Documentário: Guerra de Canudos | História do Brasil
Summary
TLDRA Guerra de Canudos, ocorrida entre 1896 e 1897 no Brasil, foi um violento conflito entre um grupo de sertanejos liderados por Antônio Conselheiro e o Exército Brasileiro. Conselheiro, um líder carismático, ganhou popularidade entre os pobres do sertão, criando a cidade de Belo Monte, um refúgio que promovia igualdade e ajuda mútua, sem cobrança de impostos. Essa cidade rapidamente tornou-se uma ameaça para as oligarquias que governavam a nova República, levando a um série de expedições militares que culminaram em um massacre. O evento reflete as profundas desigualdades sociais da época e a luta dos oprimidos, sendo estudado como uma mancha na história do Brasil.
Takeaways
- 📖 A Guerra de Canudos ocorreu entre 1896 e 1897.
- ✝️ Antônio Conselheiro liderou sertanejos em busca de justiça.
- 🏠 Belo Monte era uma cidade sem impostos, baseada na igualdade.
- ⚔️ O Exército Brasileiro enviou expedições para reprimir o movimento.
- 🚨 Resultou em um massacre, com milhares mortos e a cidade destruída.
- 📚 'Os Sertões' de Euclides da Cunha muda a percepção sobre o conflito.
- 💔 Reflete a desigualdade da República Velha e a luta dos oprimidos.
- 🌾 Belo Monte foi um exemplo de autossuficiência e solidariedade.
- 🚧 O governo via Conselheiro e os canudenses como uma ameaça.
- 😢 A história de Canudos é um lembrete das brutalidades sofridas pelos marginalizados.
Timeline
- 00:00:00 - 00:05:00
A guerra de Canudos foi um conflito entre sertanejos pobres liderados por Antônio Conselheiro e o exército brasileiro, ocorrido entre 1896 e 1897 na Bahia. O contexto histórico revela uma república ainda embrionária, que trazia mudanças pouco compreendidas pela população.
- 00:05:00 - 00:10:00
A república no Brasil surgiu de um golpe militar, mantendo desigualdades anteriores à monarquia, devido à influência das oligarquias agrárias e ao desencanto com a abolição da escravatura. O contexto econômico desigual impulsionou revoltas camponesas, refletindo uma continuidade das tensões sociais já existentes na monarquia.
- 00:10:00 - 00:15:00
O nordeste brasileiro, abalado por secas e desigualdade, era um terreno fértil para revoltas, agregando pobreza e religiosidade, como exemplificado pela guerra de Canudos. Alinhado a isso, o banditismo social também emergiu como resposta à exploração durante o período.
- 00:15:00 - 00:20:00
A independência da igreja do estado, após a república, gerou desconfiança nas lideranças religiosas, que perderam influência política, enquanto líderes messiânicos como Conselheiro ganharam espaço, alimentando revoltas e antagonismos contra a elite agrária.
- 00:20:00 - 00:25:00
Antônio Conselheiro, inicialmente professor e pregador, tornou-se líder carismático no sertão, pregando uma terra prometida e atraindo pobres e descontentes, formando uma comunidade em Belo Monte que prosperava sob princípios de igualdade e solidariedade.
- 00:25:00 - 00:30:00
A cidade de Belo Monte, com forte apoio popular e pouco avanço político da elite agrária, representava uma ameaça ao regime republicano, demonstrando uma alternativa de autossuficiência e resistência frente à opressão vigente.
- 00:30:00 - 00:35:00
As tentativas do governo de eliminar Belo Monte e Conselheiro culminaram em várias expedições militares, todas frustradas, evidenciando a força dos seguidores de Conselheiro e a falta de compreensão das condições locais por parte do exército.
- 00:35:00 - 00:40:00
Após derrotas sucessivas, um ataque final ao arraial resultou em um massacre brutal e na destruição de Belo Monte, com relatos de crianças e mulheres sendo vítimas de violentos atos militares, evidenciando a brutalidade do conflito.
- 00:40:00 - 00:47:03
O rescaldo da guerra trouxe reflexões críticas, principalmente por parte de intelectuais como Euclides da Cunha, que reavaliaram a perspectiva sobre os sertanejos e criticaram a atuação do governo, trazendo à tona a narrativa das vítimas e a repressão na República Velha.
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Video Q&A
O que foi a Guerra de Canudos?
Foi um conflito entre sertanejos pobres liderados por Antônio Conselheiro e o Exército Brasileiro entre 1896 e 1897.
Quem foi Antônio Conselheiro?
Um líder religioso e carismático que atraiu seguidores em torno de suas pregações sobre justiça e esperança.
O que aconteceu em Belo Monte?
Belo Monte se tornou uma cidade onde não havia cobrança de impostos e todos eram bem-vindos, representando um modelo de igualdade.
Qual foi a resposta do governo à cidade de Belo Monte?
O governo enviou expedições militares, resultando em um massacre e destruição da cidade.
Como o conflito foi percebido na época?
Inicialmente, muitos viam os habitantes de Belo Monte como bárbaros, mas a perspectiva mudou com a publicação de obras como 'Os Sertões'.
Qual a importância de 'Os Sertões' de Euclides da Cunha?
A obra documenta a realidade do povo canudense e critica a brutalidade do Exército, mudando a percepção sobre o conflito.
