00:00:00
Você já pensou como é incrível a capacidade
humana de se organizar enquanto grupo através
00:00:04
da linguagem?
00:00:05
Para um pouco e analisa: nós, os brasileiros,
somos hoje quase duzentos e quinze MILHÕES
00:00:10
de pessoas, divididos em vinte e seis estados!
00:00:14
Temos uma área de mais de oito MILHÕES de
metros quadrados, o Reino Unido todo caberia
00:00:19
dentro do estado de São Paulo, enquanto a
Bahia é pouca coisa menor que a França.
00:00:24
E enquanto historicamente essas duas regiões
- Inglaterra e França - viveram em guerra,
00:00:29
dentre outros motivos pela falta de união
linguística talvez, nós por aqui não.
00:00:33
Nós, com todo esse nosso tamanho geográfico
e com essa imensa população, falamos apenas
00:00:39
um idioma oficial: o português!
00:00:43
Mas como surgiu a nossa língua?
00:00:45
De onde vem o nosso jeito de falar?
00:00:47
Tudo bem que Portugal chegou aqui e isso com
certeza influenciou, mas como ela, a língua
00:00:53
portuguesa, apareceu no reino de Portugal?
00:00:56
Qual a origem e a história da nossa língua
portuguesa?
00:01:00
(vinheta)
Tudo começa com a necessidade intencional
00:01:02
e muito humana de se comunicar.
00:01:04
Dando um grande salto na história, não se
sabe que espécie humana exatamente começou
00:01:09
a articular palavras e isso com certeza ficaria
para outro vídeo.
00:01:12
Mas uma coisa é certa, precisamos adiantar
mais uns cinquenta mil anos depois das primeiras
00:01:16
palavras e chegar até à Lusitânia.
00:01:20
A Lusitânia foi o nome dado à parte oeste
da atual Península Ibérica que se localiza
00:01:23
no sudoeste do continente Europeu.
00:01:25
É hoje constituída principalmente pelos
territórios de Portugal e Espanha.
00:01:29
Esse lugar, a Lusitânia, antes ainda da chegada
dos Romanos, tem seus primeiros registros
00:01:34
apontados no ano de quinhentos e vinte antes
de Cristo.
00:01:38
Foi um um poema chamado Ode Marítima, que
falando sobre os “Lucis” apontou a mais
00:01:44
antiga referência aos habitantes do território
que um dia foi conhecido como Lusitânia.
00:01:49
Pois era nesse lugar, a Lusitânia, onde viviam
o que podemos chamar de antepassados dos portugueses,
00:01:54
aqueles que colonizaram o Brasil.
00:01:55
A expansão dos exércitos de Roma levou a
cultura e a língua dos romanos pra todo canto.
00:01:59
Eles chegaram na Península Ibérica por volta
do século três antes de Cristo trazendo
00:02:02
com eles sua língua nativa, o latim clássico,
também chamado de “literário” ou ainda
00:02:08
latim propriamente dito.
00:02:10
Era essa a língua falada pelos poetas, pensadores,
juristas e pessoas importantes em contraponto
00:02:16
ao latim vulgar, a língua falada corriqueiramente
pelas pessoas comuns que viviam suas vidas
00:02:21
longe dos termos oficiais do estado.
00:02:23
Ou seja, o latim era então uma língua viva,
que pouco a pouco foi se modificando e se
00:02:28
transformando em diversas variações que
ficariam conhecidas como línguas românicas.
00:02:32
Dentre elas, o nosso português.
00:02:35
Antes de chegar à Lusitânia, o Latim era
falado na cidade de Roma e na província de
00:02:39
Lácio, ali por volta do século primeiro
antes de Cristo.
00:02:42
O latim era então um modesto dialeto de pastores
que fundaram Roma e que viveram nessa pequena
00:02:47
região de Lácio, às margens do rio Tibre…
00:02:50
Não confundir com o rio TIGRE da Mesopotâmia.
00:02:54
Esses pastores falantes do latim tiveram que
lutar para vencer muitas dificuldades vindas
00:02:58
de uma terra insalubre e pantanosa e, pouco
e pouco, foram dominando as comunidades vizinhas
00:03:04
e preparando o grandioso destino de Roma no
mundo antigo.
