O Paradoxo do Navio de Teseu EXPLICADO

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https://www.youtube.com/watch?v=b9pNcrQQ2Lo

Summary

TLDRO vídeo discute o paradoxo do navio de Teseu, que questiona se um objeto mantém sua identidade após a troca de todas as suas partes. Usando exemplos como a seleção brasileira de futebol e a banda Linkin Park, o apresentador explora a natureza da identidade, abordando perspectivas filosóficas sobre forma, função e continuidade. Ele também menciona a relatividade da identidade e a distinção entre identidade numérica e qualitativa, culminando em reflexões sobre a própria identidade humana e suas mudanças ao longo do tempo.

Takeaways

  • 🛳️ O paradoxo do navio de Teseu questiona a identidade de objetos.
  • ⚽ A seleção brasileira ilustra mudanças na identidade ao longo do tempo.
  • 🎤 A mudança de vocalista em bandas gera debates sobre identidade.
  • 🧠 A amnésia levanta questões sobre a continuidade da identidade.
  • 🔄 Identidade pode ser vista como relativa, dependendo do observador.
  • 🏛️ A Catedral de Notre Dame exemplifica a identidade em transformação.
  • 🔍 A distinção entre identidade numérica e qualitativa é crucial.
  • 🤔 A identidade humana é complexa e multifacetada.
  • 🌊 A reflexão sobre identidade nos leva a questionar quem somos.
  • 💭 Perguntas sobre identidade são mais importantes que respostas definitivas.

Timeline

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    A historia do barco de Teseu explora o paradoxo da identidade, onde todas as tábuas do navio são trocadas ao longo do tempo. A questão central é se o navio continua a ser o mesmo ou se se torna um novo navio. Essa narrativa é usada para discutir a identidade em contextos mais amplos, como a seleção brasileira de futebol e bandas como Linkin Park, levantando questões sobre o que realmente define a identidade de um objeto ou pessoa.

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    O vídeo apresenta diferentes perspectivas sobre a identidade, incluindo a ideia de que a forma ou a função do navio pode preservar sua identidade. A racionalidade é discutida como uma característica que define a humanidade, mas também se questiona se a perda dessa capacidade altera a identidade. A continuidade da história e a função do navio são apresentadas como argumentos para manter a identidade do navio de Teseu, mesmo após mudanças.

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    Finalmente, o vídeo aborda a relatividade da identidade, onde a percepção do observador e o contexto influenciam a definição do que é o navio de Teseu. A distinção entre identidade numérica e qualitativa é explorada, sugerindo que a identidade é complexa e multifacetada. O paradoxo do navio de Teseu serve como um convite à reflexão sobre a própria identidade e as mudanças que enfrentamos ao longo da vida.

Mind Map

Video Q&A

  • O que é o paradoxo do navio de Teseu?

    É uma questão filosófica que questiona se um objeto mantém sua identidade após a troca de todas as suas partes.

  • Como a identidade é definida no vídeo?

    A identidade é discutida em termos de forma, função e continuidade ao longo do tempo.

  • Qual é a relação entre o navio de Teseu e a seleção brasileira de futebol?

    Ambos levantam questões sobre se a identidade é mantida quando as partes mudam.

  • O que significa identidade numérica e qualitativa?

    Identidade numérica refere-se a ser um objeto único, enquanto identidade qualitativa refere-se a compartilhar características semelhantes.

  • Como a amnésia afeta a identidade?

    Levanta a questão se a perda de memória significa que a pessoa se torna uma nova identidade.

  • O que Thomas Hobbes diz sobre a identidade do navio de Teseu?

    Ele sugere que a identidade é relativa e depende do observador e da continuidade física.

  • Qual é a visão de Derek Parfit sobre o paradoxo?

    Ele argumenta que o paradoxo é falso, pois não distingue adequadamente entre identidade numérica e qualitativa.

  • Como a Catedral de Notre Dame se relaciona com a identidade?

    A catedral exemplifica como a identidade pode ser mantida mesmo após mudanças significativas.

  • O que o vídeo sugere sobre a identidade humana?

    A identidade humana é complexa e envolve experiências de vida, aparência e o sistema nervoso central.

  • Qual é a conclusão do vídeo sobre identidade?

    A identidade é uma questão complexa que nos leva a refletir sobre quem somos e como mudamos.