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- 00:00:11[Música]
- 00:00:26de um lado do conflito sertanejos pobres
- 00:00:30que seguiam um líder religioso de outro
- 00:00:34o exército brasileiro servindo a causa
- 00:00:37de uma república
- 00:00:39recém-nascida e que trazia mudanças que
- 00:00:43parte considerável do povo não
- 00:00:45compreendi
- 00:00:48a guerra de Canudos foi um conflito que
- 00:00:51ocorreu entre novembro de
- 00:00:531896
- 00:00:55a outubro de 1897
- 00:00:59que colocou sertanejos pobres que se
- 00:01:02organizaram em torno da figura de
- 00:01:05Antônio Conselheiro que era um líder
- 00:01:07religioso em rota de colisão com o
- 00:01:10exército brasileiro e o palco desse
- 00:01:13embate foi o interior do Estado da Bahia
- 00:01:17o conflito está encaixado no contexto da
- 00:01:21república velha e a compreensão das
- 00:01:24características gerais desse período são
- 00:01:28fundamentais para a compreensão sobre o
- 00:01:31que realmente representou esse evento
- 00:01:34meio conflito meio massacre que marcou a
- 00:01:38nossa história
- 00:01:49a República no Brasil nasce de um golpe
- 00:01:53militar dado em uma monarquia que não
- 00:01:56mais agradável como regime político a
- 00:02:00Poderosas camadas da sociedade
- 00:02:01brasileira
- 00:02:03diante disso O setores militares e
- 00:02:07oligarquias agrárias se uniram para dar
- 00:02:10início a uma república que por muito
- 00:02:13tempo
- 00:02:14manteria as mesmas condições desiguais
- 00:02:17no campo que eram vistas durante a
- 00:02:20monarquia
- 00:02:22se é bem verdade que a influência
- 00:02:25republicana Francesa e as ideias
- 00:02:28positivistas no meio militar ajudam a
- 00:02:31entender o sentimento
- 00:02:33profundamente Republicano de muitos
- 00:02:36militares brasileiros que ampliam sua
- 00:02:40importância social após a Vitória na
- 00:02:43guerra do Paraguai não é possível
- 00:02:45entender a derrubada da monarquia sem
- 00:02:49compreender a insatisfação da Elite
- 00:02:51agrária brasileira por causa da perda de
- 00:02:54controle da monarquia sobre o contexto
- 00:02:58abolicionista que culmina com o fim da
- 00:03:01escravidão em 1888
- 00:03:05em boa medida tudo que vimos explodir no
- 00:03:09início da república como as revoltas
- 00:03:11camponesas mantém as mesmas tendências
- 00:03:15que já estavam dadas desde o período da
- 00:03:19monarquia
- 00:03:20uma vez que se algumas mudanças trazidas
- 00:03:24pelo regime republicano
- 00:03:27contribuíram para as revoltas a verdade
- 00:03:30é que a maioria da desigualdade que
- 00:03:34promoveu a revolta dos pobres no país
- 00:03:37vinha sendo alimentada desde o período
- 00:03:40da monarquia
- 00:03:43com uma economia pautada no latifúndio
- 00:03:46voltado para exportação de produtos
- 00:03:48agrícolas o Brasil apresentava uma
- 00:03:52desigualdade enorme no meio rural
- 00:03:55com gigantescas parcelas da sociedade
- 00:03:58Vivendo em péssimas condições
- 00:04:01e mal inseridas produtivamente na
- 00:04:04sociedade
- 00:04:06enquanto o governo composto pelos
- 00:04:09próprios fazendeiros se voltava apenas
- 00:04:13para satisfazer as elites agrárias que
- 00:04:16governavam a república brasileira
- 00:04:19sistema de privilégios não muito
- 00:04:22diferente daquele do período da
- 00:04:24monarquia
- 00:04:26enquanto o migrantes vinham para o
- 00:04:28Brasil com uma lógica de livre trabalho
- 00:04:31e adaptados a um sistema assalariado
- 00:04:34Ainda que os fazendeiros super
- 00:04:37explorassem essa mão de obra estrangeira
- 00:04:40muitos dos nativos dessa terra viviam a
- 00:04:44margem de qualquer desenvolvimento
- 00:04:46econômico
- 00:04:48principalmente com enormes contingentes
- 00:04:51descendentes de escravos
- 00:04:53muitos dos quais com poucas ferramentas
- 00:04:57para se adaptar ao ambiente de suposta
- 00:05:00concorrência
- 00:05:02se a república prometia por força da
- 00:05:06própria palavra uma maior inserção
- 00:05:09cidadã na política e na economia o que
- 00:05:12se viu concretamente foi a manutenção de
- 00:05:15uma intensa exploração do trabalhador
- 00:05:18rural e o ambiente que reprimia qualquer
- 00:05:22tentativa popular de questionamento das
- 00:05:25péssimas condições de vida do povo
- 00:05:29o nordeste do século XIX já não
- 00:05:32apresentava o mesmo crescimento
- 00:05:34econômico de outros tempos e sucessivas
- 00:05:38secas abalaram profundamente as
- 00:05:40condições produtivas da região
- 00:05:42O que representou um duro golpe para o
- 00:05:46território que dependia basicamente da
- 00:05:49agricultura e da pecuária e que tinha um
- 00:05:52enorme contingência de sertanejos pobres
- 00:05:54e não inseridos devidamente na sociedade
- 00:05:59Além do mais a marca de uma região que
- 00:06:02teve seu ápice econômico
- 00:06:05fundado sobre um regime escravocrata e
- 00:06:09Justamente por isso
- 00:06:11alicerçado sobre bases profundamente
- 00:06:13desiguais era o ambiente perfeito para
- 00:06:18explosão de inúmeras revoltas que foram
- 00:06:21sentidas
- 00:06:23intensamente ao longo do século XIX e
- 00:06:26que também marcariam presença no período
- 00:06:29da República Velha fruto do cruzamento
- 00:06:32de pobreza rural com religiosidade forte
- 00:06:35encontramos os mais variados movimentos
- 00:06:38messiânicos que apontam no interior do
- 00:06:41país e do qual o conflito de Canudos é
- 00:06:45um forte exemplo
- 00:06:46embora também fosse muito comum
- 00:06:50encontrarmos o banditismo social como
- 00:06:53saída para as condições de extrema
- 00:06:55pobreza e exploração do período
