00:00:05
Olá
00:00:06
sejam bem-vindas e bem-vindos a nossa
00:00:10
primeira aula nessa disciplina história
00:00:12
e cultura afro-brasileira indígena bom
00:00:16
vocês podem se perguntar né qual a
00:00:21
importância né de se ter uma disciplina
00:00:24
oferecida pela TRE para Reitoria de
00:00:27
ensino com essa temática cultura
00:00:31
afro-brasileira indígena
00:00:34
mas a gente fazer esse diálogo ao longo
00:00:36
das demais unidades
00:00:39
a priori nós precisamos entender
00:00:43
como se dão as Relações raciais no nosso
00:00:46
Brasil é uma contemporaneidade
00:00:49
primeiro um ponto Relações raciais eu
00:00:54
quero dizer que são todas as relações
00:00:55
estabelecidas entre sujeitos com
00:00:58
pertencimentos distintos com
00:01:00
pertencimentos raciais diferentes
00:01:01
pessoas negras brancas e indígenas
00:01:07
como essas relações foram e são
00:01:10
construídas a partir de Quais elementos
00:01:13
são relações
00:01:16
horizontalizadas eu digo se são relações
00:01:19
pautadas em igualdade uma dimensão mais
00:01:24
de uma dimensão mais igual né Entre
00:01:28
esses vários grupos esses vários grupos
00:01:30
raciais há diferenças a relação
00:01:34
desiguais como esses grupos estão
00:01:37
distribuídos socialmente nos Espaços
00:01:40
digo uns espaços públicos
00:01:44
na Perspectiva do trabalho no
00:01:48
âmbito Educacional da saúde no âmbito da
00:01:51
representatividade política
00:01:54
ou mais objetivamente falando onde estão
00:01:58
as pessoas negras nos espaços públicos
00:02:00
de poder onde estão as pessoas indígenas
00:02:03
povos originários é como
00:02:07
representantes né E representatividade
00:02:09
no campo da política
00:02:11
se a gente for fazer essa análise né
00:02:14
baseada a priori nenhuma dimensão muito
00:02:18
objetiva dessa realidade entendendo a
00:02:21
nossa sociedade e com os nossos corpos
00:02:24
estão distribuídos nesse espaço social
00:02:28
nós vamos compreender né a partir de uma
00:02:32
análise
00:02:34
que não necessariamente sociológico mais
00:02:37
uma análise
00:02:39
mais da notoriedade desses grupos
00:02:42
raciais que essas relações elas não são
00:02:46
estabelecidas de modo horizontalizadas
00:02:50
infelizmente dá-se de uma forma
00:02:53
desproporcional ou desigual para
00:02:56
determinar dos grupos raciais
00:02:59
e
00:03:00
tecendo ainda mais esse diálogo né dessa
00:03:04
desigualdade racial desses grupos
00:03:07
raciais que estão em movimentos diversos
00:03:11
distintos nessa escala de saber poder
00:03:15
nos quais os espaços elas estão mais
00:03:17
localizadas a gente precisa voltar um
00:03:20
pouco a nossa história entender que a
00:03:24
história do Brasil né a Constituição do
00:03:27
povo brasileiro dessa nação ela deu-se a
00:03:30
partir né da colonização da escravização
00:03:34
dos povos originários e dos povos
00:03:38
africanos e quando a gente situa esse
00:03:41
lugar esse não lugar histórico de
00:03:45
pessoas né pessoas negras indígenas nós
00:03:49
chegamos a uma dimensão do hoje
00:03:51
entendendo que mesmo após a abolição ou
00:03:56
a dita
00:03:59
libertação de escravos de escravizados
00:04:02
negros e negras o Brasil permanece
00:04:06
com uma estrutura racializada bastante
00:04:10
hierárquica
00:04:13
é nosso país ainda carrega né
00:04:16
meandros ou carrega elementos que nos
00:04:20
levam a perceber como os traços de
00:04:25
outrora
00:04:26
da colonização
00:04:29
pode ser percebido na maneira como esses
00:04:33
grupos raciais eles estão distribuídos
00:04:36
socialmente e a gente chega à conclusão
00:04:39
que essas Relações raciais elas estão
00:04:44
enraizadas e sedimentadas e
00:04:46
estruturalmente
00:04:48
historicamente socialmente localizadas
00:04:51
desde o período
00:04:55
E aí o outro ponto importante é entender
00:04:59
que hoje só falam de raça e racismo nós
00:05:04