00:03:09
A língua latina, ou o latim, estendeu-se
por todo o território onde hoje é a Itália
00:03:14
e parte da Europa ocidental.
00:03:16
Essa expansão deu origem às chamadas línguas
românicas ou línguas neo-latinas, agrupando
00:03:21
um total de dez idiomas diferentes que são
eles: o português, o francês, o italiano,
00:03:28
o romeno, o galego, o occitano, o rético,
o catalão, o dalmático e é claro, o espanhol,
00:03:35
que eu estou tentando aprender usando Babbel
Live, que está patrocinando esse vídeo.
00:03:41
Sim eu estou aprendendo porque eu não queria
ficar só no portunhol nessa viagem.
00:03:50
E olha eu vou te dizer que espanhol é uma
língua muito parecida com português, afinal
00:03:55
ambas vieram do latim, mas existe uma certa
diferença.
00:04:02
Eu senti na prática que eu realmente preciso
melhorar meu espanhol, e vi como eu poderia
00:04:09
fazer isso.
00:04:10
Graças à Babbel Live.
00:04:11
A Babbel Live é uma plataforma que você
pode participar de aulas ao vivo em diversas
00:04:16
línguas diferentes como Espanhol, alemão,
francês, italiano e é claro, inglês.
00:04:21
Sim, é isso mesmo!
00:04:22
Se você está precisando dar uma melhorada
no seu inglês pro seu trabalho ou pra algum
00:04:26
outro objetivo.
00:04:27
A Babbel Live é o lugar certo pra você fazer
o seu intensivão.
00:04:30
Os professores são nativos e eles conseguem
dar bastante atenção individual aos alunos
00:04:34
já que existe um limite de seis alunos por
aula.
00:04:36
E além de você poder fazer na hora e dia
que você achar melhor, as aulas são muito
00:04:41
bem feitas, você pode escolher o nível dela
e o assunto que mais se encaixa com seus objetivos.
00:04:49
No meu caso eu escolhi aprender a linguagem
informal.
00:04:52
E detalhe, se você usar o meu link aqui na
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de DESCONTO!
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00:05:04
nova língua!
00:05:05
E as línguas, de uma forma geral, são organizadas
em famílias, em decorrência de sua possível
00:05:12
origem comum.
00:05:13
E isso pode ser visto nas línguas românicas
se a gente comparar algumas palavras que evoluíram
00:05:18
com o tempo e de acordo com o lugar onde são
faladas.
00:05:21
Mas certa similaridade acaba permanecendo
na raiz da grafia – o jeito de escrever
00:05:27
ou da pronúncia.
00:05:28
É o caso da palavra latina MAGIS, ou PLUS,
que em português dá origem a Mais, em espanhol
00:05:34
más, no italiano più e no francês plus.
00:05:38
Outro bom exemplo é o latim FORMOSUS, ou
BELLUS, que vira formoso em português, hermoso
00:05:45
em espanhol, bello em italiano, beau em francês
e finalmente Frumos na língua romana.
00:05:49
Depois dessas comparações, parece até que
nem é tão difícil aprender outros idiomas!
00:05:52
…parece?
00:05:53
Uma vez que o Latim era o idioma oficial do
antigo Império Romano, era natural que ao
00:05:57
dominar outros lugares e povos, essa língua
se tornasse a língua oficial dos lugares
00:06:02
dominados.
00:06:04
Os novos governos, as novas instituições
jurídicas e educacionais, e tudo que fosse
00:06:07
ligado ao novo estado deveriam se submeter
aos caprichos de Roma.
00:06:12
Também era natural que com tantas pessoas
e locais diferentes, a língua fosse sendo
00:06:18
adaptada e transformada, até criar esses
outros idiomas cuja base é o latim.
00:06:24
Então imagine o seguinte.
00:06:26
Seu povo foi dominado pelos romanos… sinto
muito!
00:06:29
E com isso veio a imposição do latim, todos
eram obrigados a falar essa língua, mas apenas
00:06:36
oficialmente, ou seja, o que acontecia na
prática era diferente.
00:06:40
As pessoas comuns poderiam até saber falar
latim quando preciso em situações formais,
00:06:46
com quando eles precisavam pedir algo ao estado.
