O direito à cidade

00:45:48
https://www.youtube.com/watch?v=Nt5B8ptyTdM

概要

TLDRO texto explora o conceito de "direito à cidade", enfatizando a necessidade de uma reinvenção urbana que atenda aos desejos coletivos. A participação ativa da sociedade, especialmente da juventude, é crucial para transformar as cidades em espaços mais inclusivos e acessíveis. O patrimonialismo e a segregação histórica no Brasil são criticados, destacando a importância de espaços públicos que promovam cultura e identidade. A luta pela cidade é apresentada como uma busca por dignidade e qualidade de vida, onde a mobilidade urbana e a valorização das periferias são fundamentais.

収穫

  • 🏙️ O direito à cidade é um direito coletivo.
  • 🤝 A participação ativa é essencial para a reinvenção urbana.
  • 🚲 Ciclovias promovem uma mobilidade mais sustentável.
  • 🌍 A cultura nas periferias é rica e vibrante.
  • 📜 O patrimonialismo reflete desigualdades históricas.
  • 🗣️ A juventude busca mudanças imediatas na cidade.
  • 🏛️ Urbanismo e política estão interligados.
  • 🌱 A revolução urbana vai além da reforma urbana.
  • 💬 Espaços públicos devem ser acessíveis a todos.
  • ✊ A luta pela cidade é uma luta por dignidade.

タイムライン

  • 00:00:00 - 00:05:00

    O sociólogo Robert Park destaca que a cidade é uma criação humana que reflete os desejos e anseios da sociedade, mas também impõe limitações. O direito à cidade transcende o acesso a recursos, sendo um direito coletivo de reinventar o espaço urbano conforme as necessidades e desejos da população, enfatizando a importância da liberdade de moldar as cidades como um direito humano fundamental.

  • 00:05:00 - 00:10:00

    O espírito do tempo atual, ou 'zeitgeist', reflete movimentos sociais e ativistas que buscam transformações urbanas. A nova geração, que cresceu em um mundo pós-Guerra Fria, busca mudanças imediatas e práticas, desafiando a visão tradicional de planejamento urbano a longo prazo e exigindo espaços públicos que atendam às suas necessidades atuais.

  • 00:10:00 - 00:15:00

    A história do Brasil, marcada por colonialismo e escravidão, gerou um patrimonialismo que reflete na falta de espaços públicos adequados. Exemplos como o Parque Dom Pedro mostram como a urbanização negligenciou a civilidade e a qualidade dos espaços urbanos, resultando em áreas que não cumprem sua função social.

  • 00:15:00 - 00:20:00

    A cidade de São Paulo é um microcosmo das contradições brasileiras, onde a dor e o prazer coexistem. A cidade é vista como um espaço que exige permissão para ser habitado e desfrutado, refletindo uma luta constante por direitos e reconhecimento. A relação entre centro e periferia é complexa e revela desigualdades históricas.

  • 00:20:00 - 00:25:00

    O conceito de direito à cidade evoluiu desde os anos 1960, passando por uma perspectiva de universalização até uma reivindicação mais recente de construção coletiva do espaço público. O direito à cidade é multifacetado e deve ser entendido em suas diversas dimensões, respondendo a diferentes problemas sociais.

  • 00:25:00 - 00:30:00

    A mobilidade urbana é um tema central nas discussões sobre o direito à cidade. A crescente adoção da bicicleta como meio de transporte reflete uma mudança na percepção de que a cidade deve ser para as pessoas, não para os automóveis. A luta por ciclovias e espaços seguros para pedestres é uma batalha cotidiana contra a cultura do carro.

  • 00:30:00 - 00:35:00

    As periferias são vistas como vanguardas culturais, onde a população cria seus próprios espaços de lazer e expressão artística na ausência de apoio governamental. A cultura nas periferias é rica e vibrante, desafiando a visão estereotipada que se tem sobre esses locais e mostrando a força da comunidade.

  • 00:35:00 - 00:45:48

    A luta por direitos e reconhecimento na cidade é uma questão coletiva que envolve diversas identidades e necessidades. A transformação urbana requer um esforço conjunto, onde as lutas específicas se unem para criar uma narrativa mais ampla sobre a cidade que queremos, enfatizando a importância da solidariedade e da ação coletiva.

もっと見る

マインドマップ

ビデオQ&A

  • O que é o direito à cidade?

    É o direito de reinventar a cidade segundo os desejos coletivos, promovendo acesso e participação de todos.

  • Qual a importância da participação coletiva na urbanização?

    A reinvenção da cidade depende do exercício do poder coletivo sobre os processos de urbanização.

  • Como a juventude está se envolvendo na luta pelo direito à cidade?

    Os jovens buscam transformar a cidade em espaços que possam ser usados e desfrutados agora, sem esperar por longos processos.

  • O que é patrimonialismo?

    É a prática de tratar assuntos públicos como se fossem privados, refletindo uma herança histórica de desigualdade.

  • Como a cultura se manifesta nas periferias?

    As periferias criam seus próprios espaços culturais e de lazer, em resposta à ausência de políticas públicas.

  • Qual o papel das ciclovias na mobilidade urbana?

    As ciclovias promovem uma cidade mais acessível e sustentável, incentivando o uso de bicicletas em vez de carros.

  • O que significa a frase 'a cidade é para as pessoas'?

    Significa que a urbanização deve priorizar o bem-estar e a acessibilidade das pessoas, não apenas o capital.

  • Como a cidade pode ser um espaço de inclusão?

    Através da construção de espaços públicos que atendam a todos, promovendo a diversidade e a convivência.

  • Qual a relação entre urbanismo e política?

    Urbanismo é uma extensão da política, pois envolve a cidadania e o exercício do papel de cidadão na cidade.

  • O que é a revolução urbana?

    É a transformação profunda da vida urbana, que vai além da reforma urbana, buscando reinventar a cidade e a vida das pessoas.

