Luciano Subirá | OBEDIÊNCIA TOTAL

Na semana passada, discutimos a importância da obediência no Evangelho da Obediência, focando na relação entre salvação e obediência, obediência na vida cristã e como a graça nos capacita para obedecer. O papel central da obediência foi enfatizado como essencial no propósito redentor de Deus, não algo periférico ou opcional. Hoje, iremos explorar aspectos práticos da obediência, começando com Lucas 6:46-49, onde Jesus questiona por que o chamamos de Senhor, se não obedecemos ao que Ele manda.

Jesus utiliza a parábola dos dois construtores para ilustrar a importância da obediência prática. Aquele que obedece está fundamentado sobre uma rocha, enquanto o que desobedece está numa fundação instável. As inundações da vida só podem ser enfrentadas se a casa (nossa vida) for bem construída sobre a obediência ao Senhor. Por isso, a obediência total é um tema central na mensagem de hoje.

A obediência aparente é apresentada como desobediência. Usando a parábola dos dois filhos de Mateus 21:28-32, vemos que a verdadeira obediência não é apenas uma resposta verbal, mas deve se manifestar em ações. O primeiro filho inicialmente desobediente se arrependeu e foi trabalhar na vinha, enquanto o segundo, que prometeu obedecer, não o fez, mostrando que atitudes falam mais que palavras.

Em Tiago 1:22-25, a importância de ser praticante da palavra é reafirmada, e a autoilusão de apenas ouvir sem agir é condenada. A verdadeira obediência gera uma vida transformada e a promessa de bênçãos, sendo uma expressão genuína de amor ao Senhor e não uma mera aparência de piedade.

Os fariseus, que eram conhecidos por sua rigorosa dedicação à lei, tinham criado desculpas para não obedecer a palavra de Deus. Em Marcos 7:5-13, Jesus critica sua hipocrisia, pois honravam a Deus com os lábios, mas seus corações estavam longe dEle. Eles invalidavam a palavra de Deus em nome das tradições humanar, revelando que sua obediência era apenas aparente.

A desobediência também pode ser parcial, como exemplificado na história de Saul em 1 Samuel 13. Saul esperou sete dias por Samuel, mas, diante da pressão, ofereceu o holocausto, desobedecendo a ordem divina. A obediência parcial é inaceitável para Deus, e aqueles que justificam essa desobediência estão se enganando. Tiago 2:10-11 lembra que quem tropeça em um ponto da lei, transgride toda a lei.

A história de Saul continua em 1 Samuel 15, onde ele recebe a ordem de destruir totalmente os amalequitas. Contudo, ele desobedece, poupando Agag e os melhores animais, e Samuel denuncia sua desobediência. O sacrifício não substitui a obediência. Obedecer é melhor do que sacrificar. A obediência incompleta é rejeitada por Deus, e Saul acaba perdendo seu reinado por causa de sua desobediência.

Aqueles que se tornam orgulhosos em sua obediência também enfrentam uma armadilha espiritual. Pedro, em Atos 10:9-16, demonstra orgulho ao rejeitar a ordem de Deus de comer alimentos considerados impuros. A obediência deve ser feita com humildade, e não com ostentação ou orgulho. Mesmo o mais devoto pode cair nessa armadilha, e devemos sempre nos manter humildes e dependentes da graça de Deus.

A parábola do fariseu e do publicano em Lucas 18:9-14 ilustra aqueles que confiam em sua própria justiça, desprezando os outros. O orgulho da obediência pode nos cegar e nos afastar da verdadeira humildade diante de Deus. A obediência deve ser acompanhada de um coração quebrantado que reconhece a dependência da graça de Deus, evitando o orgulho que leva à queda.

A jornada de aprendizado na obediência é contínua. Em Hebreus 5:7-9, Jesus aprendeu a obediência através do sofrimento, exemplificando que a obediência é um processo de amadurecimento e crescente rendição a Deus. A obediência genuína se desenvolve à medida que aprendemos a nos submeter à vontade de Deus, reconhecendo que não é em nossas forças, mas pela graça que conseguimos obedecer.