00:06:50
Mas, digamos, na vida real, com os pés na
areia, no meio de uma feira popular, as pessoas
00:06:54
se sentiam livres pra falar da maneira que
elas quisessem.
00:06:58
Existia uma espécie de língua do dia-a-dia
que era muito mais falada.
00:07:02
E se a gente lembrar que naquela época não
existiam meios de comunicação em massa eficientes
00:07:07
o suficiente pra impor uma mesma língua em
um território tão grande quanto o domínio
00:07:12
romano, então uma coisa fica clara.
00:07:14
O poder central de Roma poderia ser grande,
mas ele tinha suas limitações, e não era
00:07:20
capaz de conter a força das massas, e a sua
vontade indomável de falar como quisessem.
00:07:26
Com isso, quando Roma caiu, diversas regiões
ganharam independência e finalmente não
00:07:30
precisaram mais se submeter à língua dos
dominadores.
00:07:34
Eles estavam livres e espontaneamente tornaram
suas línguas do cotidiano em línguas oficiais.
00:07:42
Foi isso que aconteceu na Lusitânia com português.
00:07:47
Idealmente, os estudiosos dividem a história
do português em três períodos ligados à
00:07:52
história política da Roma antiga: no primeiro
deles, tem-se o chamado Latim pré-histórico
00:07:57
que vai do século um, em Lácio, até o século
nove.
00:08:00
Nessa época, ainda não se tinham registros
da língua, bom, ou pelo menos os arqueólogos
00:08:05
não encontraram nenhum tipo de escrita que
comprovasse exatamente a forma desse Latim
00:08:10
pré-histórico.
00:08:11
Já o segundo período da história do português,
têm-se o chamado latim proto-histórico,
00:08:15
que vai do século nove ao século doze.
00:08:18
Durante essa época apareceram os primeiros
documentos contendo o registro dessa língua.
00:08:22
Palavras que hoje, quase dez séculos depois,
ainda somos capazes de reconhecer: estrata,
00:08:30
conelio, artigulo, que significa estrada,
coelho e artigo.
00:08:35
E finalmente o terceiro período vai do século
doze para frente até hoje!
00:08:40
E aqui vale destacar o importante século
dezesseis onde aspectos essenciais da língua
00:08:44
conhecidos nos dias de hoje, como a oralidade
e a escrita tornam-se mais corriqueiros, parecidos
00:08:50
com as ocorrências atuais.
00:08:52
Então resumindo, os Romanos invadiram a Lusitânia,
levaram o seu latim culto que foi assimilado
00:08:58
pela população através do latim vulgar.
00:09:01
Nesse local, bem depois, foi constituído
o Reino de Portugal, falante de português,
00:09:06
que é uma variação do latim.
00:09:08
Só que depois do português ter se tornado
o português ainda houve um evento muito marcante
00:09:15
que vai mudar ela pra sempre.
00:09:18
Portugal começa as grandes navegações!
00:09:21
Na época das grandes navegações, o que
começa a acontecer ali pelo século quinze,
00:09:26
Portugal velejou pelo mundo e colonizou mais
de cinquenta territórios!
00:09:30
O que sobrou disso na modernidade?
00:09:33
Bom, como eu disse lá no comecinho do vídeo,
eu falei que hoje somos quase duzentos e quinze
00:09:40
milhões de falantes do português.
00:09:42
Mas isso, veja bem, É SÓ no Brasil.
00:09:46
Ao todo, ao redor do mundo, somos quase trezentos
milhões de falantes desse idioma.
00:09:52
Além do Brasil, mais oito países ao redor
do globo acabaram falando português até
00:09:57
os dias de hoje: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.
00:10:04
Macau, na China, apesar de não ser um país
tem o português como idioma oficial.
00:10:10
Isso faz com que a língua portuguesa esteja
presente, oficialmente, em QUATRO dos seis
00:10:16
continentes do mundo: América, África, Europa
e Ásia.
00:10:17
O Português é falado ainda hoje nesses países
por causa de algo muito importante na história
00:10:19
do Reino de Portugal, algo que já falamos:
as navegações.
