00:00:00
เฮ
00:00:10
[Música]
00:00:54
A tradição que nós temos no Brasil é
00:00:55
tudo aula é tudo reprodução de modo
00:00:58
geral o professor também se basta com
00:00:59
isso é educado entre aspas para isso e
00:01:04
como eu me formei na Alemanha e lá vivi
00:01:06
numa universidade de pesquisa eu passei
00:01:08
um m um semestre procurando aula e não
00:01:10
achei depois vi também que não precisava
00:01:11
achar e tal isso foi difícil entrar na
00:01:14
minha cabeça então imaginei que seria
00:01:15
uma contribuição interessante fazer isso
00:01:17
aqui então foi no início uma coisa muito
00:01:20
assim afrontosa e o pessoal não gostou
00:01:23
achava que eu queria acabar com o
00:01:24
professor e não sei o quê não era nada
00:01:26
disso né mas para acalmar os ânimos eu
00:01:30
tentei fazer logo uma
00:01:31
distinção pesquisa princípio científico
00:01:34
pesquisa princípio educativo porque aqui
00:01:37
no Brasil você tem a ideia também de que
00:01:38
pesquisa só vem lá na pós-graduação
00:01:41
quando se faz mestrado sobretudo quando
00:01:43
se faz doutorado aí entra pesquisa mas
00:01:44
antes nada de pesquisa e o absurdo é tão
00:01:47
grande que as faculdades isoladas e os
00:01:50
centros universitários não têm
00:01:52
compromisso com pesquisa
00:01:54
eles são entidades de ensino superior
00:01:56
que não precisam pesquisar aqui tá
00:01:58
consagrado o
00:02:00
[Música]
00:02:16
[Música]
00:02:20
princípio e o que que é pesquisa
00:02:22
princípio científico então esse legado
00:02:24
enorme já de séculos de saber construir
00:02:27
conhecimento com
00:02:29
método então aí tem uma contribuição
00:02:31
imensa também eu mesmo escrevi muita
00:02:33
coisa sobre metodologia científica nós
00:02:35
vamos conversar sobre isso né a é algo
00:02:39
que tá bem desenvolvido e tem muita
00:02:41
polêmica interessante claro que é uma
00:02:43
enorme polêmica né não há aí condições
00:02:45
de fazer grandes consensos né os
00:02:47
positivistas de um lado dialéticos do
00:02:49
outro e por aí a né mas de quero dizer é
00:02:52
algo extremamente trabalhado a escola de
00:02:55
Frankfurt produziu toneladas de coisa
00:02:58
interessante sobre essa questão
00:02:59
metodológica do conhecimento o
00:03:01
pós-modernismo hoje então colocou isso
00:03:04
tudo de pernas para o ar então uma coisa
00:03:06
que também super interessante como lidar
00:03:08
com isso mas de qualquer maneira todo
00:03:11
mundo aprende na universidade se fizer
00:03:13
bem como é que se constrói conhecimento
00:03:15
com método com metodologia métodos
00:03:18
empíricos métodos qualitativos
00:03:20
matemática né o lógico experimental e
00:03:23
por aí afora então não podemos deixar de
00:03:26
lado isso o meu receio que quando a
00:03:28
gente coloca a pesquisa como aporte
00:03:30
pedagógico só fique pedagogia então já a
00:03:32
pesquisa não é mais séria qualquer coisa
00:03:34
é pesquisa e eu tive muito esse problema
00:03:37
fui muitas vezes acusado de que eu
00:03:39
banalizei pesquisa eu acho que não
00:03:41
porque pelo menos eu pessoalmente nos
00:03:43
livros de metodologia científica o que
00:03:45
certamente eu não fiz foi banalizar
00:03:47
pesquisa às vezes a crítica que eu tenho
00:03:49
que são muito severos quer dizer eu
00:03:51
nunca fiz qualquer concessão nesse tipo
00:03:53
de coisa mas antes de trabalhar a ideia
00:03:56
da pesquisa com o princípio educativo é
00:03:57
importante colocar isso aqui pesquisa
00:03:59
tem o seu lado fundamental é na verdade
00:04:03
uma referência básica das universidades
00:04:05
né elas têm que pesquisar tem que educar
00:04:08
a juventude lá mas pesquisando
00:04:11
construindo conhecimento está fortemente
00:04:13
ligado essa ideia construtivista do
00:04:15
conhecimento né a gente constrói
00:04:16
conhecimento não é escutando o outro
00:04:18
falar é fazendo conhecimento construindo
00:04:22
[Música]
00:04:24
conhecimento a pesquisa como atitude
00:04:26
cotidiana está presente na vida e
00:04:29
constitui a forma de passar por ela
00:04:31
criticamente pesquisar implica tanto
00:04:33
cultivar a consciência crítica quanto
00:04:36
saber intervir na realidade trata-se de
00:04:39
ler a realidade de modo questionador e
00:04:42
de reconstruí-la como sujeito
00:04:44
competente formar consciência crítica
00:04:47
das situações e contestá-las com
00:04:49
iniciativa própria fazem do
00:04:51
questionamento um caminho de mudança
00:04:54
pelo questionamento surge o sujeito que
00:04:57
reconstrói-se
00:04:59
permanentemente entre educação e
00:05:01
pesquisa há um trajeto
00:05:03
coincidente ambas se postam contra a
00:05:05
ignorância fator determinante da massa
00:05:08
de manobra ambas valorizam o
00:05:11
questionamento ambas se dedicam ao
00:05:14
processo
00:05:15
reconstrutivo ambas incluem a
00:05:17
confluência entre teoria e prática por
00:05:20
uma questão de realidade
00:05:22
concreta ambas se opõem terminantemente
00:05:25
a condição de objeto ambas se opõem a
00:05:29
procedimentos
00:05:30
manipulativos ambas condenam a cópia
00:05:37
[Música]
00:05:48
então colocado isso vem então o segundo
00:05:50
ponto pesquisa com princípio educativo
00:05:52
que é o maior charme o pessoal gosta é
00:05:54
disso né pedagogo quer logo entrar nessa
00:05:56
história então como é que vamos usar a
00:05:58
pesquisa para educar e tal bom o que é
00:06:00
que a gente pode dizer aí primeiro é
00:06:02
fácil mostrar pelas boosterias da
00:06:04
aprendizagem que a atividade do aluno a
00:06:07
iniciativa dele ele fazendo as coisas
00:06:09
aprende melhor então pesquisa tem um
00:06:12
lado obviamente ligado a aprender bem
00:06:15
aqui no Brasil eh tivemos uma sorte o
00:06:18
CNP inventou de repente um tal
00:06:21
PIBC que é um programa de iniciação
00:06:24
científica que o aluno recebe uma bolsa
00:06:27
ele se une a um professor doutor e aí os
00:06:29
dois fazem um um intercâmbio de pesquisa
00:06:33
e descobriu-se logo tem até estudos que
00:06:35
mostram isso tudo bem que este aluno
00:06:37
aprende o outro escuta a aula mas esse
00:06:40
aluno que se mete na pesquisa vai
00:06:43
quebrando a cara vai aprendendo método
00:06:45
quer dizer ele logo também aprende
00:06:46
método ele não não pode ser só
00:06:48
simplesmente pedagogizado né ele tem que
00:06:51
aprender método o lado técnico o lado
00:06:53
formal não é mas também aí apareceu logo
00:06:56
o lado pedagógico esse aluno
00:06:57
aprendimento eu já escutei de muitos
00:06:59
professores esse é o rapaz que vai me
00:07:01
substituir aqui os outros que escutam
00:07:03
aula vão embora e se perdem na vala
00:07:05
comum então o aluno que se diferencia é
00:07:07
o aluno que pesquisa então pesquisa é
00:07:10
uma bela maneira de formar de educar
00:07:16
o critério diferencial da pesquisa é o
00:07:18
questionamento reconstrutivo que engloba
00:07:21
teoria e prática qualidade formal e
00:07:24
política inovação e
00:07:31
ética
00:07:33
[Música]
00:07:38
uma boa educação tem qualidade formal
00:07:40
tem qualidade política assim como diria
00:07:42
do pedagogo também do professor
00:07:44
qualidade formal qualidade política que
00:07:46
que é qualidade formal é a forma da
00:07:48
pesquisa a pessoa tem que saber lidar
00:07:50
com conhecimento lidar com teoria lidar
00:07:52
com método produzir texto com qualidade
00:07:55
isso é o lado da forma é uma habilidade
00:07:58
que nós temos que ter
00:08:00
então não pode ser logo político se não
00:08:01
vira politicagem que também é muito
00:08:03
comum nesses ambientes discutir política