ビデオをもっと見る

AIを活用したYouTubeの無料動画要約に即アクセス!
字幕
pt
オートスクロール:
  • 00:00:24
    A CIDADE NO BRASIL “O DIREITO À CIDADE”
  • 00:01:28
    O sociólogo Robert Park escreveu o seguinte:
  • 00:01:32
    “A cidade é a mais consistente e, de modo em geral,
  • 00:01:35
    a mais bem-sucedida tentativa do homem
  • 00:01:38
    de refazer o mundo em que vive
  • 00:01:41
    segundo os desejos do seu coração.
  • 00:01:44
    Mas, se a cidade é o mundo
  • 00:01:46
    que o homem criou, ela é também o mundo no qual
  • 00:01:49
    ele está doravante condenado a viver.
  • 00:01:54
    Assim, indiretamente e sem ter nenhuma noção clara
  • 00:01:57
    do sentido de sua tarefa, ao fazer a cidade,
  • 00:02:01
    o homem refez a si mesmo.
  • 00:02:13
    O direito à cidade é, por isso, muito mais do que o direito
  • 00:02:17
    de acesso de um indivíduo ou grupo
  • 00:02:20
    aos recursos que a cidade incorpora:
  • 00:02:23
    é o direito de reinventar a cidade
  • 00:02:26
    segundo os desejos do nosso coração.
  • 00:02:29
    É, além disso, um direito antes coletivo que individual,
  • 00:02:34
    já que a reinvenção da cidade depende inevitavelmente
  • 00:02:38
    do exercício de um poder coletivo sobre os processos de urbanização.
  • 00:02:44
    A liberdade de fazer e refazer nossas cidades
  • 00:02:47
    é um dos mais preciosos, porém negligenciados
  • 00:02:51
    dos nossos direitos humanos.”
  • 00:02:54
    Se tentarem te derrubar Não deixa, não deixa
  • 00:02:59
    Deixou, deu com a cara no muro
  • 00:03:00
    E ginga, e mexe os pauzinhos
  • 00:03:02
    E dá os seus pulos
  • 00:03:03
    Se a chave não está no chaveiro Arromba o portão
  • 00:03:05
    E serra as barras dessa cela feita de dor e escuridão
  • 00:03:09
    No desamparo, amperagem da revolta é mil volts
  • 00:03:12
    Temperatura do sangue bombando é mil graus
  • 00:03:14
    E suportar pressão É trabalho de herói
  • 00:03:16
    Mas, se Zumbi somos nós Não é mais pessoal
  • 00:03:20
    Então falar é fácil, eu sei
  • 00:03:21
    Isso não é sermão Que a escolha encolha
  • 00:03:24
    Se não tem opção Que o caminho bifurca
  • 00:03:26
    E turva a visão Mas o guia está no peito
  • 00:03:29
    Se chama coração
  • 00:03:32
    Junta todo mundo para somar
  • 00:03:34
    E não tem mais eu, ele, vocês Agora é nós
  • 00:03:36
    Porque é só junto Que se combate a estupidez
  • 00:03:39
    Bota a boca no mundo Contra o desamparo
  • 00:03:41
    E a escassez Vai pra rua, vai pra pista
  • 00:03:43
    Grita “Fora, Temer! Aqui não tem boi para golpista”
  • 00:03:47
    É muita ideia que vem Mas precisamos
  • 00:03:48
    Colocar em prática Além de grana
  • 00:03:51
    Precisamos de gana Estratégia e tática
  • 00:03:53
    Pois ainda ninguém Encontrou a fórmula mágica
  • 00:03:56
    E é preciso desapegar do passado
  • 00:03:58
    Virar o disco Virar a página
  • 00:04:00
    Superar o sistema binário Ampliar o vocabulário
  • 00:04:03
    Plasmar vitória na maior disputa Que é pelo imaginário
  • 00:04:06
    Nova luz, novos atores Novo diretor, novo cenário
  • 00:04:09
    Pois não adianta negar A nova era chegou
  • 00:04:11
    Ela é real E se chama Aquário
  • 00:04:14
    E se isso for só poesia E o peito não para de sangrar
  • 00:04:17
    Se palavra é só palavra E a dor não vai estancar
  • 00:04:22
    Se é como uma selva E it makes me wonder
  • 00:04:23
    How I keep from going under
  • 00:04:25
    Dá um play no Stevie Wonder E deixa a roda girar
  • 00:04:57
    Isso certamente se relaciona com questões
  • 00:04:58
    que são próprias ao Brasil, no seu momento atual,
  • 00:05:01
    mas também com uma espécie de “zeitgeist” mundial.
  • 00:05:04
    “Zeitgeist” é essa expressão em alemão
  • 00:05:06
    que quer dizer o espírito do tempo.
  • 00:05:08
    O espírito do tempo hoje, ele aponta para primaveras,
  • 00:05:13
    para Ocupaz, para movimentos ativistas,
  • 00:05:17
    cidadãos que reivindicam transformações na cidade.
  • 00:05:20
    Então, desse ponto de vista, os movimentos brasileiros
  • 00:05:22
    participam dessa ideia.
  • 00:05:25
    E os primeiros anos da minha vida profissional,
  • 00:05:27
    eles eram muito direcionados a essa ideia do futuro.
  • 00:05:31
    E estou vendo agora, quando...
  • 00:05:34
    essas pessoas que mal tinham nascido
  • 00:05:36
    quando caiu o Muro de Berlim, estão chegando em atividade
  • 00:05:39
    intelectual e profissional plena, como o mundo deles
  • 00:05:43
    é diferente mesmo.
  • 00:05:45
    O presente é alguma coisa muito importante.
  • 00:05:47
    Como transformar esse lugar, que é uma via expressa,
  • 00:05:52
    em alguma coisa legal, divertida,
  • 00:05:54
    vou fazer um churrasco aqui no Minhocão
  • 00:05:55
    e no meio da Avenida Paulista, e ela tem que funcionar bem
  • 00:05:59
    como espaço público enquanto eu estou.
  • 00:06:01
    Tudo bem que daqui a três horas vai ter um carro passando aqui,
  • 00:06:04
    mas agora ela tem que ter...
  • 00:06:05
    Isso traz desafios absolutamente radicais
  • 00:06:09
    para a disciplina do urbanismo.
  • 00:06:55
    O urbanismo, ele se construiu como disciplina,
  • 00:06:58
    como uma disciplina de intervenções a médio prazo.
  • 00:07:01
    Nós precisamos levar saneamento,
  • 00:07:03
    levar espaços públicos, fazer planos diretores,