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    Eu vou contar pra vocês uma das histórias mais clássicas da filosofia, que data da
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    Roma Antiga.
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    Essa história é a história da jornada de Teseu e as suas viagens no seu navio, o navio
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    de Teseu.
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    O barco de Teseu é feito de 30 tábuas.
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    Conforme o navio viaja pelo mar, as tábuas são expostas à umidade, ao sal e ao sol.
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    E elas lentamente ficam desgastadas.
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    Quando uma tábua fica velha e gasta demais, Teseu para em algum porto, joga a tábua, gasta fora e coloca uma tábua nova.
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    E conforme os anos vão passando, eventualmente, tábua por tábua,
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    Teseu troca todas as tábuas do navio.
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    No fim da história, nenhuma tábua original do navio de Teseu continuava no navio.
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    Então esse navio ainda é o navio no qual Teseu partiu para sua viagem?
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    Ou ele é um novo navio construído pouco a pouco conforme as tábuas foram substituídas?
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    Eu gostaria muito que vocês escrevessem qual é a opinião de vocês nos comentários.
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    Vamos ver se ela muda durante o vídeo.
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    A história do navio de Teseu pode parecer um conto inocente com uma pergunta meio pegadinha no final.
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    Mas essa história vai mais fundo.
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    A história do navio de Teseu carrega um dos problemas mais antigos da filosofia, que é o problema da identidade.
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    E esse problema não vale só para navios.
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    Por exemplo, em 2002, a seleção brasileira ganhou a Copa do Mundo com uma seleção que incluía nomes como Roberto Carlos e Ronaldinho Gaúcho.
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    Atualmente ainda existe um time que se chama Seleção Brasileira, mas com outros jogadores,
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    como por exemplo o Neymar.
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    Será que a Seleção Brasileira atual ainda é a mesma Seleção de 2002?
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    Ou será que a Seleção vira uma Seleção nova toda vez que mudam os jogadores?
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    E quantos jogadores exatamente que é o limite pra gente mudar e virar uma nova Seleção?
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    E aí deixa eu ir mais a fundo nessa pergunta.
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    O que exatamente define a identidade da seleção brasileira? O uniforme?
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    O conjunto de jogadores? Um misto dos dois? E se você não gosta de futebol, aqui vai
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    um exemplo musical. Uma das bandas mais famosas do mundo, Linkin Park, voltou ativa com uma
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    nova vocalista. Vários fãs ficaram descontentes, dizendo que a banda mudou demais e perdeu
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    a sua identidade. Então o que exatamente define a identidade da sua banda favorita?
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    É o nome dela? Ou é quem tá no vocal? Ou será que é um membro específico mais o nome?
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    E se você não gosta nem de música nem de futebol, você já teve uma sensação estranha de que as suas memórias ocorreram no que parece ser outra vida?
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    Meio que como se não fosse você que tivesse vivido aquilo.
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    Essa sensação é natural, porque nós estamos em constante transformação.
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    Essa é a versão humana do navio pode revelar o que você pensa sobre a sua identidade, sobre o retorno do Linkin Park e sobre a atual situação da seleção brasileira.
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    O meu nome é Pedro Loz e eu estou aqui para responder se o navio de Teseu ainda é o mesmo depois de todos esses anos e todas essas tábuas.
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    Mas mais do que isso, eu também quero te fazer refletir se você ainda é a mesma pessoa que se inscreveu no canal há algum tempo atrás. Se você ainda não se
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    inscreveu, clica aqui. É só um botão. E agora sim, vamos começar a resolver o
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    paradoxo do navio de Teseu. Esse é o Teseu, esse é o navio de Teseu e esses são os
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    chapéus que vão me ajudar a pensar se o navio de Teseu ainda é o mesmo depois de
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    ter todas as suas tábuas trocadas. Mas vamos começar defendendo que sim, o
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    navio de Teseu ainda é o mesmo depois de todas as suas tábuas serem trocadas.
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    Um jeito comum de fazer isso é argumentar que o navio permanece o mesmo
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    porque a sua forma foi mantida.
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    Enquanto o navio de Teseu tiver a forma de um navio e for do Teseu,
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    ele vai ser o navio de Teseu.
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    Nesse caso, eu estou dizendo que a identidade é preservada pela continuidade da forma original,
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    independente das mudanças que ocorrem em pequenas partes.
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    Só muito importante!
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    Nesse contexto de filosofia, a ideia de forma é um pouco mais abrangente
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    do que o conceito que nós estamos acostumados. Forma é o elemento que contribui de uma maneira
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    única para a identidade de um objeto. Ela é uma característica que só aquela coisa
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    tem. É tipo quando nos intervalos de Pokémon aparecia uma sombra e você precisava acertar
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    qual era o Pokémon. E para saber que Pokémon, você precisa saber o que é um Pokémon.