00:08:05
como politicagem não é isso que eu quero
00:08:06
dizer eu acho que a qualidade política
00:08:08
não vive sem qualidade formal e
00:08:11
vice-versa e mais do que isso a
00:08:13
qualidade política razão de ser da
00:08:14
qualidade formal mas quando digo que a
00:08:17
qualidade política razão de ser da
00:08:18
qualidade formal não tô diminuindo a
00:08:20
qualidade formal qualidade formal é
00:08:22
absolutamente necessária quem não sabe
00:08:23
pesquisar também não sabe educar uma
00:08:26
coisa não substitui a outra né mas a
00:08:29
gente pode educar muito melhor
00:08:30
pesquisando o que eu chamo então de
00:08:32
qualidade política como é que eu vejo
00:08:33
isso mais próximamente por exemplo aí se
00:08:38
pode eh usar a contraposição entre
00:08:40
argumento que autoridade é autoridade do
00:08:42
argumento isso tem uma longa história né
00:08:45
se você olhar bem na história das
00:08:47
universidades uma das coisas mais
00:08:49
bonitas que a universidade descobriu lá
00:08:51
por 1500 por aí foi exatamente a
00:08:53
autoridade do argumento se a gente
00:08:55
lembrar um pouco os embates daquela
00:08:57
época e Galileu Galilei Giordano Bruno e
00:09:00
não sei o quê que eram muito
00:09:01
importunados pela igreja que não queria
00:09:03
que pesquisasse porque as coisas vinham
00:09:04
diferente do que ela pensava que que é
00:09:06
que gira em torno de quê é o sol é a
00:09:08
terra tal né o que é que eles diziam
00:09:10
quem vai decidir isso não é o papa quem
00:09:12
vai decidir isso é a pesquisa científica
00:09:15
e a pesquisa científica decidiu contra o
00:09:17
papa então não é a autoridade que faz a
00:09:21
ciência o que faz a ciência é o
00:09:25
argumento não tem nada melhor para você
00:09:27
aprender a argumentar do que
00:09:30
pesquisar primeiro porque você lê melhor
00:09:33
você vê o que os outros pesquisadores
00:09:35
fizeram você leva a sério o que eles
00:09:36
fizeram então o aluno começa a ler com
00:09:38
seriedade quando
00:09:40
pesquisa enquanto ele não pesquisa ele
00:09:42
lê paraa prova
00:09:43
mas se ele tiver que pesquisar aí ele
00:09:45
tem que desbravar e tem que se embrir
00:09:48
então ele começa a mexer com teoria de
00:09:50
outra maneira ele olha o teórico como é
00:09:53
que o teórico fez também ele percebe
00:09:54
logo que o teórico fez de um jeito ele
00:09:55
pode fazer de outro nenhuma teoria
00:09:57
sagrada mas as teorias podem ser muito
00:09:59
importante temos muito que aprender com
00:10:01
ela e temos que sobretudo fazer nossa
00:10:04
teoria então aí vem a autoridade do
00:10:07
argumento tem uma bela história isso né
00:10:10
o ra dizia sempre assim: "A força sem
00:10:13
força do melhor argumento." Ou dito de
00:10:16
outra maneira saber convencer sem
00:10:19
vencer saber fundamentar sem ser dono da
00:10:23
verdade diz: "Você tem que fundamentar
00:10:25
mas você não é dono da verdade." Então o
00:10:27
que eu vejo aí esse é o ambiente
00:10:29
pedagógico que eu gostaria que vingasse
00:10:32
como é que você fundamenta sem ser dono
00:10:34
da verdade você cria uma certa modéstia
00:10:37
ao mesmo tempo você consolida uma ideia
00:10:40
mas consolidando a ideia elas têm que
00:10:41
continuar aberta você não pode ficar com
00:10:43
ideias fixas você tem que saber escutar
00:10:45
o outro você tem que saber ter o outro
00:10:48
como parceiro e não como dominado então
00:10:51
isso é incrivelmente
00:10:53
pedagógico isso é incrivelmente
00:10:55
socrático maêutico isso é incrivelmente
00:10:57
construtivista então acho que de alguma
00:10:59
maneira se conseguiu colocar nesse
00:11:01
ambiente da pesquisa com princípio
00:11:03
educativo todas essas boas ideias das
00:11:06
boas teorias de aprendizagem e de fato é
00:11:08
a coisa mais fácil de comprovar o aluno
00:11:10
que pesquisa bem se forma incrivelmente
00:11:13
melhor
00:11:20
[Música]
00:11:23
na educação básica os critérios são
00:11:27
similares nós também estamos eh atrás da
00:11:30
ideia de um professor
00:11:32
pesquisador né porque se imagina que
00:11:35
pesquisa que fundamenta a docência então
00:11:38
isso também é um grande uma grande
00:11:39
polêmica mas eu acho que uma polêmica de
00:11:41
grande mérito que eu acho que merece ser
00:11:43
olhada com carinho entendeu o que funda
00:11:45
a docência tanto no livro superior como
00:11:48
no nível básico é a pesquisa quem não
00:11:52
constrói conhecimento quem não é autor
00:11:54
aí vem muito a ideia da autoria quem não
00:11:56
é autor na verdade não tem aula para dar
00:11:59
isso choca muito hoje em dia porque a
00:12:00
grande maioria dos nossos professores só
00:12:02
dá aula mas eu acho que aí tá não uma
00:12:04
uma crítica que eu quero que seja
00:12:06
agressiva e destrutiva não é nada disso
00:12:08
eu só estou interessado que a gente vá
00:12:10
saindo desse ambiente atrasado em que
00:12:12
não se constrói conhecimento não se é
00:12:14
autor e se vai e se vai reproduzindo um
00:12:16
aluno também que não é autor né então
00:12:19
também na escola básica é absolutamente
00:12:21
fundamental conquistarmos essa ideia que
00:12:23
tem que vir a pedagogia então a
00:12:25
pedagogia pedagogicamente correta como
00:12:27
eu costumo dizer tem que se fundar na
00:12:29
ideia da pesquisa também e se for
00:12:32
tecnologicamente correta tem que buscar
00:12:34
nas novas tecnologias os ambientes que
00:12:36
promovem a autoria né por exemplo a web
00:12:40
2.0 então o professor tem que ser um
00:12:42
produtor de seus textos então o que que
00:12:43
eu acho que é absurdo na escola básica
00:12:46
um professor de português que não tem
00:12:47
texto de
00:12:48
português um professor de história que
00:12:50
não tem texto próprio de
00:12:52
história mas é só o que tem
00:12:55
o professor não não descobriu isso que
00:12:57
para ele ser professor de história ele
00:12:59
tem que produzir história para ele ser
00:13:01
professor de português tem que ter texto
00:13:03
dele de português porque senão fica
00:13:06
também hipócrita ele pedir que o aluno
00:13:08
faça texto e ele mesmo não faz
00:13:14
[Música]
00:13:20
texto então aí mudo também os papéis que
00:13:22
que se espera do aluno o que que se
00:13:23
espera do professor
00:13:25
então o aluno tem tem duas perspectivas
00:13:28
mais claras claro que reduzir o aluno a
00:13:30
duas perspectivas é uma simplificação
00:13:32
mas faço aqui só para que fique claro né
00:13:34
o aluno tem que pesquisar elaborar por
00:13:36
que que pesquisar elaborar é importante
00:13:38
porque está no centro de todas essas
00:13:41
teorias sobretudo é o que o cérebro
00:13:44
humano faz bem
00:13:47
acho que a mãe natureza nos dotou dessa
00:13:49
capacidade de interpretar de reconstruir
00:13:51
de entender ambiguidades que o
00:13:53
computador não sabe entendeu nós sabemos
00:13:55
entender um silêncio nós sabemos
00:13:57
entender uma reticência nós sabemos
00:13:59
entender uma ausência quer dizer o nosso
00:14:02
crânio é é é danado nesse sentido
00:14:05
ele entende coisas ambíguas arruma
00:14:08
coisas obscuras e também obrece coisas
00:14:11
claras também quando quer não é ler nas
00:14:13
entrelinhas e tal nós temos essa imensa
00:14:15
habilidade que aparece então nessa ideia
00:14:18
de pesquisar e elaborar isso nós fazemos
00:14:21
bem o cérebro humano não faz bem por
00:14:24
exemplo escutar alguém falando uma
00:14:26
hora ninguém consegue escutar 1 hora mas
00:14:30
as aulas na universidade são de 1 hora
00:14:32
40 e na escola é de 40 minutos ou mais