- 00:06:59não à toa o Nordeste também viveu o
- 00:07:02contexto do Cangaço que era composto por
- 00:07:05Pistoleiros salteadores que também
- 00:07:08faziam trabalhos de jagunço para os
- 00:07:11fazendeiros
- 00:07:12o advento da República no Brasil separou
- 00:07:16igreja e estado fazendo com que
- 00:07:19lideranças religiosas e enormes
- 00:07:21contingentes populacionais no país
- 00:07:24tivessem uma enorme desconfiança em
- 00:07:27relação ao regime republicano que surgir
- 00:07:30Além disso também é importante observar
- 00:07:34que muitas localidades tinham na figura
- 00:07:37do padre local um dos poucos meios de
- 00:07:41influência política
- 00:07:42para além dos coronéis que mandavam nas
- 00:07:45regiões
- 00:07:47é desse misto de pobreza Rural secas
- 00:07:50abandono super exploração e
- 00:07:54religiosidade que nasce o que conhecemos
- 00:07:57como Guerra de Canudos o confronto entre
- 00:08:01de um lado oligarquias rurais
- 00:08:05e setores urbanos que não entendiam o
- 00:08:09Brasil profundo e de outro sertanejos
- 00:08:12pobres guiados por um misto de revolta e
- 00:08:16fé profunda em um líder messiânico
- 00:08:20em um país com Ampla população
- 00:08:22analfabeta
- 00:08:24abandonada e marcada por muitos anos da
- 00:08:28imposição do catolicismo como religião
- 00:08:30oficial
- 00:08:31as revoltas aglutinadas em torno de
- 00:08:34figuras religiosas
- 00:08:36brotam quase que naturalmente
- 00:08:40sobretudo porque as elites agrárias que
- 00:08:43governam o país voltam cada vez mais a
- 00:08:47sua política para os seus interesses de
- 00:08:49enriquecimento a partir da agricultura
- 00:08:52de exportação
- 00:08:54enquanto o povo mais pobre se vê
- 00:08:57açoitado pela pobreza pela fome e pela
- 00:09:01imposição de um estado que cobra
- 00:09:03tributos sem dar nada em troca
- 00:09:06[Música]
- 00:09:07O interessante é que a Igreja Católica
- 00:09:11sabia exatamente da força que o
- 00:09:14messianismo poderia representar como
- 00:09:16força transformadora
- 00:09:19tanto que o Papa Pio nono na década de
- 00:09:231860
- 00:09:24iniciou um movimento para combater a
- 00:09:28influência de pregadores leigos sobre a
- 00:09:32população mais pobre de pequenas
- 00:09:34localidades
- 00:09:36o que era bastante comum no Nordeste e
- 00:09:39em tantos outros rincões do nosso Brasil
- 00:09:42profundo
- 00:09:44conforme a história vai nos demonstrar a
- 00:09:47igreja não chegou cedo o suficiente para
- 00:09:50impedir que um pregador leigo tivesse
- 00:09:54influência sobre o sertanejos do
- 00:09:56interior da Bahia
- 00:09:58e é justamente por isso que podemos
- 00:10:01falar sobre um evento histórico chamado
- 00:10:05de Guerra de Canudos
- 00:10:28no dia 13 de Março de 1830
- 00:10:31nasce Antônio Vicente Mendes Maciel
- 00:10:35filho de um comerciante em uma província
- 00:10:38do Ceará
- 00:10:40figura que começou sua vida profissional
- 00:10:42como professor com a morte do pai e por
- 00:10:46causa de problemas no seu casamento já
- 00:10:49que sua mulher o traiu com o sargento
- 00:10:51passa a mudar se constantemente e a
- 00:10:55trabalhar em diferentes funções
- 00:10:56profissionais
- 00:10:58com o tempo açoitado pela vergonha da
- 00:11:02traição da esposa que o abandona
- 00:11:04definitivamente
- 00:11:061860 e pelo insucesso de sua vida
- 00:11:09profissional
- 00:11:11Antônio Vicente
- 00:11:13perde-se pelos erros do Sertão e
- 00:11:16abandona sua identidade original
- 00:11:19errando pelos caminhos a pregar e reunir
- 00:11:22seguidores em torno de suas críticas
- 00:11:25políticas religiosas e sociais o que vai
- 00:11:30desaguar no ajuntamento de uma grande
- 00:11:33quantidade de seguidores
- 00:11:36composta por sertanejos pobres
- 00:11:39jagunços e fanáticos empobrecidos que
- 00:11:43tinham ódio do Regime Republicano
- 00:11:46na década de 1870 Antônio Vicente já é
- 00:11:51conhecido como Antônio Conselheiro
- 00:11:54figura que vaga pelos sertões a pregar e
- 00:11:58a propor sermões de cunho político e
- 00:12:00religioso
- 00:12:02tendo como um de seus temas centrais a
- 00:12:05questão da esperança e uma terra
- 00:12:07prometida
- 00:12:08questão que se materializará no futuro
- 00:12:11em uma jornada e na consolidação da
- 00:12:14localidade de Belo Monte
- 00:12:16Conselheiro conseguiu forte apoio já que
- 00:12:20mantinha um sistema de compaderio em
- 00:12:22várias localidades uma vez que seu grupo
- 00:12:26contribuía com a organização de eventos
- 00:12:28para a arrecadação de fundos para igreja
- 00:12:31e também trabalhavam na construção e na
- 00:12:35reforma de obras públicas
- 00:12:38o que era muito bem recebido pelo menos
- 00:12:41no início por lideranças religiosas e
- 00:12:44por coronéis dos mais variados lugares
- 00:12:48em meados da década de 1870 Conselheiro
- 00:12:52já é citado em alguns jornais locais
- 00:12:54como um risco para a ordem pública por
- 00:12:59causa de seu carisma e da liderança
- 00:13:01política que exerce tendo sido preso na
- 00:13:04Bahia em
- 00:13:061876 para ser novamente solto e
- 00:13:10recomeçar sua jornada de pregação e
- 00:13:13contribuição Com obras públicas
- 00:13:17por causa de uma seca monstruosa de
- 00:13:201877 o contingente de famílias
- 00:13:24empobrecidas e que vagam pelo Sertão
- 00:13:27aumenta
- 00:13:28imensamente
- 00:13:30muitas das quais irão compor o grupo de
- 00:13:33seguidores de Antônio Conselheiro que
- 00:13:36justamente por causa de sua influência
- 00:13:37crescente é proibido de pregar em
- 00:13:40igrejas no ano de 1882