  • 00:07:06
    que são processos que vão durar 10, 15 anos
  • 00:07:08
    para se efetivar. Mas, os jovens agora,
  • 00:07:11
    eles não querem saber nem de se envolver
  • 00:07:13
    em nada que vai demorar 10 ou 15 anos.
  • 00:07:15
    Eu quero a cidade que eu possa usar, uma cidade
  • 00:07:18
    que eu possa desfrutar, onde eu possa me reconhecer agora,
  • 00:07:23
    e vou fazer o que for necessário para fazer isso agora.
  • 00:07:26
    Daqui a 10 anos, não sei onde eu vou estar,
  • 00:07:27
    aí eu vejo qual vai ser o meu desafio.
  • 00:08:05
    Eu acho que a sociedade brasileira,
  • 00:08:08
    ela tem dificuldade histórica com o conceito de esfera pública,
  • 00:08:13
    é um traço da nossa história, o Brasil foi colônia
  • 00:08:16
    até o século XIX, o Brasil teve escravidão
  • 00:08:20
    até quase o fim do século XIX.
  • 00:08:23
    E depois o Brasil entrou no século XX,
  • 00:08:25
    se desenvolveu, se industrializou,
  • 00:08:29
    conservando traços de segregação dos tempos da colônia
  • 00:08:32
    e da escravidão, infelizmente.
  • 00:08:35
    O nome que se dá, em sociologia, a isso é patrimonialismo.
  • 00:08:40
    Patrimonialismo quer dizer o quê? Quer dizer
  • 00:08:42
    a prática de você tratar os assuntos públicos como se fossem privados.
  • 00:08:47
    Essa história, que é uma história social,
  • 00:08:49
    ela tem um desdobramento evidente na cidade,
  • 00:08:52
    evidente, nós não temos espaço público.
  • 00:09:09
    O Brasil ensaiou uma certa civilidade,
  • 00:09:13
    no início do século XX, que depois foi sacrificada.
  • 00:09:17
    E isso é alguma coisa que nós temos que notar
  • 00:09:22
    e denunciar.
  • 00:09:24
    São Paulo, de novo, como exemplo.
  • 00:09:28
    O Parque Dom Pedro foi um parque maravilhoso.
  • 00:09:32
    O que restou do Parque Dom Pedro?
  • 00:09:35
    Nada. Nós olhamos no mapa
  • 00:09:37
    e aquilo ainda tem o nome Parque Dom Pedro.
  • 00:09:39
    Mas aquilo absolutamente não existe mais
  • 00:09:41
    como experiência de parque.
  • 00:09:44
    É surreal que exista o nome Parque Dom Pedro
  • 00:09:47
    numa coisa que é um agregado de alças viárias,
  • 00:09:51
    de viadutos e de pedaços de grama e de mato
  • 00:09:55
    com grades, retalhados etc.
  • 00:10:00
    Então, o Parque Dom Pedro é um caso,
  • 00:10:03
    a Praça da República, o Jardim da Luz,
  • 00:10:05
    há uma série de espaços públicos que foram dignos.
  • 00:10:08
    A Praça Marechal Deodoro era uma praça linda.
  • 00:10:11
    Hoje em dia, é o Minhocão, e um resto, uma sobra.
  • 00:10:16
    Então, o Brasil se desenvolveu de forma patrimonialista,
  • 00:10:20
    do ponto de vista urbano, ele ensaiou
  • 00:10:22
    uma certa urbanidade mais cosmopolita
  • 00:10:25
    num certo momento, que foi inteiramente destruída
  • 00:10:30
    ao longo do desenvolvimentismo do século XX,
  • 00:10:33
    sacramentada nos anos de ditadura militar.
  • 00:10:37
    A cidade de São Paulo é muito louca,
  • 00:10:39
    porque, ao mesmo tempo que dói, dá prazer.
  • 00:10:44
    Nós ficamos pensando: “Por que não temos
  • 00:10:45
    mais prazer do que dor? Por que as pessoas
  • 00:10:47
    não nos deixam ter prazer, mais prazer do que dor?”.
  • 00:10:51
    Eu acho que são as artérias do nosso corpo.
  • 00:10:55
    Quando nós cortamos uma veia, vemos sangrar por ali.
  • 00:10:58
    Acho que São Paulo sangra pela periferia, pelos cantos,
  • 00:11:01
    pelos córregos, pelos becos, pelas vielas.
  • 00:11:06
    É onde São Paulo sangra, é onde São Paulo vomita,
  • 00:11:08
    tudo aquilo que ela bebe, toda a sua arrogância,
  • 00:11:10
    ela vomita em nós.
  • 00:11:12
    Eu vejo São Paulo assim, triste, arrogante, necessária.
  • 00:11:17
    É como se nós tivéssemos o tempo inteiro
  • 00:11:18
    que pedir permissão para poder entrar,
  • 00:11:20
    para poder ser feliz, para poder andar nessas ruas,
  • 00:11:24
    que nossos pais e avós construíram.
  • 00:11:27
    É como se nos deixasse andar fazendo concessão,
  • 00:11:30
    e não por apego à liberdade.
  • 00:11:33
    Então, acho que São Paulo é isso, é muito estranha,
  • 00:11:35
    se parece com o Brasil, o micro se parece
  • 00:11:38
    com o macro do Brasil.
  • 00:11:40
    Quando vejo nós falarmos: “Ah, os coronéis do Nordeste”,
  • 00:11:42
    fico imaginando: “Nossa, mas tem mais coronéis
  • 00:11:44
    do que em São Paulo?”.
  • 00:11:52
    Isto aqui não é protesto Nossa luta é bem maior
  • 00:12:00
    Isto aqui não é protesto Nossa luta é bem maior
  • 00:12:14
    Nós temos ouvido muito falar sobre direito à cidade,
  • 00:12:17
    nos últimos anos, e a ideia do direito à cidade,
  • 00:12:20
    ela aparece nos anos 1960, ela aparece como
  • 00:12:25
    uma ideia tributária dos movimentos estudantis
  • 00:12:29
    de 1968, e ela vai se transformando.
  • 00:12:34
    Nos anos 90, a ideia do direito à cidade,
  • 00:12:35
    ela foi tratada muito numa perspectiva de universalização
  • 00:12:39
    daquilo que a cidade tem de bom, o que a cidade tem de bom
  • 00:12:42
    para nos oferecer deve ser desfrutado por todos.
  • 00:12:44
    E, nos últimos poucos anos, a ideia do direito à cidade,
  • 00:12:48
    ela vem sendo reocupada mais uma vez,
  • 00:12:51