00:14:35
também ninguém escuta 40 minutos nem o
00:14:38
adulto então isso é isso aí forçamos a
00:14:40
barra por isso que se diz muito hoje em
00:14:42
dia quem gosta de aula é professor o
00:14:44
aluno entra nessa história de modo geral
00:14:46
como vítima não é respeitado na cabeça
00:14:48
dele nos neurônios dele no modo de ser
00:14:51
dele sobretudo quando ele tem 6 anos né
00:14:53
você vê que o a educação infantil já é
00:14:55
um pouco mais
00:14:56
sábia porque ela está antes da educação
00:14:59
do ensino fundamental e geralmente na
00:15:01
educação infantil não tem aula tem
00:15:04
atividades então para pesquisar precisa
00:15:07
atividade você não pesquisa escutando um
00:15:09
professor você pesquisa se você botar a
00:15:10
mão na massa pegar um livro pegar dados
00:15:12
fizer texto reconstruir texto e assim
00:15:14
por diante então pesquisar e elaborar é
00:15:17
a função são as funções básicas do aluno
00:15:19
elaborar a mesma coisa elaborar o nosso
00:15:21
cérebro elabora bem é como digerir se a
00:15:23
gente olhar o processo de de pegar um
00:15:27
alimento e fazer dele energia na
00:15:30
corrente sanguínea tem todo um ritual
00:15:33
autopoético não é assim de repente não é
00:15:35
de fora para dentro você tem que botar
00:15:37
na boca tem que salivar tem que mastigar
00:15:39
tem que ir pro estômago digerita lá
00:15:41
pelas tantas então de dentro para fora
00:15:44
autopoeticamente né ele se torna energia
00:15:47
na nossa corrente sanguínea elaboração é
00:15:49
isso o aluno aprende se elaborar ou seja
00:15:54
se ele se tornar sujeito de um texto
00:15:57
dele dito de outra maneira se ele se
00:16:00
tornar
00:16:02
autor então aí tem uma grande meta como
00:16:04
eu transformo um aluno autor não lá no
00:16:08
mestrado na
00:16:10
alfabetização ou mais propriamente como
00:16:13
Piagê dizia na no na educação infantil
00:16:15
Pag dizia isso toda criança é um
00:16:17
tremendo
00:16:18
pesquisador quer dizer a criança é cheia
00:16:21
de pergunta quer saber das coisas né
00:16:23
sobe numa escada e cai em seguida sobe
00:16:24
de novo não é quebra um brinquedo para
00:16:26
ver o que tem lá dentro só que a escola
00:16:28
mata isso chega na escola tem que estar
00:16:30
em fila tem que estar em silêncio tem
00:16:32
que estar escutando um adulto então não
00:16:33
é o ambiente dele a gente não respeita
00:16:35
aí essas habilidades cerebrais que nós
00:16:38
temos naturalmente então esse é o papel
00:16:40
do aluno pesquisar e elaborar então isso
00:16:42
muda também o layout da sala né claro
00:16:44
que não vai ser então uma sala de
00:16:46
carteirinhas alinhada tem que ser mesas
00:16:48
redondas grupos de de trabalho também
00:16:50
não precisa ser na sala de aula pode
00:16:52
sair fora também isso coloca uma questão
00:16:54
aí de que não se faz tudo em sala de
00:16:55
aula né acho que o aluno talvez pesquise
00:16:57
melhor até fora
00:17:00
[Música]
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disso então vê o papel do professor
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então o que é que o professor faz se não
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dá aula a grande pergunta porque aqui no
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Brasil você diz que o professor não vai
00:17:14
dar então tá dispensado de jeito nenhum
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tem a função fundamental do professor
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que eu vou também aqui simplificar em
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duas que é avaliar e orientar
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quer dizer vamos começar por avaliar
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quer dizer se você quiser que o aluno
00:17:28
aprenda você tem que saber se ele está
00:17:30
aprendendo então aqui no Brasil existe
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uma uma reação enorme avaliação né então
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na verdade jogamos no lixo a teoria dos
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ciclos da progressão automática se
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baseiam na não existência da avaliação
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então tem um monte de gente que ainda se
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dizem inspirados na pedagogia
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histórico-crítica a revelia do Saviani
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evidentemente dequinho isso aí é
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neoliberal isso aí é prepotente não sei
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o quê e tal e tal e tal aí vira a
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progressão automática todo mundo vai
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caindo para cima né chega na nona série
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não sabe nada então tem que restaurar
00:18:02
essa ideia se você quiser que o aluno
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aprenda bem tem que avaliar
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não posso tirar da avaliação os riscos
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dela o mau uso dela que são enormes por
00:18:14
isso também que avaliar só pode ser
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feito por um especialista por alguém que
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tem condições disso eu não posso
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imaginar que diagnóstico médico venha
00:18:21
venha de um leigo tem que vir de um bom
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médico assim como avaliar na escola tem
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que ser feito
00:18:27
pelor porte adequado mas ele tem que
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avaliar agora qual é a razão de ser da
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avaliação cuidar que o aluno aprenda
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às vezes então mudo o conceito chamo de
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cuidado sistemático porque geralmente
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tem muito charme aquela ideia do
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Leonardo Bof do saber cuidar que é uma
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maravilha na verdade essa proposta né
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então aí saber cuidar parece que não é
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avaliação mas é a mesma coisa quem sabe
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cuidar avalia é como a mãe que tá com o
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filhinho pequeno em casa avalia 24 horas
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por dia não deixa para lá não faz
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progressão automática entendeu vai olhar
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tudo direitinho se a criança chega aos 2
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anos de idade e não fala nada não faz
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progressão automática ela vai cuidar vai
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atrás e cuida do espírito cuida da