- 00:13:45Conselheiro reunia discursos
- 00:13:47Apocalípticos crítica política e jargões
- 00:13:50populares para fazer suas pregações
- 00:13:53enfáticas nas quais os seus seguidores
- 00:13:56enxergavam representação para suas
- 00:13:59demandas e insatisfações
- 00:14:02e o recurso narrativo a questão da terra
- 00:14:04prometida
- 00:14:05apontava um caminho esperançoso para um
- 00:14:09povo que vivia sobre péssimas condições
- 00:14:12em um ambiente difícil no semiárido
- 00:14:15brasileiro a proclamação da república
- 00:14:18golpe militar apoiado pelas oligarquias
- 00:14:21fazendeiras do Brasil foi um evento que
- 00:14:24não contou com mobilização popular e as
- 00:14:28mudanças laicas que o novo regime trazia
- 00:14:31caíram como uma bomba na percepção de
- 00:14:35amplas camadas da sociedade pobre e
- 00:14:38religiosa brasileira e para Antônio
- 00:14:41Conselheiro isso não passou batido nem
- 00:14:44para seus seguidores
- 00:14:47embora seja incorreto e reducionista
- 00:14:50associar o movimento de Conselheiro a um
- 00:14:54grupo de apoiadores políticos da
- 00:14:55monarquia é totalmente correto dizer que
- 00:15:00o catolicismo Popular que vigorava no
- 00:15:03Sertão via com referência a figura do
- 00:15:06monarca brasileiro
- 00:15:08sobretudo Porque durante a monarquia a
- 00:15:12religião considerada oficial pelo Estado
- 00:15:14era a católica e é por isso que a
- 00:15:19laicidade do Estado cai como uma bomba
- 00:15:22na vida de vários setores sociais
- 00:15:26a carga de tributos em impostos que
- 00:15:29foram implementados pelo regime
- 00:15:31republicano
- 00:15:32irritou enormemente a população pobre no
- 00:15:36Brasil
- 00:15:37e isso contribuiu muito para que o povo
- 00:15:40brasileiro ficasse com uma impressão
- 00:15:43ainda mais negativa a respeito da
- 00:15:46República que nascia
- 00:15:48já que além do estado pouco fazer pela
- 00:15:52população ainda retirava o pouco que as
- 00:15:56pessoas tinham o que frequentemente
- 00:15:59estava nas pregações de Conselheiro
- 00:16:01contra o regime tributário Republicano
- 00:16:04Conselheiro não apenas criticava a
- 00:16:07questão tributária instituída pelo
- 00:16:09regime republicano como também liderou o
- 00:16:12movimentos de rua contra imposição de
- 00:16:15tributos
- 00:16:16como que ocorreu no ano de 1893 em
- 00:16:21várias cidades baianas onde
- 00:16:23manifestantes incendiaram placas que
- 00:16:27apresentavam normas e valores dos
- 00:16:29tributos impostos à sociedade baiana
- 00:16:33protestos Nos quais a polícia Estadual
- 00:16:36foi derrotada pelos manifestantes quando
- 00:16:39tentou conter os atos
- 00:16:43[Música]
- 00:16:58após 20 anos de andanças pelo Sertão e
- 00:17:02também pelo litoral Antônio Conselheiro
- 00:17:05firma pé numa localidade do interior da
- 00:17:08Bahia que viria a chamar de Belo Monte o
- 00:17:12que ocorreu em 1893
- 00:17:15local em que o líder e seus seguidores
- 00:17:18construíram uma cidade de renegados na
- 00:17:21qual todos eram bem-vindos não havia
- 00:17:24cobrança de impostos e casas eram
- 00:17:27construídas para quem ali quisesse morar
- 00:17:31desde que a pessoa estivesse ciente de
- 00:17:34que teria os mesmos direitos e deveres
- 00:17:37que todos os outros
- 00:17:40encaixada não vale entre Colinas drenado
- 00:17:43por um rio intermitente e com acesso à
- 00:17:46estradas surge a cidade de Belo Monte no
- 00:17:50povoado de Canudos interior da Bahia
- 00:17:54com a construção de igrejas escolas
- 00:17:57fortificações para armas e casas de
- 00:18:00barro para onde muitas pessoas se
- 00:18:03dirigem por causa da recepção que o povo
- 00:18:06mais pobre recebe nesta cidade
- 00:18:10famílias recebiam alimentos e roupas até
- 00:18:13conseguirem organizar as suas vidas e na
- 00:18:16cidade não havia o conceito de
- 00:18:18propriedade privada
- 00:18:21sem qualquer conexão com as ordens do
- 00:18:23estado da igreja ou de qualquer Coronel
- 00:18:26local a religiosidade a auto-organização
- 00:18:30e o Carisma da figura de Conselheiro
- 00:18:34mantinham a população organizada e
- 00:18:37fazendo a cidade crescer
- 00:18:39isso além das doações que eram
- 00:18:42destinadas ao povo por parte de pessoas
- 00:18:45que tinham carinho e que confiavam na
- 00:18:48figura do líder messiânico que tanto
- 00:18:51atuou no interior da Bahia em benefício
- 00:18:54das mais variadas causas sociais
- 00:18:58o fruto da produção de todos que
- 00:19:00trabalhavam no Arraial era dividido
- 00:19:03igualmente para satisfazer as
- 00:19:06necessidades de todos que moravam na
- 00:19:08cidade
- 00:19:09a semelhando-se muito ao comunismo dos
- 00:19:12primeiros cristãos que vivem
- 00:19:15comunitariamente sem a noção de
- 00:19:17propriedade privada e partilhando tudo
- 00:19:20entre todos
- 00:19:22conforme a necessidade de cada um
- 00:19:27composta por caboclos pobres índios
- 00:19:32ex- escravos
- 00:19:34jagunços trabalhadores empobrecidos e
- 00:19:38todo tipo de figura social que se sentir
- 00:19:41excluída
- 00:19:42Belo Monte contou com uma população de
- 00:19:4515 mil pessoas
- 00:19:48uma cidade de porte considerável para o
- 00:19:52interior da Bahia e que preocupava as
- 00:19:55lideranças políticas já que drenavam
- 00:19:58parcelas da população de perto de
- 00:20:01coronéis que utilizavam enormes
- 00:20:04contingentes empobrecidos como massa de
- 00:20:08manobra eleitoral em um contexto de voto
- 00:20:11de cabresto
- 00:20:13característica básica da República Velha
- 00:20:16desigual e dominada pelas oligarquias
- 00:20:19agrárias
- 00:20:21a cidade contava com uma guarda armada