    ela vem sendo tratada como uma ideia
  • 00:12:53
    do direito de estar no espaço público
  • 00:12:55
    e de construir o espaço público na cidade
  • 00:12:58
    à minha imagem e semelhança.
  • 00:13:00
    Cabelo armado e nunca penteado!
  • 00:13:02
    Cabelo armado e nunca penteado!
  • 00:13:05
    Meu cabelo é natural...
  • 00:13:08
    Meu cabelo é natural...
  • 00:13:21
    O direito à cidade são muitas coisas,
  • 00:13:23
    ele vai sendo transformado conforme o tempo vai passando.
  • 00:13:26
    É importante sabermos de que direito à cidade
  • 00:13:28
    estamos falando, todos são bons,
  • 00:13:30
    quanto mais direitos, melhor,
  • 00:13:32
    mas eles são bons de maneiras diferentes,
  • 00:13:34
    eles respondem a problemas diferentes
  • 00:13:36
    e eles trazem também desafios diferentes.
  • 00:14:16
    Vai para 21 anos que eu uso a bicicleta
  • 00:14:18
    como meio de transporte, vou de casa para o trabalho
  • 00:14:20
    com a bicicleta. Eu acho uma maravilha o que está acontecendo
  • 00:14:23
    como fenômeno mundial. Acho que nós temos
  • 00:14:26
    que cada vez mais investir naquilo que nós já sabemos,
  • 00:14:29
    que a cidade é para as pessoas, e não para o automóvel,
  • 00:14:32
    para o capital.
  • 00:14:33
    As pessoas são muito menos dependentes do carro
  • 00:14:35
    do que elas foram até alguns anos atrás.
  • 00:14:39
    E olha que coisa engraçada,
  • 00:14:41
    eu passei algum tempo em Curitiba, agora,
  • 00:14:44
    e eu quase fui atropelado seis, sete vezes em uma semana,
  • 00:14:49
    porque eu ando, eu atravesso as ruas,
  • 00:14:52
    eu cruzo um lugar onde o carro está saindo
  • 00:14:55
    de uma garagem com um grau de confiança
  • 00:14:57
    que as pessoas de Curitiba não fazem,
  • 00:14:59
    as pessoas têm medo do carro, elas respeitam o carro.
  • 00:15:02
    Isso eu aprendi aqui em São Paulo,
  • 00:15:04
    nós precisamos enfrentar o carro, isso é uma guerra cotidiana
  • 00:15:07
    que temos contra o carro, e é o carro que vai ter
  • 00:15:09
    que me esperar. Eu acho incrível poder estar
  • 00:15:12
    formulando essa questão, e na minha cidade,
  • 00:15:15
    uma cidade que nós lutamos para que fosse assim.
  • 00:15:19
    Olá, meu nome é José Renato Bergo,
  • 00:15:21
    sou videomaker, faço parte da ciclocidade,
  • 00:15:23
    e um cicloativista aqui de São Paulo.
  • 00:15:26
    A proposta é o seguinte, que todo mundo mostre
  • 00:15:28
    a sua estrutura cicloviária, ou, na verdade,
  • 00:15:31
    a nossa estrutura cicloviária, onde trafegamos,
  • 00:15:34
    onde vamos para a escola, onde vamos para o trabalho,
  • 00:15:36
    onde fazemos o passeio com os amigos, enfim,
  • 00:15:40
    mostramos a importância desse espaço segregado.
  • 00:15:43
    Olá, eu sou a Adriana. Há dois anos e meio,
  • 00:15:46
    eu troquei o carro pela bicicleta, e desde então eu faço
  • 00:15:49
    todos os meus deslocamentos pedalando pela cidade.
  • 00:15:53
    Estou aqui onde a Henrique Schaumann cruza com a Sumaré,
  • 00:15:55
    aqui eu passo todos os dias, é o meu caminho da roça,
  • 00:15:58
    aqui não tem ciclovia, e aqui eu sou vítima
  • 00:16:01
    do mesmo tipo de atitude todos os dias.
  • 00:16:03
    Ou eu levo uma fina educativa ou eu levo uma fechada tão violenta
  • 00:16:07
    que eu sou obrigada a fazer uma manobra radical
  • 00:16:10
    e pular na calçada, para não ser esmagada
  • 00:16:11
    por um ônibus e por um carro.
  • 00:16:13
    Eu tenho 36 anos, a bicicleta é meu meio de transporte.
  • 00:16:17
    Eu sempre andei de bicicleta na cidade,
  • 00:16:20
    mas, depois da implementação das ciclovias,
  • 00:16:23
    eu me senti confiante o bastante para carregar isto daqui,
  • 00:16:27
    a Catarina, de 2 anos, e a Sofia, de 5.
  • 00:16:33
    Estou aqui só para dizer que vamos resistir.
  • 00:16:37
    Esperamos que a prefeitura, o secretário,
  • 00:16:40
    todas as pessoas qualificadas, acredito que existam
  • 00:16:43
    dentro dessa prefeitura,
  • 00:16:45
    vão enxergar que não tem por que tirar a ciclovia.
  • 00:16:49
    Então, vai para Belo Horizonte, vai para Curitiba,
  • 00:16:52
    vai para outras cidades que não passaram
  • 00:16:56
    por esse processo de pedestrianização,
  • 00:16:59
    aí nós entendemos como conseguimos
  • 00:17:01
    conquistar na marra.
  • 00:17:02
    Eu não estou dizendo que estamos conseguindo
  • 00:17:04
    resolver isso em todos os nossos aspectos
  • 00:17:05
    da nossa sociedade no Brasil nem que as conquistas
  • 00:17:08
    são irreversíveis, mas que nesse aspecto específico
  • 00:17:11
    da mobilidade urbana nós conseguimos
  • 00:17:13
    fazer virar a chavinha, nós conseguimos, eu acho.
  • 00:17:32
    A cidade para as pessoas significa você morar perto,
  • 00:17:35
    da maçaneta da porta da sua casa à maçaneta da sala de aula
  • 00:17:39
    ou do lugar em que você trabalha, você gastar no máximo 20 minutos,
  • 00:17:44
    de preferência, a pé, ou de um veículo não motorizado,
  • 00:17:47
    uma bicicleta, mas, com certeza, com transporte público,
  • 00:17:52
    de preferência, sobre trilhos, porque organiza a cidade,
  • 00:17:55
    dá uma dignidade. É importante que os trilhos urbanos
  • 00:17:58
    sejam estimulados.
  • 00:18:01