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matéria cuida se a criança coma direito
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se cresce direito se tem peso direito né
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e também se se comunica direito se tem a
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as emoções bem colocadas e tal então
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interessante que a gente acha que a
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avaliação foi uma invenção perversa do
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capitalismo digamos uma avaliação é uma
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atividade comum a gente vive na na na
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sociedade se avaliando quando a gente
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encontra as pessoas também avalia as
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pessoas a gente tá junto as pessoas
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sabendo do que se trata porque a
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avaliação em primeiro lugar é
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simplesmente uma necessidade de
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formalizar as coisas para podermos
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tratar com elas então tenho que
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distinguir as coisas tenho que
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classificar as coisas então se eu
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classifico por exemplo as cobras entre
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venenosas e não venenosas é importante
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para
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mim eu não posso dizer: "Não isso é
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invenção capitalista não tem nada a ver
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pô eu tenho que saber o que que é uma
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cobra e para saber o que que é uma coisa
00:19:54
eu tenho que classificar tenho que
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comparar é o que a avaliação faz então
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tem comparações que cabem tem
00:20:00
classificações que cabem e tem as que
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não cabem então ao jogar fora as que não
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cabem não vamos também jogar fora as que
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cabem então tem que saber por exemplo se
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o aluno não aprende eu acho isso
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fundamental aliás o IDEB adotou isso
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cuidar de aluno por aluno e fazer uma
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aprendizagem de certa maneira
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individualizada saber se ele não aprende
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porque os dados dizem que quase todos
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não aprendem para ter uma ideia me
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lembro do dado do SAEB de
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2003 matemática na oitava série 3% dos
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alunos brasileiros tiveram o desempenho
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adequado 3% quase ninguém quer dizer
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desempenho adequado é incrivelmente
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excepcional o normal aqui é aprender
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pésimamente e apesar de sabermos isso de
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termos esses dados a escola continua
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impávida fazendo a mesma aula tocando a
00:20:54
mesma coisa e tal e tal então isso aí
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falta avaliação e a segunda função é a
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orientação que então é todo esse legado
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socrático freiriano né também desses
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outros autores Maturana e tal é de
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orientar então orientar significa uma
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revisão evidentemente muito profunda do
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papel do professor então não é dar aula
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não é ser autocrático entendeu é ter
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também um ambiente de maior proximidade
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com os alunos eh mexer com a motivação
00:21:19
deles estar um pouco mais ao nível deles
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sem também perder a autoridade quer
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dizer a gente não quer aqui que o
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professor perca a autoridade mas muito
00:21:26
menos que ele se mantenha autoritário
00:21:29
então é uma coisa que eu poderia dizer
00:21:31
que não está bem desvendada não está bem
00:21:34
estudada porque parece um conceito meio
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frouxo e é frouxo mas é de suma
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importância o que queria dizer é que ele
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tem a maior tradição pedagógica que
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existe aqui no Ocidente que é a
00:21:44
Socrática
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é a teoria pedagógica mais antiga que
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nós conhecemos e tem exatamente esta
00:21:50
cara da boa orientação dizer o professor
00:21:54
então como uma referência constante pro
00:21:56
pro aluno se sentir avaliado e orientado
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alguns pontos são importantes para
00:22:04
estimular a pesquisa no aluno dentro do
00:22:07
seu estágio social e intelectual de
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desenvolvimento a ambiência atual da
00:22:14
escola conduz a efeitos domesticadores
00:22:16
que em vez de um parceiro de trabalho
00:22:19
prefere o aluno como um aprendiz
00:22:21
dependente é necessário que se ofereçam
00:22:24
ambientes que representem com
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naturalidade um lugar coletivo de
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trabalho que contribuam para desfazer a
00:22:31
noção do aluno como alguém tendente a
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ignorante que comparece para escutar
00:22:36
tomar notas engolir ensinamentos e fazer
00:22:39
provas
00:22:43
é um desafio necessário estimular o
00:22:45
trabalho em grupo buscando um equilíbrio
00:22:48
com o trabalho individual mas a
00:22:51
elaboração individual é absolutamente
00:22:54
necessária tratando-se de questionamento
00:22:57
reconstrutivo supõe-se que cada um
00:22:59
apareça no grupo com elaborações
00:23:01