- 00:20:24de 1.200 homens
- 00:20:26muitos dos quais jagunços da região que
- 00:20:29foram viver no povoado
- 00:20:32liderados por uma liderança militar
- 00:20:34chamado João Abade conhecido como chefe
- 00:20:38do povo que coordenava a guarda
- 00:20:41conhecida como Companhia do Bom Jesus
- 00:20:44que era uniformizada e recebia souldo e
- 00:20:49as bençãos de Antônio Conselheiro para
- 00:20:51defender as pessoas que viviam em Belo
- 00:20:53Monte
- 00:20:54sinal de que havia uma concepção
- 00:20:57avançada sobre organização social e de
- 00:21:01autodefesa
- 00:21:03inclusive com táticas de guerrilha com
- 00:21:06foco no conhecimento da região
- 00:21:26por tudo que Belo Monte representava a
- 00:21:30República Oligárquica agrária que surgiu
- 00:21:32no Brasil não poderia tolerar a sua
- 00:21:36existência
- 00:21:37já que os princípios de igualdade e de
- 00:21:41não reconhecimento do Estado ou do Poder
- 00:21:44dos coronéis poderia contagiar a
- 00:21:47gigantesca população pobre que vivia nas
- 00:21:51mais variadas regiões do país
- 00:21:54de forma que as bases do regime que
- 00:21:56nascia estavam sob forte questionamento
- 00:22:00em um país de Franca a maioria da
- 00:22:03população pobre e abandonada
- 00:22:06em 1894 é escolhido o primeiro
- 00:22:10presidente da República no Brasil
- 00:22:12através do voto que foi Prudente de
- 00:22:16Morais
- 00:22:17uma vez que os primeiros presidentes do
- 00:22:20Brasil não eleitos pelo voto foram
- 00:22:23militares que acenderam ao poder no
- 00:22:26golpe militar que depois Dom Pedro II
- 00:22:30e que pôs fim ao período da monarquia no
- 00:22:32Brasil
- 00:22:34contexto que fortaleceu as mesmas elites
- 00:22:37agrárias que viriam a derrubar a família
- 00:22:40real do poder e herdar um Brasil
- 00:22:42desigual sobre o qual construíram a sua
- 00:22:46fortuna e a sua influência
- 00:22:49embora o cimento que unia a cidade de
- 00:22:51Belo Monte não fosse a questão
- 00:22:53monarquista a república surgiu com o
- 00:22:57Espírito de gatos escaldado já que
- 00:23:00Prudente de Morais representante dos
- 00:23:02cafeicultores
- 00:23:04assumi a presidência ainda com a memória
- 00:23:07recente do que representou a revolta da
- 00:23:10armada e tendo que digerir a divisão
- 00:23:14entre apoiadores e opositores ao governo
- 00:23:16que foi imposta pela insubimissa
- 00:23:19revolução federalista no Rio Grande do
- 00:23:22Sul
- 00:23:24a cidade de Belo Monte continha em si
- 00:23:28tudo aquilo que o restante do país não
- 00:23:32oferecia o povo pobre que vivia no
- 00:23:35interior
- 00:23:36condições de igualdade dignidade
- 00:23:40moradia
- 00:23:42alimentação e o direito de ainda ver na
- 00:23:46religiosidade
- 00:23:47um eixo central de sua vida
- 00:23:52elementos que não estavam presentes na
- 00:23:55tumultuada República que surgir sobre os
- 00:23:59escombros de uma monarquia que também
- 00:24:02não oferecia condições muito melhores ao
- 00:24:06povo brasileiro
- 00:24:07para além de uma imagem pomposa e de uma
- 00:24:11visão paternal que se desenvolvia em
- 00:24:13torno de Dom Pedro II
- 00:24:17muitos fatores confluíram para produzir
- 00:24:20a realidade de Belo Monte como uma
- 00:24:23afronta o regime republicano que surgiu
- 00:24:26a insatisfação Popular com os impostos
- 00:24:29implementados pelo regime republicano a
- 00:24:32desconfiança do Povo em relação a um
- 00:24:35estado que se separava
- 00:24:38institucionalmente da igreja
- 00:24:41a insatisfação com uma república que
- 00:24:45surgir sobre o signo da baioneta que
- 00:24:49reprimia o povo e que era bancada por
- 00:24:52uma elite agrária que a explorava
- 00:24:56em Belo Monte foi possível ver o
- 00:24:59progressivo estreitamento de relações
- 00:25:01entre setores populares que se rebelavam
- 00:25:06visceralmente contra a manutenção das
- 00:25:09desigualdades e da exploração
- 00:25:13como foi possível perceber na relação
- 00:25:15entre seguidores de Antônio e
- 00:25:17Conselheiro e de membros do Cangaço
- 00:25:19grupo armado que passou a atuar
- 00:25:22protegendo a cidade que simbolizava um
- 00:25:26Oasis social em meio ao ser tão desigual
- 00:25:29que não diferia do restante do interior
- 00:25:32brasileiro
- 00:25:34além da massa de manobra para imposição
- 00:25:37do voto de cabresto Belo Monte também
- 00:25:40atraía contingentes populacionais que
- 00:25:44serviam como mão de obra a ser explorada
- 00:25:48pelas oligarquias nordestinas
- 00:25:51que passaram a ver na cidade um grande
- 00:25:54risco
- 00:25:55não só ao seu poder político como também
- 00:26:00aos seus interesses econômicos uma vez
- 00:26:04que as mesmas elites que detinham o
- 00:26:07poder econômico também davam o Tom
- 00:26:10político da Nação já que os governantes
- 00:26:14eram basicamente
- 00:26:16representantes desses setores
- 00:26:19as altas esferas clericais da igreja
- 00:26:22também se viam ameaçadas pela influência
- 00:26:25que Conselheiro representava como líder
- 00:26:28religioso leigo
- 00:26:30Conselheiro representava tudo aquilo que
- 00:26:33a igreja temia e que o Papa Pio XI
- 00:26:37propôs quando implementou normativas
- 00:26:40para combater a influência de pregadores
- 00:26:43leigos que estavam entranhados na
- 00:26:46realidade social das camadas mais pobres
- 00:26:49e que representavam uma ameaça para as
- 00:26:54mais variadas oligarquias e para o
- 00:26:57próprio poder e Ostentação da igreja
- 00:27:02o Papa Pio 9 viveu o contexto de
- 00:27:06agitação na Europa com a emergência do
- 00:27:09socialismo e de movimentos populares e