temos a necessidade de ter uma
00:05:07
disciplina como essa história cultura
00:05:09
afro-brasileira indígena porque
00:05:12
historicamente o nosso país como eu
00:05:16
disse ele é ele tem em sua composição
00:05:21
social
00:05:22
a dinâmica do racismo
00:05:26
estruturando as nossas relações então
00:05:30
podemos perceber né continuando essa
00:05:34
análise que na contemporaneidade mesmo
00:05:37
no século 21
00:05:39
as igualdades sociais elas permanecem e
00:05:44
são desigualdades que atravessam corpos
00:05:47
etnias negras e indígenas se eu pedir
00:05:52
para vocês fazerem um exercício bem
00:05:54
prático
00:05:56
quantas pessoas negras Vocês já viram
00:06:00
como médicos ou médicas
00:06:03
quantas professoras indígenas indígenas
00:06:06
Vocês conseguem situar aqui como
00:06:11
referências nesse diálogo Que Nós
00:06:14
faremos aqui com quantos professores e
00:06:17
professores indígenas você já tiveram
00:06:20
aula
00:06:22
no campo Educacional como mencionei aqui
00:06:25
situar nomes indígenas é um desafio
00:06:32
como se essas pessoas não existissem
00:06:36
do mesmo modo pensar por exemplo pessoas
00:06:40
negras em lugares ditos de prestígio
00:06:44
como médicos e médicas também um outro
00:06:47
lugar de ausência de essas pessoas o que
00:06:50
que explica essas ausências
00:06:55
vermos por exemplo mulheres negras em
00:06:59
posições de subalternidade em trabalhos
00:07:02
mal remunerados e
00:07:04
constantemente sendo atravessadas
00:07:07
atravessadas por situações onde
00:07:10
preconceito racismo e discriminação
00:07:12
racial é uma constante do seu dia a dia
00:07:17
nós não te alugaremos sobre racismo
00:07:21
sobre Relações raciais sobre cultura
00:07:23
afro-brasileira indígena se nós não
00:07:26
tivéssemos histórico né nacional no qual
00:07:29
raça teve e ainda tem um significado
00:07:33
importante dentro das nossas concepções
00:07:37
das nossas
00:07:40
organizações sociais políticas e
00:07:43
institucionais então
00:07:46
dialogar sobre Relações raciais é um
00:07:50
dever Quando eu digo um dever uma
00:07:52
necessidade uma vez que nós não Vivemos
00:07:56
em uma democracia racial nós não vivemos
00:08:00
de um paraíso onde
00:08:02
histórias negras histórias indígenas são
00:08:06
colocadas de modo notório pessoas negras
00:08:11
indígenas são colocadas em lugares de
00:08:14
evidência
00:08:19
essas pessoas não existem esses grupos
00:08:22
raciais não existem dentro desse Campo
00:08:26
de esfera de saber poder então
00:08:30
o título dessa disciplina cultura
00:08:33
afro-brasileira indígena é um título
00:08:36
forte é um título que demarca é um
00:08:39
título que tem o perspectiva teórica e
00:08:42
política
00:08:43
contar uma história não única e aí eu
00:08:48
gostaria que vocês lessem a nossa
00:08:50
referência tem um texto da China Amanda
00:08:52
que é o perigo da história única
00:08:56
[Música]
00:09:00
objetivo dessa disciplina não só
00:09:03
ressaltar a dimensão cultural mas
00:09:06
demarcar porque que essa cultura é
00:09:09
precisa ser reforçada é precisa ser
00:09:11
afirmada
00:09:14
nós vivemos em um país racista
00:09:19
isso é preciso ter consenso
00:09:23
nós vivemos num país no qual falar sobre
00:09:26
raça racismo é um problema
00:09:33
tem um sociólogo
00:09:35
da USP
00:09:38
que não faz mais parte do nosso plano
00:09:42
que que ele teceu bastante reflexões
00:09:46
sobre a questão racial no Brasil
00:09:49
que é o florestan Fernandes toda essa
00:09:52
Fernandes ele tem uma ele tem uma uma
00:09:55
afirmação que é o seguinte no Brasil
00:09:59
os brasileiros e brasileiros têm
00:10:02
preconceito de dizer que aqui há
00:10:04
preconceito
00:10:06
Ou seja é melhor não dizer que somos
00:10:10
racistas
00:10:12
é melhor não falar sobre raça
00:10:15
Afinal nós somos povos brasileiros
00:10:21
ainda continua só análise
00:10:25