próprias: pesquisa prévia argumentação
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cuidadosa propostas fundamentadas dados
00:23:08
concretos
00:23:10
a tradição que nós temos de trabalho de
00:23:11
grupo tem sempre muita queixa de que
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quando as pessoas trabalham juntos né ah
00:23:16
alguns trabalham e outros não trabalham
00:23:18
e é uma exploração constante e não tem
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dado muito certo então muitos
00:23:22
professores desistem de trabalho em
00:23:24
equipe eu acho que a gente tem que
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continuar persistindo nisso ainda mais
00:23:27
agora que todo esse ambiente novo aqui
00:23:30
do do século exige muito trabalho em
00:23:32
conjunto né aquele negócio de
00:23:33
especialista isolado que resolve tudo
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sozinho não tem mais na verdade a tal da
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interdisciplinaridade é simplesmente
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trabalho de equipe nenhuma pessoa
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sozinha pode ser interdisciplinar se
00:23:45
interdisciplinar você tem outro do teu
00:23:46
lado que sabe o que você não sabe não é
00:23:49
então é muito importante ah trabalhar
00:23:52
junto eh então na no num tempo mais
00:23:56
tradicional você tentava fazer algum
00:23:58
controle por exemplo o que que eu fazia
00:23:59
constantemente antes de fazer o texto
00:24:01
coletivo todo mundo tem que fazer um
00:24:03
texto individual
00:24:05
então isso é uma acho que um critério
00:24:07
interessante né é a mesma coisa do
00:24:09
projeto
00:24:10
pedagógico as escolas querem fazer
00:24:12
projeto pedagógico coletivo mas os
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professores não têm um individual então
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o que que acontece eles se reúnem
00:24:20
conversam conversam conversam socializam
00:24:22
a
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ignorância e chamam aquilo de projeto
00:24:25
coletivo então qual é o concerto dizia
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para ele primeiro vamos fazer o
00:24:28
individual
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se você reunir 30 professores e cada um
00:24:33
tem o seu bem elaborado você faz uma
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bela discussão pô tem 30 opiniões bem
00:24:36
fundamentadas 30 contribuições nós
00:24:38
podemos fazer um belíssimo projeto
00:24:40
pedagógico é o consenso de toda essa
00:24:42
coisa não dá para fazer direto mas o
00:24:45
nosso costume pedagógico é fazer direto
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então eles acham que tudo que é
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discutido junto já é bom não é bem assim
00:24:51
eu acho que como eu digo sempre no meio
00:24:53
não sai não está só a virtude está
00:24:55
também a mediocridade então aquilo em
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que todo mundo acredita de modo geral é
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medíocre tem que também ter o lado da
00:25:01
coisa mais profunda e a coisa mais
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profunda não dá para fazer a 10 mãos a
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coisa mais profunda geralmente é feita
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com sangue sua fora e lágrima de cada um
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a pessoa tem que procurar tem e tem um
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lado também importante do individual
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acho que a gente tem que se aver consigo
00:25:14
mesmo como é que eu estudo como é que eu
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aprendo como é que eu leio eu não posso
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ler pelo outro não posso pesquisar pelo
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outro também tem o lado individual o
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problema é que o lado individual na
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nossa cultura eurocêntrica é exagerado
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por causa do nosso mercado eh neoliberal
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individualista egoísta dar reviniano e
00:25:31
tal e tal então a genteua muito o lado
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individual então nós aqui temos muito a
00:25:34
ligação do gênio o gênio individual por
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monaliza não dá não pode ser pintada a
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10 pessoas não sai Monalisa para ter uma
00:25:42
monalisa tem que ter um cara sozinho
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fazendo aquilo então nós fizemos um
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culto exagerado ao gênio individual né e
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temos belíssimos exemplos claro os
00:25:51
gênios ocidentais foram maravilhosos
00:25:53
muitos dele por exemplo os grandes
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músicos Beethoven Mozart não dá o que
00:25:58
eles fizeram não dá para fazer em grupo
00:26:00
aquilo só dá para fazer no carisma
00:26:02
individual de cada um mas nós exageramos
00:26:05
nisso aí de tal maneira que ficamos só
00:26:07
com este lado então as pessoas não criam
00:26:09
uma autonomia que se une às outras
00:26:12
autonomias criam uma autonomia que
00:26:14
combatem as outras autonomias então é um
00:26:16
efeito antipedagógico horrível que nós
00:26:20
temos que arrumar então é muito
00:26:23
importante trabalhar em equipe quer
00:26:24
dizer a criança trabalhar com o outro
00:26:26
ter a sua colaboração ajuntar a
00:26:28
colaboração discutir junto saber
00:26:31
ceder porque para fazer um consenso você
00:26:33
tem que saber
00:26:35
ceder na visão individualista você não
00:26:38
cede mas na visão da equipe você tem que
00:26:41
saber ceder tem que estar junto no mesmo
00:26:44
no mesmo patamar então é claro que
00:26:45
aquilo que sai como consenso nem sempre
00:26:48
é muito brilhante mas é aquilo em que as
00:26:50
pessoas acreditam que é muito importante
00:26:52
e geralmente as grandes mudanças na
00:26:53
sociedade vem por esse consenso mesmo
00:26:55
que seja o medíco aquilo em que todo
00:26:57
mundo acredita então acho que a gente
00:26:59
tem que reconquistar isso como tava
00:27:00
dizendo no início a Web 2.0 trouxe aí um
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apoio muito grande porque o IK guarda um
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lastro das
00:27:08
colaborações então quem não colabora não
00:27:11
aparece
00:27:12
então o professor se ele fizer isso numa
00:27:14
wik ele tem como controlar entre aspas
00:27:17
melhor a contribuição de cada um né mas
00:27:20
isso é uma coisa também que pouca gente
00:27:21
faz ainda mas tá disponível então hoje
00:27:23
em dia como a Wikipédia a Wikipédia saiu
00:27:25
de uma colaboração em grupo então lá não
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não adianta ter alguém que não colabora
00:27:28
ele não vai aparecer ele não traz nada
00:27:30
entendeu mas no modo tradicional o
00:27:32
trabalho de grupo sempre teve esse
