus, e o crescente desmatamento das áreas sagradas pela tribo vizinha.
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Vamos analisar os meios à disposição de cada um dos protagonistas dessa história.
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Brutus é muito forte e grande, poderia vencer qualquer disputa no braço.
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Por ser o líder da tribo há muito tempo foi capaz de levar uma vida confortável
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E muitos se aliaram a ele em troca de proteção e informações.
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Já Hermes, não vem de uma família particularmente prestigiada na tribo e tão pouco é forte.
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Sempre trabalhou duro, mas não obteve muito em troca.
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Portanto, tem menos recursos, menos posses e menos informações do que Brutus.
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Mas Hermes, como dissemos, é muito criativo e muito inteligente.
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Com o passar do tempo, desenvolveu uma capacidade de convencimento admirável.
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Ele, então, tem uma ideia que pode lhe dar alguma vantagem sobre seu rival.
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Hoje em dia, é claro, temos mais meios à nossa disposição, e mais ferramentas.
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Imagine todos os meios possíveis, que o presidente tem ao seu dispor.
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Para resolver a questão do saneamento básico, o presidente Hermes
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podia simplesmente mandar um Exército para cada cidade do país
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e ordená-los que construam um bom sistema de esgoto.
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Pode parecer absurdo, mas estamos considerando todas as possibilidades.
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Ele tem a seu dispor muito do dinheiro do país, mas isso também só resolveria uma parte do projeto.
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E, é claro, ele também tem o apoio de diversos aliados
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que fez durante a sua jornada até a Presidência da República.
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Certamente ele poderia contar com eles.
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A lição que fica e podemos ter mais ou menos meios que os nossos adversários
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sermos mais ou menos fortes, termos mais ou menos aliados.
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Mas, o que realmente importa, é o que fazemos com os meios que temos.
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Por isso não chegaremos a lugar nenhum, se não usarmos os nossos meios com boas estratégias.
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Por exemplo, se não conseguirmos pegar o coco sozinho
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ou usando o que temos ao nosso redor, precisaremos alcançá-lo de outra maneira.
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Após ter tentado de tudo, Hermes não conseguiu pegar o coco.
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Neste momento, surge um grupo de pessoas e com eles está Brutus.
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Uma nova oportunidade se apresenta para Hermes, que resolve utilizar o único meio
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que tem à sua disposição, sua inteligência para conseguir o que quer.
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A nova estratégia de Hermes é convencer Brutus e seus aliados que o atacam
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de que se eles ajudarem a conseguir chegar até os cocos,
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todos poderão comer sem derramar o sangue de ninguém.
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Hermes teve uma boa estratégia, pois ele soube usar os meios
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que ele tinha à sua disposição para atingir os seus fins.
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O que será que ele poderá fazer na nossa história das tribos?
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Para conseguir o que quer, Brutus decide matar Hermes.
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Ele tem o apoio de muitos membros da tribo que concordam com a sua decisão.
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Assim, ele poderá invadir a tribo vizinha e acabar com eles também.
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Bom contador de histórias que ele é, Hermes, decide fazer um discurso
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a fim de convencê-los de que Brutus está errado.
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Ele conta que na noite anterior foi dar uma caminhada pela Floresta Sagrada,
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na esperança de encontrar alguns membros da outra tribo e convencê-los a não matarem aquela área.
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Foi então que, ao invés de ver os membros da tribo vizinha,
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Hermes se deparou com o próprio Brutus, cortando as árvores ele mesmo.
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A verdade, segundo Hermes, era que Brutus havia forjado a história
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de que a tribo vizinha estava cortando as árvores sagradas
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apenas para ter uma desculpa para invadí-los e conquistar o seu território.
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Como um bom comunicador, Hermes conseguiu persuadir a população a seu favor.
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A gente não sabe ao certo se ele disse a verdade ou não.
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O que importa é que o Hermes usou a sua inteligência
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para construir uma estratégia que o fizesse ele alcançar o fim desejado.
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E quanto ao presidente Hermes nos tempos atuais,
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o que ele pode fazer para conseguir resolver o saneamento básico?
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Sabendo que usar a força do Exército poderia não ser a melhor opção
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e que simplesmente investir o pouco dinheiro que sobra para o saneamento
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não garantiria o resultado que esperava.
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O presidente Hermes decidiu usar da sua sabedoria política
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e tentou satisfazer os interesses daqueles que não o apoiam
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para que se juntasse a ele na busca pelo seu objetivo final.
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O saneamento básico.
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Assim, mesmo seus mais ferrenhos rivais teriam como contribuir com o projeto,
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concedendo a Brutus que alguns de seus projetos teriam o seu apoio.
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Hermes conseguiu, em troca, o apoio de Brutus em torno de um projeto comum pro saneamento básico,
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algo que trouxe muito entusiasmo à mídia e à população em geral.
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Será que o projeto vai ser como o presidente Hermes gostaria?
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Muito provavelmente não.
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Mas em uma situação com tantos interesses em jogo, dificilmente seria.
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A verdadeira habilidade estratégica de Hermes, estava em reconhecer
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que ele precisaria de mais meios do que ele tinha à sua disposição.
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Concedendo à oposição algum dos seus desejos em troca de uma aliança no projeto do saneamento básico.
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Por fim, chegamos ao último elemento que explica a política.
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Não é porque eu apresento ele por último, que ele é menos importante.
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Pelo contrário, ele é fundamental para o entendimento da engrenagem política.
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O poder, a capacidade de conseguirmos aquilo que queremos.
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Sabendo lidar com a situação, Hermes soube desenvolver uma estratégia para alcançar o seu objetivo.
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O coco. Ou seja, obteve poder.
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O poder demonstrado, também lhe trouxe, dentre outras coisas, o prestígio com as pessoas.
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E quanto à história na tribo?
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Usando a sua perspicácia e baseando a sua estratégia no discurso e na capacidade de persuasão,
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Hermes soube convencer o público e ganhar a sua confiança, buscando o apoio até mesmo da oposição.
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O presidente Hermes conseguiu executar o seu projeto para o saneamento básico
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e, com a sua popularidade em alta, foi reeleito.
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O poder é o resultado e a materialização da sua conquista.
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Viram só?
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O poder é o grande motor da política e da vida
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que permite que as pessoas conquistem ou não os seus objetivos.
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O poder não é bom, nem mau, nem feio, nem bonito.
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Se você tiver objetivos maus, o poder vai servir tais propósitos.
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E o mesmo vale se você tiver boas intenções.
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Espero que com essas histórias, vocês tenham, não apenas percebido
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a complexidade da política, mas também, como ela funciona.
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A trajetória do Hermes ao longo das épocas, serviu para ilustrar como os elementos da política interagem.
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E não se esqueçam que os seis elementos da política que eu apresentei,
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os agentes, as fontes, os fins, os meios, a estratégia e, é claro, o poder.
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Estão sempre presentes em toda e qualquer relação política.
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Mas, a principal lição que eu quero que vocês guardem é a seguinte,
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a política não é uma atividade reservada aos partidos, parlamentos e políticos.
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Não.
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A política é vivida por todos nós, em absolutamente todos os momentos.
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Em casa, no seu trabalho, no seu relacionamento.
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A política existe e é fazendo política que convivemos.
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Espero que, após esses ensinamento, vocês estejam mais preparados para enxergar a política.
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E ver que não há escapatória.
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Se você, o agente, não tiver objetivos, fontes, meios, estratégias e poder,
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será condenado a viver pelos objetivos, fontes, meios, estratégias e poder dos outros.
00:24:16
Muito obrigado.
00:24:18
Até breve.