- 00:27:12republicanos na Itália Onde ficava a
- 00:27:15sede papal
- 00:27:16O que significa que o contexto que
- 00:27:19fervilhava no Brasil era um Eco de
- 00:27:22muitas questões misturadas ao tempero
- 00:27:26local brasileiro
- 00:27:28de forma que é completamente
- 00:27:30compreensível a preocupação da igreja
- 00:27:33católica em relação à pregação de
- 00:27:36lideranças religiosas leigas rivalizando
- 00:27:39com elementos do topo da igreja que
- 00:27:42estavam distantes da realidade social
- 00:27:44dos mais pobres
- 00:27:47o governo Republicano vendia a população
- 00:27:50urbana A ideia de que Belo Monte
- 00:27:53tratava-se de um levante de Bárbaros
- 00:27:56fanáticos religiosos que eram manobrados
- 00:28:00pela família real para trazer de volta o
- 00:28:04regime monárquico ao país
- 00:28:06o que galvanizou a opinião pública do
- 00:28:09setores urbanos contra os seguidores de
- 00:28:11António Conselheiro
- 00:28:13garantindo que um levante armado pudesse
- 00:28:16ser organizado para destruir a cidade
- 00:28:20em 1895 a igreja envia representantes
- 00:28:25para Averiguar o que está acontecendo na
- 00:28:28região do Arraial de Canudos
- 00:28:31o que tem como resultado um parecer dos
- 00:28:35agentes católicos de que uma intervenção
- 00:28:38do governo federal é necessário por
- 00:28:41causa da campanha feita na cidade pelo
- 00:28:44não pagamento de impostos
- 00:28:47logicamente Além do fato dos moradores
- 00:28:50da cidade plantarem os mais variados
- 00:28:53cultivos para subsistência e de
- 00:28:57concilá-los com a criação de cabras a
- 00:29:00integração bem sucedida cultural e
- 00:29:03economicamente do movimento de
- 00:29:06Conselheiro com outras cidades do
- 00:29:09interior da Bahia
- 00:29:10começa a preocupar as oligarquias que
- 00:29:14tem que o exemplo contagia novos
- 00:29:17movimentos e sirva de exemplo para Nova
- 00:29:21Cidade
- 00:29:23em 1896 para construir uma igreja Belo
- 00:29:29Monte encomenda Madeiras em Juazeiro
- 00:29:32pagando previamente pelo material
- 00:29:36e o atraso da entrega levanta o boato de
- 00:29:40que o seguidores de Conselheiro iriam
- 00:29:43saquear a cidade para pegar a madeira o
- 00:29:48que deságua no chamado de tropas
- 00:29:50estaduais para proteger a cidade
- 00:29:53é esse o episódio que dá início ao
- 00:29:56confronto entre forças militares e o
- 00:30:01povo de Belo Monte
- 00:30:31em novembro de 1896 a primeira expedição
- 00:30:36militar é organizada recrutando forças
- 00:30:40do Estado da Bahia com pouco mais de 100
- 00:30:43homens para ir até Belo Monte confrontar
- 00:30:47as forças organizadas por Antônio
- 00:30:49Conselheiro
- 00:30:51o que sequer chega a se concretizar uma
- 00:30:54vez que combatentes ligados a
- 00:30:57Conselheiro
- 00:30:58interceptam as tropas do governo no meio
- 00:31:00do caminho e impõe uma derrota rápida
- 00:31:04forçando as tropas a retornarem para
- 00:31:07Juazeiro
- 00:31:08apavorando a cidade e gerando fuga de
- 00:31:12pessoas que tem uma invasão dos
- 00:31:15seguidores do líder messiânico
- 00:31:18em janeiro de
- 00:31:201897 uma segunda expedição é organizada
- 00:31:25novamente recrutando tropas do Estado da
- 00:31:28Bahia e agora liderada pelo Major
- 00:31:32febrônio Pereira de Brito Só que desta
- 00:31:35vez com mais de 600 homens
- 00:31:39o que não muda em nada o resultado da
- 00:31:42primeira expedição uma vez que os
- 00:31:45seguidores de Antônio Conselheiro
- 00:31:48interceptam mais uma vez as tropas no
- 00:31:50meio do caminho e impõe uma derrota
- 00:31:53ainda mais grandiosa do que a primeira
- 00:31:55deixando soldados sem qualquer condição
- 00:31:59de combate
- 00:32:02em 1897 Machado de Assis o grande
- 00:32:07escritor brasileiro
- 00:32:08chama a atenção para o fato de que as
- 00:32:11tropas brasileiras assim como a
- 00:32:14população urbana do país estão a
- 00:32:17combater forças sobre as quais pouco
- 00:32:20conhecem e que seria necessário conhecer
- 00:32:23mais sobre o movimento de Antônio
- 00:32:25Conselheiro sobre o qual se tem uma
- 00:32:29visão mais caricatural do que real antes
- 00:32:33de se formular qualquer parecer de apoio
- 00:32:35ou repúdio A Belo Monte
- 00:32:39em fevereiro de 1897 o governo federal
- 00:32:44organiza uma expedição militar robusta
- 00:32:46com 1300 soldados sobre o comando do
- 00:32:50Coronel Antônio Moreira César
- 00:32:53militar sanguinário conhecido por
- 00:32:56arrancar cabeças na revolução
- 00:32:58federalista
- 00:33:00mas nem o contingente nem o coronel que
- 00:33:05morreu em decorrência de ferimentos
- 00:33:07obtidos nesse combate
- 00:33:09conseguem sucesso
- 00:33:11sendo forçados a bater em retirada
- 00:33:14diante das dificuldades contra as tropas
- 00:33:18de Conselheiro e contra sobrevivência em
- 00:33:21um ambiente semiárido deixando para
- 00:33:24atrasar mas que serão utilizadas pelas
- 00:33:27forças de Belo Monte
- 00:33:30a essa altura do campeonato o governo de
- 00:33:33Prudente de Morais já era amplamente
- 00:33:36criticado pela derrota das 13 expedições
- 00:33:39militares que foram enviadas ao Arraial
- 00:33:42de Canudos e nos meios urbanos já
- 00:33:45pairavam grande desconforto e
- 00:33:48constrangimento nos meios republicanos
- 00:33:51por causa da possível derrota para o que
- 00:33:54esses setores pensavam ser restauradores
- 00:33:58da monarquia
- 00:34:00em junho de 1897 é organizada a quarta
- 00:34:05expedição sobre o comando do General
- 00:34:08Artur Oscar de Andrade Guimarães que
- 00:34:13conta inicialmente com 5.000 soldados