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    Tanto a sombra quanto o ser um Pokémon são parte da forma. Aristóteles por exemplo diz que um ser
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    humano é definido pela racionalidade, a característica que é única de humanos
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    e é a racionalidade que nos separa de outras coisas que não são humanos
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    ou seja, para Aristóteles é a racionalidade que dá forma ao ser humano
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    então enquanto você manter sua capacidade de pensar racionalmente você é um humano
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    e mais, é por continuar racional que você sabe que o seu eu de hoje é o mesmo de um ano atrás.
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    E falando em ser racional, vocês sabiam que a FIAP, o Centro de Excelência em Tecnologia
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    mais respeitado do Brasil, tem cursos tecnólogo que duram 2 anos e bacharelado que dura 4
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    e 5 anos?
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    Ah, e melhor ainda, nas modalidades online e presencial.
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    Você provavelmente pensa bastante no seu futuro e quer o melhor possível.
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    Uma ótima ideia seria conhecer mais o trabalho da FIAP, que nem eu fiz quando participei de um
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    curso de extensão oferecido por Erezin Boston nos Estados Unidos.
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    Eu gosto muito que o ensino na FIAP é feito com a mão na massa. Você aprende
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    enquanto aplica o que está aprendendo na vida real, desenvolvendo soluções que
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    vão ser aplicadas no mundo. Eu inclusive participei da Next FIAP, em que os
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    alunos da graduação apresentaram os seus projetos finais para grandes empresas,
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  • 00:05:17
    todos os cursos que você pode fazer na FIAP.
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    E agora de volta ao vídeo, tem uma coisa me incomodando.
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    Para Aristóteles, é a racionalidade que dá forma ao ser humano.
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    Então enquanto você permanecer racional, você continua sendo você.
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    Mas espera aí, isso não significa que se alguém perder a capacidade de ser racional,
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    ela deixe de ser ela mesma?
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    É muito comum que pessoas comecem a desenvolver problemas de demência na velhice, e aos poucos
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    elas podem perder a capacidade de serem racionais.
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    Isso significa que elas não são mais as mesmas pessoas?
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    Se o navio de Teseu ainda é um navio de Teseu por manter sua forma, sim, quem perde a capacidade
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    de raciocinar deixa de ser humano.
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    Então talvez tenha uma forma melhor de justificar por que o navio ainda é um navio de Teseu no fim da viagem.
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    E lá vamos nós de novo!
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    Talvez o que mantém o navio de Teseu sendo o navio de Teseu é a sua função.
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    O que é ser um navio?
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    Pro Teseu, esta é a perspectiva funcionalista.
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    E segundo o funcionalismo, enquanto o navio de Teseu carregar o próprio Teseu e a sua carga,
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    ele vai continuar sendo o mesmo navio, não importa se ele mudar de forma. Então não importa quantas vezes as tábuas mudem, o navio de Teseu vai
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    continuar sendo o navio de Teseu. A menos que alguém mude a função do navio. Imagine
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    que centenas de anos se passaram e um jovem loiro de bigode vergonhoso acha a carcaça
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    do navio de Teseu. Maravilhado com a descoberta, ele acha o navio muito bonito e decide colocar
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    quatro rodas e transformar os restos do navio de Teseu não existe mais.
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    Ele perdeu a sua identidade e virou algo novo, que é o carro de desfile do Pedro.
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    Não, pera, de jovem, loiro, com um bigode vergonhoso.
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    Mas quando eu falo do navio de Teseu nesse contexto, você ainda sabe exatamente ao que
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    eu estou me referindo.
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    Então mesmo quando o navio de Teseu ganha uma nova função como um carro alegórico, ele ainda
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    é um pouco navio de Teseu.
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    Talvez exista mais por trás da identidade do navio do que função e forma.
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    Existe mais uma perspectiva defendendo que o navio de Teseu ainda é o mesmo navio que
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    eu gostaria de compartilhar.
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    Mesmo as partes mudando e mesmo transformando o navio em um carro alegórico, o navio ainda
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    é o mesmo porque sua identidade persiste através do tempo.
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    Em outras palavras, desde que exista uma história bem definida e uma linha de eventos de causas
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    e efeitos que conectem o navio do começo da viagem com o navio ao fim da viagem, ele
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    mantém a sua identidade e continua sendo o navio de Teseu.
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    E desde que você se lembre de quem você era há um ano, você ainda é a mesma pessoa.
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    Mas peraí.
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    Isso levanta um problema. Se você tiver amnésia, você vira uma nova
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    pessoa? Ou será que a amnésia faz parte da história da sua identidade, mesmo sem