00:27:34
escândalo aí né uma pessoa que
00:27:36
geralmente num grupo é assim né uma
00:27:37
pessoa mais líder uma pessoa mais safa
00:27:39
até também porque acha que faz melhor
00:27:41
sozinho entendeu então assim ó vocês vão
00:27:43
passear aí e eu me viro depois todo
00:27:44
mundo assina né então eu tenho esse
00:27:46
problema
00:27:49
a habilidade central de pesquisa aparece
00:27:51
na capacidade de elaboração própria ou
00:27:54
de formulação pessoal que determina mais
00:27:57
que tudo um sujeito competente em termos
00:28:00
formais
00:28:02
argumentar fundamentar questionar com
00:28:05
propriedade propor e contrapor são
00:28:08
iniciativas que supõe um sujeito capaz
00:28:11
esta individualidade é
00:28:16
insubstituível podemos destacar alguns
00:28:19
passos importantes da pesquisa
00:28:23
a procura do material será um início
00:28:26
instigador significa habituar o aluno a
00:28:29
ter iniciativa em termos de procurar
00:28:31
livros textos fontes dados
00:28:35
informações com isso visa-se superar a
00:28:38
regra comum de receber as coisas prontas
00:28:41
sobretudo apenas reproduzir materiais
00:28:46
existentes outro passo importante da
00:28:49
pesquisa é a motivação para que o aluno
00:28:51
faça interpretações próprias um começo
00:28:55
em direção a uma elaboração também
00:28:57
própria isso é estimulado e facilitado
00:29:00
pelas tarefas que incentivam um aluno a
00:29:02
escrever o que ele compreendeu quando um
00:29:04
texto é apenas lido reprodutivamente ou
00:29:07
copiado imitativamente ainda não aparece
00:29:10
o raciocínio o questionamento o saber
00:29:13
pensar
00:29:15
quando é interpretado supõe já alguma
00:29:18
forma de participação do sujeito e o
00:29:20
aparente fracasso das experiências com
00:29:23
os alunos não deve desencorajar o
00:29:25
professor a continuar com os exercícios
00:29:27
de escrita
00:29:29
trata-se de um processo que vai se
00:29:32
consolidando com gratas surpresas para
00:29:34
aqueles que investirem
00:29:36
nele esta dinâmica avança ainda mais
00:29:39
quando se trata de saber fazer e refazer
00:29:42
um texto passando-se de leitor a autor
00:29:46
aparecendo a elaboração própria torna-se
00:29:49
visível o saber pensar e o aprender a
00:29:55
aprender e como passo fundamental da
00:29:58
pesquisa temos a reconstrução do
00:30:00
conhecimento que implica processo
00:30:02
complexo e sempre recorrente e que
00:30:04
começa naturalmente pelo senso comum
00:30:07
compreendemos o texto a partir do
00:30:10
contexto isto significa respeitar e
00:30:13
partir do que o aluno traz aceitar que
00:30:16
todos temos uma identidade cultural e
00:30:18
histórica e dominamos alguma linguagem
00:30:22
este conhecimento não deve ser tomado
00:30:24
como entulho ao contrário constitui-se
00:30:27
necessário ponto de partida e referência
00:30:30
constante para elaborarmos o ambiente
00:30:32
imprescindível da relação de sujeito a
00:30:36
seguir lança-se mão do conhecimento
00:30:38
disponível transmitido no sistema
00:30:40
cultural dominante o conhecimento
00:30:43
disponível está nos livros bibliotecas
00:30:46
mídias diversas videotecas
00:30:49
universidades institutos de pesquisa
00:30:52
escolas computadores bancos de
00:30:55
dados com os avanços da informática e da
00:30:59
instrumentação eletrônica em geral esse
00:31:01
acervo está cada vez mais acessível
00:31:04
[Música]
00:31:27
[Música]
00:31:51
neste sentido é fundamental que os
00:31:53
alunos escrevam redijam coloquem no
00:31:56
papel o que querem dizer e fazer
00:31:59
sobretudo alcancem a capacidade de
00:32:01
formular o aluno então explicita sobre
00:32:05
todo esse material o questionamento
00:32:07
sistemático cultivando sempre o mais
00:32:10
vivo espírito crítico aprende a duvidar
00:32:13
a perguntar a querer saber sempre mais e
00:32:16
melhor a partir daí surge o desafio da
00:32:19
elaboração própria através da qual o
00:32:22
sujeito que desperta começa a ganhar
00:32:24
forma expressão contorno perfil deixa-se
00:32:29
para trás a condição de
00:32:33
objeto fazem parte do processo de
00:32:35
ensinar copiar diretamente fazer prova
00:32:39
reprodutiva
00:32:41
decorada reproduzir um texto apenas
00:32:44
fichar realizar só o que é estritamente
00:32:48
mandado reduzir educação à disciplina
00:32:53
fazem parte do processo de
00:32:55
aprender contraler reelaborando a
00:32:59
argumentação refazer com linguagem
00:33:01
própria interpretando com autonomia
00:33:05
reescrever
00:33:06
criticamente elaborar texto próprio
00:33:09
experiência própria formular propostas e
00:33:13
contrapropostas
00:33:24
bem acho que uma estratégia importante é
00:33:27
o professor saber
00:33:29
desenhar temas que interessem aos alunos
00:33:32
então isso também muda muito o pano de
00:33:34
fundo do currículo então você não segue
00:33:37
aquela parafernalha encachotada tal da
00:33:39
grade curricular liter você escolhe
00:33:42
daquilo algumas coisas e a compensação
00:33:46
vai ser fazer bem
00:33:48
que nós chamamos de currículo intensivo
00:33:49
quer dizer não pegar um monte de coisa
00:33:51
uma prateleheira de supermercado cheia
00:33:53
de quinquilharia mas que continua
00:33:55
quinquilharia não pega menos mas esse
00:33:57
menos fazer de cabo a rabo então aí tem
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muitas ideias hoje teóricas importantes
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por exemplo a teoria da aprendizagem que
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se inspira na
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problematização professor que sabe
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elaborar bons problemas sobretudo
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problemas bem situados na vida da
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criança né pode ficar interessante né
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vou dar um exemplo que eu fazia muito
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quando dava Introdução à
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sociologia tem um capítulo na introdução
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de sociologia que se chama socialização
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quer dizer essa força que a sociedade
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faz pra gente seguir as regras da
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sociedade que se você empurrar um pouco
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fica com a sociedade quer que a gente se
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torne
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medíocre né no fundo a socialização é um
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processo de tornar as pessoas medíocres
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o bom menino né o bom aluno tal aquele
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que só segue as regras não faz nada além
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disso então um tema que eu dava para
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eles trabalharem geralmente sou
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medíocre mas professor como é que eu
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faço isso vão procurar você vocês podem
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ler introduções da sociologia vocês
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podem ler autores que trabalharam