    Principalmente o transporte não poluente.
  • 00:18:05
    O bonde elétrico, por exemplo, e o metrô de verdade.
  • 00:18:22
    A maior questão de problema que nós temos aqui,
  • 00:18:24
    até pela dimensão geográfica de São Paulo,
  • 00:18:27
    é a questão da mobilidade urbana.
  • 00:18:30
    Se pensarmos que um jovem que está vindo num trem lá
  • 00:18:36
    do Itaim Paulista, de Ferraz, de Suzano,
  • 00:18:38
    o caminho que ele está percorrendo, ele tem um contraste tanto social
  • 00:18:42
    quanto visual, do ponto de vista que ele está vendo pela janela
  • 00:18:46
    do trem, isso também é um processo de formação
  • 00:18:50
    que ele também pode acessar esses espaços.
  • 00:18:52
    Estamos falando do direito à cidade,
  • 00:18:55
    do direito ao território, e que isso deveria ser
  • 00:18:58
    de um ponto de vista recíproco da sociedade também,
  • 00:19:00
    tanto esse jovem que acessa o centro, que isso dá um outro
  • 00:19:04
    contexto político de formação, quanto essas pessoas
  • 00:19:07
    que estão acostumadas a morar no centro,
  • 00:19:09
    elas deveriam também se deslocar, ir para dentro da periferia,
  • 00:19:13
    entender qual é o contexto de periferia
  • 00:19:14
    e o que essas pessoas pensam.
  • 00:19:18
    “PIXADORES”
  • 00:20:56
    A verdadeira vanguarda está nas periferias,
  • 00:20:59
    e o fenômeno da periferia é um fenômeno terrível, cruel,
  • 00:21:02
    por conta do desequilíbrio das redes de cidades no Brasil,
  • 00:21:06
    nós temos pouquíssimos municípios no Brasil,
  • 00:21:09
    pelo tamanho que o Brasil tem, deveríamos ter praticamente
  • 00:21:12
    cinco vezes mais.
  • 00:21:15
    Ao mesmo tempo, o fenômeno de metropolização
  • 00:21:18
    das cidades do Brasil é uma prova concreta
  • 00:21:21
    da injustiça social.
  • 00:21:23
    Então, esse fenômeno de centro e periferia,
  • 00:21:25
    que é muito cruel, esse pêndulo perverso
  • 00:21:28
    centro e periferia,
  • 00:21:29
    ele só vai ser superado graças à sofisticada
  • 00:21:34
    atuação que acontece na periferia, que são as vanguardas
  • 00:21:39
    dos coletivos de artistas culturais
  • 00:21:43
    e os movimentos de luta pela conquista
  • 00:21:46
    da arquitetura do lugar, pela construção coletiva
  • 00:21:49
    do seu lugar, do espaço social das cidades.
  • 00:21:53
    Eu, por exemplo, moro na cidade de São Bernardo do Campo.
  • 00:21:57
    Numa praça central lá, toda terça-feira,
  • 00:22:01
    inclusive ontem teve atividade, tem um povo do hip-hop,
  • 00:22:05
    que eles se juntam toda terça-feira lá,
  • 00:22:08
    porque eles chamam de batalha, e eles começam a produzir,
  • 00:22:12
    ali na hora, entre si, sem música, sem nada,
  • 00:22:14
    só através do gingado e da fala e da composição.
  • 00:22:19
    Eu sou a guerra não declarada na visão de um favelado
  • 00:22:21
    Agora você vê quem dá o recado
  • 00:22:24
    E agora você não vai representar o Estado
  • 00:22:26
    É porque não... é aqui
  • 00:22:28
    Eu sou orgulhoso Vai se alegrar
  • 00:22:30
    Porque para tu ver nóis de curioso
  • 00:22:32
    Só que agora Você vai ficar triste
  • 00:22:35
    E pra você aqui não vai ter nenhum palpite
  • 00:22:37
    Demorou, acho que você deu início
  • 00:22:39
    Porque desse jeito você está rimando
  • 00:22:41
    No modo easy Mas calma
  • 00:22:43
    Que você é apenas um menino Eu já fui e voltei
  • 00:22:46
    Do campo do extermínio Eu acho que você
  • 00:22:49
    Não consegue desafiar Porque você é fraco
  • 00:22:52
    E agora eu tenho que falar Seu nível está no chão
  • 00:22:54
    Mas você nunca viu...
  • 00:23:00
    Nunca fui de extermínio Só que aprendi a espancar
  • 00:23:01
    Só que a pomba aqui Ela não pode pousar
  • 00:23:05
    Você vê que essa é a razão E já para você
  • 00:23:08
    Não vai ter informação
  • 00:23:10
    Não tem informação Porque veio de você
  • 00:23:13
    Se fosse de mim Ia ter de sobra
  • 00:23:15
    Para mim demonstrar E presta atenção
  • 00:23:17
    Que você é fraco É a pomba da paz
  • 00:23:20
    Então eu sou da paz, opaco
  • 00:23:21
    É facção sem causa Que nessa você se ilude
  • 00:23:24
    Olha para isto aqui Isto é juventude de atitude
  • 00:23:27
    Você pegou essa fita E sua mente
  • 00:23:30
    O vocabulário limita
  • 00:23:33
    Limita, presta atenção Eu faço poesia
  • 00:23:36
    E eu só guardo o amor do meu coração
  • 00:23:38
    E minha mãe está lá rezando Por mim enquanto a sua rima
  • 00:23:42
    Acabou de chegar ao fim
  • 00:23:48
    Isso no centro da cidade, então, reúne diversas tribos,
  • 00:23:51
    e é um espaço da juventude, que foi criado pela juventude,
  • 00:23:55
    não foi criado pelo poder público. Na ausência do poder público
  • 00:23:59
    em criar oportunidades de lazer,
  • 00:24:03
    de manifestações culturais, a própria população
  • 00:24:06
    vai criando seus próprios espaços.
  • 00:24:08
    Essa riqueza é que mantém
  • 00:24:12
    as relações humanas e sociais tão vivas nas cidades.
  • 00:24:16
    O Cinema na Laje, ele acontece uma semana sim,
  • 00:24:18
    outra não. Uma parceria com o Zé Batidão.
  • 00:24:21
    Ligamos para as pessoas
  • 00:24:24
    que estão passando o filme, ligamos:
  • 00:24:26
    “Quer passar o filme aqui?”.