00:10:21
Portugal, que já era um reino unificado no
século doze e estava localizado em uma posição
00:10:26
geográfica privilegiada.
00:10:28
Simplesmente tinha acesso ao oceano Atlântico
e ao mar mediterrâneo.
00:10:32
E por essas e outras ele se aventurou pelos
oceanos saindo na frente de todas as outras
00:10:38
nações europeias que ainda eram regiões
pequenas e desarticuladas, com muitas guerras
00:10:44
entre si.
00:10:45
Portugal buscava novas rotas de comércio,
novas terras, outras riquezas e por isso,
00:10:50
por essa sede de aventura e também ganância,
verdade seja dita, os Portugueses saíram
00:10:55
na frente e protagonizam a descoberta de “novos
mundos”.
00:10:59
Com isso, seu idioma oficial se espalhou e
se diversificou em vários ritmos e melodias
00:11:02
pelo mundo.
00:11:03
Com isso vamos ver que a língua portuguesa
cresce sua influência e vai se destacar dentre
00:11:06
outras razões pelas primorosas e famosas
obras literárias, onde a poesia tem um lugar
00:11:12
de destaque.
00:11:13
Autores como Fernando Pessoa, Clarice Lispector,
Florbela Espanca ganham reconhecimento.
00:11:19
E em paralelo a isso suge uma diversificação
de sotaque e gírias.
00:11:23
Tem quem diga que ao visitar outros locais
do Brasil dá quase para pensar que não falamos
00:11:28
o mesmo idioma.
00:11:29
Um turista do sul que às vezes chega no nordeste
pode até pensar que está em outro país.
00:11:35
Mas para além da distância, o que explica
essas diferenças na língua?
00:11:40
Os sotaques, as gírias, de onde vem?
00:11:42
O jeito de falar é a forma como um idioma
se desenvolve à medida que seus falantes
00:11:46
evoluem com o tempo ou no lugar em que vivem.
00:11:49
E é principalmente na língua falada que
essas mudanças mais aparecem, para depois,
00:11:55
só depois, a gramática e a escrita assimilar
as normas.
00:12:00
Ou seja, existe a norma culta, mas existe
também o português coloquial, do dia a dia.
00:12:05
E isso não quer dizer que quem não fala
exatamente como se escreve, está errado.
00:12:09
É supernormal e aceitável falar “cê”
ao invés de você.
00:12:12
Está tudo certo.
00:12:13
E mais do que isso, as gírias que você usa
é uma forma de expressão política e social.
00:12:18
Escolher falar parça, vetin, varão, mona,
mano ou macho, pode transmitir sua identidade
00:12:26
política e social.
00:12:28
Pode comunicar seus valores morais, sua classe
social, se você acredita em Deus, ou de onde
00:12:33
você é.
00:12:34
As gírias fazem tudo isso, assim como o sotaque!
00:12:38
O sotaque é uma forma de regionalizar um
idioma, e isso é um fenômeno em diversas
00:12:44
línguas, e não foi diferente para o português.
00:12:47
Se a gente pensar de novo sobre o latim, a
sua forma “vulgar” se adaptou e gerou
00:12:53
o espanhol, o português, o italiano.
00:12:56
Bom, com sotaques funciona mais ou menos do
mesmo jeito.
00:13:00
Pensa um pouco na pronúncia da letra “erre”,
por exemplo.
00:13:03
Dependendo do lugar em que você mora, você
fala essa palavra jogando a língua para trás
00:13:06
na hora que chega o “erre”, arranhando
a garganta ou pode também pressionar a língua
00:13:12
atrás dos dentes para emitir o som que aprendeu
a fazer desde criança - na base da imitação.
00:13:17
De acordo com as pesquisas, no início da
colonização portuguesa, o “erre”, assim
00:13:22
como o “efe” e o “ele” não eram sons
presentes nas línguas indígenas.
00:13:27
Ao forçarem a alfabetização da população
originária, a dificuldade de ensinar o “erre”
00:13:32
falado pelos portugueses fez com que surgisse
o “erre” retroflexo, que você provavelmente
00:13:38
deve conhecer como “erre” caipira.
00:13:40
Ele tem esse nome – retroflexo - porque
a língua faz um movimento para trás chamado
00:13:45
retroflexão.