- 00:34:17sendo reforçado posteriormente chegando
- 00:34:20a 10 mil homens com batalhões vindos de
- 00:34:24São Paulo Bahia Amazonas e Pará e será
- 00:34:28justamente essa quarta expedição que irá
- 00:34:31derrotar e destruir
- 00:34:34a cidade de Belo Monte
- 00:34:37em agosto de 1897 é possível ler relatos
- 00:34:41sobre como os canhões das tropas
- 00:34:45brasileiras
- 00:34:46destroem a cidade
- 00:34:48com uma atenção especial aos ataques que
- 00:34:52destroçam completamente as igrejas
- 00:34:54presentes em Belo Monte
- 00:34:57símbolos centrais da fé que serve de
- 00:35:00coesão ao povo que vive no Arraial de
- 00:35:02Canudos
- 00:35:04a disposição das casas em Belo Monte
- 00:35:08dificulcutava o combate servia de
- 00:35:10barricadas para entrada de tropas do
- 00:35:13governo e isso parece ter sido pensado
- 00:35:16pelos organizadores da cidade assim como
- 00:35:19a igreja do Bom Jesus que também servia
- 00:35:22de fortificação com suas paredes grossas
- 00:35:25e suas Torres que funcionavam como
- 00:35:28pontos altos para atiradores da Guarda
- 00:35:30de Antonio Conselheiro
- 00:35:33mesmo avançando contra as tropas de
- 00:35:35Antônio Conselheiro o exército
- 00:35:38brasileiro se vê em séries dificuldades
- 00:35:41logísticas
- 00:35:42posto que a comida é insuficiente para
- 00:35:45abastecer os milhares de homens que
- 00:35:48compõem as tropas da República
- 00:35:50o que produz condições de desespero que
- 00:35:54levam soldados a apelar para a fauna
- 00:35:57Flora local para conseguir sobreviver em
- 00:36:00um ambiente ao qual a maioria dos
- 00:36:03Soldados não estavam adaptados
- 00:36:06em setembro de 1897 Os relatos são de
- 00:36:11cerco total e de massacre dos últimos
- 00:36:14resistentes das guardas ligadas Antonio
- 00:36:17Conselheiro Líder que teve sua morte
- 00:36:20registrada no dia 22 de setembro
- 00:36:23momento imortalizado pelas lentes de
- 00:36:27Flávio de Barros que tirou uma foto do
- 00:36:30cadáver exumado de Antônio Conselheiro
- 00:36:33que teve sua cabeça decepada após o
- 00:36:35registro fotográfico e foi levada como
- 00:36:38prêmio exposto pelo exército brasileiro
- 00:36:42em 29 de setembro os registros São de
- 00:36:46uma cidade destruída e quase totalmente
- 00:36:48dominada pelas forças militares do
- 00:36:51governo com crianças órfãs correndo por
- 00:36:54todos os lados
- 00:36:56posto que quase toda a população da
- 00:36:58cidade de Belo Monte morreu em combate
- 00:37:02defendendo que julgava ser a terra
- 00:37:04prometida de que António Conselheiro
- 00:37:06tanto falava em suas pregações
- 00:37:11no dia 2 de outubro um dos poucos
- 00:37:14auxiliares Sobreviventes de Antonio
- 00:37:16Conselheiro
- 00:37:18negocia com Oficiais do Exército
- 00:37:20Brasileiro uma rendição para um dos
- 00:37:24grupos que restaram na cidade e consegue
- 00:37:27a promessa de que serão poupadas
- 00:37:30trato que é descumprido posto que todos
- 00:37:33os que se entregaram foram massacrados e
- 00:37:36não mais vistos inclusive o auxiliar que
- 00:37:40negociou com Os oficiais deserto
- 00:37:43é importante observar que em sua maioria
- 00:37:46o sobreviventes que se renderam ao
- 00:37:49exército brasileiro eram mulheres e
- 00:37:52crianças
- 00:37:54no dia 5 de outubro a cidade de Belo
- 00:37:57Monte é completamente tomada e as suas
- 00:38:00mais de 5 mil casas São incendiadas
- 00:38:04tendo resultado ao final do combate um
- 00:38:08agrupamento de mulheres e de crianças
- 00:38:11assim como quatro combatentes
- 00:38:13resistentes que lutaram até o final em
- 00:38:16suas trincheiras
- 00:38:18dois homens um menino e um idoso
- 00:38:22queimaram e não se entregar
- 00:38:53Euclides da Cunha foi um escritor e
- 00:38:56jornalista brasileiro que teve vivência
- 00:38:59no mundo militar e jornalístico e que a
- 00:39:02princípio foi um grande entusiasta da
- 00:39:05jornada Militar do governo brasileiro
- 00:39:07contra Belo Monte
- 00:39:10tendo estado em campo como
- 00:39:12correspondente do Jornal O Estado de São
- 00:39:15Paulo ele acabou mudando Sua percepção
- 00:39:18sobre o que realmente o movimento de
- 00:39:20Antônio Conselheiro representava
- 00:39:23o que pode ser percebido pela mudança
- 00:39:26que seus textos apresentam com o passar
- 00:39:29do tempo
- 00:39:31Euclides da Cunha deixou um belo
- 00:39:33registro do ambiente do povo e do
- 00:39:36conflito em Sua obra os Sertões que foi
- 00:39:40publicada pela primeira vez em 1902 e a
- 00:39:44evolução da percepção do jornalista
- 00:39:46sobre o conflito é um dos dados mais
- 00:39:49interessantes da vida dele
- 00:39:52visto que a crítica de Machado de Assis
- 00:39:55a respeito do desconhecimento que
- 00:39:58setores urbanos tinham sobre Belo Monte
- 00:40:01e sobre Antônio Conselheiro se aplicava
- 00:40:04ao clides da Cunha em seus primeiros
- 00:40:07anos de crítica entusiasmada contra o
- 00:40:10povoado de Canudos
- 00:40:14porém a obra os Sertões vem para
- 00:40:17demonstrar que o autor havia mudado
- 00:40:20completamente a Sua percepção a respeito
- 00:40:23do que Belo Monte e Antônio Conselheiro
- 00:40:26representava
- 00:40:28assim como é perceptível a decepção de
- 00:40:32Euclides com o Exército e com o governo
- 00:40:35republicano
- 00:40:37tanto que a obra recebida com muitos
- 00:40:40elogios da crítica assim como lhe rendeu
- 00:40:43um convite para fazer parte da Academia
- 00:40:46Brasileira de Letras e para o Instituto
- 00:40:48Histórico e geográfico brasileiro
- 00:40:53tendo contato com o que antes era
- 00:40:55chamado pejorativamente e genericamente