  • 00:24:28
    Eu acho que a Cooperifa já adquiriu um respeito
  • 00:24:30
    perante algumas pessoas, que falam:
  • 00:24:32
    “É interessante, passa lá”.
  • 00:24:34
    Chamamos um produtor, um ator, um diretor,
  • 00:24:37
    para falar sobre filme, para discutir cinema.
  • 00:24:40
    O lugar em que descobrimos, que, com 60 anos,
  • 00:24:42
    tinha gente que nunca tido ido ao cinema.
  • 00:24:46
    Num país chamado Brasil, tinha gente com 60 anos
  • 00:24:48
    que nunca foi ao cinema.
  • 00:24:50
    E um país onde uma pessoa com 60 anos
  • 00:24:52
    que nunca foi ao cinema e vê pela primeira vez
  • 00:24:54
    em cima de uma laje
  • 00:24:55
    é um país que não tem alvará de funcionamento,
  • 00:24:58
    não tem licença para ser pátria. Não é isso?
  • 00:25:37
    Eu lembro quando eu chegava nos bailes black,
  • 00:25:39
    no final dos anos 70, início dos 80,
  • 00:25:44
    eu não via a hora de entrar ali,
  • 00:25:47
    porque eu falava: “Aqui é meu lugar, aqui é meu país”.
  • 00:25:50
    Às vezes venho fazer coisas para cá, para esse lado,
  • 00:25:53
    eu não vejo a hora que chega a Estrada de Itapecerica,
  • 00:25:55
    a Estrada do Campo Limpo, para eu me sentir seguro.
  • 00:25:58
    É muito louco isso. E não estou tirando ninguém, não.
  • 00:26:00
    Estou dizendo que é uma paixão. Eu não preciso falar mal do centro
  • 00:26:03
    para dizer que gosto da periferia.
  • 00:26:05
    Para mim, gostar da periferia já é o suficiente.
  • 00:26:07
    E eu não sou contra, eu sou a favor,
  • 00:26:09
    nunca fiz nada contra o centro, contra branco, contra nada.
  • 00:26:11
    Eu faço a favor do quê? Da nossa gente, da nossa turma,
  • 00:26:14
    da nossa literatura.
  • 00:26:16
    Às vezes vem algum europeu querendo visitar
  • 00:26:18
    as favelas no Brasil.
  • 00:26:21
    Você os leva lá, e é impressionante como
  • 00:26:23
    eles ficam maravilhados com a cultura daquele lugar,
  • 00:26:28
    a forma como as pessoas se relacionam
  • 00:26:30
    e como é tão diferente da cultura deles.
  • 00:26:33
    Eu lembro que uma vez que eu fui numa favela,
  • 00:26:36
    que nem é tão grande, com um grupo de ingleses.
  • 00:26:40
    Imagine como eles ficaram maravilhados.
  • 00:26:42
    Entraram na favela, tinha aqueles golzinhos
  • 00:26:45
    de madeira, e a criançada brincando de bola.
  • 00:26:48
    Então, eles viam a alegria ali, e eles:
  • 00:26:52
    “Mas por que as crianças brincam aqui
  • 00:26:53
    e não vão num campo, numa quadra?”.
  • 00:26:55
    “Porque não tem campo, não tem quadra”.
  • 00:26:59
    “Nossa, mas aqui não tem saneamento básico.
  • 00:27:03
    Nossa, mas aqui é tudo gato.
  • 00:27:06
    E por que as pessoas são felizes?”
  • 00:27:22
    Se eu pensar aqui da porta de dentro para a minha casa,
  • 00:27:26
    está tudo resolvido.
  • 00:27:28
    A minha mãe, empregada doméstica,
  • 00:27:29
    conseguiu estruturar, tem uma geladeira maneira,
  • 00:27:32
    tem um sofá legal, tem um quarto,
  • 00:27:34
    tem televisão, por mais que tenha sido financiado
  • 00:27:37
    em 70 vezes, 36, 70, enfim, essa é nossa linha de planejamento...
  • 00:27:43
    A minha preocupação é como está da porta para fora.
  • 00:27:47
    Não tem rede de saneamento básico,
  • 00:27:49
    não tem educação, não tem uma estrutura.
  • 00:27:54
    E, se eu falar que não tem cultura, eu vou estar contradizendo
  • 00:27:56
    tudo isso que eu acabei de dizer. O que mais tem na periferia
  • 00:28:00
    é cultura. Só que gestores, prefeitos,
  • 00:28:03
    governadores, têm... do meu ponto de vista,
  • 00:28:09
    uma miopia política e preconceituosa,
  • 00:28:13
    que é achar que tem que levar cultura para a periferia.
  • 00:28:15
    Pelo contrário, acho que você tem que
  • 00:28:17
    fortalecer a estrutura local.
  • 00:28:20
    “CORPO ELÉTRICO”
  • 00:29:06
    Você ser gay, lésbica ou transexual
  • 00:29:08
    na cidade da contemporaneidade, uma posição ainda que possa ser
  • 00:29:12
    extremamente desconfortável é uma posição possível
  • 00:29:15
    em relação ao que pode ter sido 50 anos atrás,
  • 00:29:19
    ou o que seja ainda hoje numa cidade pequena.
  • 00:29:22
    Por isso, a cidade grande, ela é vista como
  • 00:29:26
    um lugar onde você pode encontrar a sua turma,
  • 00:29:28
    a sua tribo, aquelas coisas que você fala sobre cidade.
  • 00:29:32
    Em tudo o que diz respeito à identidade,
  • 00:29:34
    a encontrar os seus grupos, a sua possibilidade de vida,
  • 00:29:39
    eu sou muito otimista, eu acho que a cidade,
  • 00:29:40
    ela está cada vez mais receptiva a isso.
  • 00:30:20
    Eu acho que esses são novos agentes,
  • 00:30:22
    novos personagens que o cenário urbano
  • 00:30:25
    está recebendo, e eu acho que é muito importante
  • 00:30:29
    que haja essas manifestações.
  • 00:30:31
    É difícil dizer em que medida
  • 00:30:35
    essas manifestações
  • 00:30:38
    não podem ser canalizadas por formas,
  • 00:30:41
    mais, vamos dizer, institucionalizadas
  • 00:30:44
    de representatividade social.
  • 00:30:47
    Isso talvez seja burocratizar demais
  • 00:30:50
    esses processos de negociação de conversação.
  • 00:30:54
    E é claro que a manifestação espontânea
  • 00:30:57
    é um campo legítimo e muito importante