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socialização só que vocês vão fazer um
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texto de vocês agora na verdade o a
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primeira coisa interessante é que o tema
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instigava porque fica é surpreendente
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sou medíocre sou medíocre levava um
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susto para depois mostrar que é
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realmente professor de fado o senhor
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tinha razão a sociedade faz uma força
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danada pra gente fazer todo dia a mesma
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coisa a rotina ser igual com todo mundo
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não a gente não tem chance de ser
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diferente e tal né aí vem a tua razão de
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ser: "Ah aqui eu consigo ser diferente
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eu tô fazendo uma introdução sociologia
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diferente porque eu tô fazendo o meu
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texto eu tô fazendo a minha proposta tô
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fazendo as outras coisas" então um tema
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que eu dava sempre então isso já dá um
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outro ânimo entendeu dá vontade de
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buscar alguma coisa conversar com as
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pessoas levar para casa eu me lembro de
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onde chegava pô contei isso em casa
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paraos meus pais meus pais ficaram assim
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atônitos e também disse para eles que
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eles queriam que que eu fosse medíocre
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quer dizer isso pegou a ideia pegou e
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mobilizou muito as pessoas então
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primeiro um belo problema depois então
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vamos ver como é que a gente acha apoios
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então você pode pegar livros você pode
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hoje buscar na internet você pode buscar
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na biblioteca você pode conversar com
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seus colegas você pode ir para outros
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professores entendeu buscando apoios de
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como você elabora a ideia mas a ideia é
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elaborar a ideia não simplesmente pegar
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na internet um pedaço e colar
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reconstruir as coisas refazer a coisa
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fazer um texto seu não é não precisa ser
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empírico porque também existe uma força
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muito grande no Brasil de que tudo tem
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que ser empírico para ser pesquisa não
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pesquisa empírica é um tipo de pesquisa
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acho que já pessoa que que investiga por
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exemplo como é que Sócrates entendia
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maêutica não tá fazendo nada empírico e
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não deixa de ser pesquisa pode ser uma
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belíssima pesquisa inclusive né mas pode
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ganhar muito se for empírica então nem
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sempre também o professor sabe lidar com
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a questão empírica por exemplo vou fazer
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uma pesquisa na minha comunidade sobre
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questão ambiental e aí pode ser muito
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madurismo pode ser uma coisa apressada
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também muita gente diz assim: "Não eu tô
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trazendo revista velha na sala de aula
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porque ele acha que revista velha tem um
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charme especial." Não tem pode ser mero
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lixo entendeu né agora você pode fazer
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de revista velha é uma coisa bonita mas
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porque também não pega uma revista nova
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ficam esses modismos esses estereótipos
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e tal o importante é saber procurar é
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saber também colocar um método na
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procura é saber observar saber
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investigar né por exemplo saber observar
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é muito importante eu posso passar por
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exemplo um dia inteiro vendo uma escola
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e tirar enormes conclusões se eu sei ver
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as pessoas normalmente não sabem ver
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olham mas não vem então saber olhar como
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as coisas acontecem por exemplo com
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aquele com aquela provocação sou
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medíocre as pessoas começaram a ver o
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movimento da sociedade com outros olhos
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onde é que eu vejo essa mediocri em todo
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lugar olhe como as pessoas são
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rotineiras olha como você todo dia
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levanta a mesma hora veste a mesma roupa
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come do mesmo jeito fala mesm mesmas
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coisas nós somos medíocres profundamente
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medíocres
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não podia ser