- 00:40:58como jagunço
- 00:41:00Euclides percebe que nenhuma diferença
- 00:41:03substancial havia entre os soldados que
- 00:41:07lutavam pela república e as tropas de
- 00:41:10Conselheiro
- 00:41:11e vai construindo uma percepção heróica
- 00:41:14sobre os combatentes de Belo Monte no
- 00:41:18final
- 00:41:18observando-os como cidadãos brasileiros
- 00:41:21Valentes base corajosa da nossa nação
- 00:41:27em setembro de 1897
- 00:41:30Euclides da Cunha chega a região de
- 00:41:33Canudos na qual descreve a cidade de
- 00:41:36Belo Monte e o ambiente natural
- 00:41:39de onde podemos extrair o curioso caso
- 00:41:42do arbusto chamado de favela
- 00:41:45planta que serviu de inspiração para
- 00:41:47alguns soldados que voltaram da Guerra
- 00:41:50de Canudos e foram morar no Morro da
- 00:41:53Providência no Rio de Janeiro
- 00:41:56ao qual deram apelido de Morro da Favela
- 00:41:59em lembrança ao que viram na região de
- 00:42:02Canudos o que não demoraria a se
- 00:42:05generalizar e caracterizar morros com
- 00:42:08construções precárias no Rio de Janeiro
- 00:42:12como componente do estado maior além da
- 00:42:16função de correspondente do Jornal
- 00:42:18Estado de São Paulo
- 00:42:19Euclides da Cunha foi forçado a
- 00:42:22silenciar sobre as péssimas condições em
- 00:42:26que os exércitos brasileiros se
- 00:42:28encontravam
- 00:42:29e também sobre massacres gratuitos e
- 00:42:33violência contra mulheres e crianças que
- 00:42:36foram praticadas pelo exército
- 00:42:38brasileiro no sertão
- 00:42:40embora Euclides sonegue muito da verdade
- 00:42:43nos seus escritos como representante do
- 00:42:45Jornal Estado de São Paulo
- 00:42:47outros veículos de mídia se negam a
- 00:42:51manter silêncio a respeito dos abusos
- 00:42:54contra mulheres e crianças e das
- 00:42:57péssimas condições as quais foram
- 00:42:59submetidas as tropas
- 00:43:01que vão de questões sanitárias até a
- 00:43:04falta de alimentos
- 00:43:07o Jornal do Comércio e A Gazeta de
- 00:43:09Notícias fazem denúncias e acabaram
- 00:43:13tendo como resposta a censura por parte
- 00:43:16do exército brasileiro
- 00:43:19diga-se de passagem não é muito habitual
- 00:43:22na abordagem sobre a história da
- 00:43:25República Velha
- 00:43:27observá-la como um regime fortemente
- 00:43:29ditatorial que restringe as liberdades e
- 00:43:33promove repressão e censura contra
- 00:43:36qualquer grupo social ou político que
- 00:43:39denuncie ou sem surja contra as péssimas
- 00:43:43condições em que se encontram a maioria
- 00:43:45do povo brasileiro
- 00:43:49o que pode ter como explicação o fato de
- 00:43:52que a República dos fazendeiros está
- 00:43:55encaixada entre dois golpes militares
- 00:44:00o de Deodoro da Fonseca e o de Getúlio
- 00:44:03Vargas em 1930
- 00:44:05conferindo um verniz falso de brandura
- 00:44:08política a um período altamente violento
- 00:44:14no momento em que ocorreu parte
- 00:44:17considerável dos textos e fotos sobre o
- 00:44:20conflito sofreu uma edição que tinha
- 00:44:24como objetivo
- 00:44:25exaltar o exército Republicano e
- 00:44:29respaldar a conduta brutal levada a cabo
- 00:44:32contra todos os habitantes de Belo Monte
- 00:44:35incluindo mulheres e crianças
- 00:44:39o que só começa a ser esclarecido anos
- 00:44:43após o fim do conflito quando
- 00:44:45historiadores reabrem a discussão para
- 00:44:48entender o que exatamente aconteceu
- 00:45:12Olá pessoal estou passando para deixar
- 00:45:14alguns recadinhos aqui para vocês
- 00:45:16primeiramente para agradecer a você que
- 00:45:19chegou até o final aqui desse vídeo
- 00:45:21segundo para me apresentar para quem
- 00:45:24ainda não me conhece eu sou professora
- 00:45:25Kátia eu faço a parte da edição dos
- 00:45:28vídeos e também a parte da narração dos
- 00:45:30vídeos aqui do canal Mas além de mim tem
- 00:45:34uma outra pessoa que ajuda na produção
- 00:45:37aqui dos vídeos que é o professor Thiago
- 00:45:40ele faz a parte da pesquisa histórica
- 00:45:43das fontes e também faz a produção
- 00:45:47elaboração do roteiro aqui para os
- 00:45:49vídeos do canal porque que eu tô dizendo
- 00:45:50isso tô dizendo isso porque tem muitos
- 00:45:52comentários aqui das pessoas que
- 00:45:55agradecem ao meu trabalho mas estou
- 00:45:57avisando então que além de mim tem uma
- 00:45:59outra pessoa
- 00:46:00que participa aí da produção dos vídeos
- 00:46:03outra coisa que eu queria dizer Muitas
- 00:46:06pessoas têm perguntado aqui nos
- 00:46:08comentários como elas fazem para
- 00:46:09contribuir aqui com o canal bom para
- 00:46:13aquelas pessoas que têm condições e
- 00:46:15querem fazer uma doação apoio né fazer
- 00:46:18uma doação solidária aí para o canal por
- 00:46:20enquanto a única maneira é pelo pics
- 00:46:22Então eu vou deixar o endereço do pix
- 00:46:24aqui na descrição do vídeo para vocês
- 00:46:26conseguirem acessar
- 00:46:28Além disso para aquelas pessoas que
- 00:46:30gostam aqui do trabalho mas não tem
- 00:46:32condições de fazer essa colaboração
- 00:46:34financeiramente pode curtir aqui o vídeo
- 00:46:37pode comentar que o vídeo pode
- 00:46:39Compartilhar esse vídeo com outras
- 00:46:41pessoas pode ajudar e o canal de outras
- 00:46:43formas fazendo com que o YouTube ofereça
- 00:46:47esse conteúdo então para outras pessoas
- 00:46:48pode ajudar sim também então por
- 00:46:51enquanto é isso Esses são os meus
- 00:46:53recadinhos de hoje Mais uma vez agradeço
- 00:46:56a audiência de todos e vamos nos falando
- 00:46:59nos próximos vídeos tchau tchau
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