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    você lembrar? É, realmente tá difícil de usar esse chapéu. Eu vou experimentar outro.
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    O que significa eu falar que não, o navio de Teseu não é o mesmo depois de ter
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    todas as suas tábuas trocadas? Remover as tábuas originais destrói a identidade do navio.
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    Essa é a ideia de matéria constitutiva, ou seja, de que a alma do navio está nas
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    tábuas que formam ele.
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    E ao trocar elas, o navio de Teseu deixa de ser o navio original e vira um novo navio.
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    Mas se esse é o caso, quantas tábuas exatamente o Teseu precisou trocar até um novo navio
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    surgir?
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    Uma?
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    Duas?
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    Metade?
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    Ou será que a cada tábua trocada o navio virava um novo navio?
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    E na verdade, Teseu navegou com mais de 30 navios no decorrer da história.
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    As implicações disso vão longe.
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    O seu corpo está constantemente trocando de células.
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    Isso significa que você vira uma nova versão sua milhares de vezes por dia?
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    Onde exatamente está o limite?
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    Realmente...
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    Eu não tô achando boas respostas pro problema do navio de Teseu.
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    Olha só!
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    Uma nova forma de olhar pro problema!
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    Essa é minha hora de brilhar.
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    Talvez nós estejamos nos complicando demais por tentar encontrar respostas que satisfaçam
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    ao mesmo tempo todas as pequenas minúcias do que nós imaginamos como identidade. E
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    essa talvez seja uma das respostas possíveis mais interessantes. A identidade do navio
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    de Teseu é algo complicado. Além de aceitar e negar a possibilidade de identidade do navio, existem posições que defendem uma resposta
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    menos direta para o problema do navio de Teseu.
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    Thomas Hobbes nos deu um exemplo interessante.
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    Ele relativizou a identidade do navio de Teseu.
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    Para entender isso, imagine que a cada tábua velha trocada por uma nova, eu guardava a
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    tábua velha e aos poucos restaurava um outro navio de Teseu.
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    Agora no fim da viagem, existem dois navios.
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    Um que teve as suas tábuas substituídas e outro feito com as tábuas velhas.
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    Assim nós teremos dois navios de Teseu.
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    Qual deles é o verdadeiro navio?
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    É o primeiro navio que teve as suas tábuas velhas trocadas?
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    Ou é um navio restaurado, feito apenas com tábuas velhas?
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    Para Hobbes, a identidade do navio é relativa.
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    Porque ela vai depender tanto da sua continuidade física quanto do observador do navio.
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    Ou seja, entre os dois navios, o navio de Teseu é o navio em que o Teseu está.
  • 00:10:30
    E qual dos dois navios é o navio de Teseu muda durante o tempo.
  • 00:10:34
    A identidade não é algo rígido, é mais uma convenção.
  • 00:10:37
    O que parece uma forma legal de pensar quando nós falamos de objetos.
  • 00:10:41
    Mas imagine que você sem querer tropece e entre numa máquina de clonagem instantânea.
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    E do outro lado saem duas cópias suas.
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    Qual é o seu eu verdadeiro?
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    E quem garante que você é o verdadeiro e não o clone?
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    Pensando de forma relativa, as pessoas ao seu redor podem até mudar de ideia de quem é o verdadeiro
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    dependendo do que for conveniente para elas. Talvez a sua namorada prefira considerar uma
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    das cópias da verdadeira, e a sua mãe a outra. E em um sentido relativo, nenhuma delas está errada.
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    E uma outra alternativa é que a identidade vai depender do contexto dado por um observador. Nós podemos pensar que ele é o navio de Teseu em determinado contexto,
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    mas não é o mesmo navio de Teseu em outro contexto. Por exemplo, o navio no carro alegórico
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    pode ser o navio de Teseu quando Pedro escavou ele das ruínas, mas é só o carro alegórico no dia
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    do carnaval. Isso ajuda a esclarecer como a identidade pode ser compreendida de maneira
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    diversa ao longo do tempo, dependendo da lente através da qual o fenômeno é analisado.
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    A sua identidade é uma colaboração entre quem você é e o mundo ao seu redor.
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    Talvez um bom exemplo seja a Catedral de Notre Dame,
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    que em 2019 sofreu danos devido a um grande incêndio.
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    Desde então, grandes esforços repararam a Catedral,
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    mas esses esforços envolveram refazer o trabalho
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    e substituir parte do material danificado pelo fogo.
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    Mas como a Catedral é importante, o fogo foi infeliz
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    e os reparos à estrutura são vistos como algo positivo pela sociedade,