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diferente então tem mil coisas mil
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maneiras de estudar isso por exemplo
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esse aluno pode estudar isso vendo
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olhando a vida dele olhando a vida dos
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pais ou olhando a vida de colegas e
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fazendo até então um gráfico como é que
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todo dia é um dia atrás do outro a
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rotina que consome a gente e tal ou
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então a conversa sobre como a rotina
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atrapalha a vida da gente tem que sair
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de vez em quando o casamento que acaba
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pela rotina e tal pela mediocridade e
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assim por diante quer dizer de um bom
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problema surge então as oportunidades de
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você cercar o problema e buscar
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atividades que que alimentem esse
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problema então muda evidentemente a sala
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de aula isso você pode fazer melhor fora
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você não vaiar sala de aula então eu
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nunca fiz isso dentro da sala de aula
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fazia a fora mas na escola básica é bom
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fazer muitas vezes as coisas dentro da
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sala de aula porque as tur também são
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grandes você não pode levar para fora a
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qualquer momento mas você pode construir
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um problema que ele possa ver aí também
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tem que ver se há apoio porque o seu pai
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dá um problema que não tem apoio não tem
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livro aí ele teria que um lugar muito
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especial para encontrar apoio então não
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tem não tem sentido mas numa experiência
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que eu fiz em em Curitiba na escola
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Bagose com uma escola confional fizemos
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um semestre lá assim com crianças
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botamos em torno de mesa tem até um
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livrinho publicado sobre isso né e uma
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das coisas que me chamou atenção por
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exemplo era uma menina que botou os pais
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emvorosa porque queria fazer uma
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conclusão bonita do texto dela e andou
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Curitiba toda atrás de de de biblioteca
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de faróis do saber que lá tem uns 20 e
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tantos faróis do saber que é uma cidade
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interessante nesse sentido mas o que é
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que os pais me disseram que estavam
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assim encantados
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a criança pesquisando no nível dela sem
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muito método mas ela queria uma
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conclusão interessante porque ela já
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sabia distinguir entre uma conclusão
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boba e uma conclusão inteligente já era
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um resultado pedagógico extraordinário
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que a aula nunca dá
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na medida que você vai conseguindo com o
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aluno leia bem que o aluno discuta bem o
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aluno questione e sobretudo se
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autoquestione vai entrando também um
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fluxo pedagógico fundamental dentro
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desse ambiente e o professor se sente
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então muito mais como
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formador professor está aí para formar o
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aluno que é então um gesto que no fundo
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vem dele como instigação como motivação
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mas a realização vem do aluno o aluno é
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que tem que saber fazer esse tipo de
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coisa né então na verdade o professor
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ele não perdeu nada o professor saiu
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extremamente valorizado na posição
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maiutica e aí então o chão da pesquisa é
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um chão mais fácil de andar porque nós
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temos muita coisa em cima de pesquisa é
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uma das maiores tradições da
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universidade nórdica não da universidade
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iberoamericana pesquisa como produzir
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conhecimento é um patrimônio imenso da
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humanidade como lidar com o conhecimento
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então ele tem que inserir o aluno aí
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porque é isto que dá chance ao aluno é
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isso que dá oportunidade ao aluno saber
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mexer com conhecimento quer dizer na
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sociedade do conhecimento qual é o
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trunfo é saber construir conhecimento
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não é copiar não é reproduzir m
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[Música]