fazendo críticas a essa afirmação
00:10:28
ao elaborar e
00:10:33
descamotear a ideia de que nós somos
00:10:36
iguais em oportunidades por exemplo
00:10:41
uma pesquisa que ele fez em São Paulo
00:10:46
é presente no seu livro a integração dos
00:10:50
negros na sociedade de classes por essa
00:10:53
Fernandes evidenciou que
00:10:56
pessoas negras pós Abolição
00:10:59
tiveram uma dificuldade
00:11:02
imensa de se inserirem em uma nova
00:11:06
organização política econômica que
00:11:10
estava em ascensão
00:11:12
os estereótipos né da cor de ser um
00:11:17
escravizado isso fazia com que esse
00:11:21
indivíduo com que esse sujeito nessa
00:11:25
sociedade racista e racializada
00:11:29
Não integrasse a essa nova realidade
00:11:32
social
00:11:35
e
00:11:36
florestan Fernandes radiologando conosco
00:11:38
nos ajudando a entender porque hoje
00:11:42
podemos entender o que hoje podemos
00:11:47
como eu coloquei no início nós podemos
00:11:49
situar as ausências de pessoas negras e
00:11:54
indígenas em alguns espaços públicos e
00:11:57
de poder
00:12:00
um momento do pós Abolição ele não se
00:12:04
efetivou no plano das igualdades
00:12:06
materiais
00:12:08
Que isso fique fato que isso fique dito
00:12:12
negros e negras libertos e libertos eles
00:12:15
ficaram mercê de suas próprias sortes
00:12:18
então naquele movimento naquela época
00:12:21
não houve uma tentativa de integrar os a
00:12:24
sociedade
00:12:26
quando eu falo integrados pegando na
00:12:29
Perspectiva mesmo de Flores São
00:12:31
Fernandes com que essas pessoas
00:12:33
minimamente Se considerassem passasse a
00:12:36
se considerar gente né bom E aí seguindo
00:12:40
essa discussão dada por floração
00:12:42
Fernandes e que enfim além de flores
00:12:45
outras tantas referências que nos
00:12:49
colocam isso nessa dimensão de como que
00:12:52
o nosso país ele segue com uma estrutura
00:12:56
aí desde a época do escravismo uma
00:13:02
estrutura
00:13:04
praticamente
00:13:05
naturalizada Como já é perceptível aqui
00:13:09
né nessa dimensão de lugares no lugar de
00:13:13
pensar pessoas indígenas e não indígenas
00:13:16
pessoas negras e não negras por exemplo
00:13:20
então
00:13:22
comumente nós encontraremos os grupos
00:13:25
sociais
00:13:26
indígenas e negros e negras em lugares
00:13:30
sempre nessa dimensão da marginalidade
00:13:33
né nessa dimensão da
00:13:36
isolamento né social quando fala o
00:13:40
isolamento
00:13:41
nas ausências nesse concretas de
00:13:45
políticas públicas no que tange à saúde
00:13:48
educação né de escolas adequadas no meio
00:13:53
Rural né nas periferias então em várias
00:13:57
várias formas de violação de direitos
00:14:01
humanos né dos direitos básicos assim
00:14:04
então
00:14:05
parece-me que há uma
00:14:08
ideia de conformação né Desse cenário né
00:14:12
racial
00:14:14
e desigual e no qual
00:14:18
não não
00:14:21
tenho mais indignação concretamente
00:14:26
em ações estratégicas de romper com
00:14:28
essas desigualdades raciais e aqui eu
00:14:32
vou trazer uma fala de uma professora
00:14:35
que eu de aluguei durante a minha
00:14:38
pesquisa de doutorado em 2015 a 2017
00:14:43
a época uma pesquisa que tinha por
00:14:46
objetivo
00:14:47
saber né das professoras universitárias
00:14:51
lá do Estado quais é as dimensões de
00:14:55
racismo atravessavam o seu cotidiano né
00:14:57
o seu fazer docente e
00:15:00
ao dialogar sobre essa temática uma
00:15:03
professora trouxe uma dimensão muito
00:15:05
interessante né que casa muito com essa
00:15:08
reflexão das ausências e desse dessa
00:15:12
dimensão de como o nosso a nossa
00:15:14
sociedade ela está ainda enraizada numa
00:15:18
perspectiva
00:15:21
e ela coloca o seguinte
00:15:24
Simone nós fazemos parte de um projeto
00:15:27
de nação racista no qual não conta com a
00:15:31
gente em bons lugares neste projeto
00:15:33