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    ninguém vai ficar falando que
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    ah, mas agora não é mais a mesma catedral histórica porque mexeram na minha torre favorita.
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    O que isso significa é que agora, materiais produzidos no mundo moderno
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    fazem parte de uma construção que ainda é considerada antiga.
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    Agora, se derrubassem toda a catedral
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    e usassem a própria igreja para fazer um shopping chamado Notre-Dame,
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    ninguém consideraria esse shopping a construção original.
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    A natureza da catedral não parece depender só da catedral, mas também de como as pessoas
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    pensam sobre ela.
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    Mas também existem pessoas que negam o próprio paradoxo do navio de Teseu.
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    Para o filósofo Derek Parfit, o paradoxo do navio de Teseu é um falso paradoxo, que
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    não diferencia adequadamente dois tipos diferentes de identidade, a numérica e a qualitativa.
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    Vamos voltar a considerar os dois navios de Teseu, o com tábuas novas e o com tábuas velhas.
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    O navio de Teseu original e a versão com as tábuas trocadas são o mesmo navio no
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    sentido qualitativo, ou seja, ambos servem para a mesma coisa e para a mesma pessoa.
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    Mas as duas versões do navio são diferentes no sentido numérico.
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    As 30 tábuas novas vieram depois das tábuas velhas, então é um navio novo no sentido mais literal.
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    As duas versões do navio são as mesmas na prática, mas não de fato.
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    Ou seja, o problema do paradoxo do navio de Teseu seria um falso paradoxo, porque não
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    existe uma distinção apropriada para distinguir o que é identidade numérica ou qualitativa.
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    Inclusive essa visão é muito útil para se um dia você for clonado.
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    O seu clone é qualitativamente idêntico a você, mas numericamente diferente.
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    E eu acho que agora é hora de a gente finalmente encarar o elefante branco que está nesse vídeo até agora.
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    Quem é você?
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    A ideia de separar a identidade em qualitativa e numérica é filosoficamente consistente, ou seja, funciona.
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    Mas ao mesmo tempo não é tão satisfatória assim.
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    Estava mais divertido ficar confuso sobre a minha identidade e ficar trocando de chapéu.
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    O que isso indica é que talvez uma resposta nem sempre é melhor do que uma pergunta.
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    E na verdade, é pra isso que servem boas perguntas.
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    E boas histórias.
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    E é por isso que o paradoxo do navio de Teseu está com nós até hoje.
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    Porque ele representa uma pergunta simples, mas profundamente interessante sobre quem
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    nós somos e o que significa mudar.
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    Um experimento mental simples como a história do navio de Teseu nos força a refletir sobre
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    quem nós somos, como mudamos e quem viramos quando mudamos.
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    E aqui você talvez sinta a tentação de pular para uma resposta científica.
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    No caso de humanos, é simples.
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    Pedro, a nossa identidade é o que está no nosso cérebro.
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    O que parece uma posição razoável, desde que você concorde que no fim da história,
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    você é o seu sistema nervoso central.
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    Ou seja, eu poderia substituir os seus braços, os seus olhos, a sua boca e todo o seu corpo, mas desde que o seu cérebro e o sistema nervoso fossem mantidos, você
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    ainda seria você.
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    E se é assim que você pensa, você nunca viu o si mesmo.
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    Tudo o que você vê ou se olha no espelho é uma casca que encobre o seu eu verdadeiro,
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    que é o seu cérebro.
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    E eu não sei vocês, mas eu particularmente não gosto muito dessa resposta.
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    Mas eu não tô falando pra ignorar a ciência.
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    Eu acho que o meu cérebro faz parte de quem eu sou.
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    Eu só não estou disposto a descartar todas as minhas experiências de vida,
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    a minha aparência e o meu picode questionável
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    da lista de coisas que compõem a minha identidade.
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    E pra mim, essa é a beleza de um vídeo como esse.
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    Uma pergunta que parece simples
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    nos leva a uma jornada que nos faz questionar coisas
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    que, em um primeiro momento, nós achávamos que entendíamos bem.
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    Nós estamos em um oceano desconhecido.
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    E se você chegou até essa parte do vídeo,
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    comenta com um emoji de onda pra nunca esquecer
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    e esse vídeo agora faz parte da sua identidade.
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    Muito obrigado e até a próxima.
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