  • 00:31:01
    para que os interesses
  • 00:31:04
    e as perspectivas e, sobretudo,
  • 00:31:07
    as necessidades sejam expostos claramente.
  • 00:31:12
    E pensar a cidade desse ponto de vista,
  • 00:31:14
    como nós podemos mudar,
  • 00:31:17
    ele não depende só de você, ele não depende só do outro,
  • 00:31:22
    ele não depende só de mim, ele depende da força de vontade
  • 00:31:24
    de todos nós, essa tem que ser uma ideia
  • 00:31:27
    universal de mudança.
  • 00:31:30
    Cada um está fazendo lá a sua luta específica.
  • 00:31:33
    Mas qual é mesmo o nosso problema?
  • 00:31:35
    O nosso problema é mudar a concepção de Estado.
  • 00:31:39
    Por que essas pessoas estão fazendo essas lutas específicas?
  • 00:31:42
    É porque ou há segregação, ou há discriminação,
  • 00:31:46
    ou há falta de políticas públicas, ou as três juntas.
  • 00:31:51
    Então, essas populações se juntam
  • 00:31:55
    por afinidade, por necessidade,
  • 00:31:58
    mas elas precisam do instrumento para compreender que a luta
  • 00:32:02
    é muito mais geral do que simplesmente
  • 00:32:04
    aquela luta específica dela.
  • 00:32:41
    MEU AMOR NÃO É O SEU FETICHE
  • 00:32:54
    Eu acho que estamos passando também uma época de depuração,
  • 00:32:56
    de reconhecimento, sabe:
  • 00:32:59
    “Eu não sabia que você era gay, não sabia que você era negro,
  • 00:33:01
    não sabia que você era pobre”.
  • 00:33:03
    Acho que tem uma época de nos reconhecermos como gente,
  • 00:33:06
    como gente que está lutando contra todo esse sistema
  • 00:33:08
    opressor, violento que... amputa nossos sonhos.
  • 00:33:13
    Vai chegar uma hora... Porque essas linguagens,
  • 00:33:16
    de alguma forma, na periferia, já estão conversando.
  • 00:33:20
    Acho que lá de cima ficamos meio sem referência também,
  • 00:33:23
    estávamos acostumados sempre a ter
  • 00:33:26
    aquelas mesmas pessoas dizendo: “Agora é lá, agora é pá”.
  • 00:33:29
    E talvez seja agora também uma hora de se empoderar,
  • 00:33:33
    revolucionar, aquele que quer mudar o mundo
  • 00:33:35
    que tenha coragem de começar por si mesmo.
  • 00:33:36
    Acho que agora começarmos a olhar um pouco para dentro também,
  • 00:33:39
    autoconhecimento, começarmos a pensar,
  • 00:33:42
    porque seguir os outros também, chegamos até onde chegamos
  • 00:33:44
    agora também. Mas eu acho que isso vai acontecer.
  • 00:33:48
    E não é muito longe, não. Não está muito longe, não.
  • 00:33:50
    As redes sociais têm mostrado isso. Não está muito longe de nos
  • 00:33:54
    reconhecermos como gente e lutarmos contra quem
  • 00:33:56
    não gosta de gente.
  • 00:33:58
    A CIDADE É NOSSA. OCUPE-A.
  • 00:34:01
    ...Ocupe o Estelita é a solução
  • 00:34:08
    ...Ocupe o Estelita é a solução
  • 00:34:11
    -Resistir -Ocupar
  • 00:34:13
    -Resistir -Ocupar
  • 00:34:18
    O Recife não precisa de vocês!
  • 00:34:22
    Parou por quê? O Estelita não precisa de vocês
  • 00:34:26
    Prefeito fuleiro Capacho de empreiteiro
  • 00:34:29
    Prefeito fuleiro Capacho de empreiteiro
  • 00:34:32
    Prefeito fuleiro Capacho de empreiteiro
  • 00:34:36
    Prefeito fuleiro Capacho de empreiteiro
  • 00:34:39
    Todas as pessoas vão precisar de educação,
  • 00:34:41
    vão precisar de saúde, vão precisar de transporte público,
  • 00:34:44
    vão precisar de todos os serviços que tem na cidade.
  • 00:34:47
    Então, a construção dessa narrativa da cidade
  • 00:34:50
    que queremos, ela tem no conjunto
  • 00:34:54
    dessa construção as lutas específicas,
  • 00:34:57
    mas são necessários, sim, instrumentos que apontem
  • 00:35:00
    para essa luta mais geral, porque a luta de cada um é forte,
  • 00:35:05
    mas a luta de todos juntos é muito mais forte,
  • 00:35:07
    são essas que têm o poder de transformação.
  • 00:35:12
    Essas diversas lutas, juntas, que podem criar
  • 00:35:16
    uma narrativa da cidade que queremos.
  • 00:35:30
    A HORTA NÃO É MINHA. A HORTA É NOSSA.
  • 00:35:34
    ENCONTRO DA HORTA COMUNITÁRIA DA VILA POMPEIA
  • 00:35:37
    BEM-VINDO À HORTA DAS CORUJAS.
  • 00:35:50
    Parece que uma das formas mais procuradas,
  • 00:35:56
    em tempos recentes, para reinventar
  • 00:36:00
    o direito ao espaço público
  • 00:36:03
    atravessa não só as grandes manifestações,
  • 00:36:06
    o direito à rua, a vontade da vida junto a esse bem comum,
  • 00:36:13
    que é da cidade e que nos põe defronte desse campo conflituoso,
  • 00:36:20
    impregnado de ruídos, mal-entendidos,
  • 00:36:26
    perturbações, tem muitas vezes se organizado
  • 00:36:30
    num campo cooperativado, que reinventa
  • 00:36:33
    algumas bases de viver. Está na horta comunitária,
  • 00:36:38
    está nas festas no Minhocão, está no cinema no vão do Masp.
  • 00:36:45
    Tem uma beleza que vem sendo...
  • 00:36:50
    criteriosamente constituída nessa alegria de conviver,
  • 00:36:56
    que, por outro lado, traz uma certa...
  • 00:37:03
    cautela, para mim,
  • 00:37:06
    que é também muito típica da nossa época,
  • 00:37:09
    como se todo esse convívio se desse
  • 00:37:12
    ou por grandes manifestações reivindicatórias
  • 00:37:14
    ou por situações de festa, alegria,
  • 00:37:20
    felicidade, vida no tempo vivido