00:13:46
E ele ficou conhecido como “erre” caipira
porque foi levado pelos bandeirantes para
00:13:50
o interior do Brasil, à medida que adentraram
as terras de São Paulo, Minas Gerais e Goiás
00:13:53
e por aí vai.
00:13:55
Mas em algumas cidades da região Sul do país
e na capital São Paulo é comum ouvir uma
00:13:59
versão mais seca desse “erre”, não porta
mas porta, como em “carro”.
00:14:06
E isso já foi fruto da influência italiana
nessas regiões.
00:14:11
Já no Recife ouve-se um “erre” bem marcado,
herança dos tempos em que os holandeses,
00:14:15
que originalmente são germânicos, invadiram
e ocuparam Pernambuco, expandindo-se até
00:14:16
a Paraíba e Sergipe no século dezessete.
00:14:17
Já no Rio de Janeiro, o “erre” é falado
arranhando a garganta.
00:14:18
A explicação, supostamente, vem lá do ano
de mil oitocentos e oito, quando a corte portuguesa
00:14:19
mudou-se para o Brasil, especificamente o
Rio de Janeiro.
00:14:22
Na corte, os integrantes da realeza imitavam
o “erre” falado pelos franceses, a grande
00:14:28
referência cultural e intelectual europeia
naquela época.
00:14:31
Em pouco tempo, a elite local também passou
a copiar esse jeito de falar e não foi só
00:14:38
o “erre” francês que ficou, mas o “S”
chiado português também virou identidade
00:14:45
carioca: aquele chiado da “esquina da escada”
sabe?
00:14:46
Pois é, vem daí.
00:14:47
Mas esse “esse” chiado, apesar de ser
marca registrada do “carioquês” também
00:14:52
é ouvido e falado em outras regiões que
tiveram a presença massiva dos portugueses,
00:14:56
como em Florianópolis e Manaus.
00:14:58
Aliás, o sotaque falado na capital do Amazonas
tem ainda a influência de línguas indígenas
00:15:04
e dos nordestinos que migraram para lá na
década de mil novecentos e quarenta, durante
00:15:08
o ciclo da borracha.
00:15:09
Ou seja, isso é um puro suco de Brasil!
00:15:14
Os sotaques são isso daí, variações melódicas
de uma mesma língua que ainda assim permitem
00:15:21
o entendimento por seus falantes nativos.
00:15:23
E claro tem também os sotaques de quem fala
outra língua e tem dificuldades em articular
00:15:28
o português nativamente.
00:15:30
Dependendo de onde é o estrangeiro, se ele
for na padaria tentar pedir pão, talvez o
00:15:48
padeira entenda outra coisa, e fique meio
atiçado.
00:15:51
Os sotaques no Brasil são muito diversos
por causa da diversidade de povos e tradições
00:15:55
que temos e já tivemos no país.
00:15:58
Os linguistas acreditam que quando aconteceu
invasão portuguesa nas terras indígenas
00:16:02
do Brasil, haviam ao menos quatro grupos linguísticos
distintos espalhados pelo litoral, interior,
00:16:09
norte e sul.
00:16:10
Isso quer dizer no mínimo quatro grandes
idiomas diferentes!
00:16:14
E com certeza cada um desses grupos influenciou
o português de cada região.
00:16:19
A língua portuguesa foi instituída oficialmente
como uma forma de controlar os habitantes
00:16:27
da colônia então todos tiveram que aprender,
foram obrigados por Portugal.
00:16:32
É natural que ao misturar línguas indígenas
com a língua portuguesa, muitas diferenças
00:16:37
tenham surgido.
00:16:38
Isso sem falar de todas as línguas africanas
que vieram depois, com a escravidão, e obrigaram
00:16:43
os africanos a passar pelo mesmo processo.
00:16:45
Variação linguística, sotaque, nomes diferentes
para a mesma coisa – mandioca e aipim, por
00:16:51
exemplo – são pedaços da história de
cada lugar, das pessoas que edificaram o que
00:16:58
hoje são as cidades e estados brasileiros
que conhecemos.
00:17:01
Todas as línguas são organismos vivos e
dinâmicos.