nação estamos sempre nos lugares sobre
00:15:36
alternizados que são os presídios os
00:15:39
centros educacionais Então são esses
00:15:42
lugares Sofrimentos e amargura que estão
00:15:46
postas para nós é faça um aqui tá vendo
00:15:51
que a gente entender um pouco mais o que
00:15:53
que ela quer trazer com essa afirmação
00:15:55
né com essa narrativa
00:15:57
quando ela menciona né que conta com a
00:16:00
gente em bons lugares ou com alguns
00:16:02
lugares em alguns lugares estamos num
00:16:05
período pós Copa né enfim
00:16:08
vós campeonato mundial
00:16:12
de futebol e nós percebemos se vocês
00:16:17
percebem isso né
00:16:18
uma notoriedade de pessoas negras né
00:16:22
jovens negros nas seleções aqui no
00:16:25
Brasil sobretudo ao mesmo modo quando a
00:16:29
gente situa pessoas negras em alguns
00:16:31
lugares nos mostram né Essa essa
00:16:35
notoriedade como por exemplo também é no
00:16:39
samba
00:16:39
de carnaval então a gente poderia dizer
00:16:43
que esses são alguns lugares né que a
00:16:46
nossa presença ela é notada ela é Ela é
00:16:50
percebida né de uma perspectiva positiva
00:16:54
por outro lado nós somos 50 e cerca de
00:16:59
56% da população negra no nosso país né
00:17:02
Freitas e partes
00:17:04
Mas além infelizmente mesmo sendo essa
00:17:09
maioria
00:17:10
quando nós nos situamos enfim
00:17:14
nesses em outros espaços por exemplo um
00:17:18
cargos de gestão
00:17:21
encargos ditos de prestígios na medicina
00:17:25
direito
00:17:28
esses corpos né esse grupo racial ele
00:17:32
não aparece com a mesma frequência né
00:17:35
então em alguns lugares as nossas
00:17:38
presenças elas são firmadas em outros
00:17:41
elas são
00:17:44
demarcadamente
00:17:46
influenciadas por uma lógica racista na
00:17:49
qual ainda se tem uma ideia de que
00:17:52
pessoas negras não teriam capacidade por
00:17:56
exemplo na intelectualidade ou para
00:17:59
assumir determinados cargos como cargos
00:18:01
de chefia e aí se a gente for aprofundar
00:18:05
um pouco mais nesses não lugares e ou os
00:18:09
lugares
00:18:10
pensar né buscar dados sobre a população
00:18:13
encarcerada no Brasil hoje né vocês vão
00:18:17
encontrar um número bem maior de jovens
00:18:20
negros
00:18:22
nos presídios né no mesmo modo a outra
00:18:27
dimensão que está relacionada a pobreza
00:18:31
né a marginalização desses corpos Então
00:18:35
a gente tem uma uma sociedade que ela se
00:18:39
faz não racista e convive muito bem com
00:18:42
o racismo
00:18:44
conviver muito bem com o racismo é não
00:18:47
me atentar as diversas formas de
00:18:50
exclusão social é que
00:18:54
atravessam grupos raciais
00:18:57
colocando ainda a dimensão indígena né a
00:19:02
nossa falta de conhecimento né as nossas
00:19:07
as nossas
00:19:09
limitações né sobre
00:19:13
as etnias indígenas sobre as várias
00:19:18
idiomas indígenas revelam muito bem que
00:19:22
nós silenciamos ocultamos ou
00:19:24
negligenciamos grupos raciais indígenas
00:19:28
isso compromete uma sociedade que se diz
00:19:33
né anti racista que se diz democrática
00:19:37
Então as provocações dessa aula
00:19:40
justamente
00:19:44
nos levarmos a repensarmos o nosso lugar
00:19:47
social e a repensar o nosso lugar social
00:19:51
nem sociedade em relações sociais em
00:19:56
Relações raciais eu espero que vocês
00:19:59
continuem né Essas reflexões
00:20:03
continuem essas
00:20:06
problematizações
00:20:08
buscando né lendo as referências que nós
00:20:11
colocamos aqui nas referências
00:20:13
bibliográficas tanto as obrigatórias
00:20:16
quanto às complementares
00:20:18
como por exemplo já trouxe aqui a China
00:20:21
Amanda o período da história única
00:20:23
coloca também o livro negritudes dos
00:20:27
Sentidos do professor cabeleireiro e as
00:20:30
demais referências relacionadas a essa
00:20:33
unidade
00:20:34
Bons estudos até
00:20:40
[Música]