  • 00:37:24
    de suavidade.
  • 00:37:26
    Tem alguma coisa que parece ainda precisar
  • 00:37:29
    ajustar um passo. E essa parece uma crise
  • 00:37:32
    fundamental, que é devolver o direto
  • 00:37:34
    de uma certa quietude, de um certo silêncio,
  • 00:37:38
    o lugar da melancolia, o lugar onde conviver é
  • 00:37:42
    também se entristecer,
  • 00:37:45
    ou pelo menos se comover ou permitir
  • 00:37:48
    que um cortejo fúnebre passe na sua frente
  • 00:37:50
    sem você precisar exigir que ele seja interrompido
  • 00:37:53
    ou atropelado. Esse momento em que às vezes
  • 00:37:57
    o lugar da convalescença ou da tristeza mais profunda
  • 00:38:01
    exige que você encontre um pequeno lar,
  • 00:38:05
    não uma grande praça, não um banco ensolarado,
  • 00:38:09
    aquele que fica na sombra, numa certa penumbra...
  • 00:38:11
    que lhe permite usufruir do alarido da vida
  • 00:38:16
    sem precisar estar atravessado pelo movimento dela.
  • 00:38:19
    Tenho a sensação de que essa medida
  • 00:38:22
    também nós temos que encontrar.
  • 00:38:54
    Nossos objetivos para intervir na cidade,
  • 00:38:57
    eles devem ter a ideia de uma cidade que é para todo mundo
  • 00:39:00
    como um horizonte, como uma utopia, como um sonho,
  • 00:39:03
    porque, como o Florestan Fernandes falava,
  • 00:39:07
    devemos sonhar com o impossível para fazer o melhor possível,
  • 00:39:11
    mas, ao mesmo tempo, devemos saber
  • 00:39:13
    qual é o nosso horizonte de possibilidades aqui e agora.
  • 00:39:16
    E o horizonte imediato de possibilidades aqui e agora
  • 00:39:20
    nunca é o de produzir a cidade para todo mundo,
  • 00:39:23
    mas, sim, é o de conseguir produzir para
  • 00:39:25
    um pouquinho mais de gente, um pouquinho mais
  • 00:39:27
    e, daqui a alguns anos, um pouquinho mais ainda.
  • 00:39:30
    Já que eu não consigo tudo, o que eu consigo agora,
  • 00:39:33
    o que é possível de interferir e de incidir agora?
  • 00:39:36
    Eu vejo os jovens com melhores condições
  • 00:39:40
    de responder a esse problema do que a minha geração
  • 00:39:43
    quando era jovem.
  • 00:40:09
    Acho que a grande virtude da cidade
  • 00:40:11
    é vivermos com as diferenças, e, junto com as diferenças,
  • 00:40:13
    construirmos um lugar com qualidade
  • 00:40:16
    ambiental urbana que promova o bem-estar
  • 00:40:19
    coletivo e individual.
  • 00:40:22
    A grande discussão está no âmbito das infraestruturas
  • 00:40:25
    das mentalidades.
  • 00:40:28
    Toda dificuldade que nós temos de recursos financeiros
  • 00:40:31
    para viabilizar infraestruturas físicas espaciais,
  • 00:40:34
    de saneamento básico, estações de tratamento de esgoto,
  • 00:40:38
    túneis que são necessários serem construídos
  • 00:40:41
    paralelos aos rios, tudo isso é muito difícil,
  • 00:40:45
    porém mais difícil ainda é investirmos nas infraestruturas
  • 00:40:48
    das mentalidades que estão dentro de nós.
  • 00:40:54
    O urbanismo precisa responder a essa questão,
  • 00:40:57
    porque cada vez mais a nossa cidade...
  • 00:41:00
    a nossa sociedade, e isso vem muito dos jovens,
  • 00:41:04
    mas o jovem é um indicador, esses jovens,
  • 00:41:06
    daqui a 20 anos, eles vão ser idosos, vão ter 40, vão ter 50,
  • 00:41:10
    vão ter 60 anos, eu não sou um profeta,
  • 00:41:13
    mas acho que eles vão continuar querendo
  • 00:41:15
    esta cidade do aqui e do agora.
  • 00:41:30
    O urbanismo como matéria essencial da escola
  • 00:41:34
    seria maravilhoso, até porque
  • 00:41:39
    política vem de polis. A palavra “política”,
  • 00:41:42
    ela significa, em grego, o exercício da cidade.
  • 00:41:46
    Política é, de certa forma, a cidadania,
  • 00:41:49
    você exercer o seu papel de cidadão.
  • 00:41:51
    Polis é a cidade, então,
  • 00:41:55
    não esquecer que há uma vinculação congênita entre cidade e política.
  • 00:42:01
    E, por último, temos que fazer a verdadeira,
  • 00:42:08
    o povo diz reforma urbana, mas é a revolução mesmo,
  • 00:42:13
    porque as cidades... a reforma urbana
  • 00:42:16
    é uma parte da revolução urbana.
  • 00:42:19
    Porque eu, pelo menos, entendo como reforma urbana
  • 00:42:23
    garantir toda infraestrutura, serviços públicos
  • 00:42:26
    e políticas públicas que a população necessita.
  • 00:42:29
    Agora, a revolução urbana é muito mais que isso,
  • 00:42:32
    porque ela abrange a revolução da cidade e da pessoa,
  • 00:42:38
    e nós só vamos conseguir a cidade que queremos
  • 00:42:41
    quando nos modificarmos também.
  • 00:42:50
    Trata-se de transformar em profundidade,
  • 00:42:53
    de reinventar a vida urbana...
  • 00:43:00
    de reimaginar e recriar o cotidiano das cidades,
  • 00:43:03
    a vida diária de todos nós.
  • 00:43:09
    Em outras palavras, será preciso assumir,
  • 00:43:12
    nós vamos ter que assumir, explicitar e aprofundar
  • 00:43:16
    o poder democrático da cidade.
  • 00:43:31
    QUEBRAR CORRENTES. PLANTAR SEMENTES.
  • 00:44:10
    SE A GENTE SE UNIR, A GUERRA ÀS DROGAS VAI CAIR.
タグ
  • direito à cidade
  • urbanismo
  • participação coletiva
  • juventude
  • patrimonialismo
  • cultura
  • mobilidade urbana
  • periferias
  • inclusão
  • revolução urbana