00:17:06
Influenciadas pelo tempo, pelas mudanças
geográficas e, claro, pela tecnologia.
00:17:10
Por isso, cabe aqui uma pergunta: qual o futuro
da língua portuguesa?
00:17:16
Será que os emojis vão dominar a escrita
e serem assimilados à norma culta daqui há
00:17:21
cem anos?
00:17:22
Será que teremos emojis em dicionários?
00:17:23
Eu acho que não… espero que não.
00:17:26
Muito provavelmente um brasileiro de duzentos
anos atrás que voltasse hoje no tempo e sentasse
00:17:32
aí com você, para digamos, ver esse vídeo
não entenderia muita coisa.
00:17:39
Então, o que vai acontecer com o nosso português?
00:17:43
O que sabemos é que em comparação com o
português de Portugal, o português brasileiro
00:17:48
é bem mais receptivo às mudanças.
00:17:50
Podemos dizer que aqui, a língua é mais
receptiva, não temos muito problemas com
00:17:55
importar e adaptar palavras e assim vamos
mantendo a nossa língua uma “senhora”
00:18:02
sempre jovem.
00:18:03
Talvez essa seja uma característica brasileira,
uma espécie de antropofagia linguística:
00:18:09
assimilamos para facilitar, para agilizar,
para – como bons brasileiros que somos – aceitar
00:18:14
todos os costumes!
00:18:16
Fato é que as mudanças, influenciadas pela
tecnologia, tem acontecido cada vez mais rápido:
00:18:21
as contrações na escrita da internet, a
profusão de áudios e vídeos, a possibilidade
00:18:26
de aumentar a velocidade dessas mídias, tudo
isso influencia no que ouvimos e consequentemente
00:18:32
no que falamos.
00:18:34
Tá ligado?
00:18:35
TLGD?
00:18:36
E o chatGPT?
00:18:39
O google tradutor?
00:18:41
Alguém precisará aprender português para
vir ao Brasil se com um celular e um microfone
00:18:46
pode-se traduzir tudo o que se quer dizer?
00:18:47
Bom, não funciona cem por cento e muitas
vezes essas ferramentas provocam confusões
00:18:49
imensas com seus erros de interpretação.
00:18:51
Mas é inegável que os avanços da inteligência
artificial quando se trata de línguas são
00:18:55
impressionantes principalmente quando vemos
a rapidez com que essas ferramentas assimilam
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erros, acertos, se reinventam e acabam por
nos ensinar, muitas vezes, a “forma correta”
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de escrever.
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Quem aqui consegue elaborar um texto sem usar
o corretor de texto, por exemplo?
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Eu possivelmente iria cometer muitos erros!
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A influência da tecnologia vai mudar os rumos
da nossa língua, de todas as línguas, de
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quase tudo o que a gente faz.
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O que isso vai trazer para a nossa humana
e milenar capacidade de articular sons, para
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a nossa última flor do Lácio e sua melodia
poética, bom, isso só o tempo vai mostrar.
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Ao refletir sobre nossa trajetória linguística,
entendemos que a língua portuguesa, assim
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como toda forma de expressão humana, é resiliente
e adaptável.
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Ela atravessou mares, enfrentou conquistas,
assimilou culturas, ressoou em guerras e paz,
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e floresceu em poesias e canções.
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Dessa vasta tapeçaria histórica, construímos
o mosaico de palavras e expressões que utilizamos
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hoje.
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A longa jornada da língua portuguesa, desde
as margens do Tibre, passando pela antiga
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Lusitânia e se espalhando pelos quatro cantos
do mundo, demonstra a infindável capacidade
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de reinvenção da humanidade.
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A linguagem é nosso eterno legado, e com
ela tecemos nossa história e projetamos nosso
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futuro.
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E assim, a língua portuguesa segue, navegando
mares desconhecidos e desbravando novos horizontes,
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sempre se adaptando, sempre viva, sempre ecoando
a essência de um povo que não tem medo de
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mudar e evoluir.
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E é justamente nessa jornada constante que
reside sua verdadeira beleza.
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Que venham os próximos capítulos dessa magnífica
odisséia linguística!
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A da origem, ascensão e vida da nossa língua
portuguesa.